Tortura
"No topo do mundo ou nas profundezas do desespero" - Goethe
- ACORDA, ANDA GENTE, PRIMEIRO DIA ! - ouvi alguem berrar.
Abri meus olhos lentamente e vi Eileen Prince gritando pra todo dormitório feminino sonserino.
Me senti mal por ver Eileen, não que eu não gostasse dela, mas quis acreditar que tudo aquilo tinha sido um sonho.
Bem, é óbvio, que não foi.
Então eu fiz uma coisa que nenhuma pessoa normal faria, aceitei, me preparei para o pior, talvez eu ficasse presa naquele tempo.
Mas e daí ? A única coisa que aconteceria era Luna sentir falta... do vira-tempo, não de mim.
Nunca fui a melhor pessoa do mundo com Luna Lovegood.
Agora, me arrependo, talvez eu nunca mais a veja. E a única coisa que possso fazer é : aceitar.
Suspirei e me levantei da cama para me deparar com uma Eileen sorridente que não lembrava em nada o filho mal humorado.
- Até que enfim - ela riu - bom dia !
- Bom dia. - ri.
Agora que me toquei, já faz um tempo que não rio, tinha esquecido como era a sensação.
- Raaaaaaaacheeeeel - Jéssica saiu do banheiro - posso fazer seu cabelo hoje ?
- Claro, Jés.
Ela sorriu radiante. Uma voz azeda comentou :
- Não importa o que você faça, Voskuijil, o cabelo dessa daí sempre vai ser... desplorável. - era a menina que riu de mim no jantar de ontem.
- Ainda bem que ninguem pediu sua opnião, então se contente em calar a sua boca e só falar quando dirigirem a palavra à você, Donnerwetter noch mal!
Todas as meninas do quarto ficaram quietas, seja pela minha resposta mal educada ou pelo meu comentário mal educado em alemão. Eu só tinha dito : Raios que a partam. Qual é, se eu a xinga-se de palavrões em francês, até era um motivo pra ela fazer aquela cara, mas foi só um misero comentário.
No rosto dela só tinha uma coisa : ódio.
Eileen e Jéssica, cada uma pegou um braço meu e saíram me arrastando para dentro do banheiro.
Jéssica fecho a porta.
- Você está louca ?! - ela disse.
- O que eu fiz ? - perguntei. Qual é, eu só disse raios que a partam, não foi tão ruim. Eileen meio que leu meus pensamentos. Lembrei de Riddle e me arrepiei.
- Rachel - Eileen disse séria - isso não tem haver com seu comentário em russo, é só que... ninguem, nunca, responde para Catherine Kempter.
Kempter ? Droga, ela provavelmente falava alemão.
- Foi em alemão - corrigi rindo - mas por que ninguem responde pra ela ?
- Ela é... popular, e intimida todos. - Jés disse.
- Ela não me intimida. - dei os ombros.
- Só cuidado - Eileen disse - e o que você disse em russo ?
- Alemão - corrigi de novo - eu disse "raios que a partam"
As duas riram.
Depois começaram a me arrumar. Jéssica fez um coque perfeito no meu cabelo. Não gostei, mas parece que era... moda.
Com um assombro, eu percebi que as saias eram de cintura alta. Mérlin...
Eileen me emprestou uma saia, obrigada mamãe-Snape.
Depois de prontas, fomos para o Salão tomar café da manhã, nossa primeira aula era Poções , com o professor Slughorn e a Grifinória.
Durante o café, duas pessoas olhavam para mim, Kempter e Riddle, mas olhar de ódio dela não era nada comparado ao olhar dele.
- Por que Tom Riddle não para de olhar pra você ? - Eileen sussurrou
- Tivemos uma... hã, desavensa no caminho pra cá.
- Você adora provocar os maior importantes de Hogwarts, não é ? - Jés disse, rindo.
Resolvi encarar Riddle, pra quê ter medo dele ? Ok, eu tinha muitos motivos pra ter medo da versão adolescente de Lord Voldemort, mas...
Ficamos nos encarando durante todo o café da manhã.
Na minha mente louca era uma competição pra ver quem desvia o olhar primeiro, mas, claro, eu perdi, pois Eileen e Jés praticamente me arrastaram para a aula de Poções.
Para o desespero das duas, chegamos atrasadas, eu, e o meu senso de direção mais do que perfeito, fui entrar no banheiro, sai pela porta errada, a escada se mexeu e eu dei uma volta ao mundo pra encontrar duas garotas irritadíssimas na frente de um banheiro.
Resultado ? Assim que entramos na masmorra, o Slughorn mandou fazermos duplas. E advinha ? Elas me excluiram por culpa de uma mísera escada... Mérlin, que vida.
- Ah, Tom - Slughorn acenou para um garoto de cabelos negros que entrara a pouco na sala.
- Desculpe o atraso, senhor - ele disse com a voz fria - o professor Dippet me chamou no escritório dele. Realmente, senhor, eu...
- Tolice - disse Slughorn - aqui, faça dupla com a aluna nova, srta. Lennox.
Ele apontou pra mim. Riddle sorriu, um sorriso quase... bestial.
Meus instintos diziam : fuja para as montanhas!
Mas eu não liguei. É óbvio que ele iria me interrogar... que felicidade.
Não sei se você percebeu, mas o mundo conspira contra mim.
Ele sentou do meu lado. Fiquei na ponta da cadeira, o mais longe possível dele, gesto que não passou despercebido por ele.
- Muito bem ! - Slughorn dirigiu-se à sala - Hoje, quero que vocês façam uma Poção do Morto Vivo aceitável. A dupla que conseguir, será recompensada... bem, falaremos disso depois.
