Inesperada Manhã.



Inesperada manhã de Inverno.


O vento de inverno castigava os jardins de Hogwarts naquela manhã de domingo. A pequena Weasley se revirava inquieta em sua cama, um certo moreno de olhos verdes não saía de sua cabeça e ela estava com certo receio pelas provas que ele enfrentaria depois do Natal para o Torneio TriBruxo. Mas não era apenas por isso que se revirava na cama: havia flagrado um casal se beijando no dia anterior, escondidos atrás de uma árvore nos jardins de Hogwarts, e a pequena ruiva não conseguia tirar a imagem de sua cabeça.


Não conseguindo retornar ao sono, encaminhou-se para o banheiro, esperando tomar um aconchegante banho para relaxar e se esquentar. Havia mais uma pessoa no banheiro também.


- Ginny?! – exclamou surpresa a morena bem conhecida – O que faz aqui à uma hora dessas?


- Puxa, bom dia, Mione – a pequena exclamou após a surpresa de encontrar a amiga ali – Não consegui dormir direito, e você?


- Eu sempre acordo cedo, Gin, até nos feriados – a mais alta disse antes de escovar os dentes. Não deixou de notar como a amiga estava inquieta, andando de um lado para o outro – O que há, Ginny?


A ruiva por sua vez limitou-se a corar e abaixar os olhos, estava com vergonha do que presenciou, pior, estava com vergonha do que sua mente pensava loucamente que poderia ter sido ela e Harry; sacudiu a cabeça, tentando afastar tais pensamentos. Ouviu a voz tranqüilizadora de Hermione surgir em seus ouvidos.


- Sou sua melhor amiga, Ginny, pode falar qualquer coisa para mim – sorriu com afeto a morena e enquanto se aproximava da amiga, percebia que a amiga estava desconfortável com qualquer que fosse o problema e não queria deixá-la assim.


- Hm – Ginny pensou um pouco – Hermione, como é... como é beijar? – perguntou com vergonha, mas o brilho em seus olhos era intenso esperando pela resposta.


Hermione parou, surpresa com a pergunta. Dentre todas as perguntas que Hermione pensara para Ginny lhe perguntar, esta nem lhe passou perto na cabeça! Depois da surpresa, continuou parada, refletindo. E então se deu conta, horrorizada, que, pela primeira vez em sua vida, não tinha resposta para alguma pergunta. Seu cérebro trabalhava furtivamente para tentar achar uma resposta plausível, mas não encontrava nenhuma.


Ginny continuava a olhá-la, esperando uma resposta da amiga. Esta engoliu seco antes de começar a falar.


- Bem, Ginny... Er... – gaguejou enquanto corava e desviava o olhar da amiga – Beijar é quando os lábios de duas pessoas se tocam e... – iria continuar, mas parou diante do olhar da amiga, que dizia que ela claramente sabia o conceito – Não sei, Ginny! – exclamou exasperada – Eu vou pensar com calma e aí lhe conto, ok?


- Ok – Ginny resmungou com a resposta da melhor amiga – Não se preocupe, está bem? Eu procuro outra pessoa e...


- Não! – respondeu a morena com um misto de ciúmes e desgosto. Não gostava de não responder a uma pergunta e ela não deixaria outros responderem em seu lugar, sua “nerdice” não a permitia ser ultrapassada.


Depois disso, Hermione saiu do banheiro e foi para seu dormitório se trocar. A pergunta da amiga não saia de sua cabeça, só aí notou que também gostaria muito de saber como era beijar e, por um momento que julgou insano, desejou que os lábios de seu amigo ruivo que lhe tirassem essa dúvida. Escandalizada com o próprio pensamento, tomou seu desjejum.   


O dia fora se passando e com ele a inútil tentativa de tentar descobrir sozinha como era beijar. Sua mente trabalhava furtivamente, ela nunca havia beijado, e, com medo, pensava que assim seria para sempre, afinal quem iria querer beijar uma rata de biblioteca? Ela era apenas a amiga de Harry Potter, não era muito bonita e era chamada de nerd, o que veriam nela para querer lhe beijar? Pensava resignada enquanto andava para a biblioteca.


Sentou-se numa mesa no fundo da biblioteca e abriu um livro enorme e de capa dura, começou a lê-lo como se sua vida dependesse daquilo, livros a distraiam.


- Por que não estou surpresa por lhe encontrar aqui, Hermione? – uma voz perguntou enquanto puxava a cadeira ao lado da grifinória e se sentava. 


Hermione levou um susto ao ouvir a voz, arregalando logo os olhos de surpresa, abaixou o livro e rapidamente olhou para o lado, sem necessidade; sabia de quem era a voz que a assustava toda vez que ia para a biblioteca.


