seventeen



Sábado de manhã, Hogsmeade, rua principal.


 


Alice caminhava pela neve com dificuldade, indo de um lado para o outro na frente de uma loja de doces, no final da rua principal de Hogsmeade. Frank lhe enviara um bilhete chamando-a para encontrá-lo ali, e ela fora, naturalmente. Ele era uma gracinha e lhe prendera atenção com sua timidez doce.


 


Sem contar que tinha a melhor bunda de Hogwarts.


 


-Frank? – Alice chamou-o ao vê-lo chegando ao longe. Mas ele estava andando de um jeito diferente, esquisito.


 


-Ei, Frank, o que há de errado com a sua perna? – Perguntou quando ele chegou perto o suficiente, observando-o. Frank perdeu o jeito por um instante, voltando a sorrir daquele jeito maroto esquisito de antes. Tirou as mãos dos bolsos e se apoiou em uma árvore atrás dela.


 


-Agora que eu vi você? Nada errado, boneca – Ele disse sorrindo e sua mão escorregou da árvore, fazendo-o quase cair. Alice tinha uma grande interrogação em sua expressão.


 


-O que há com você, Longbottom? – Alice perguntou saindo debaixo do braço dele, se afastando alguns passos. Frank se recompôs e fitou o chão.


 


-Não há nada, é sério! – O moreno insistiu. – Vamos entrar na loja? – Ela assentiu com a cabeça e os dois seguiram para a loja de doces, onde, dentro, funcionava um pequeno café.


 


Alice sentou-se e Frank sentou-se em frente a ela, sorrindo de modo estranho. Ela fitou aquele sorriso esquisito com estranhamento.


 


-Ah, é verdade, os cafés, eu vou buscar. – Ele levantou-se em um pulo e foi para o balcão pedir os cafés, acenando para ela enquanto o fazia. Alice sorriu com aquilo, abaixando o olhar. Ele deixara cair um papel, e ela era uma curiosa nata.


 


Pegou o papel e viu a caligrafia dele, a curiosidade crescendo.


 


“James: sorriso malicioso
calma interminável
andar malandro
falar e se mexer devagar
bajulação galanteadora”


 


Ela abafou uma risada baixa com uma mão sobre a boca. Então era isso? Ele estava tentando imitar Potter? Alice viu-o voltando com os cafés e devolveu o papel para o lugar.


 


“Ufa, ela não viu isso” Frank pensou colocando o papel discretamente de volta no bolso. “Seria o meu fim”.


 


-Então, Frank – Alice começou a dizer, olhando-o maliciosamente enquanto tomava o café, colocando-o de volta na mesa em seguida. – Eu posso apostar que você é mais quente que esse café. – Ela mordeu a ponta do indicador e Frank engoliu em seco, os olhos arregalados.


 


-Ah... ah, é, é isso mesmo, eu sou mais quente que esse... que esse... – Longbottom balbuciou e Alice sorriu largamente, saindo de sua cadeira e puxando-o pelo braço para fora da loja.


 


Empurrou-o em uma árvore mais escondida na frente da loja, beijando seu pescoço vorazmente.


 


-Realmente, Frank, você é uma delícia... – Ela disse em voz provocante, beijando os lábios dele avidamente.


 


-É, eu sou uma... – Ela voltou a beijar o seu pescoço e ele parou de sorrir, voltando a pensar direito – Peraí, eu sou o que? – Ele tentou afastá-la, sem sucesso.


 


-Vem, me beija, tigrão – Alice rosnou e tentou beijá-lo de novo, no que ele a afastou.


 


-Peraí Alice, peraí – Frank disse e viu Alice rindo, rindo uma risada gostosa e espontânea, o dedo polegar na boca. – Do que tá rindo?


 


-Eu vi o seu papel – Ela declarou, fazendo-o deixar o queixo cair devagarzinho. – Então estava simulando o que você supostamente conseguiria agindo como James Potter – Ele fitou o chão derrotado. Alice se aproximou.


 


-O que foi, Frank? Não, não fica assim... – Disse quando ele se sentou no chão, fitando a neve.


 


-E como eu vou ficar? Eu não faço nada direito – Ele disse e Alice tocou seu rosto.


 


-E é esse o seu charme – Essa frase o fez erguer o olhar para o dela, que sorria. – Vamos, não encane, quando você me chamou pra sair, eu quis sair com Franklin Longbottom, não com James Potter. Relaxe – Passou a mão pelo rosto dele, que sorriu daquele jeito tímido, fazendo o coração dela esquentar levemente.


 


-Vamos, vamos voltar lá pra dentro – Ela se levantou e ofereceu a mão para ajudá-lo a se levantar. Frank pegou na mão dela e puxou-a para subir com força demasiada. A mão dela se soltou da dele e ele caiu para trás, batendo com a cabeça na árvore, e fazendo-a cair em cima de si.


 


Alice começou a rir, uma gargalhada tão espontânea que o fez rir também. Então ela abriu os olhos e viu o quão próximos os lábios de ambos estavam. Colocou o cabelo para trás da orelha, parando de sorrir e olhando para baixo antes de fitar os olhos dele.


 


Frank inclinou a cabeça mais para frente, unindo os lábios dos dois. Beijou-a de modo suave e profundo, de um jeito que fez Alice ouvir uma música fraquinha em sua cabeça, alguma música bem besta da qual não conseguiu se lembrar quando fitou os olhos castanhos dele.


