Desastre









- Granger? – Demorou um segundo para se recuperar da surpresa e manter o tom sarcástico de sempre. – Que felicidade!


 


- Você não está feliz em me ver, Parkinson.


 


 


 


- Quer me ver em um lugar mais intimo? – Provocou com os olhos faiscantes.


 


- Cala a boca e me leva a um lugar apropriado!


 


 


 


- Quer beber algo? – Pansy mudou o tom hostil.


 


- Estou bem.


 


 


 


- Vamos... O que você tem tanto pra falar comigo?


 


- Eu sei o que você fez.


 


 


 


Estava cansada, não estava?


 


Era a quinta vez que se lembrava. Enumerei rapidamente em pensamento: Enfermaria de Hogwarts, Gringotes, Ministérios da Magia, Hogsmeade.


 


Desastre.


 


Já sabia que não lançara um feitiço efetivo. Já sabia que Hermione sempre se lembraria. E já sabia também que nunca quis que ela esquecesse.


 


No fim, era reconfortante saber que Hermione sempre voltaria.


 


Umas vezes espumando ódio.


Outras vezes confusa.


E, dessa vez, diferente.


 


Por que estava diferente?


Olhei todos as expressões que podia reconhecer.


 


Era um dom.


Saber tudo o que o corpo era capaz de falar. Saber quando as pessoas mentem.


 


A testa levemente franzida demonstrava contrariedade.


Os punhos fechados diziam que tentava controlar a raiva.


As pupilas dilatadas mostravam que estava apreensiva.


Os maxilares contraídos seguravam muita coisa que ela pretendia dizer.


 


Mas e a respiração lenta e o leve piscar?


 


Ela estava ansiosa demais para estar segura.


Tensa demais para estar tranqüila.


 


Estava com raiva, obviamente.


Raiva de quê?


 


- Você quer começar a falar ou...


- Eu vou falar apenas uma vez, não vou repetir, não vou explicar. Eu só quero respostas. E quero a verdade. – ela exigiu.


 


Não respondi não por não ter uma resposta que pudesse ferir sua dignidade.


Eu estava cansada.


 


Ela podia me denunciar. Eu não me importava mais.


 


- Você entendeu? – Hermione perguntou olhando fixamente para mim.


 


Eu concordei.


 


- Quantas vezes... – respirou. – Quantas vezes você apagou minha memória?


 


Eu a olhei. É, ela havia descoberto. E, dessa vez, descobriu todas as vezes que veio até mim e eu refiz o processo.


 


- 5.


 


Ela não desviou o olhar.


 


- Você... Me tocou mais que a primeira vez?


- Sim.


 


A segunda foi por que você quis. Você lembra, não lembra?


Em Hogsmeade.


 


 


Ela pareceu ler meus pensamentos.


 


- Em Hogsmeade... Eu agi por vontade própria?


 


Baixei a cabeça.


 


- Agiu.


 


- E você disse que havia feito tudo aquilo pra se divertir... no Caldeirão Furado. Você estava falando a verdade?


 


- Não.


 


- Você... me... ama?


 


- Eu...


 


 


Silêncio.


 


 


- Responda. – O tom era mais gentil.


 


- Amo.


 


- Você sabe porquê seu feitiço deu errado?


 


- Por que é preciso querer?


 


- Você acha que foi por isso? Você acha que realmente não quis que eu esquecesse?


 


Foi. Não foi?


 


- Eu acho que sim...


 


- Não, Parkinson. A quantidade de feitiços que você me lançou depois fariam com que eu esquecesse de tudo...-


 


- Então? – interrompi.


 


- ...exceto se o que você está combatendo é um sentimento.


 


- São lembranças...


 


- Não, sua idiota.


 


Eu virei de costas. Estava envergonhada.


 


- Lembranças não são sentimentos, embora ela desperte sentimentos.


 


Silêncio.


 


- Você pode me lançar quantos feitiços quiser, mas eles perderão o efeito.


 


- Eu...


 


- Você não me ama, Parkinson. Não é esse o sentimento.


 


Ela tinha razão.


 


- Eu quero que você diga qual é e vou embora.


 


- Não quero que você vá.


 


- Está fora de questão.


 


- Eu te amo, Granger.


 


- Não.


 


- Então o quê?!


 


- Você sabe.


 


 


Ela disse. Pegou o casaco, deu-me as costas e saiu.


 


 


- Inveja. – sussurrei.


 


 


... do Weasley.


 





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