- Por que sempre me assusta? Parece que gosta de me assustar. – resmungou a grifinória para a garota ao seu lado, que trajava a bela capa preta com o símbolo reluzente da Corvinal, seu famoso sorriso zombeteiro formou em seus lábios após ouvir a grifinória.


- E existe coisa melhor? – respondeu irônica – Você se assusta por tudo – retrucou revirando os belos olhos verdes-azuis. Hermione riu de leve e virou o rosto, corada, a corvinal tinha razão, afinal.


- Não enche – ela replicou encarando a corvinal a sua frente, os cabelos pretos iam até seu ombro e era repicado, o sorriso zombeteiro nos lábios e os olhos verdes-azuis brilhando como sempre, balançou a cabeça para deixar de observar a corvinal – Que matéria hoje, Phoebe?


- Runas Antigas. – bufou, fazendo com que sua franja voasse para o lado.


Então Hermione se dispôs a lhe explicar sobre Runas Antigas, matéria que Phoebe havia aprendido na semana anterior. Phoebe era um ano mais velha que Hermione; fazia a aula de Runas, e por mais que estivesse um ano avaçado, Hermione sabia a matéria que ela aprendia, por isso pediu pela ajuda da castanha. Contudo Hermione estava um pouco distraída com a pergunta de Ginny e suas reflexões que teve à tarde; Phoebe percebeu.


- O que há, Hermione?


- Nada – mentiu.


- Vamos, confie em mim, eu não mordo – a corvinal disse simplesmente. Hermione por sua vez, hesitou, mas acabou cedendo.


- Phoebe, como é beijar? – a mais nova disse envergonhada, pegando a corvinal de surpresa.


- Bem – ela começou sem saber o que dizer, se aproximou da garota e abaixou a voz – Cada um sente uma sensação diferente, Hermione, para cada um o beijo é diferente, mas sempre é uma sensação gostosa, principalmente se é com alguém que você gosta.


Hermione ficou calada, por mais que a mais velha tivesse razão, ainda queria uma prova! Phoebe viu a relutância da menina e então sorriu.


- Você quer saber como é, Hermione? – perguntou levantando uma sobrancelha, a grifinória assentiu depois de hesitar por meio minuto. A castanha se enchia de alegria, finalmente poderia entender e depois explicar à sua amiga. – Já que você insiste… – e sem dizer mais nada a mais velha aproximou seu rosto da grifinória e encostou seus lábios nos dela.


Hermione instantaneamente fechou os olhos ao toque dos lábios da outra nos seus, Phoebe sugou e deu uma leve mordidinha no lábio inferior da grifinória. Isso bastou para que o corpo de Hermione reagisse e logo suas mãos foram de encontro à nuca da menina, inconscientemente pediu passagem com sua língua para aprofundar o beijo. E quando a passagem lhe fora concedida, teve sua resposta para si e para Ginny. Era inexplicável a sensação, de estranheza para ela que nunca beijara, de desejo a cada dança de suas línguas e de outras sensações que ela não conseguia pensar naquele momento.


E então a realidade voltou a Hermione, que se afastou abruptamente da corvinal, a face vermelha de vergonha e falta de ar. Um barulho fora ouvido na biblioteca quando a mão de Hermione marcou a face de Phoebe, esta outra estava surpresa com a reação da grifinória, os olhos estavam arregalados.


- Nunca mais faça isso – resmungou a grifinória, saindo às pressas da biblioteca. Não acreditava que teve seu primeiro beijo com uma garota! Seu mundo desabara em apenas alguns segundos, Merlin ela não acreditava.


- E então? – ouviu a voz de Ginny lhe perguntar assim que entrou no salão Comunal. Indicou com a cabeça para que ela lhe acompanhasse, e ela o fez, sem questionar.


- A sensação é diferente para cada pessoa, Ginny – lhe respondeu lavando seu rosto, que estava um pouco vermelho – Mas na primeira vez você pode estranhar, porém sempre será uma sensação muito gostosa – a morena respondeu pegando as palavras de Phoebe, Ginny riu.


- E como descobriu isso, Srta Granger?


- Ah temos o resto da noite para eu lhe contar, não? – respondeu cabisbaixa, Hermione e ambas foram ao dormitório do 4º ano.  


Aquele dia estava sendo muito longo e a noite, pelo visto, seria também.

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Comentários (1)

  • MiSyroff

    Ahh, adorei! A Hermione seria desse tipo mesmo! Curiosa porque não tem a resposta! kkk

    2012-06-11
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