Sonserinos



 


 


Vadia.”


 


Foi como um suspiro dito para si. Essa era a primeira palavra que pretendia usar quando a encontrasse.


 


 


Andava apressadamente por uma rua de paralelepípedos gastos que se estendia até a imagem difusa de uma antiga mansão Vitoriana. Era uma rua sem saída, percebeu. No final, uma rotatória oval margeava os portões da imponente construção caso alguém fosse visitar algum de seus moradores utilizando um transporte menos convencional aos bruxos.


Estava escuro e frio. A fumaça que desprendia em conseqüência de sua respiração não parecia despertar interesse. Suas grossas luvas de couro faziam pouco efeito contra o vento cortante. A camisa, o suéter, o casaco e o sobretudo, sim.


Andava rápido repassando mentalmente tudo o que deveria ser dito. Era assim com Hermione Granger, o discurso sempre teria que ser bem revisado. Nada poderia ficar entalado ou ser esquecido. Tudo haveria de ser exposto com seu devido controle.  E intimamente não sabia se dessa vez queria se controlar. Como fora capaz de fazer o que fez? Até para alguém como ela isso soava doentio, vil e aversivo.


Hermione parara de andar quando chegou ao limite do trabalhado portão enegrecido da mansão. Um grifo, que antes parecia apenas uma estátua sem vida, a olhou.


 


- Anuncie-se.


- Hermione Granger. Vim ver Parkinson. – Pansy. – Completou.


- Senhorita Pansy está recebendo convidados em uma reunião particular. – O grifo lhe respondeu entediado.


- Preciso falar com ela. – Hermione se irritou.


– Você deve voltar outra hora.


- Eu não-


- Granger? – Uma voz do lado de dentro dos portões a despertou de sua momentânea fúria.


- Zabini.


- A que devo a honra? – Ele tragou de um cigarro negro.


- Pansy. – respondeu. – Preciso vê-la.


- Hoje? A essa hora? – ele estava intrigado. Hermione reconheceu que precisava ser gentil, caso contrário não conseguiria seu intento.


- É importante, por favor.


- Hm. – ponderou. - Abra. – ordenou o moreno ao grifo que obedeceu.


- Obrigada. – Hermione tentou parecer simpática passando pelo portão.


 


Eles seguiam por um caminho ladeado por um diferente jardim. Nele, esculturas de arbustos se erguiam belamente, atraindo a atenção de Hermione. Serpentes, Águias, Esfinges, Quimeras...


 


- Edward Mãos de Tesoura mora aqui? – Permitiu-se uma piada, esquecendo que estava furiosa.


- Quem? – Zabini obviamente não entendera.


- Nada. – Sorriu para si.


- Não consigo imaginar que tipo de assunto tão importante você tenha para tratar com Pansy. Até onde sei, vocês jamais trocaram sequer uma palavra cordial.


- Então você definitivamente não sabe tudo sobre sua amiga. – desafiou. Sua irritação estava voltando.


- Que seja. – Deu de ombros. – Só não dê um jeito de estragar a festa.


 


Zabini abriu uma imensa porta talhada de carvalho. Sempre as serpentes adornando os detalhes.


“Orgulho idiota...” – Hermione desdenhou mentalmente.


 


Entraram em uma espécie de anti-sala. Era pouco iluminada e as paredes tinham um tom púrpura fechado. Hermione sentiu um leve puxão em seu sobretudo e ao olhar para baixo viu um elfo doméstico. Era um elfo diferente de todos que havia conhecido, era jovem, bem tratado e usava roupas limpas e aparentemente novas.


 


- Sra, seu casaco. – pediu delicadamente.


- Ah... ok. – Hermione tirou o sobretudo que lhe caia até os joelhos e entregou ao elfo que rapidamente o pendurou em uma arara.


- Jim, onde está Pansy? – Zabini se dirigiu ao elfo.


- Está na sala intima, Sr. – Dizendo isso e com uma reverência, o elfo se retirou por uma porta quase imperceptível à esquerda.


- Venha, Granger. – Zabini fez um movimento com a cabeça indicando uma porta dupla à frente. Hermione seguiu-o a uns dois passos atrás.


 


Quando Zabini escancarou as portas, uma música ensurdecedora preencheu seus ouvidos. Pela rápida observação, Hermione pode imediatamente notar ou imaginar a quantidade de dinheiro que a família Parkinson teria. Tudo era de muito requinte e bom gosto. Os moveis em design clássico, o lustre de cristal, as obras de arte espalhadas pelas paredes e mesinhas, o chão lustroso que provavelmente era talhado com no mínimos 4 tipos diferentes de árvores. Era tudo detalhadamente sofisticado. Coisa que contrastava diretamente com o tipo de pessoa que eram os convidados de Pansy.


