Vida Ou Morte.



Vida Ou Morte.


Todos aqueles últimos quase quatro anos lutando para salvar a vida de seus melhores amigos e a sua própria – sem mencionar que isso levava ao fato de que o mundo estava, mais uma vez, livre do bruxo mais maligno de todos os tempos –, ajudou Hermione estar sempre preparada caso se encontrasse de cara com outra situação de vida ou morte.


Ou não.


Porque após seu melhor amigo sair carregando a taça do – maldito – Torneio Tribuxo e o corpo de Cedric Diggory do labirinto, suas afirmações e crenças caíram por terra. De novo. Não era como se ela estivesse para lidar com uma situação de vida-e-morte com a morte de alguém. Não estava – apesar de Hermione ter a ideia clara e perfeita em sua mente de que eventualmente isso poderia ocorrer numa de suas aventuras com seus amigos (por Merlin, poderia ser ela mesma! Ou Harry e Ron; ela nem queria pensar nisso!), ela nunca pensou que um dia a possibilidade fosse se concretizar e a morte estivesse na cara dela.


Ela quase podia sentir uma membrana a envolvendo, a puxando para junto de si. Ela conseguia ouvir um zumbido ecoando pela sua cabeça, pela náusea que a acometera quando agachou-se ao lado do amigo que chorava  tremia em cima do corpo do garoto mais velho. Merlin, nada a preparara para aquilo, ninguém nunca havia lhe dito o que fazer quando a Morte se aproxima de você mais perto do que nunca já esteve – e aquilo lhe assustava até a morte. Já não era a primeira vez que os livros a deixavam na mão, mas alguém precisava lhe confortar e lhe dizer o que fazer – e a única pessoa que não estava envolvida diretamente na situação era Phoebe.


Pobre Phoebe.


A corvinal estava atônita, um assassinato ocorrera na escola – e, hell, não acontecia um desde os tempos da Murta-Que-Geme –, ela não conseguia mais assimilar as palavras que todos diziam porque ela não estava acostumada com uma situação assim do tipo vida-e-morte, porque para falar a verdade ninguém ali nunca ficaria sequer perto de acostumado com assassinatos. E o maldito Ministro falava tanta bobagem, estava claro como água que era Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado que havia voltado, Diggory estava com Potter na hora e que outra pessoa que passou anos tentando matar Potter? Todos tinha consciência disso (Merlin, eles ao menos tinham que ter isso no subconsciente, todas aquelas centenas de alunos – milhões de bruxos pelo mundo – não poderiam ser tão obtusas, tão cegas!) e ela não conseguia deixar de acreditar nas palavras de Hermione. Ela sabia, no fundo de seu ser, que a menina falava a verdade e nunca nem duvidara.


Elas só conseguiram se encontrar bem à noite naquele fatídico dia, muito depois do toque de recolher. Hermione estava andando pelo castelo, sem dar a mínima pela ordem dos professores e do rumor que circulava dizendo que iam tentar entrar no castelo e concluir o trabalho mantando Harry – era um rumor meio absurdo vista que aurores tinham brotado na escola e nos terrenos e todos estavam vigiando, até os professores –; tudo o que ela menos queria era ficar na cama ou na torre de sua casa com os sussurros de seus colegas.  E quando ela ouviu passos no corredor, não hesitou nem por um segundo em erguer a varinha em posição de defesa e para perto de uma estatua; os passos pararam também e ela queixou-se de fazer barulho.


E por um longo minuto, nada aconteceu e quando Hermione decidiu parar de ficar perdendo tempo e andar mais um pouco foi quando ela viu: os olhos vermelhos e assustados de Phoebe sendo iluminados pela luz do luar que adentrava por uma enorme janela de tantas que tinham naquele corredor. Deixou um longo suspiro de alivio sair-lhe pela boca antes de se preocupar com o estado da namorada.


- Phoebe?


E mesmo que sua voz tenha saído como um sussurro estrangulado fora o suficiente para a outra menina ouvir e, com nem um segundo a mais, os braços da mais velha se enrolavam no pescoço de Hermione enquanto enterrava a cabeça na curva do pescoço dela, a abraçando embalada pelo próprio choro. Hermione, por mais que tivesse demorado para compreender o que ocorria, abraçou a morena de volta, aspirando o cheiro  de Phoebe enquanto tentava se tranquilizar em seus braços. Os cinco minutos que ficaram paradas naquela mesma posição, pareceu meia hora e o momento só se quebrou quando Phoebe murmurou ainda embargada pelo choro.


