Jade












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”It’s not so easy lovin’ me
It gets so complicated all the things you gotta be
Everything’s changing, but you’re the truth
I’m amazed by all your patience, everything I put you trough
When I’m about to fall somehow you’re always waiting
You’re open arms to catch me
You gonna save me from myself
Oh, you gonna save me from myself”


”Não é tão fácil me amar
Isso fica tão complicado, todas as coisas que você tem que ser
Tudo está mudando, mas você é de verdade
Estou encantada com toda sua paciência apesar de tudo o que te faço passar
Quando estou prestes a cair de algum modo você está sempre esperando
Você está de braços abertos para me pegar
Você vai me salvar de mim mesma
Oh, você vai me salvar de mim mesma”


Você olhou Alice, sua amiga Alice, cantar a música com tanta emoção que quis cantar também. Se não fosse um completo desastre você dividiria o palco daquele bar trouxa com a amiga, ajudando-a com a canção como pudesse. Sorriu e acenou para ela, que ofereceu-lhe uma piscadela.

Alice era cantora. Mas não uma cantora qualquer. Ela compunha suas próprias canções, fazia suas melodias, seus arranjos. Cantava com o coração. E não havia nada que pudesse se comparar á expressão dos olhos verde-jade dela enquanto cantava. Ela cantava com a voz, com a boca, mas também cantava com os olhos, com a alma. Ela era a emoção pura encarnada, tão avassaladora e doce, com amor á distribuir pelos seus muitos fãs, amigos e amores. Alice era pura, coisa que pouca gente conseguia ser. E você estava sempre lá para ajudá-la, protegê-la, como o idiota do namorado dela deveria fazer. Por causa dele ela usava preto naquela noite, quando gostava de verde. Verde-jade.

Você suspirou e bebericou o copo de whisky, lembrando-se de tudo que fizera para ela, por ela, do quanto a protegera e ajudara, do tempo que vivera em função dela. Você colou as mãos atrás da nuca, observando o sorriso dela enquanto cantava, e sorriu. Alice valia a pena. Ela valia qualquer coisa. Qualquer.

”My love is tainted by your touch
Some guys have showed me aces, but you got that royal flush
I know it’s crazy everyday
And tomorrow maybe shaky
But you never turn away”


”Meu amor é maculado pelo seu toque
Outros caras me mostraram ‘aces’, mas você tem esse ‘royal flush’
Eu sei que é loucura todo dia
E talvez o amanhã seja turbulento
Mas você nunca desiste”


O seu amor puro e platônico foi praticamente maculado quando ela uma vez bebera muito e te beijara. Ela tinha namorado, e você não queria arranjar problemas, nem para você e nem para ela. Você a pegara no colo, vendo-a embriagada, pensando no quê o monstro do namorado dela deveria ter feito para fazer um ser puro cair daquele modo, sem nem ao menos ser amparada. Aquilo era um absurdo.

-Frank, eu... – Ela começara a falar, mas você a tampou com a manta bege e colocou um dedo sobre os lábios delicados, fazendo sinal para que ela se calasse.

-Não diga nada. Amanhã você já estará melhor e eu te levarei pra sua casa, okay? Por hoje você fica no meu quarto e eu durmo no sofá. Vamos logo, durma – Você interrompeu-a suavemente, deixando então o quarto. Ela dormiu, mas você não. Você não conseguiu pregar os olhos, pensando no que poderia tê-la feito beber daquele jeito. A ponto de te beijar. Você sabe que ela nunca te beijaria. Não em sã consciência.

Isso te entristecia, mas não era nada comparado á sua vontade de esganar quem quer que fosse que a tivesse machucado. Você ficou a noite inteira acordado velando o sono dela, e relembrando a expressão dos olhos verdes. Aquele verde-jade tinha uma expressão conturbada, de puro desespero. Não queria que sua pura-jade fosse deixada na lama, escondida por entre os cascalhos e seixos sujos. Não podia deixá-la sofrer. Não podia.

”Don’t ask me why I’m crying
Cause when I start to crumble
You know how to keep me smiling
You gonna save me from myself
From myself, myself
You gonna save me from myself”


”Não me pergunte por que eu estou chorando
Porque quando eu começo a quebrar
Você sabe como me manter sorrindo
Você vai me salvar de mim mesma
De mim mesma, mim mesma
Você vai me salvar de mim mesma”


Você bateu duas vezes na porta do camarim e entrou, sorridente. Viu-a de costas, vestida naquele horroroso pretinho largo cheio de canutilhos, parecendo vestido de velha. Mas ela ainda assim ficava magnífica.

