Cap. 3

É com grande orgulho que eu lhes apreseto o capítulo três!!
Bem, tomara que gostem.

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Fazia dois dias que uma Hermione inconsolável não saia de dentro do quarto. Ela não comia, não bebia e não fazia a menor menção de querer sair daquele quarto. Ainda na casa dos Weasley, não sentia motivação nenhuma para sair daquela cama. Ela chorava, esperneava,  e pensava. Pensava no que aquele maldito ruivo de olhos azuis podia ter escutado que o deixou tão possesso. Ela não se lembrava de ter sequer mencionado o país Bulgária em algum instante. Muito menos o nome do tal búlgaro.

Ela queria consertar tudo. Deixaria o orgulho de lado – mesmo que não fosse conveniente a própria Hermione – e pediria desculpas a ele. Ela estava a fazer qualquer coisa para tirar aquela agonia incessante do peito, e ser feliz, como estava sendo nas últimas semanas. Ela queria que nunca tivesse tido aquela fatídica discussão com Rony e que pudesse ficar aliviada.

Ouviu batidas leves na porta e, por instinto, fechou os olhos e fingiu que estava dormindo, como estava fazendo desde que se enfiara naquela cama. A porta se abriu e ela apenas ouviu Gina falar de um modo doce, como se querendo atenuar a dor de uma criança.

- A mim você não engana, Hermione. Pode abrir esses olhinhos, eu sei que você não esta dormindo.

Dando-se por vencida ela abriu os olhos e fitou a ruiva com uma bandeja de café nas mãos. Sentou-se na cama e a viu apoiar a bandeja e sentar-se na sua frente.

- Agora, minha querida Hermione, você pode me explicar qual foi o motivo da sua briga com o meu irmão?

Ela apenas a olhou. Encarou muito bem aqueles olhos castanhos. Queria falar, mas não conseguiu. Sua garganta estava seca como pó e ela precisou alcançar o suco da bandeja para poder responder.

- O Rony ta bem? – seus olhos demonstravam uma preocupação sem tamanho, seguido por um desespero sem igual. A ruiva chegou a ficar preocupada, arregalou os olhos, e respondeu, de forma doce, apenas para não assustá-la.

- Não vejo ele há uns dois dias... Ele se trancou no quarto, e ninguém entra.

Hermione não soube o que sentir. Tristeza, por constatar que o estado do ruivo era muito pior do que ela sonhou imaginar, ou felicidade, por assim dizer, por ele estar realmente triste.

Não pode evitar quando uma lágrima desprevenida rolou pelo seu rosto vagarosamente, ate seu pescoço, desaparecendo na gola da blusa. Ela olhava para Gina como se pudesse extrair dela alguma informação relevante, ou um algo mais. Vendo que não podia, se viu obrigada a falar.

Depois de uma breve explicação de como ocorrera a fatídica briga, Gina tornou seu semblante decidido.

- Olha, tome seu café, se não você some, que eu vou tomar algumas providencias.

Naquele momento, um plano insano era meticulosamente bolado na cabeça de Gina. Alguns minutos depois, voltou ao quarto dela, onde Hermione estava.

- Hermione? – disse batendo na porta.

Sem escutar resposta apenas entrou no quarto e o encontrou exatamente do jeito que estava quando saiu. Hermione não havia mudado de posição, ou mexido um músculo. Muito menos comido o desjejum que ela lhe trouxera.

- Então, eu precisava te perguntar, você vai mesmo aceitar aquele estagio na França?

- Eu não sei. Quando eu fui falar com o Rony, sobre o que ele achava sobre isso, nos brigamos, e eu não quero mudar de pais sem o consentimento dele. Ele não disse que terminamos.

“ Por mais que tenha deixado a entender isso” pensou inconsolável.

- Pois bem, acho que você deve ir. É uma vaga de estagio no Ministério  da Magia Francês! Não é todo dia que se tem uma chance dessas, Mione.

- Eu sei. Mas não quero sair daqui sem falar com ele.

- Bem, é você que sabe. No seu lugar eu aceitaria – e saiu do quarto.

 

Rony estava sem ar nos pulmões, com a cabeça cheia e com milhões de sentimentos ao mesmo tempo. Ele não tinha vontade de ver ninguém, só ela. Não queria falar com ninguém, desabafar com ninguém, apenas ela o entenderia. Sentia-se o trasgo mais insensível do mundo, por fazê-la chorar e decepcioná-la de novo, mas não tinha coragem para ir falar com ela.

