Final Feliz



*Capitulo Trinta: Final Feliz*


                                            “Todo mundo é capaz de dominar uma dor, com exceção de quem a sente”


                                                                                                                                                         (Willian Shakespeare)



 


       Um homem encontrava-se ao lado de uma poltrona com os olhos fixos ao fundo escuro da sala esfumaçada, onde encontrava-se emergido em pensamentos; Parecia zangado com alguma coisa, nem tudo estava indo como ele desejava, faltava algo para que seus planos pudessem seguir exatamente como os tinha planejado, e isso ele tinha que conseguir, ele sempre conseguia tudo que queria.



Ele permanecia ao lado da poltrona, onde tinha uma das mãos recostadas, pensativo. Sentia-se superior a tudo e a todos, como se o mundo tivesse que se rastejar aos seus pés, e era exatamente isso que ele queria, que ele desejava e não desistiria até ter o que queria, até ter tudo que queria.



Ela vai se arrepender se fugir de mim – ele disse para si mesmo num murmúrio quase inaudível. – Não importa o que faça para se livrar de mim, ela não vai escapar. Ninguém me diz o que posso ter ou não.



Sua mão apertou-se contra a poltrona



A grossa porta de madeira se abriu, com a rajada de ar fresco e salino, as nuvens densas de fumaça do ambiente, dançaram em torno dele.



Eu encontrei uma maneira de pagá-la.



E uma risada maleficamente ecoou pelo ambiente.



 



“As lembranças afluíam em sua mente sem ordem definida, algumas tingidas com o perfume das roseiras após uma chuva de primavera, outras com o cheiro da areia do lago onde ele deu seu primeiro beijo. Algumas, muitas, chegavam envoltas no tecido abafado e iridescente do pesar.



Ele podia ouvir vozes, suaves murmúrios, mais do que qualquer coisa no mundo, queria dizer alguma coisa para eles, ainda que um único suspiro, qualquer coisa...



Lágrimas quentes minavam dos cantos de seus olhos, escorrendo para trás das orelhas. Ele desejava poder trazê-las de volta, traga-las, pois desta maneira eles não as veriam, mas tal controle estava tão distante quanto o ato de erguer a mão para um ultimo aceno.



Além disso, talvez ele não estivesse chorando, talvez fosse sua alma que lhe escapava do corpo em pequenas gotas que ninguém jamais veria.”



 



Um grito ecoou. Passos ecoaram. Um corpo caiu ao chão e o ódio preencheu todo o branco enlouquecedor.



Ele podia sentir o ódio pulsando em suas veias, em seu coração e em seu cérebro, uma pulsação constante, no mesmo ritmo, na mesma sintonia, numa única motivação: “matá-lo, matá-lo, matá-lo.”



O mundo sumiu, nada mais ele via, nada mais ele ouvia, a única coisa que ele queria era atingir o máximo possível aquele ser a sua frente, feri-lo da pior maneira possível, feri-lo como ele havia ferido aqueles que ele amava, como havia ferido seu coração que sangrava dolorosamente ao peito.



Mãos o seguraram, numa tentativa vã de afasta-lo, mas Thiago só teve noção de que o seguravam quando uma mecha loira brilhou diante de seus olhos e uma voz soou em seus ouvidos, apavorada.



— Thiago, não!



O medo impresso na voz fez Thiago recuar, fazendo-o voltar a si, a mão ainda fechada em punho no ar, pronta para atingir o homem, abaixou-se lentamente, enquanto Lia ainda tentava segura-lo, inutilmente.



— Thiago, calma, por favor.



A respiração ainda ofegante demonstrava que era preciso muito para que ele se acalmasse completamente, mas a voz o havia trazido a si, o ódio mortal se fora, e apenas uma raiva borbulhava em suas veias, agora quase inofensiva; Quase.



— Você devia ouvir a menina, rapaz. – O homem caído ao chão, apoiou-se ao mesmo, levantando-se em seguida e segurando as golas da camisa de modo a arrumá-las em seguida, mas quando as palavras do homem soaram aos ouvidos de Thiago zombateiramente, a raiva adormecida voltou a inchar-se dentro dele como uma esponja limpa.