 


Ela se ergueu e ajudou-o a se erguer também, ele passando um braço nos ombros dela e ela passando o braço pela cintura dele. Dirigiram-se para a loja e tomaram mais alguns cafés.


 


E Alice sorria o tempo todo enquanto olhava para ele. E como não sorrir? Ele era doce, engraçado, tímido e bonito.


 


E tinha a melhor bunda de Hogwarts.


 


Merlin poderia ter sido melhor com ela?


 


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Enquanto isso, Hogsmeade, Bar Três Vassouras.


 


-Rosmerta, mais uma cerveja amanteigada! – Sirius pediu para a garçonete, rindo alto. Passou um braço pelos ombros de Marlene, que sorriu para ele, olhando em seguida para Remus e Dorcas, um ao lado do outro, e James sozinho na ponta, girando o copo na mesa.


 


-Potter? O que houve? – Marlene perguntou agradecendo quando recebeu a cerveja, tomando-a.


 


Sirius olhou para o amigo, sorrindo perspicazmente.


 


-Ele tentou fazer a amiga ruiva de vocês nos acompanhar a gente nessa saída, mas ela disse que não – Sirius respondeu e tomou o copo todo de cerveja de uma vez só – E disse que não vinha por causa dele.


 


Os quatro observaram James atentamente e o rapaz abaixou o olhar.


 


-Ela me irrita – James disse em tom baixo. Dorcas tocou o ombro de James.


 


-Você também não fez nada pra que ela gostasse de você – Ela informou-o e James bufou.


 


-Eu... eu irrito todo mundo, droga – James explodiu e levantou-se da mesa, tirando uns galeões do bolso e saindo do bar.


 


-Eu nunca vi ele assim – Remus comentou espantado.


 


-Deixa que eu vou lá falar com ele – Sirius levantou-se também e seguiu o amigo para fora do bar.


 


Encontrou-o dentro da Zonko’s, na parte exclusiva para os Marotos.


 


-James, pára com isso –Sirius disse e James grunhiu, saindo de perto dele. – James, chega cara, que é isso, o que tá rolando contigo? – James olhou o amigo e suspirou.


 


-Eu tenho observado ela esses dias todos – O moreno pegou uma coisa qualquer da prateleira e começou a mexer – Ela é bonita, é simpática, faz tudo certo, ajuda todo mundo, tem um sorriso lindo e... me irrita. Sirius, ela me irrita muito – Ele largou a coisa que tinha na mão e virou-se de costas para o amigo.


 


-Ela nunca concorda comigo, sempre se irrita e nunca ri das minhas brincadeiras. Me dá bronca, sempre me diz que eu to errado e tá sempre me evitando... por mais que eu queira ficar perto dela. – Ele grunhiu de novo, revirando os olhos. – Eu detesto ela, mas por algum motivo resolvi desejá-la perto... Eu não me entendo mais – James sentou-se no chão e passou a mão pelos cabelos, assanhando-os.


 


-James... – Sirius sentou-se ao lado dele e bateu em suas costas. – Eu acho que você tá...


 


-Apaixonado por ela, eu sei. – Olhou para o amigo. – Mas ela me odeia, cara. Eu não sei mais o que fazer – Sirius ficou pensativo e observou o amigo desesperado.


 


-A gente pode perguntar pra Dorcas e Marlene. Elas devem saber o que fazer. Vamos lá, cara, fica com a gente – Sirius levantou-se e ofereceu a mão para ajudá-lo a se levantar, mas ele fez um sinal com a mão dispensando-a.


 


-Me deixa aqui mais um pouco. É difícil pra mim ver você e o Remus tão bem e eu... – A dor impediu-o de continuar.


 


Sirius sorriu para o amigo.


 


-Quando você quiser, a gente vai te esperar lá – Os dois sorriram e Sirius deixou-o ali sozinho.


 


...


 


-E aí, o que houve lá? Ele não volta? – Marlene perguntou para Sirius, que sorriu amarelo.


 


-Ele não vem não. – Remus deu uma risada.


 


-Ele está apaixonado por Lily, então? – Sirius assentiu com a cabeça e as garotas exclamaram em desgosto.


 


-Apaixonado? Ele tá ferrado... – Dorcas comentou e Marlene concordou.


 


-Como assim? – Sirius perguntou preocupado.


 


-Lily é osso duro de roer. Nunca teve sequer uma paixonite quando pequena – Marlene respondeu e os garotos expressaram preocupação.


 


-E o que ele faz? – Remus perguntou e as duas deram de ombros.


 


-Desiste. É melhor pra eles – Dorcas respondeu e Sirius negou com a cabeça.


 


-Não, nada disso. James vai conquistar a ruiva – Declarou, chamando a atenção dos outros três.


 


-E como pensa em fazer isso? – Remus indagou.


 


-Eu não sei, Remus... mas James vai ganhar aquela garota, ou eu não me chamo Sirius Black! – Ele empolgou-se demais e bateu na mesa, ficando de pé e chamando a atenção de vários clientes do bar.


 


Remus, Dorcas e Marlene riram enquanto Sirius sorria amarelo e voltava a se sentar, ligeiramente corado. Marlene beijou-o levemente e eles continuaram tomando a cerveja.


 


Sem, entretanto, tomar atenção nela. 


 


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