- Oh, Herms…


- Xiii… vamos para uma sala vazia, Phoe, vem – Hermione disse, a voz ainda fraca, puxando a morena pela mão até uma sala longe dos salões comunais de ambas.


Depois de estarem em uma sala não usada e transfigurarem algumas carteiras e cadeiras em um sofá grande e confortável para as duas, elas sentaram no mesmo, enroladas uma na outra no mais profundo silencio, com seus pensamentos passando vertiginosamente por suas mentes.


- Herms?


- Hm?


- Estou com medo.


E aquela simples frase fez tudo na mente de Hermione parar abruptamente, como se tudo evaporasse e só sobrasse o branco dentro de sua cabeça no mais completo vazio. Quando ela levantou os olhos para notar os olhos azuis intensos a fitando, o mundo parou; e então, em frações de décimos de segundos, seus neurônios recomeçaram a fazer sinapse e tudo passou pela cabeça da morena, todos os seus últimos meses.


Os olhos brilhantes e verdes no momento, piscando para si no momento em que se afastou daquele segundo beijo compartilhado na torre de Astronomia, o próprio sorriso se formando nos próprios lábios e as ações estranhas no dia posterior, cada mínimo movimento sendo observado em câmera lenta pelas duas enquanto a situação não estava resolvida. E foram longos dias os dois dias que se seguiram, até Hermione andar nervosamente até a garota num canto da biblioteca e lhe confessar estar desejosa por outro beijo e, antes que a outra pudesse lhe retrucar, colocava os lábios sedentos nos rosas de Phoebe, a beijando com vontade.


- Desculpa – foi o que disse depois de se afastar, o rosto perdido estampado no de Phoebe a fez gaguejar – nós estamos...-


- Definitivamente.


A resposta fora depressa e logo os lábios delas se encontraram num beijo possessivo. As semanas seguintes foram as melhores, tanto Hermione quanto Phoebe poderia dizer isso, pois mesmo com Hermione tentando ajudar Harry a desvendar o mistério de como sobreviver sem respirar embaixo d’água elas tinham tempo para ficarem juntas, estudando na biblioteca ou matando tempo numa sala não usada.


- Você tem o sorriso mais bonito que eu já vi – um dia perto de fevereiro Phoebe comentou distraída brincando com uma madeixa castanha de Hermione, ambas deitadas em um carpete transfigurada numa das salas que elas costumavam ir.


Hermione parou com as palavras da outra e a fitou.


- Que? – perguntou incomodada com o olhar.


- Nada… é só que você… falando essas coisas… argh! – balbuciou envergonhada – … obrigada…


Phoebe deu de ombros, a puxando para um beijo carinhoso.


Mesmo com todos os problemas de Harry estar mesmo correndo um risco de morte por ter sido obrigado a participar do torneiro porque alguém colocou seu nome lá, e todo ataque de ciúme de Ron para com Krum – ou até mesmo o de Phoebe com o búlgaro por causa da segunda tarefa – elas não conseguiam passar um dia longe da outra e, Merlin, aqueles foram os melhores meses, as melhores noites passadas escapando para algum lugar no castelo, um dia de março passado nos jardins de frente para o Lago Negro não diminuíam nada a intensidade da primeira paixão de Hermione; apesar dela se sentir meio tola por estar presenciando tais sentimentos confusos, intensos e tão ilógicos para.


Quando estava novamente de frente para o lago, Hermione não conseguia parar de pensar o quão estupida era por se sentir daquele jeito estranho, com um certo comichão pelo corpo que começava na boca de seu estomago e passava para baixo mais ao ventre e depois se espalhava por todo o corpo, causando arrepios, quando ela estava abraçada ou tendo algum outro contato intimo com Phoebe. E por vezes, o pensamento de ser errado lhe rondava a cabeça, o que só a fazia mais nervosa, ansiosa por contato e irritada.


- Tenha algum senso, menina! – exclamou quando sentiu um puxão pela cintura e quase caiu no colo de Phoebe que estava relaxadamente escorada num tronco grosso de arvore.


- Senso deixa de existir quando você está aqui, Hermione, comigo – a outra lhe sussurrou ao pé do ouvido, fazendo com que uma corrente elétrica percorresse a espinha de Hermione.