Hermione teve a impressão de que estava em uma festa no salão comunal da Sonserina, não que a sala de estar da casa de Pansy lembrasse uma masmorra, longe disso. As pessoas que ali estavam eram os filhos dos magnatas puro-sangue que costumavam reger as leis e o direito do Mundo Mágico (GossipGirlmodeon). Alguns eram facilmente reconhecidos, mesmo depois de 5 anos após terem deixado Hogwarts.


 


- Granger? – Um loiro havia percebido a presença “incomum” de Hermione.


- Malfoy.


- O que-                                            


- Ela veio ver Pansy. – Zabini quem respondeu.


- Pansy não estava se sentindo bem e subiu para tomar algo. – Draco informou.


- Eu realmente preciso falar com ela. – Hermione não deixaria isso pra depois.


- ZABINI! – Uma garota oriental de vestido azul o chamou a poucos metros.


- Draco, faça companhia à Granger até que Pansy retorne. – Zabini os deixou sozinhos.


 


“Ótimo” – Hermione pensou.


 


Hermione e Draco se entreolharam.


 


- Eu não sabia que estaria interrompendo uma festa. – A grifinória tentou se explicar.


- Bem, uma igual a essa acontece a cada fim de semana. Difícil seria chegar num dia tranqüilo. – Draco indicou uma mesa com bebidas. Hermione o acompanhou.


- Como os pais dela permitem?


- Eles estão mortos.


Silêncio.


- Você não precisa dizer que sente muito, tampouco.


Draco serviu um copo com vodka.


- Quer beber algo?


- Não, estou bem.


 


Nesse momento, por alguma razão, uma música agitada, em volume estridente começou a ser tocada no rádio, ou Hermione achou que era um rádio, não havia se decidido se o som vinha das paredes. As pessoas foram se levantando para dançar, outras para reabastecer seus copos, algumas continuavam em seus lugares fumando ou cheirando. Esse era o tipo de festa divertida para sonserinos? Hermione se pegou pensando.


 


- MALFOY - Alguém o chamou.


 


Hermione e Draco acompanharam a direção da voz. Pansy estava descendo a escada abraçada a duas garotas pela cintura. Em poucos segundos, o olhar inquisidor de Hermione notou a calça preta erguida por um suspensório da mesma cor contrastando com a blusa branca que a morena usava. Não pode deixar de perceber também o chapéu gângster que mantinha meio torto, dando-lhe um ar masculino, mas nem por isso menos atraente.


A presença de Hermione não fora notada ou foi sutilmente ignorada pela sonserina. As garotas que haviam descido com ela desviaram o rumo, talvez para se drogarem um pouco mais – Hermione intuiu.


 


- Pansy. – Draco lhe sorriu.


- Onde você estava, seu maldito? – Sorriu de volta.


- Trouxe alguém.


Só nesse momento Pansy desviou o olhar para a mulher que estava ao lado do amigo.


 


- Granger? – em um segundo se recuperou da surpresa e manteve o tom sarcástico de sempre. – Que felicidade!


- Você não está feliz em me ver, Parkinson.


- Ora, Vamos, Granger. É uma festa. Mesmo sem ter sido convidada tente aproveitar.


- Eu não v-


- Ela diz que tem um assunto sério a tratar contigo.


- Não se explique, Draco. Hermione só precisou de um motivo para entrar de penetra.


- Não seja idiota, Parkinson! Tudo o que eu mais quero é sair daqui. Simplesmente me leve para algum lugar onde possamos conversar sem ser interrompidas por bêbados ou drogados.


- Quer me ver em um lugar mais intimo? – Provocou com os olhos faiscantes.


- Cala a boca e me leve a um lugar apropriado! – “Quem ela pensa que é?”


 - Não use esse tom-


- Pansy, acabe logo com isso. – Draco aconselhou olhando-a seriamente.


- Ok, ok. Vamos lá para cima. – Pansy falou entediada.


 


 


***


 


 


Hermione seguiu Pansy de perto até a sala – que supôs – ser íntima. Ali o som e o barulho dos convidados não era perceptível. Havia um divã negro em cima de um tapete persa. A lareira estava acesa e as cortinas cobriam a noite sem necessidade.


 


- Quer beber algo? – Pansy mudou o tom hostil indo até uma mesa e servindo-se de uma bebida âmbar.


- Estou bem. – Disse tirando o casaco marrom por conta do calor acolhedor da sala.


- Ora, vamos, Hermione, não pretendo te envenenar. – Pansy serviu o mesmo que bebia em mais um copo e entregou à grifinória.


Hermione deu um leve gole. Era amargo, mas quente.


- Vamos... O que você tem tanto pra falar comigo?


- Eu sei o que você fez.

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