Pensando bem...



Hermione e Maycon chegaram em casa um pouco tarde.

-Está na hora de dormir. – Disse uma voz fria.

-O que quer aqui? – Hermione perguntou sonolenta.

-Visitar meu filho, ver como ele estava.

-E você não pode fazer de modo normal? Existe telefone, coruja pra isso. Sabe que odeio que entre sem pedir.

-Você não manda em mim. – Disse secamente.

-Maycon, vá pro quarto. Querido, depois mamãe vai falar com você. –Hermione disse se controlando.

-Vocês não vão brigar de novo não é? – Ele perguntou apreensivo. Hermione o olhou e ele suspirou, abaixou a cabeça e saiu.

-O que veio fazer aqui?

-Visitar meu filho, óbvio. – Disse irônico.

-Você tem que pedir minha autorização para ver meu filho, e eu já lhe proibi de pisar novamente aqui. – Disse com uma falsa calma.

-Você não manda em mim.

-Mas mando nessa casa! – Ela exclamou baixo.

-Eu estava com saudade dele.

-Você não sente falta nem de sua sombra. – Disse amargurada. – Agora, por favor, retire-se.

-Eu quero falar com Maycon.

-Como você disse, é hora de dormir.

-Eu não saio daqui até falar com ele.

-Ah! Vai sim. – Ela pegou a varinha. – Eu estou louca pra fazer isso a tempo Draco, não me dê motivos.

-Não se atreveria. – Ele disse com os olhos estreitos.

-Você dúvida?

-Não parece a mesma Hermione que conheci no colegial.

-Não sou a mesma desde que você magoou meu filho.

-Nosso! Nosso filho.

-...Me fez perder a confiança em você. – Ela continuou ignorando o ex. marido. – A pouco que tinha... –Ela suspirou. – Em você.

-Não seu o que deu em você...

-Não seja cínico. Você me traiu com quase toda a ala-feminina do ministério! – Ela gritou. – Você é sujo! É falso e aproveitador!

-Eu não fiz nada disso, você não pode provar. –Hermione fechou os olhos, ele começaria de novo com a mesma estória.

-Você pensa que sou aquela sua ‘amiguinha’ Pansy? O que tenho aqui. – Apontou pra cabeça. – É cérebro e não bosta. –Ela disse raivosa, ainda lembrava dele na cama com Pansy, na sua cama! Como era capaz de negar tão atrevidamente? Ela começava a ter náuseas.

-Eu gostava de você, Hermione. – Ele tentou chegar perto. –E sei que ainda gosta de mim.

-Não se aproxime! Eu juro, eu juro pelo meu filho que eu mato você. – Ela disse apontando a varinha diretamente pro coração do homem. - Como me arrependo de não ter escudado o Harry... – Disse com lágrimas nos olhos.

-Potter! Sempre o Potter não é?! – Draco estava indignado. – Já está de caso com ele?

-Como se atreve?! – Ela gritou violentamente, com a varinha ainda apontada pra ele. - Você não tem dignidade suficiente para discutir isso comigo!

-Isso significa sim?

-E se significar? – Ela perguntou secando as lágrimas e com um sorriso afeto no rosto. – O que você teria a ver?

-Você não pode! Você é minha!

-Não, querido. Eu não sou de ninguém. Não mais. – Ela disse sustentando a certeza que não negaria ou afirmaria o suposto caso com Harry Potter. – Está vendo meus dedos? – Ela deixou a varinha de lado e mostrou as mãos. - Sem nenhum anel de compromisso, não agora, por enquanto.

-Você não pode fazer isso comigo. – Ele gritou e a segurou pelos ombros. Hermione o olhou assustada, ele estava a segurando forte, apertando.

-Me Largue, Draco! Me largue, agora! – Ela gritava em apelo. – Está me machucando, me solte! – Ela estava ficando desesperada e se debatia, ele tinha um olhar obcecado e doentio.

-Solte ela. – Maycon gritou da escada, seus olhos demonstravam fúria. – Solte minha mãe agora. – Draco só sorriu e voltou-se pra Hermione.

-Saia daqui. – Hermione gritou. – Vá para o seu quarto, eu resolvo. Agora vá, Maycon.

-Não. –Ele balançou a cabeça. – Vou ajudá-la, mamãe. – Ele ainda tinha o olhar fúria e o que parecia ser desprezo. – Eu odeio você, Sr. Malfoy. Eu te odeio com todas as minhas forças.