- Oh, Phoe, não fale assim – resmungou a grifinória.


- Por que não? – beijou-lhe de leve a clavícula.


- Alguém pode nos ver – sibilou, concentrada em se controlar mas não perdeu a carranca que invadiu a expressão da outra, que já foi lhe largando e se empurrando para o lado, longe de Hermione – Oh, Phoebe, não fique assim…


- Não estou nada. Sou assim e ponto.


- Eu gosto de você, eu realmente gosto. Mas ninguém pode nos ver… não, não é vergonha de você – a castanha respondeu, embora não estivesse certa quanto a ultima parte que saíra de sua boca ao ver a expressão de magoa nos olhos azuis.


- Nós duas sabemos que é…


- Oh, não- Pohebe? Ei, espere aí! – agarrou-a pelo pulso antes que ela pudesse se por de pé direito, voltando a sentá-la no chão – Estou falando sério, droga!


- Estou vendo como gosta!


- Eu gosto, senhorita ironia – mas quando Phoebe foi abrir a boca para lhe contradizer, Hermione a cortou – Droga, Phoebe, isso é a primeira vez pra mim, não sei fazer isso… dizer o quanto eu estou apaixonada, droga! – praguejou baixinho.


- Você- o que?!


Hermione só conseguira revirar os olhos uma vez antes de jogada ao chão enquanto a morena pulava em cima de si.


Oh, os olhos dela estavam tão verdes quando disse aquilo na frente do lago. Que, agora parada observando os olhos azuis e tristes e avermelhados pelo choro lhe fitavam, Hermione não conseguiu deixar de compará-los e, por mais que gostasse mais dos olhos verdes e brilhantes de felicidade, não deixou de se sentir encantada com o poder que aquele olhar puro tinha sob ela, encantada com a beleza das cores dos olhos que alternavam entre azul e verde. E não pode deixar de se sentir mais ainda apaixonada por aquela garota, mesmo que fosse uma garota, mais velha e ainda por cima que estava chorando por causa de um aluno que fora morto naquele mesmo dia, naqueles mesmos terrenos em que o corpo foi amparado depois da morte.


- Não fique – suspirou suavemente as palavras que beijaram a menina a sua frente.


- Mas…


- Ficar pensando não vai trazer conforto algum, Phoebe – encostou-se confortável no sofá e aconchegou a menina em seu abraço.


- Mas – ela balançou a cabeça, impedindo que a grifinória lhe cortasse – eles irão atrás de você também – e Phoebe mordera o lábio inferior, que ameaçava ficar tremendo – você é a melhor amiga dele, Herms… eles irão atrás de você.


Contudo, Hermione não queria pensar nisso na hora. Ela nem havia começado a pensar mesmo na situação em que se encontrava e sabia que Phoebe estava certa; eles irem querer tanto a vida de Harry quanto daqueles que o ajudarem. Mas ela simplesmente afastou tais pensamentos e beijou suavemente o topo da cabeça da corvinal.


- A gente vai ficar okay…


 


___________________________


N/A: Eu sei que eu pulei alguns meses, mas não se revoltem tanto, vai que tem mais coisas pra contar mais pra frente? E eu acho que o assassinato do Cedric no torneio foi um choque horrivel para os alunos das três escolas. Espero que tenham gostado desse capítulo, principalmente porque eu sempre imaginei que a Hermione iria ficar um pouco abalada por causa disso. 


E eu gostaria de agradecer à MiSyroff, que está acompanhando e deixando comentários *-* E respondendo a sua pergunta quanto eu ser leitora: eu sou. O problema é que eu tenho 16 anos e quando criei a conta nãoo vi necessidade de colocar outra idade porque a FeB não censurava, mas agora ela censura tipo quase todas as histórias que eu lia, então eu meio que fui forçada a abrir outra conta pra poder ler as malditas fanfics censuradas D: E, sério, valeu pelos seus comentários e por estar acompanhando e gostando da história - eu sei que é meio light essa fanfic, mas valeu mesmo.


Beijos, 


Leeh

Compartilhe!

anúncio

Comentários (1)

  • MiSyroff

    Ahhh, adorei o mistério e a tensão do ínicio e depois os tons apaixonados do final. Só perdoo esse pulo de meses se prometer que tem muito mais por ai ^^Não precisa agradecer, gosto mesmo da fic *-*E amor, mudei sua idade no perfil, ok? ;)

    2012-09-24
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.