Mesmo, depois de tudo que já haviam passado juntos, Rony ainda possuía uma insegurança involuntária, e não conseguia arrumar coragem para sair daquele quarto e ir falar com ela. Isso se ela ainda estivesse ali. O íntimo do ruivo temia que ela realmente tivesse ia do morar com o maldito búlgaro, embora seu coração lhe dissesse que ela não o abandonaria daquela maneira.

Não podia evitar que grossas lágrimas percorressem seu rosto o tempo inteiro, e que o remorso o corroesse internamente.   O que faria? Não fazia idéia de como prosseguir. Tudo que conseguia era se lamentar e lembrar-se de como Hermione era importante para ele, lembrar daqueles sorrisos, cada um para um momento, lembrar dela estudando calmamente na biblioteca, nos tempos de Hogwarts... Era bom poder guardar lembranças tão boas dela, assim, a dor se atenuava por meros segundos.

Ouviu alguém bater na porta e fingiu que não ouviu. As batidas mantiveram-se mais fortes e rápidas, mas a porta estava trancada e ele não ia abrir. Depois de uns cinco minutos simplesmente parou, e ele pode voltar a tentar recuperar a sua paz interior. Mesmo sabendo que não iria conseguir sem ela.

 

Agora ela chorava  compulsivamente, e estava sem fôlego nenhum. Suas malas estavam prontas e já estava tudo acertado com o Ministério da França. Ela queria mais que tudo no mundo falar com ele e esclarecer tudo antes de ser tarde de mais e ela ir para a França.

Seu coração gritava e ardia com a dor daquela realidade. Ele se contorcia e tremia, e ela não podia mais sentir o próprio corpo como deveria. No seu mundo tudo girava e nada fazia sentido. Pela primeira vez em toda sua vida, Hermione não conseguia pensar em absolutamente nada, não compreendia nada, não sabia de nada, não fazia nada, apenas chorava. A dor era tão intensa que ate a sua alma ardia com o fogo da perda.

 

Já fazia quase três dias. A agonia começava a corroer Rony, sentado no chão de seu quarto. Ele não tinha mais forças para se mexer. Ele queria alcançar a morte, e acabar com tudo de uma vez. Mas o ar faltava em seus pulmões, agora já falhos e quase sem vontade. O seu cérebro não raciocinava nenhuma informação além do rosto dela passando de infinitas formas na frente de seus olhos abertos e vidrados, sem ambição alguma.

Ele nem escutava as batidas repetitivas na sua porta, os chamados incessantes e os trovões que agora caiam em volta da casa. A chuva era pesada e forte, como se fosse quebrar o telhado a qualquer instante, mas ele não ligava. Ele só queria ver aquele rosto de novo, ou ouvir a sua voz.

 

Gina olhava a chuva cair forte e fria pelos jardins da Toca. Um espetáculo passava em frente aos seus olhos, e por pouco não a encantavam.

Ela não sabia com quem se preocupar mais. Hermione certamente estava em um estado deplorável, mas ela nem sabia como Rony estava. Era angustiante. Seu plano não havia dado certo, e agora já era muito tarde, não adiantava mais. Quase meia noite. Resolveu ir se deitar, vendo que não adiantava esperar algum dos dois descer a essa altura.

Entrou no antigo quarto de Gui, onde estava dormindo, para poder deixar Hermione sozinha.

 

- Chega – disse Hermione tão baixo, que ela própria quase não conseguiu escutar.

Não sabia de onde havia tirado aquela força. Conseguiu se levantar e sair do quarto, com muito esforço, e ofegando bastante. Começou a subir as escadas, mas vendo que estava demasiado difícil, parou e descansou um pouco. Demorou quase cinco minutos para chegar ao ultimo andar da casa, bem em frente ao quarto de Rony.

Bateu com toda força que lhe restava na porta, mas sentiu que não fazia efeito algum.

 

Em um segundo, Rony sentiu que havia saído de seu transe. Escutou batidas muito fracas e descompassadas na porta mas com uma doçura que ele achou reconhecer. Eram quase inaudíveis, as batidas, mas ele as escutou, e ficou atento a qualquer mudança.

- Rony... sou... eu...

Ele escutou muito baixo, por detrás da porta, mas com a voz que ele mais queria escutar no mundo. Era visível que ela fazia muito esforço pra falar e que até mantinha as forças para ficar de pé.

Com um aceno de varinha a porta se destrancou, ele disse com a voz muito rouca.

- Entra.

Quando ele viu aquela figura entrar no quarto, teve um súbito levantamento de forças e ar em seu corpo. Ela estava muito magra, pálida e tinha os olhos mais inchados do que nunca. Seu cabelo, normalmente cheio e cacheado, estava cheio de nós e muito bagunçado. Ela o olhava com a expressão mais dolorosa que ele já havia visto alguém mostrar e não parecia, nada, nada bem.