— Você quase nos matou seu desgraçado. – Fechando a mão novamente em punho, ele sentiu-se ser segurado pelos braços antes que desse outro passo a frente, na ânsia de atingi-lo mais uma vez, mais quantas vezes fossem necessárias para que aquela ira dentro dele se aquietasse, mas como se aquietar quando aquele homem execrável estava a sua frente? Destilando sorrisos irônicos e ares repulsivos que o faziam revirar-se por dentro, como se um vulcão dentro de si entrasse em erupção ao encarar aquele homem.



— Thiago, não, por favor, não compensa. – Lia segurou firmemente o braço de Thiago impedindo-o de avançar novamente contra o homem, que deslizava o dedão por sobre o lábio, borrando o mesmo de sangue.



— Não compensa? Você ta louca? Olha o que ele fez? – Thiago ergueu o braço deixando a vista o curativo, cujo escondia o machucado causado no acidente de carro, era como um lembrete de toda aquela noite horrenda e aquele pesadelo sem fim. – Olha o Remo naquela cama, a Lilly machucada, o Sirius... – E a voz de Thiago se perdeu roucamente no ar.



Já não importava se esmurrar aquele homem até toda sua ira passar resolveria ou não, mudaria ou não alguma coisa, mas o fato de fazer aquele homem parado a sua frente sentir a mesma dor que ele sentia, já era mais do que compensador, ele merecia, muito mais do que Thiago e seus amigos, toda a dor do mundo, por isso Thiago sabia que toda a raiva não passaria até que Thomas Kensit pagasse por tudo aquilo que lhes havia causado.



 



           Ele abriu os olhos; A claridade ofuscante brilhou diante de si o fazendo piscar algumas vezes até se acostumar com a claridade. Sua boca seca entreabriu-se levemente e sua língua levemente úmida deslizou lentamente pelos lábios como se saboreasse o ar. Os pulmões se encheram de ar, expelindo-os em seguida, como se fosse a primeira vez que respirasse.



O branco era predominante, o silêncio quase absoluto e o ambiente totalmente vazio. Ele queria levantar-se e sair andando atrás de alguém, qualquer pessoa, pra ter certeza de que aquele sonho louco finalmente acabara, mas quando ele tentou apoiar-se uma forte dor penetrou-lhe a mão, fazendo-o ergue-la rapidamente para ver que o motivo nada mais era que a agulha de uma sonda presa em sua pele. Então isso significava que o sonho finalmente acabara?
Cautelosamente ele sentou-se a cama, branca, de lençóis brancos e encarou o quarto vazio a sua frente. Não havia nada a frente, as paredes brancas rodeavam os quatro lados, uma janela a esquerda, envidraçada, trazia a luminosidade do dia lá fora, agora se concentrando mais, ele percebeu que podia ouvir o som do mundo, o vento soprando entre as frestas da janela, buzinas vindas de alguma rua, motos e carros em alta velocidades, tão distante que era como se ele estivesse há centenas de andares acima de onde o mundo agitava-se.



A esquerda havia uma porta branca, fechada, e a única coisa dentro daquele quarto, alem da própria cama onde estava deitado, era uma maquina apitando calmamente ao seu lado.



Tinha acordado então, finalmente aquele sonho perturbador e estranho tinha acabado. Graças a Deus, ele não suportaria continuar naquilo por mais tempo, toda aquela dor e sensações o estavam enlouquecendo. Respirando fundo ele deslizou pelos lençóis da cama, voltando-se a deitar na mesma, enquanto seus olhos piscavam diversas vezes induzidos pelo sono que o invadia inesperadamente.



Se aquilo tudo fora um sonho, o que afinal de contas acontecera para ele estar num hospital? O que de verdade havia acontecido...?



 A pergunta perdeu-se entre seus pensamentos, incapaz de ser respondida, enquanto ele fechava os olhos e a escuridão, mais uma vez, o invadia.