-O que está dizendo, filho?

-Não me chame de filho! – Ele gritou. – Estou avisando, largue minha mãe...

-E o que você vai fazer se eu não largá-la? – Draco perguntou debochado.

Como em resposta, um vaso de cristal se estilhaçou, seus cacos indo para todos os lados, ferindo o braço de Draco.

-Largue-a. – A voz do menino estava carregada. –Eu não vou mandar mais uma vez.


Draco não obedeceu e em alguns segundos estava sendo jogado, violentamente, por uma força invisível, contra parede. Foi o tempo de Hermione pegar a varinha, mas ela não fez nada.

-Eu odeio você. – O menino se aproximava e a cada passo que dava algo explodia. – Nunca mais... – A cabeça de Draco estava sagrando e ele parecia estar tonto. – Nunca mais ameace ou xingue minha mãe. Porque você vai se arrepender... – O menino levantou a mão e Draco parecia estar sendo sufocado, estava segurando a garganta e estava perdendo a cor. – Eu queria que você morresse! – Ele gritou fechando fortemente a mão que estava estendida. Draco revirou os olhos, desfalecido. Maycon virou-se pra Hermione. – Ele não vai incomodar mais. – E desmaiou.

*****


Hermione se desesperou, o que fazia agora? Correu pra ver o estado do filho, que suava e tremia muito. Amarrou Draco fortemente, fez feitiços pra que ele não pudesse aparatar e pegou sua varinha. Precisava de ajuda, mas quem? A essa hora da madrugada?


Ela carregou o filho até seu quarto, lhe deu banho e trocou sua roupa. Ligou para o celular de Gina, que só Merlin sabia onde ela, Gina, havia conseguido.

-Por favor! Atente, atende. – Ela olhava para o filho que ainda suava muito, media sua temperatura. -Alô, Gina?? Gina é você? Ai meu Deus! Gina? Você está me ouvindo?

-Alô?! Quem é? – Gina gritava do outro lado, estava um barulho infernal onde estava, Hermione supôs que ela ainda estava na festa.

-É a Hermione! Mione! Está me ouvindo?

-Quem? Mione? O que foi?

-Eu preciso que você venha aqui imediatamente! Eu estou muito preocupada! – falou tentava prender o choro.

-O que foi Mione? – O barulho havia diminuído consideravelmente.

-Eu não posso explicar, por favor, vem pra cá.

-Certo. – E depois que Hermione desligou o telefone, Gina apareceu.

-Graças a Merlin! –Hermione falou abraçando a amiga e chorando muito. – O Maycon ele, -Ela apontou pra sua cama. - Ele está mal... E eu não sei o que ele tem... Você tem que me ajudar.

-Respire, me conte o que aconteceu... – Gina disse puxando a amiga para se sentar.

-O Draco, ele veio aqui... E me agarrou, quando Maycon viu, ele se descontrolou. Fez magias involuntárias! Quase matou Draco. E depois desmaiou, agora, está suando muito e sua temperatura está alta demais.

-Onde está o Malfoy?

-Lá embaixo, amarrado. Mas e daí? –Ela disse agitada. – Eu quero saber do meu filho! – Hermione quase gritou em frustração.

-Você sabe que não sou médica.

-Eu sei, eu sei. – Ela agora andava de um lado para o outro com a mão na testa. – Não estou conseguindo pensar direito. Médico trouxa nem pensar. Por isso te chamei, tem alguma idéia?


Gina a olhou penalizada, Hermione dificilmente ficava nesse estado.

-Tem uma, acho que você não vai gostar...

-O quê?! O que é?

-Que tal o Harry? –Perguntou, incerteza aparente.

-Quê? Potter?! Ele não é médico.

-Pelo que você falou, seu filho fez magias involuntárias. E quem é o mestre dessas coisas? Além do que Harry, quando Érica era mais jovem, também sofreu com isso, nada tão grave... E como você sabe, ele é chefe do departamento de feitiços, quem sabe ele pode saber algum feitiço que faça efeito em Maycon? E também, o pessoal do departamento de feitiços é obrigado a ser formado como medi-bruxo.

-Não sei. E se ele não quiser...?

-Harry não se negaria a ajudar alguém que precise...

-Mas eu não sou alguém, eu sou aquilo que Harry despreza...

-No entanto ele gosta muito do teu filho. Vamos lá, o que custa tentar?

