Citrino












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”Got taken in
We feasted on olives from the fridge
We stood alone and we ate
We made love all afternoon
'til the stars went gloom
You wrote, i layed, we dine, on oysters and champagne
That's what it seemed like
We connect in so many ways
So easy on my sake”


”Estávamos abrigados
Fizemos um banquete com azeitonas da geladeira
Ficamos sozinhos e comemos
Fizemos amor a tarde toda
Até as estrelas desaparecerem
Você escreveu, eu deitei
Nós jantamos ostras e tomamos champagne
É o que parecia
Nós nos combinamos em tudo
Tão agradável para mim”


Você observou os potes de azeitona vazios, os dois garfos sobre a mesa rústica do chalé e deu um suspiro, acariciando os cabelos loiros sobre o seu peito. Dora remexeu-se sobre seu corpo nu, cobrindo-se mais com o lençol que trouxeram para a sala. Sozinhos naquele chalé acabaram deixando-se levar pelo tesão, como diria Sirius, e após comerem azeitonas – já que não havia mais nada na geladeira – vocês fizeram amor no tapete bege durante toda a tarde, sob o som da chuva que caía lá fora.

Mas lá for a para você não importava mais. Só importava lembrar-se com clareza do momento em que arrancara o papel no qual Dorcas escrevia de suas mãos, lembrar-se do gosto do beijo que lhe roubara, encorajado pelo champagne e pelas ostras que haviam achado logo depois de detonarem as azeitonas. Você sentiu-se acolhido quando ela te beijou, entendendo perfeitamente o gemido de protesto dela. Vocês se davam tão bem, eram tão parecidos, que ás vezes se entendiam com um só olhar, um só som, talvez um só toque, não era mesmo? E aquilo era maravilhoso. Dorcas Meadowes era a pessoa certa para você. O único problema era convencê-la disso, afinal, aquela tarde de amor teria consequencias. Foram para aquele chalé em busca de paz para que ela compusesse suas músicas, mas acabaram indo longe demais.

Apesar de que, para você, com Dorcas Meadowes nunca era demais.

”Why am I so shy around you?
Why am I so shy?
Why do I take care to astound you?
Why do I even try?”


”Por que eu sou tão tímida perto de você?
Por que eu sou tão tímida?
Por que eu tomo cuidado para agradar você?
Por que eu ainda tento?


Você, sentindo o perfume doce de gerânios, pensou no por que de não ter feito aquilo antes. “Timidez idiota” pensou lembrando-se da época de colégio, na qual ela era vivaz e cheia de energia e você, uma espécie de nerd que andava com os populares por algum motivo inimaginável. Você riu sozinho lembrando-se do dia em que pedira ajuda aos outros para mudar e agradá-la, do modo com que desajeitadamente você a chamou para sair passando a mão pelos cabelos como James faria. E lembra-se do jeito que ela sorriu para você, docemente, te dizendo que não podia pois já tinha outro encontro marcado. Ela era gentil com todos, mesmo com os nerds.

Você lembrou-se da época depois do colégio. Vocês se encontraram pela primeira vez depois de dois anos no beco diagonal, e ela deixara o queixo cair sem se preocupar com o que você fosse pensar. Você sorriu largamente ao ver a figura delicada e feminina na sua frente, seu eterno sonho de consumo. Ela perguntou se era você mesmo, e você respondeu que não, talvez fosse só um espírito. Ela então revirou os olhos e pegou a sua mão, aquele pequeno contato reavivando aqueles arrepios que sempre te acometiam quando você olhava para ela na escola, enquanto ela mordia o lábio inferior, concentrada fazendo os deveres.

Vocês se sentaram no beco cheio naquela manhã de verão e tomaram sorvete sentados em uma mesa de plástico, ela te fazendo perguntas sobre a sua vida atualmente. Dora fora direto ao ponto.

“Solteiro?” Perguntou colocando uma colher do creme gelado dentro da boca, fitando a mesa. Você assentiu com a cabeça e ela sorriu. Você sabia que ela estava solteira por não ter aliança, e nem marca dela no dedo. Em nenhum dos dois. “Não vai me perguntar sobre mim?” Ela questionou-o então, e você tomou as mãos dela nas suas. Ela ficou paralisada, você percebeu, mas você só indicou para ela seus anelares, e ela entendeu o seu raciocínio.

Vocês almoçaram juntos naquele dia. E jantaram nos três próximos. E se tornaram bons amigos. Ela era compositora, e te convidou para passar um fim-de-semana com você em um chalé, para ajudá-la a compor. Você sabia que todos os amigos dela já tinham feito isso, até mesmo Peter fora á um hotel com ela para ajudá-la. Só para dar idéias mesmo. E você aceitou prontamente, claro, sem nem lembrar que seu chefe mau-humorado era Sirius Black, e este era insuportavelmente rabugento quando mecionavam a palavra “férias”. Você resolveu que pegaria aquela folga de três dias de um jeito ou de outro, e ela sorriu para você. Você percebeu que enfrentaria a fúria de Sirius Black no trabalho somente para ter três dias com ela. Três dias. Mas você não sabia que vocês fariam amor apaixonadamente por horas e horas. Você não sabia que iria colocar sua amizade com ela em risco. A amizade dela, a única coisa que você tinha dela.

Não, você não tinha como saber. Mas ela sabia.