 



      A repulsa pulsava em suas veias como um coração, bombeando o sangue borbulhantemente enraivecido, que corriam pelas veias do seu corpo ferozmente, destruidor e vingativo como um gorila protegendo suas crias.



Suas mãos, fechadas em punho, espremiam-se enraivecidas, ansiosas por expelirem todo o sentimento de revolta e ódio que pulsavam dentro de si, da forma mais primitiva que o homem já fora capaz de agir.



— Thiago. – Baixa, a voz amada soou em seus ouvidos, desejando trazê-lo a si, tentando controlá-lo, acalmá-lo, mas como ela poderia pedir-lhe calma quando toda aquela tragédia infindável fora causada por aquele homem a sua frente? Como poderia ele não se enraivecer com um pai que tentara matar a própria filha?



Lilian, que correndo, aproximou-se rapidamente, segurou Thiago pela mão, tentando também contê-lo, mas Thiago enfurecido não parecia sequer ouvi-la.



— A gente podia ter morrido por culpa desse fedaputa, a gente podia ter afundado junto com o carro, seu desgraçado.



— Não, Thiago, não!



— Está enganado, meu rapaz, eu não...



As mãos escorregaram do braço e da mão, enquanto em passos rápidos Thiago se aproximava do homem, as mãos em punho, erguendo-se no ar e em segundos descendo ferozmente contra o homem.



Era incapaz de ver, apenas sentia, apenas sentia a própria mão esmurrando o homem, apenas sentia o ódio pulsando em suas veias, instigando-o a enraivecidamente esmurrar cada vez mais até que todo ódio esvaziasse de seu peito e ele pudesse novamente respirar em paz.



Passos ecoaram pelo branco enlouquecedor que enlouquecera sem piedade, como se fossem vírus alastrando-se pelo organismo, levando a uma doença jamais sentida, mãos agarraram fortemente, arrastando pra longe e foi preciso muito mais do que força para trazer Thiago a si novamente.



— Thiago. Filho! – A respiração estava ofegante, seu coração batia descompassado ao peito e Thiago só sentiu-se voltar a si quando uma mão segurou firmemente seu rosto, fazendo-o encarar aqueles olhos tão conhecidos que em sua infância sempre lhe dera a calma necessária quando os pesadelos o açoitavam durante a noite.



Como uma criança amedrontada, cujo pai colocava em seus braços, o acalantando, Thiago deixou-se ser abraçado fortemente, as mãos do pai comprimindo contra suas costas enquanto seu coração disparado ao peito se enchia de paz, como se os demônios do pesadelo fossem expulsos pela presença de seu pai, seu protetor, seu porto seguro, aquele que sempre estivera ao seu lado em suas quedas, em seus fracassos, em suas noites mal dormidas e tempestades e tombos e pesadelos, aquele que sempre lhe dera a mão e o ajudara a se levantar, e o ensinara que nenhuma queda, nenhum pesadelo era mais forte do que ele, mais forte do que continuar sua vida de cabeça erguida, pronto para outros tombos e outras quedas e outros pesadelos. Sempre.



— Esta tudo bem, filho. – Era como se num passe de mágica ele estivesse bem novamente, a respiração calma, os músculos não mais tensos, as mãos dolorosamente moles e livres de qualquer ódio ou ira, era como se toda a força e paz que precisasse lhe tivesse sido passada durante aquele abraço.



— Tinho, ah meu Tinho. – Quando os braços de Thiago soltaram-se do pai, mãos mais delicadas o envolveram enquanto os fios vermelhos dos cabelos de sua mãe  lhe invadiam a visão, impedindo-o de ver a quem pertenciam os passos que ecoavam pelo piso branco do corredor.



Mais passos ecoaram e um grito alto invadiu os tímpanos e paredes e quadros quebrando o silêncio do branco enlouquecedor.



 


 



Esta se sentindo melhor?