Ele deu uma piscadela para Tom.
- Página 10 de seus livros - ele disse e sentou na cadeira.
Como será que ele consegue sentar com aquela barriga enorme ?
Abri na página 10 do meu livro, mas ele foi fechado com violência.
- O quê ?! - virei surpresa.
Riddle me encarava com um brilho vermelho no olhar.
- Nós dois sabemos que não ligamos para aprovação do velho, certo ? - ele sussurrou e sinceramente, se ele gritasse não teria me assustado tanto.
- E-eu - gaguejei e fui interrompida. Babaca.
- Você é da França ? E não tem sotaque francês. Você diz que se chama Rachel Lennox, mas seu nome é Amélia Miller. E você sabia meu nome. Como ?
Olhei pro chão apavorada. Mas não ia demonstrar, tenho orgulho.
Sonserina no sangue.
- E se eu souber ? E se eu tiver mentindo sobre meu nome e outras coisas á mais ? O quê você tem haver com isso, Riddle ? - minha voz parecia mais corajosa do que eu me sentia.
Ele deu uma risada debochada.
- Francamente. Qual sangue-puro diria que é sangue-ruim ? Geralmente - ele sorriu debochadamente - é ao contrário.
- Realmente, alguns mestiços hipócritas pensam que são melhores que os nascidos trouxas, sendo que tem sangue trouxa nas veias. Não é, Riddle ? - enfatizei o nome dele.
AH, NÃO, NÃO, POR FAVOR, EU NÃO DISSE AQUILO.
Matem-me... não, acho que o Riddle fará isso primeiro. O ódio dele era visível, praticamente saiam faíscas dos olhos dele.
Me encolhi. Ótimo... cadê minha coragem ? MORRA, AMÉLIA, MORRA, SUA IDIOTA.
Mas ele não vai tentar nada contra mim em uma sala de aula... ou vai ?
Ele pegou no meu braço com tanta força, que senti dor até em meu osso.
- Como me conhece ? - ele disse devagar, colocando veneno em cada palavra. Seu lábio inferior tremia de raiva. Seus dentes estavam trincados.
- Me solte. - eu disse no mesmo tom.
Pra quê ter medo dele ? O máximo que ele podia fazer era me matar, o que nas atuais circunstâncias, seria bom.
- Fale - ordenou.
- É... deixe-me pensar... não ?! - ri debochadamente.
O aperto dele aumentou. Gemi de dor.
- Vamos fazer a poção, certo srta. Miller ? - ele disse com ódio.
- Certo, sr. Riddle. - respondi, arfando de dor.
Calados, fizemos a poção, e depois de muito bajulação de Slughorn com ele, e para minha surpresa, comigo, ele nos dispençou, dando para mim e para Riddle um frasquinho de Felix Felicis.
Sai correndo da sala, que nem uma mula. E com a minha exímia coordenação motora, tomei um tombo.
Demorei pra me levantar o tempo suficiente para ele me alcançar.
Minha varinha ? Caiu longe.
Estendi minha mão para pega-la, mas o mestiço maldito me impediu, pisando na minha mão.
Reprimi um grito.
Ele pegou minha varinha e apontou para mim.
Isso, minha própria varinha empunhada contra mim.
O corredor estava vazio. Agora estou com medo.
- Você - ele disse com desprezo - sabe demais pro meu gosto. Suas atitudes são estranhas. Me conte, como você me conhece, mentirosa nojenta ?
- Não-vou-falar - arfei de dor nos dedos.
- Acha que isso dói ? Se não vai falar... - ele apontou minha varinha para mim - Crucio.
Me encolhi, como uma bola no chão, mordi meu lábio inferior para não gritar.
Parecia que todos os meus ossos estavam sendo quebrados. Que todos os meus órgãos eram esfaqueados e arrancados de meu corpo.
A dor não me deixava pensar. Mas eu não gritei. Só fiquei encolhida, até ele parar.
Ofegante, tentei me levantar.
- Va-vão saber que vo-você fez isso, Riddle - arfei.
- Ah, jura ? Ao acusador cabe provar. - ele riu maldosamente e girou minha varinha entre os dedos. Você devia contar, pro seu bem, Amélia Miller.
- ICH MACH DAS SCHON ! - berrei.
- Isso quem decide sou eu - ele repetiu minhas palavras, só que em inglês. - Muito bem. Crucio.
Não pude não gritar dessa vez, chorei. Depois do que me pareceu anos, ele parou.
- Vai falar ? - ele levantou minha cabeça do chão pelos cabelos.
- Vai... pro... inferno... SEU MESTIÇO IMUNDO !
Onde eu arranjava tanta coragem ? Nem eu mesma sei. Só sei que ele me torturou de novo, pelo que me pareceram séculos.
- Retire o que disse - ele falou com um ódio controlado.
- Re-re-retiro. - disse soluçando.
Comecei a chorar alto, ele olhava com nojo para mim.
Novamente, Riddle apontou minha varinha para mim.
Esperei pela dor que não veio. Ao invés disso, ele só disse:
- Legilimens.
Fechei minha mente. Não, Riddle, hoje não.
Aos poucos tudo foi escurecendo. Não enxerguei mais nada, tudo saiu de foco, não conseguia mais me mexer.
- Riddle - disse com minhas últimas forças, antes de mergulhar na escuridão.
N/A: não gostei muito desse cap, talvez eu poste mais hoje, eu já tenho tudo pronto na minha cabeça, USHAUSHAUSHAUS. Brigada quem tá lendo ^~^
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