Ele levantou assustado e a segurou pela cintura colocando-a na cama, sentada. A olhou assustado, enquanto via a expressão dela ir de dor a horror rapidamente. Mas ela não havia deixado de encantar seus olhos por causa disso. De o deixar um tanto desnorteado e bobo, por vê-la bem ali, na sua frente, tentando passar uma boa impressão e sorrir para ele.

O que via era assustador, e um tanto quanto extasiante. Ele estava pior do que na ultima vez. Estava muito magro, pálido e tinha uma expressão um tanto quanto maníaca quando ela passou pela porta e o observou sentado no chão.  Ele a olhou e sua expressão mudou rapidamente. Ele parecia desnorteado, e Hermione já desconfiava o porquê. Ela parecia um zumbi, tinha certeza disso. Logo depois ele fez uma careta de horror, se levantou e a guiou pela cintura até a cama.

Se sentou e tentou sorrir, para que ele não ficasse tão assustado. Mas não surtiu efeito.

- Rony... bem, eu queria muito saber o que você escutou, que te deixou tão bravo comigo – ela perguntou com a voz embargada e fraca.

Ele suspirou de leve, antes de responder.

- Você falava com a Gina que era muito longe, que teria que mudar de país. Hum, não me lembro muito bem... ah, falava de uma proposta irrecusável também.

Hermione caiu na margem da surpresa. Como não havia pensado naquilo? Ele ouvira ela falando com Gina no dia que ela falando sobre a proposta! Era incrível ter as respostas de tudo e o entendimento completo nas suas mãos novamente.

- E foi isso que você pensou que era um convite do Krum? – ela ergueu uma sobrancelha delicadamente e olhou ansiosa para ele.

- Foi – ele disse envergonhado.

- Mérlin! Por Mérlin! Eu não acredito. Era isso? Só isso Ron? – ela conseguira ficar eufórica e era impressionante ver a felicidade invadir seus olhos como uma onde de alegria que encheu seu rosto de luz.

Ele estava confuso. Como ela poderia estar feliz? Então lembrou que era apenas Hermione, e que provavelmente ela teria uma explicação plausível para isso como tinha para tudo.

Olhou esperançoso para ela e viu um sorriso muito tentador curvar seus lábio de maneira sublime. Ele ficou bobo, ainda esperando sua resposta.

Ola o olhou e sorriu ainda mais, não conseguindo falar tamanha era sua felicidade. Seu rosto estava quase corado e ela arfava de contentamento consigo mesma. Afinal, achara a tal resposta tão intrigante. Era ótimo. Podia explicar tudo a Rony e ele entenderia, e, assim que tivesse uma brecha ia cancelar sua ia ao Ministério Francês.

Quando o ar voltou de forma estável para seus pulmões, a possibilitando de formar frases compreensíveis, Rony praticamente se roia esperando a resposta, mas não apressando-a em momento algum.

- Bem, Rony, acontece que eu recebi uma proposta para ser estagiaria no Ministério da França. E eu estava conversando com a Gina sobre isso, antes de saber sua opinião. E quando eu fui fazer isso, bem... – ela não olhava em seus olhos, apenas para o chão, mas não teve forçar para continuar a frase.

Ela ate se assustou quando viu a expressão de Rony quando terminou de falar. O sorriso do ruivo ia de orelha a orelha e a felicidade dele era visível em cada pedaço de seu corpo.

Seus olhos brilhavam com uma intensidade que deixou Hermione tonta. Ele sorria para ela mas tinha um jeito envergonhado no sorriso.

- Me desculpe. Eu sou um ciumento bobo mesmo. Você pode me perdoar? – e a fitou com aqueles olhos incrivelmente azuis fazendo cara de cachorrinho que caiu da mudança.

Ela não resistiu por mais de dois segundos. No terceiro já estava pendurada no pescoço dele, com um sorriso encantador.

- Claro Rony. Eu nunca senti tanto a dor da perda na minha vida. Eu seria uma louca se não te perdoasse.

- Não sei como te agradecer. Eu também nunca senti tanto a dor da perda na vida, meu amor.

Ela suspirou ao ouvir aquela declaração que parecia um tanto boba, mas para ela era sinônimo do paraíso.  Quando um sorriso completo ia se instalar em seu rosto, nem teve tempo, e ele já estava com os lábios colados aos dela.

Não sabia como expressar tamanha era sua felicidade. Ela estava nos seus braços novamente. Estava com os cabelos no seu rosto e aquele cheiro floral estava o enfeitiçando. Não sabendo bem o que fazer, fez o que lhe pareceu mais óbvio e certo. A beijou.

Nenhum dos dois parecia ter esperado menos por aquilo, e parecia simplesmente mais incrível do que já era.