Seus olhos se abriram, o teto branco brilhou diante de seus olhos enquanto o quarto embaçado ia criando formas a sua frente. Com a mão que estava livre de agulha e soro, ele apoiou-se a cama, ajeitando-se enquanto sentia suas costas encostando-se a cabeceira da cama de ferro não tão confortável quanto a sua costumava ser.



Sua garganta ardia secamente e seus lábios imploravam por água, sua visão agora não mais embaçada desfocou-se pelo quarto, localizando a sombra que lhe despertara. Então finalmente o sonho acabara? De verdade?



— Qu... – Sua voz fraca saiu rouca e baixa, e sua língua pouco úmida deslizou pelos lábios na tentativa de umedecê-los. – Á-gua.



A sombra aproximou-se, permitindo que ele o visse finalmente, baixo, loiro, as roupas brancas apertadas contra seu corpo gordinho, ele nunca vira aquele homem, ou seria apenas um garoto? Ele não saberia distinguir, a feição jovem sorriu-lhe levemente, como um menino tímido e introvertido. As mãos gordinhas encheram um copo plástico antes dele se aproximar, entregando as mãos frágeis de Sirius.



— Beba e você se sentira melhor.



Com as duas mãos, Sirius segurou o copo, sentia-se mais fraco do que jamais se sentira na vida, e seus pensamentos pareciam confusos, não conseguia se lembrar do que acontecera, era como se o sonho estranho tivesse apagado todos os últimos acontecimentos de sua mente.



Trêmulas, as mãos se ergueram aproximando o copo dos lábios que secamente e ansiosos pelo liquido se entreabriram. Quando os lábios inferiores tocaram a borda do copo, as mãos tremeram ainda mais, o copo escorregou-lhe e o liquido caiu pelo chão com o copo que se espatifava ao mesmo enquanto um grito alto e apavorado ecoava pelo branco enlouquecedor.



 



       Era de se esperar que o pesadelo tivesse finalmente acabado, mas parecia que quanto mais rezavam dentro daquela pequena capela, mais o pesadelo perdurava, será que não teriam paz finalmente?



As mãos apertavam o corpo de Thiago quase o impedindo-o de respirar, a preocupação de sua mãe era visível, e Thiago entendia-a, mas naquele momento, não estava preocupado em acalmar a preocupação de sua mãe quando coisas mais importantes aconteciam à volta.



Quando sua visão foi obscurecida pelos cabelos vermelhos de sua mãe, passos ecoaram pelo piso, próximos de si e um grito ecoou pelo hospital.



Ela não poderia imaginar que o pesadelo ainda não havia acabado, o fato de ver Remo bem, finalmente e de toda aquela cena assustadora ter finalmente acabado, ela respirava em paz, como se tudo não tivesse passado de um pesadelo terrível que finalmente acabara, e ela finalmente acordara. Mas parecia estar enganada.



Quando, acompanhada dos pais de Remo, eles saíram do quarto do maroto para deixa-lo descansar, algo aconteceu que ela não esperava, jamais poderia imaginar e se alguém lhe tivesse dito para adivinhar, certamente ela teria errado feio, porque afinal de contas aquilo era impossível.



Quando, em passos calmos pelo hospital, ela virou o corredor, e seus olhos distinguiram aquela forma a frente e aqueles olhos, seus pés pararam, congelados, sobre o piso branco enlouquecedor como as paredes e como aquele lugar havia se tornado.



Em passos rápidos, tão rápidos que jamais poderiam ser interrompidos por alguém a tempo, Thomas Kensit aproximou-se de Patsy, fechando as mãos fortemente contra o braço da garota antes de arrasta-la pelo corredor.



O grito apavorado, desesperado escapou-lhe dos lábios enquanto os olhos enchiam-se de lagrimas que logo escorriam fartas pelo rosto branco, cujas leves sardas brincavam na pele delicada.



Rapidamente Thiago desvencilhou dos braços da mãe, enquanto apressadamente corria em direção a Patsy e Thomas, mas antes que ele alcançasse os dois e impedisse o pai da garota de leva-la a força, algo aconteceu, fazendo-o parar estático.