Um som quebrou o silêncio, e você percebeu que era um soluço. Alice chorava.

-Lice? – Ela quebrou um soluço no meio e limpou os olhos rapidamente com as mãos. Você foi até ela e virou a cadeira giratória para si. Alice tinha os olhos vermelhos, mas sorria docemente para você, disfarçando sua tristeza. –Alice, o que aconteceu? – Você perguntou preocupado, mas ela somente continuou sorrindo.

-Foi o Brad, não foi? – Perguntou e ela conteve mais lágrimas mordendo o lábio inferior com força. –Lice, por que você não termina com ele? Você mesma disse que ele nem era bom de cama! – Fez a brincadeira a abraçando, enquanto ela ria suavemente.

-Eu... eu não sei o que fazer, Frank. Eu não sei mais o que eu estou sentindo – A voz dela era, mesmo triste, uma voz de anjo. Você beijou a testa dela e sorriu-lhe levemente.

-Então dê tempo ao tempo, meu anjo. Só o tempo vai te dizer isso. Mas, por favor, não fica chorando por aquele idiota. Não chore – Você a abraçou novamente, mas ela manteve os olhos em seu rosto, o que fez os lábios de vocês ficarem muito próximos. Ela colocou os braços em volta do seu pescoço e ofereceu mais os lábios, fechando os olhos.

”I know it’s hard, it’s hard
But you’ve broken all my walls
You’ve been my strength so strong”


”Eu sei que é difícil, é difícil
Mas você quebrou todas as minhas oaredes
Você tem sido minha força, tão forte”


-Alice, o que...? – Você perguntou sem entender. Ela roçou os lábios de vocês.

-Eu sei que eu sou difícil de entender, Frank. Mas, por favor, não me negue mais o seu carinho... – Ela disse e você se afastou dela, estranhando.

-Eu nunca te neguei meu carinho, Lice. Você sabe disso – Você disse e ela riu, mordendo seu lábio inferior.

-Nega. Nega sim. Está me negando agora mesmo, aliás. – Ela sorriu e te mostrou o dedo dela. Você percebeu a falta de algo, mas não sabia dizer do que. – Eu já terminei com o Brad, Frank. Terminei hoje. Mas nunca soube se você me correspondia. Por isso... por isso estava chorando. Eu amo você, o meu melhor amigo, e não sei se você me ama de volta – Ela te disse e, por alguns momentos, o seu estômago ficou dando voltas na sua barriga, e você se lembrou de quando era adolescente e olhava para o sorriso de Alice na escola. Acontecia exatamente a mesma coisa.

”Don’t ask me why I love you
It’s obvious the tenderness
It’s what I need to make me
A better woman
To myself
To myself, my self
You gonna save me from myself”


”Não me pergunte por que eu amo você
É óbvia a ternura
É o que eu preciso para me fazer
Uma mulher melhor
Para mim mesma
Para mim mesma, mim mesma
Você vai me salvar de mim mesma”


-Então não te negarei mais nada, Alice. Nunca mais. Nunca – Você disse á ela com o coração pulando no peito, repleto de ternura, quase estourando. Você olhou naqueles olhos e soube que era a última coisa que você queria ver na sua vida. Que queria assisti-los mudarem de posição, cor, e qualquer outra coisa que pudesse mudar nos olhos dela, pelo resto de sua vida.

-Eu venho guardando isso há algum tempo. – Você disse pegando uma caixa preta na gaveta atrás dela. Claro, era o camarim dela, você guardava coisas ali eventualmente. E essa era uma delas. – Era da minha avó. Ela me deu e eu nunca entendi o por que. Agora vejo o que ela quis que eu fizesse – Você colocou a pulseira de jade no pulso de Alice, que ficou exultante.

-É muito combinandinho com os meus olhos, você não acha? – Ela riu da brincadeira, como se não soubesse que aquela era a intenção.

-Está perfeito – E os olhos dela foram as últimas coisas que você viu antes de beijá-la. Olhos verdes. Verde-jade.

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