-Tudo bem. Mas chama ele logo. Antes que eu perca a coragem. – Ela foi ver o filho. – Oh! Gina! – Ela disse com a mão na boca e começando a chorar de novo. – Ele está muito pálido, queimando em febre...


*****


Gina pegou o telefone e começou a ligar pra Harry. Ninguém atendia. Ela olhou pra Hermione, que estava com os olhos inchados e sem indicação que pararia de chorar, segurava sempre a mão do garoto na cama. Ela começou a ficar nervosa.

-Alô?

-Érica? Érica, é a tia Gina. Chama o Harry rápido?

-Tá tudo bem, tia?

-Érica chama o seu pai.

-Tô indo! – Um minuto se passou e nada, dois, cinco. – Gina? É o Harry. O que está havendo?

-Preciso da sua ajuda Harry! – Hermione a olhou nervosa, apertando um pouco mais a mão do filho.

-O que houve?

-Você não pode fazer perguntas! - Ela disse rapidamente. – Estou indo pra... – Ela desligou. Deixando Harry confuso do outro lado.

-Harry! Eu preciso que venha comigo.

-Pra onde?

-Eu disse sem perguntas. Depois te conto tudo, juro. Você tem pó de flú?

-Perto da lareira.

-Então vem.

-E eu? – Érica perguntou.

-Você? Hã... É... Você também vem. – Gina resolveu.

-O que devo dizer? –Harry perguntou com uma pequena quantidade do pó na mão esquerda.

-Residência Granger.

-O quê?!

-Por favor. Você entenderá quando chegarmos lá.

Harry olhou pra Gina estranhamente, antes de confirmar.

-Só porque você me ajudou. Residência Granger. – Ele falou e sentiu o costumeiro ‘puxão’.

-Agora você Érica.

-Tá. Residência Granger.

E Gina foi logo depois.

-Pra onde, Gina? –Harry perguntou rígido.

-Subindo as escadas. A quarta porta a esquerda.


Gina saiu correndo, Érica atrás. Quando Harry chegou ao local, ficou um pouco chocado, Hermione estava descomposta, uma das mãos no rosto e a outra segurando algo que Harry não podia ver, ela estava do lado da cama e chorava muito. Quando os viu, foi até Gina e a abraçou fortemente.

-Eu... Eu tentei acordá-lo com um feitiço, mas não deu certo... Oh! Gina. Será, será que ele... Ele vai morrer? –Érica segurou firmemente o braço do pai.

-Calma, não fique assim, o Harry sempre dá um jeito. – Hermione olhou Harry por alguns segundos e depois voltou a enterrar o rosto no ombro da amiga. – Acho melhor se sentar, eu vou fazer um chá de camomila. Harry você faz favor? – Gina disse apontando para a cama, Harry afirmou e se dirigiu a cama. Enquanto isso Gina colocava a outra mulher num sofá.

-O que aconteceu? – Ele perguntou depois de ver a pulsação e os batimentos cardíacos do menino.

-Ele brigou com o pai. – Gina disse baixo, mas não o suficiente pra que Mione não ouvisse, fazendo ela chorar ainda mais.

-O quê? Draco bateu nele?

-Não foi bem isso que aconteceu... Mas tem importância? –Perguntou olhando de lado para Hermione.

-Claro que sim! Como eu posso fazer alguma coisa se não sei o que o menino sofreu? –Harry Perguntou.

-Certo... Eu conto. – Mione disse, ela olhou rapidamente para Gina.

-Venha Érica, temos que fazer chá. – Gina chamou.


*****

-Quando chegamos em casa, Draco estava aqui. Disse que queria falar com meu filho, mas não deixei. Começamos a discutir e Maycon ouviu tudo, eu acho... – Ela secou algumas lágrimas que ainda persistiam em cair. – Draco partiu para a agressão. – Harry tinha uma expressão descrente. – Maycon viu e... – Ela começou a chorar novamente. – E então começou a dizer para que Draco não encostasse em mim... Estava furioso, então sem aviso um vaso se quebrou e seu acesso de raiva começou, depois, quando Draco não quis me largar ele com... Acho que com a mente, eu não sei... O jogou longe, depois começou a sufocá-lo, ainda sem tocar no pai e depois que Draco desmaiou e falou algo como: ‘ele não vai te incomodar mais’ e também desmaiou, suava muito e com ficou com febre, além de estar pálido.


Harry depois do relato voltou-se para a cama.