Gregório Lupin grudara fortemente no braço de Thomas, que soltando Patsy fora empurrado para trás, enquanto a garota caia ao chão, tremula e embargada em choro e lagrimas que lhe faziam soluçar desesperadamente.



— O que você pensa que ta fazendo, Thomas?



— Ela é minha filha, você não pode...- Mas as palavras de Thomas Kensit morreram no ar enquanto outro grito desesperado ecoava pelo hospital.



— VOCÊ NÃO É MAIS MEU PAI... – Ana Lupin segurava uma Patsy soluçante, que se sacudia entre os braços da mulher, incapaz de ser controlada. Como ele tinha coragem de fazer aquilo, depois de tudo? Como depois de quase tê-la matado, a própria filha, ele poderia aparecer ali querendo leva-la porque era seu pai? Que pai faria isso a uma filha?



— Como se atreve, sua... – Thomas, que se erguera rapidamente, deu passos decididos em direção a Patsy, ainda caída ao chão, mas agora amparada aos braços confortáveis da sogra, que a protegia, como se protegesse sua própria cria. Em passos rápidos Thiago aproximou-se parando a frente do homem, ao lado de Gregório, impedindo que Thomas passasse adiante.



— Eu não vou deixar você leva-la, Thomas. – A calma de Gregório enfurecia ainda mais Thomas, ele e aquela falsa calma de sempre, aquela calma que levara tudo que ele tinha, como tinha coragem de parar a sua frente e dizer-lhe que não deixaria ele levar a própria filha?



— Você e aquele seu filho desgraçado acabaram com a minha vida e a da minha filha, Gregório. – as palavras foram quase cuspidas para cima de Gregório Lupin, entre dentes e ódio, um ódio que se inchava em suas veias no pescoço, enquanto seu rosto vermelho enfurecia-se ainda mais.



— Você mesmo quase fez isso quando jogou meu carro no penhasco, seu filho da puta, então você não tem direito nenhum de querer levar a filha que você quase matou.



Era impossível imaginar que aquele maroto sempre brincalhão e descontraído, que tudo que fazia na vida era vivê-la sem preocupação alguma, fosse capaz de agir daquela maneira, mas havia coisas em Thiago que quem o visse apenas, jamais poderia imaginar, e defender os que ele amava, era uma dessas coisas. Patsy era sua amiga, era a namorada de seu quase irmão, e ele não deixaria aquele homem a sua frente causar mais mal do que já causara a garota e ao seu amigo.



— Vocês estão enganados, eu não fiz nada. – começou Thomas, numa tentativa de se defender, mas fora interrompido rapidamente, enquanto Charles Potter se aproximava, calmamente.



— É melhor o senhor ir embora.



— Ela é minha filha, eu não vou embora daqui sem ela. – Thomas Kensit deu outro passo à frente, fazendo instintivamente Thiago e Gregório também o darem, impedindo que Thomas pensasse em se aproximar ainda mais.



— Eu entendo, mas esse não é o melhor momento para isso. – Entre Thomas Kensit e Thiago e Gregório, Charles tentava apaziguar a tensão que emanava pelo ar. Se Thomas Kensit fosse embora, poderiam resolver todo aquele problema de forma diferente, e essa era a intenção dele. – Vá para casa, se acalme, a menina vai ficar bem, vai passar por um medico e quando todo mundo estiver calmo, conversamos sobre isso.



Com a ira brilhando em seus olhos, Thomas Kensit deu um passo para trás, engolindo em seco e encarando Gregório com uma fúria cega.



— Isso não vai ficar assim, Gregório. Você e seu filho vão me pagar por isso. – Com o dedo ameaçador em direção a Gregório, Thomas cuspiu as palavras, antes de virar-se e seguir pelo corredor em direção a saída do hospital.



Patsy soluçou alto, sem saberem se de alivio ou desespero por tudo aquilo que acontecera, provavelmente fosse pelos dois, mas o importante era que ele havia ido, não importava se voltaria ou não, momentaneamente o causador de todo aquele pesadelo finalmente havia ido embora. Será que finalmente todo aquele pesadelo interminável chegaria ao fim?



