As Três Pernas do Tripé



Disclaimer: Os personagens apresentados nesta fanfic pertencem à J.K Rowling. Não lucro nada com esta fic, só me divirto mesmo contando uma história. Boa fic a todos!!




4. As Três Pernas do Tripé


Hermione aparatou rapidamente para o beco diagonal. Ao chegar ao local uma estranha mistura de sensações tomou conta de seu corpo. Ao mesmo tempo em que a alegria e as lembranças dos doces momentos em que ela passou ali com seus amigos vinham à tona, era como se elas fossem contaminadas pelo abandono e podridão que ela via agora.


 


O beco estava totalmente desfigurado. A mal conservada placa onde se lia “Largo Bloody Mary” apenas reforçava o fato que o seu futuro tinha mudado. Lojas de artes das trevas se espalhando por todo o ambiente, junto com ruas sujas com papéis e outros entulhos no chão. Ali, quase na esquina com a Travessa do Tranco, havia uma pequena e escondida loja de vassouras.


 


A garota entrou lentamente na loja, como se pedisse desculpas por incomodar. Uma nota aguda e solitária quebrou o silêncio do ambiente quando o sininho junto à porta tocou, anunciando sua presença. Entretanto, o homem atrás do balcão não se virou para atendê-la ou fez qualquer outra reação. Sombrio, cabisbaixo e um pouco corcunda ele continuou a tirar a poeira das estantes próximas como se nada tivesse acontecido.


 


- Boa Noite – começou Hermione tentando puxar conversa


 


Ela ouviu apenas um resmungo como resposta. Uma resposta seca e sem sentimento algum, mas cuja voz lembrava vagamente a do Harry que ele conhecia desde os onze anos de idade.


 


- Eu... eu gostaria de comprar uma vassoura – ela disse  tropeçando nas palavras


 


- Que tipo? – o bruxo perguntou de maneira automática


 


- Uma, uma, Firebolt – disse a garota, falando o primeiro nome de vassoura que veio a sua cabeça.


 


- Menina – disse o homem se virando lentamente - essas vassouras não são mais produzidas desde de.. – Foi então que ele parou, perdendo o fôlego quando a viu pela primeira vez.


 


Naquele instante, Hermione teve certeza que aquele era seu grande amigo Harry Potter. Ele parecia abatido e cansando, como um herói de guerra vencido pelo tempo, mas ainda carregava a cicatriz em forma de raio na testa e os olhos verdes muito vivos que herdou de sua mãe. O bruxo, por outro lado, permaneceu tão paralisado que parecia que sua cabeça ainda tentava lentamente assimilar o que acabava de acontecer.


 


- Harry, sou eu, a Hermione! – disse a garota sem se conter, dando um passo em direção a ele.


 


- Quem é você? O que é você? - respondeu Harry aflito, sacando sua varinha e se afastando da garota. Era possível sentir o medo e apreensão nas suas palavras e o terror estampado em seus olhos.


 


- Sou eu Harry, sua amiga Hermione, eu sei o que você acha que aconteceu, mas precisamos sentar, conversar... – Ela tentava estabelecer contato, alguma aproximação, mas ela sentia que Harry começava a se desesperar cada vez mais.


 


- O que é isso? Uma piada de mau gosto? Uma assombração? Uma espécie de acerto de contas? – Ele começou a aumentar gradativamente o tom de voz, visivelmente perdendo o controle. Ele apontou a varinha para a garota e continuou - Eu, eu não tive culpa, não tive – ele começou a gaguejar – eu tentei te pegar, mas, mas não deu e...


 


Hermione percebeu que Harry baixou a varinha por alguns segundos, tempo suficiente para ela se aproximar e desarmar o garoto.


 


- Sou eu Harry, eu estou viva!! – ela quase berrava na frente dele, na esperança que ele acreditasse.


 


- Não, não, não pode ser... – ele negava repetidamente, sacudindo a cabeça com veemência, olhando para teto, para os lados, para o chão, para que qualquer lugar que não fosse para a jovem bruxa a sua frente.


 


- A realidade foi alterada Harry, não era pra ter acontecido nada disso! Olhe pra mim, veja, eu sou real, eu existo! – ela insistia cada vez mais.


 


- Não, olhe você! – respondeu ele gritando – Eu vi você morrer Hermione! Eu estava lá – agora algumas lagrimas lutavam para sair de seus olhos – Eu... eu deixei você cair!– ele gritou, expulsando todo rancor e mágoa que carregava junto ao peito.


 


Harry parecia ter se entregado, finalmente desistido de lutar. Melancolicamente ele se sentou no chão, chorando baixinho, de cabeça baixa e lágrimas escondidas quando Hermione finalmente conseguiu se sentar ao lado dele.


