Obliviate



 


 


Ok. Foi um puta fora ter adormecido com você em meus braços. Mas simplesmente o cheiro que desprendia dos teus cabelos me entorpecia de tal forma que eu não pude agir conscientemente. Só queria prolongar algo que estava fadado ao fim.


 


Você acabou se transformando em uma droga. Uma droga pela qual eu mataria. Uma droga que supria todos os meus desejos e completava todos os espaços vazios da minha vida. A ausência do meu pai. O descaso da minha madrasta. A morte da minha mãe. Não que você soubesse como meu coração era retalhado em mil pedaços. Ou que você desconfiasse que minha vida estivesse longe de ser perfeita. Mas o seu olhar... nunca alguém me olhou como você.


 


Nunca alguém me amou como você.


 


Seus cabelos. Passei horas mexendo neles. E foi com eles que sonhei em seguida. Você dormiu primeiro. Eu te vi adormecer. Reparei em cada detalhe de seu rosto. Sua boca. Você era minha aquela noite e eu não consigo me lembrar de nada parecido que tenha me deixado tão viva.


 


Você acordou primeiro também e obviamente estava atordoada. O efeito da poção polissuco havia desaparecido há eras. Foi uma grande merda. Eu deveria ter me controlado. Não sei qual foi a primeira coisa que você pensou ao me ver na cama onde supostamente deveria estar seu namorado. Será que por algum segundo você gostou de me ver lá? Ou será que enquanto estava comigo percebeu que eu não era ele?


 


“O... que... você...?”


 


Eu não disse nada. O que poderia? Mentir?


“Estava passando pela sala precisa, Hermione... a porta estava entreaberta e eu simplesmente entrei...” Claro que não. Comecei a vestir minhas roupas transfiguradas. Tenho certeza que nesse momento você percebeu o que havia acontecido.


 


“Você...? Não...!”


 


Eu não interrompi o que estava fazendo. Discutir com Hermione seria doloroso. Sem roupas seria definitivamente humilhante.


“Como? Como você pode?”


 


Te encarei. Eu sinceramente queria te dizer tantas coisas e uma delas era que eu havia me apaixonado.


 


“Parkinson!” Você gritou.              


 


Eu não respondi.


 


“Hermione” Pensei. “A questão aqui não é o pra quê... e sim o porquê.” Olhava em seus olhos querendo que você pudesse compreender. “Eu acho... que te amo.”


 


Admitir isso foi cruel. Mesmo que tenha sido só pra mim. Peguei minha varinha no chão disfarçadamente.


 


“Vamos! Diga! O que você pretende?! Hã?! Me humilhar?! É algum tipo de plano sonserino para arruinar a minha vida?!” Você deixava escapar lágrimas de raiva.


 


“Não.” Respondi. Te ver chorar me desarmou. Você procurava a sua varinha. Provavelmente pra me torturar, matar ou pior.


 


“Eu tenho nojo de você, Parkinson! E estou com nojo de mim! Como pode me tocar?!”


 


“Eu poderia dizer que sinto muito por isso... Poderia me desculpar... Mas...”


 


“Mas?!” Você perguntou cheia de ódio.


 


“Eu não me arrependo.”


 


“Ora, sua...!”


 


“Obliviate!”


 


 


Foi com uma extrema dor que apaguei sua memória. Eu não queria que você esquecesse. Eu não queria te perder. Eu queria que você me amasse. Eu queria que você fosse minha. E Eu queria ser sua.


Reparou quantos “eus” eu disse? Talvez eu tenha deixado de ser egoísta por um momento. Apagar sua memória foi um gesto generoso.


 


 

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