 



     O copo de água escorregou das mãos e espatifou-se pelo chão, fazendo o liquido do copo escorrer pelo piso branco, enquanto os olhos, arregalados, olhavam em direção a porta fechada. Mas o que afinal de contas estava acontecendo?



— O que? – Mas o garoto baixinho não pareceu ter ouvido a pergunta rouca e fraca de Sirius, enquanto abaixava-se rapidamente para pegar o copo caído ao chão, tentando puxar a água que escorria pelo chão de volta ao copo.



— Droga. – Ele disse baixo, fazendo Sirius desviar os olhos para o baixinho, apressando-se a se desculpar.



— D-des-culpa, oque t-ta... ? – Mas, mais uma vez, sem dar atenção a Sirius, o garoto baixinho ergueu-se com copo nas mãos e sem lançar os olhos para Sirius, virou-se, seguindo apressadamente em direção a porta, por onde ele saiu, fechando-a em seguida sem dizer uma palavra.



Mas que porra era aquela? Pensou Sirius. Primeiro tinha um sonho muito estranho e louco, e quando finalmente acordava não conseguia saber onde estava e aparecia um cara louco em seu quarto.



Afundando-se na cama novamente, Sirius deslizou a língua pouco úmida pelos lábios ressecados, se aquilo ainda fosse parte do sonho, que, por favor, ele acordasse logo, de preferência em sua cama, macia, confortável onde teria uma geladeira e uma deliciosa garrafa de água bem gelada.



Os olhos fecharam-se lentamente, enquanto o quarto branco e estranho ia se perdendo de vista, e pela terceira vez, a imensidão o engolfou.



 



        O céu azul transparente ia calmamente misturando-se entre o alaranjado e o rosa claro enquanto o entardecer ia se aproximando, os pássaros voavam livremente calmos pelo céu, incapazes de saberem o que se passava na agitada cidade abaixo, onde os carros em filas constantes seguiam finalmente em direção a suas casas para o merecido descanso ao final do longo dia. Descanso, era certamente o que eles ansiavam, descanso e paz, de preferência sem mais nenhum pesadelo, afinal de contas, já haviam tido o suficiente por toda uma vida.



Patsy, agora mais calma, encontrava-se sentada em um dos bancos de espera, Ana Lupin atenciosamente ao seu lado, acariciava a mão da garota, dando-lhe a certeza de que não estava sozinha, o que, diante de todos os acontecimentos, era reconfortante.



A sala de espera antes enlouquecedora, agora parecia uma sala de encontros, onde todos se abraçavam e se aliviavam por estarem bem.



— Acho que o melhor é os meninos ficarem fora por um tempo. – Charles Potter sentado ao lado do filho, cujo tinha a mãe sentada ao outro lado acariciando seus cabelos com exagerado mimo, disse pensativo, chamando para si a atenção de todos sentados à sala.



— O Senhor acha que ele pode voltar e... – Lilian não continuou, sentada ao lado de Patsy e de Lia, ela tinha um copo de água trêmulo entre as mãos, o cansaço e a tensão em seu corpo eram visíveis, assim como em todos os presentes naquela sala, mas ninguém pensara na hipótese de deixar o hospital enquanto não tivessem uma noticia concreta sobre Sirius, o que até aquele momento, nada haviam tido, alem de “estamos fazendo o possível”, será que os médicos faziam aquele suspense todo de propósito?



— Eu não vou arriscar deixar o meu filho aqui pra aquele louco... – Começou Dorea Potter, mas foi interrompida por um Thiago impaciente, que rapidamente negou com a cabeça, fazendo a mãe retirar a mão de seus cabelos.



— Eu não vou a lugar algum sem o Sirius. – Não houve respostas; Ninguém ousaria dizer alguma coisa a aquelas palavras de Thiago, porque os pais sabiam, nenhum daqueles jovens sentados ali, machucados, sujos e exaustos, que tinham passado o dia inteiro ali, sem arredar o pé, sairiam até que tivessem certeza absoluta de que Sirius estava  bem, mas se caso não estivesse, eles sabiam, aqueles amigos fieis, só sairiam do lado do amigo, por um motivo muito maior do que a vontade deles de permanecerem.