 


- Mesmo brigados, Rony e eu sempre visitamos você no St. Mungus. – Harry começou - Você ficou por lá durante algum tempo, até fazer dezesseis anos de idade. Nós dois nos revezamos, porque acabamos nos afastando cada vez mais, mas de alguma forma você sempre foi o último elo de ligação entre nós. Como uma lembrança de como era inocente e fascinante o mundo mágico antes da ascensão de você-sabe-quem.


 


Até que um dia eu cheguei para te visitar no seu quarto no St. Mungus e você estava sob o parapeito da varanda do seu quarto – ele dizia gaguejando - e me olhava com os olhos distantes, cansados. Eu tentei me aproximar, chegar próximo o bastante para te pegar mas, mas – ele começou a hesitar um pouco agora -  você me deu um meio sorriso triste e falou: “Assim vai ser melhor Harry” e você, e você – ele se esforçava bastante agora -  você se jogou... eu, eu tentei te ajudar mas...


 


- Harry – disse ela de maneira carinhosa, quase maternal – me escute com atenção, por maior que seja a loucura que possa parecer. Isso que você esta vivendo agora não é


real. O nosso futuro não é esse. A realidade foi mudada magicamente por Rodolfo Lestrange! Ele viajou no tempo com o Olho das Eras, alterou o passado e...


 


- Olho das Eras? – Interrompeu o garoto ainda soluçando um pouco.


 


- É, isso mesmo, porque você sabe o que ele é? – Perguntou a garota levemente surpresa.


 


- Um bracelete com listras douradas, hieróglifos e um olho vermelho escarlate no centro?


 


- Exato, esse mesmo...


 


- O nome não me era estranho – disse o garoto, distante – eu lembro do Rodolfo mostrando ele para você-sabe-quem no dia em que eu fui capturado, depois da final do Torneio Tribruxo. Foi a última coisa realmente bonita e extraordinária que eu vi em muito tempo. Depois da ascensão de você-sabe-quem o mundo parece existir apenas em tons de cinza.


 


- Viu Harry, viu! – Disse a garota esperançosa. Essa realidade foi alterada pelo Lestrange, graças a esse “Olho das Eras”. Eu encontrei com o Rony, e bolamos um plano pra pegar esse objeto e consertar as coisas, mas precisamos da sua ajuda.


 


- Minha ajuda?


 


- Isso! Porque o local onde o Olho está guardado está protegido por uma porta especial, que só abre com o sangue do Voldemort! – a garota desatou a falar. É que o Rony e a Gina fundaram um grupo de resistência e...


 


- Eu sei, eu sei – falou Harry ainda um pouco distante. Eu os vi durante o funeral do Neville semana passada. Eu fiquei escondido e acompanhando a cerimônia à distância. Eu até pensei em me aproximar, falar alguma coisa, mas eu fiquei sem saber o que fazer, ou o que dizer...


 


- Ah Harry, é a mesma coisa que aconteceu durante o Torneio Tribruxo. Você e o Rony ficaram semanas sem se falar, até que finalmente eu consegui juntar vocês dois. Vamos lá, eu tenho certeza que nós três juntos podemos voltar a ser um time novamente! Nós precisamos uns dos outros, nós agimos melhor juntos, como se fossemos as três pernas de um tripé!


 


Pela primeira vez o garoto esboçou um sorriso. Ele olhou firmemente para a varinha em sua mão e respirou fundo, tomando coragem. Ele olhou para a garota ao seu lado e falou:


 


- Então tá, vamos lá!


 


Eles aparataram bem próximos a sede da Armada de Dumbledore. Levemente confiante o garoto bateu na porta. Um membro da Armada abriu a porta e, embora estivesse alheio a todos os pormenores da relação entre Harry, Rony e Hermione, ele reconheceu a pequena cicatriz em forma de raio imediatamente. Todos os demais soldados estavam atônitos, sem palavras. Gina em especial experimentava uma mistura de surpresa, saudade, alegria, tristeza e raiva. Sem saber o que dizer, ela apenas apontou para cima, indicando que Rony estava no quarto do andar superior.


 


Assim que Harry abriu a porta do quarto, ele e Rony se entreolharam. Analisando, observando lentamente um ao outro. O silêncio total dava um tom ainda mais pesado à cena. Um silêncio que só foi quebrado quando a mão direita de Ronald Weasley rasgou o ar, e acertou em cheio o rosto de Harry Potter.




N/A: Capitulo 4 no ar! E como eu vi uma pergunta nos comentários, teremos alguns momentos H/G sim, um pouco mais pra frente na fic! Até mais!


N/B: Uh, emocionante, não? Desculpe se algum erro me passou despercebido. Gogo Reviews!

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