-De quem foi a idéia?

-Gina, ela me sugeriu você. Disse que você já passou por isso e que ela medi-bruxo. –Depois de anos ela ainda entendia o que ele, Harry, queria dizer?!

-Sou, mas não exerço.


Depois de alguns minutos calados, Hermione não conseguiu parar de pensar besteiras.

-Ele vai ficar... Bem? – Perguntou com cautela.

-É difícil saber...

-Não fale isso, por favor... –Ela olhou pra janela.

- Eu estou dizendo o que sei sobre medicina bruxa. Mas sei que ele é forte e é claro que ficará bem, - Os olhos da mulher pareciam ter recuperado uma pequena parcela da luz que sempre emitia. - Como eu sempre ficava depois de problemas do tipo, ele pra mim só está exausto e com alguns efeitos colaterais porque ainda não está preparado pra magia tão avançada. – Harry disse encolhendo os ombros. –Você deve deixá-lo de repouso, sem fazer muito esforço, eu vou lhe indicar uma receita pra ele se fortificar e depois você leva ele a um médico de ‘verdade’.


Hermione fechou os olhos, agradeceu silenciosamente e pediu pra quem quer que fosso o responsável pelo bem estar de pessoas, que Harry estivesse certo. Ela abriu os olhos lentamente e percebeu que Harry a estava observando.

-Estou parecendo uma idiota?

-Não. Está parecendo uma mãe preocupada. – Ele chegou um pouco mais perto, hesitando, estava quebrando um juramento, e tocou-lhe o ombro levemente. – Ele vai ficar bem, acredite.

-Estou tentando, com todas as minhas forças... – Ela falou rouca. – Acreditar que daqui a pouco ele vai estar correndo pela casa ou brigando com alguém mais do colégio. – Ela deu uma olhada nervosa a Harry.

-Espero que não seja Érica, ela ia ter um treco se levasse outra suspensão... – Um pequeno sorriso apareceu no rosto dela.

-Obrigada...

-Eu não fiz nada de mais. Qualquer médico poderia ter dito e feito o que fiz.

-Não de duas e meia da manhã.

-Você parece cansada, vá dormir e... – Ele parou vendo a cara que Hermione fez. – Eu sou o médico aqui! – Ele articulou.

-E eu a mãe! – Sem muita paciência pra discutir, Harry deixou. Se ainda conhecia Hermione, e conhecia, ela era tão teimosa quanto ele, o que não era pouca coisa.

-Então eu já vou, nós... – Ele disse se afastando dela.

-Chazinho. – Disse Gina Animada.- Não! Vocês ainda estão vivos?! Milagre! – Ela zombou dos amigos. Eles a olharam tão feio que a fez baixar a cabeça. – Só estava brincando... – Disse com uma voz fraquinha (que também era zombeteira). –E Hermione, -Ela falou mais séria. –Resolvi o problema Malfoy.

-O que você fez?

-Nada de mais... –Ela sorriu marota. – Chá? –Harry a olhou com desconfiança.

-Vou aceitar. – Hermione foi até ela.

-Onde está Érica?

-Aqui! – Ela exclamou sorrindo. – Tia Gina faz chá bem mais praticamente que nós, papai.

-Isso porque ela não sabe nem fritar um ovo sem magia. –Disse Harry convicto.

-Eu sei sim, tá!


*****


O dia amanheceu, Harry e Érica já estavam em casa. Ficou combinado que Gina passaria o resto da noite na casa da amiga.

-Pai! O que o senhor acha de visitar os Granger?

-Não acha que é cedo demais, não?

-Não. Ah! Vamos pai... Eu quero saber como o Maycon está!

-Certo, mas antes tomar banho e comer.


Ela saiu e Harry foi telefonar pra Gina, pois não tinha o número de Hermione e nem sabia se queria ele...

-Gina, como o Maycon está?

-Ele parou de suar e sua temperatura abaixou, porém ainda não acordou.

-Érica está querendo ir ai. Pergunta a Hermione se tem algum problema de levá-la aí.

-Rapidinho...
_____

-Mione o Harry tá perguntando se pode vir aqui. – Hermione arregalou os olhos. - Porque a Érica tá querendo ver o Maycon. – Isso explicava tudo.

-Pode. – Disse encolhendo os ombros.
_____

-Sem problema, Harry.

-Certo então. Obrigado, Gina.

-Nada!

*****
(continua)


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Beijos!


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