— Acho melhor mandarmos eles pra Barcelona, Gregório. – Continuou Charles Potter, depois de um longo silêncio, enquanto todos, novamente, voltavam os olhos e a atenção para ele. – Eu tenho um apartamento em um hotel por lá, seria mais seguro pra eles.



— Mas eles vão ficar sozinhos? Seria melhor se um adulto fosse com eles. – Começou novamente a Sra. Potter, mas Thiago impacientemente negou, novamente, com a cabeça.



— Não somos crianças, mãe, a gente sabe se virar muito bem. – Mas a Sra. Potter não respondeu, ninguém disse nada, os corações congelaram ao peito antes de acelerarem, enquanto Thiago, logo acompanhado de Lia levantavam-se rapidamente. Um homem de branco adentrava a sala de espera.



 




      —Você acha que ele vai demorar pra acordar? – Uma voz ansiosamente ecoou baixa, seguida de outra no mesmo tom, preocupadamente.



— Será que ele vai ficar bem?



— Ele ta bem, vocês ouviram o médico, ele já ta bem.



— Só vou ter certeza absoluta disso quando ele... – A voz emudeceu-se inesperadamente.



Vozes baixas ecoavam em seus ouvidos quando ele entreabriu os olhos lentamente, fechando-os em seguida enquanto a claridade ofuscava diante de si. Diversas vezes ele piscou, e todos os presentes na sala, prenderam a respiração por segundos ansiosos e preocupados, como se temessem que um único som pudesse causar-lhe algum mal ou fazê-lo adormecer por mais intermináveis horas de sofreguidão espera.



Preocupadamente ansiosa e desesperada, ela levou as mãos ao rosto, fechando os olhos e rezando internamente pra que ele estivesse perfeitamente bem, jamais se imaginou sentindo-se da maneira que se sentira nas ultimas vinte e quatro horas, mas agora tinha certeza que jamais poderia continuar sua vida sem ele por perto, complicado, galinha, confuso, indecifrável, exatamente como ele era, assim ela o queria, assim ela o amava.



— Eu vou sobreviver. – A voz de Sirius soou fracamente baixa e rouca, e Lia abriu os olhos sentindo seu coração batendo descompassado ao peito enquanto uma felicidade plena invadia todo seu ser, como se estivesse vendo os fogos de ano novo explodindo lindamente pelo céu.



— Graças a Deus, senão eu mesmo te matava, seu fedaputa. – Sirius esboçou um fraco sorriso em seus lábios às palavras de Thiago, enquanto Lia derretia-se em ver novamente aquele sorriso maravilhoso naqueles lindos lábios. Deus obrigada por ele estar vivo. Pensou Lia, desesperadamente, não havia coisa mais perfeita para ela do que ver novamente aquele sorriso, do que ver ele vivo e bem.



Apoiando a mão a cama, Sirius se remexeu tentando sentar-se a cama e Lia rapidamente aproximou-se mais, apoiando a mão cautelosamente ao peitoral do maroto.



— Nem pense nisso, você ainda está fraco. – Sentindo a mão de Lia em seu peitoral, Sirius segurou-a aproximando a mão da garota de seus lábios ressecados e apertando-os contra a pele enquanto fechava os olhos, suspirando e inalando o perfume maravilhoso daquela pele quente e macia, como se aquele simples gesto pudesse fazer-lhe recobrar todas as forças necessárias. Como era bom estar acordado novamente e tê-la perto de si sem aquela dor imensa que ela sentira por ele, sem todo aquele tormento que ele vivenciara em todo aquele pesadelo horrível. Sirius suspirou e Lia permaneceu parada ao seu lado, o coração pulsando fortemente ao peito enquanto lagrimas brotavam em seus olhos e escorriam por sua pele, deslizando por sobre a lama ressecada em sua pele ainda com a sujeira de todo aquele morro onde acontecera o acidente.