“Another rainy day,
We sat inside by the radiator watchin' old black andwhite films
Where everybody sang
You played in my solitude
You didn't get dressed 'til 2”


”Mais um dia chuvoso
Nós sentamos sobre o radiador assistindo velhos filmes em preto-e-branco
Onde todo mundo cantava
Você brincou com minha essência
Você não estava vestido antes das duas”


Vocês acordaram somente no dia seguinte, e ainda chovia. Decidiram ir á uma sessão de cinema ao ar livre, com um filme musical antigo em preto-e-branco, sentados sobre o capô do jaguar azul e branco antigo. Ela brincou com a sua essência, atiçou seu coração, acordando todos os seus instintos adormecidos enquanto deixava a cabeça pender para o lado, apoiando-se em seu peito. Aquilo te fez querer rir ao lembrar-se da sua irritação contida, pois ela demorara um bocado para se vestir. E saíra absolutamente fabulosa do quarto, com um tomara-que-caia xadrês azul-claro e branco, uma faixa azul nos cabelos loiro-claros, chamando ainda mais atenção para os olhos cor de caramelo.

“Você parece uma princesa” Você dissera á ela embasbacado, olhando-a. Então você se lembrou de uma coisa, lembrou de uma coisa que sua avó te dera. Combinaria perfeitamente com os olhos dela. “Me dê um segundo” Você pediu á ela e correu para seu quarto, revirando a sua mala. Pegou a caixa azul de veludo e levou até a sala, onde ela ainda te esperava de pé. Você abriu a caixa e tirou o par de brincos de citrino, colocando nas orelhas nuas dela. Observou o efeito e gostou. Sua avó lhe dissera para vender só se estivesse em emergência, senão para que desse á alguém que gostasse muito. Sua avó ficaria orgulhosa com sua decisão. Sorriu para Dora.

“Remus eu nem… nem sei o que dizer” Ela se encarou no espelho grande das ala e você abraçou-a por trás, beijando seus cabelos.

“Combina com os seus olhos. Mas não diga nada não, só aproveite.” Você dissera, e agora, com a cabeça dela em seu peito, percebia que ela estava sim aproveitando. Aproveitando-se dele. Não ligava muito. Estava aproveitando também, e talvez conseguisse convencer-la de que eram perfeitos para estarem juntos. Como você sempre quis.

”New rain, says I, I wrote this song on my guitar
But it didn't turn out right
So we just connected in other ways
So easy on my sake”


”Nova chuva, diz eu, eu escrevi essa música no meu violão
Mas isso não saiu direito
Então nós nos conectamos de outros jeitos
Tão agradável para mim”


Vocês acordaram e você fez omeletes enquanto ela fazia o suco, e isso foi particularmente divertido. Você mostrou para ela uma música que você tinha composto, e ela fez algumas correções na melodia enquanto você dedilhava o violão, enquanto você mudava algumas palavras para soar melhor. E ela disse que não estava conseguindo terminar a música dela.

“E por que não?” Você perguntou e ela sorriu tristemente.

“Eu escrevo sobre amor, Remus. Só que se eu não o tenho, como posso escrever?” Ela te perguntou como se estivesse magoada consigo mesmo. E você sorriu para ela, vendo os brincos de citrino ainda nas orelhas alvas. Colou seus lábios á pedra fria, beijando-a. Você percebeu que ela se arrepiou e riu, beijando o pescoço dela então.

“Sabe que a minha avó era dona desses brincos” Você começou a rir e ela soltou um gemido agudo, indignado, enquanto suas mãos gentilmente subiam pelos seios dela. “Ela mandou eu vender se estivesse em emergência, ou que eu desse para alguma noiva.” Ela olhou você espantada e você beijou os lábios dela docemente, suas mãos agora na cintura dela.

“E você quer que eu seja essa noiva?” Ela te perguntou e você simplesmente sorriu, assentindo com a cabeça.

“Mas só se você quiser” Você falou e roçou seu nariz no dela delicadamente, impedindo-a de pensar direito.

“Remus, você me ama?” Ela te perguntou sem rodeios pela segunda vez e você assentiu com a cabeça novamente.

“Mais do que qualquer outra coisa no mundo” Você respondeu voltando seus lábios para o pescoço alvo dela, sugando-o gentilmente. Ela gemeu e, rosnando baixo, jogou você no tapete de novo, subindo sobre o seu corpo e te beijando, o corpo nu por baixo da sua camisa roçando na sua cintura. Você estourou os botões da blusa e observou-a com admiração e carinho, beijando a barriga dela na altura do estômago.

No entanto, quando você olhou para ela, ela tinha os cantos dos olhos úmidos. Estava chorando.

“O que foi, Dora? Eu disse alguma coisa errada?” Você perguntou e ela negou com a cabeça, beijando suavemente o seu peito, os cabelos lisos fazendo cócegas em sua pele.

“Não, Remus” Ela te disse, a pedra de citrino delicada brilhando nas orelhas, orgulhosamente destacando os olhos dela, que agora estavam repletos de amor. “Você disse a coisa certa” E vocês fizeram amor mais uma vez, agora como noivos.

E em todas as próximas vezes que vocês fizeram isso, ela usou aqueles brincos, fazendo você sempre observar os olhos dela com amor, do mesmo jeito que ela o fazia. E isso fez com que você nunca se esquecesse de amá-la como sua avó queria que você fizesse quando deu aqueles brincos de citrino para você. A pedra da fartura.

E, com Dorcas, sua vida foi farta de tudo o que você poderia querer que fosse. Ela era seu citrino da sorte. Seu eterno sonho de consumo, agora realizado.

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