Quando se separaram, já com a perda do ar, e dos sentidos, estavam praticamente tontos. Mas ambos com sorrisos bobos e descontrolados no rosto.

Aquela seção de beijos e troca de sorrisos e olhares confidenciais durou muito tempo. Quando Hermione olhou pela janela e viu o céu dourado, se encantou e apenas apontou para um  Rony um tanto distraído, sentando ao seu lado.

Ele apenas passou um braço pela sua cintura enquanto assistiam de camarote aquele espetáculo maravilhoso, juntos, pela segunda vez, de muitas mais.

 

Desceram juntos para tomar café aquela manhã. Ninguém sabia de nada e se assustaram ao verem Rony e Hermione adentrando a cozinha de mãos dadas, ambos com sorrisos idênticos no rosto e parecendo o Rony e a Hermione de uma semana atrás. Entretanto, ninguém disse uma palavra sobre o ocorrido.

Sentaram-se lado a lado em frente a Gina e Harry e desejaram bom dia a todos. Parecia quase bizarro o modo com que eles pronunciavam tudo ao mesmo tempo, e agiam da mesma forma, como se estivessem programados para ser uma cópia exata do outro.

Molly Weasley não perdeu tempo. Começou a atulhar a mesa de comida e mais comida, visto a perda de inúmeras refeições de ambos. Depois do Sr. Weasley sair para trabalhar parecia que haviam voltado ao normal.

Rony começou a comer do modo que sempre comia e Hermione começou a ler o jornal. Tudo parecia nos conformes para Gina e ela não hesitou em sorrir para Harry mostrando os dois com os olhos e vendo o sorriso do moreno, apenas declarou:

- Fico feliz que vocês tenham saído daquele quarto – e deu um sorriso que só Gina Weasley sabe dar. Levantou-se e saiu da mesa, deixando um Harry meramente hipnotizado. 

Rony e Hermione trocaram olhares significativos e nem percebiam o mundo a sua volta. Era completamente insignificante para eles. Um Harry muito constrangido saiu da sala e foi a procura da sua namorada, enquanto a Sra. Weasley só observava com o coração cheio de alegria. Ela não via Rony feliz assim desde que  ele fora para Hogwarts.

 

Mais uma bela manhã, depois de tantas outras nascia reluzente na Toca. Havia passado mais um mês e o verão estava no seu auge. Quente demais pra suportar na opinião de alguns.

Agora Rony e Harry freqüentavam o curso de Aurores e isso ocupava bastante tempo de suas vidas. Hermione conseguira um emprego no Ministério inglês e estava completamente satisfeita consigo mesma, mesmo estando ocupada praticamente o dia todo. Tentava articular seus compromissos com Rony, já que ele era o que ela mais dava prioridade, e também era o único que podia compreender que ela tinha afazeres.

Naquela sexta feira tentou esquecer-se dos problemas e apenas ir até o Beco Diagonal com Rony, para ajudá-lo a comprar algumas coisas e ficar um pouco com ele. Tudo corria bem, o sol estava quente no céu azul turquesa.

Andavam de braços dados, ambos co sorrisos estonteantes no rosto e conversavam aleatoriamente sobre qualquer coisa rindo bastante. Depois das “imensas” compras feitas, foram até a sorveteria, antes de voltar pra Toca.

No momento que sentaram e fizeram o pedido o semblante de Rony, passou, instantaneamente de alegre e contente, para sério e decidido. Isso assustou Hermione que o fitou visivelmente muito intrigada.

- Ron, o que houve? – disse em tom discreto, mas perturbado.

-Bem, eu preciso falar com você, Mi.

-Diga de uma vez então, Ron.

Hermione estava com o coração na mão altamente descompassado e suando frio. O modo com que o ruivo lhe olhava lhe causava calafrios. Era tão intensa, tão mordaz.

- É bem sério, então presta atenção.

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Minha inspiração decide a hora que ela quer vir, então é completamente imprevisivel o tempo para postar o proximo capitulo. Mas vou garantir que os comentários ajudam bastante.
Eu simplesmente adooro todos os meus comentários, pena que são tão pouquinhos... vocês podiam dar uma ajudinha, né? *olhinhos brilhando de espectativa*

eu vou ser obrigada a agradecer a Milena_Mione, que com o enorme numero de comentários me incentivou a escrever o cap muito mais rapido que eu pretendia. Mas eu quero agradecer também a annnnie, lbass e Jessi, por comentarem na fic. *-*

bem, espero que tenham gostado, e mesmo que não deixem um comentario, com uma crítica, elogio ou qualquer outra coisa. Adoro eles.

Beijinhos
 

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