Depois de segundos que pareceram os mais maravilhosos e infindáveis de toda sua vida, Sirius afastou as mãos de Lia de seus lábios, murmurando baixinho em seguida.



— Eu tive um pesadelo horrível. – Com a mão livre, Lia rapidamente aproximou a mão do rosto de Sirius acariciando-o apaixonadamente.



— O pesadelo acabou, está tudo bem agora, meu amor.



Abraçando Lilian fortemente contra seu corpo, Thiago suspirou e acenou levemente com a cabeça, sentindo-se totalmente invadido de alivio; Sim, finalmente o pesadelo havia acabado; Finalmente todo aquele terrível e infindável pesadelo havia chegado ao fim.



Finalmente, todos estavam bem e Sirius estava vivo. O pesadelo finalmente havia chegado ao fim.



 





*N/A:
E finalmente também eu terminei este capitulo \z
Gente, perdoe-me a demora, eu confesso que esse capitulo foi o que eu mais demorei a escrever ate hoje, e não em questão de tempo, mas em questão de consegui-lo mesmo. Vou contar a vocês, estou com problemas mentais no momento, digamos assim kkk
depressão, é, não é uma coisa normal como muitos acham por ai, e está uma coisa bem séria ultimamente, e se não fosse os benditos remédios, eu não conseguiria nem terminar este capitulo, pois a depressão traiçoeira estava me tirando ate a facilidade de escrever, por isso eu peço desculpas a vocês pela demora, queria muito que tivesse demorado por falta de tempo e não por este motivo, mas não há depressão que me fará desistir de escrever, afinal de contas, é isso que mantém minha sanidade \z
Bom, depois de muitas ameaças de morte e por ai vai kkkkk
o Sirius esta bem. Na verdade eu fui bem mal com vocês, ele não ia morrer, e eu já sabia disso kkkkkkkkkkk Mas todo esse drama foi coisa dele, vocês sabem como o Sirius é né, \z kkkkkkk
próximos capítulos serão de paz finalmente, e acho que vai ser um dos mais difíceis de escrever pra mim, e vocês saberão por que quando eu o postá-lo, o que, prometo a vocês, tentarei ao máximo mesmo escrevê-lo mais rapidamente do que foi este.
Agradeço imensamente o carinho, os comentários, os parabéns pelo um ano de fic *-*, caramba, parece que foi ontem que eu comecei esta fic, mas estou muito feliz com ela, lendo ela, o que eu faço normalmente quando não tenho nada pra fazer, eu mesma vejo o quanto eu evolui como autora, como eu melhorei a escrita, como eu melhorei a narração, e tudo isso também, eu devo a vocês, se não fosse o carinho, os comentários lindos e empolgantes, eu não teria me esforçado a melhorar sempre mais e não desistir dessa fic.
Obrigada, sempre, por tudo minhas (meus) lindas (os) leitoras (es) *-*

Ah, Anna Black, eu fico feliz de ter te ajudado a chorar e se aliviar, eu sei como é horrível sentir-se angustiada precisando chorar e não conseguir, e como é bom quando isso finalmente acontece. Quer dizer, não posso ficar feliz por você ter chorado né \z mas fico feliz de alguma maneira, porque isso mostra também como consigo tocar os sentimentos das pessoas escrevendo, uma coisa que eu não pensei ser capaz. \z


E Poly Malfoy, obrigada pelo comentário extraordinário e pelo apoio, foi muito importante seu comentário para mim, ainda mais no momento em que me encontrava ao lê-lo, afinal de contas, quem tem depressão vai me entender, as vezes a gente não consegue ver as nossas qualidades, e o quanto é realmente bom o que a gente faz, e são comentários assim que me fazem sorrir e me sentir orgulhosa sabe, e realmente acreditar que eu sou capaz e boa no que faço, claro que existem autores nesse site excepcionalmente bons, mas é muito gratificante pra mim ver e sentir que eu estou indo pra um caminho que poderá me levar a perfeição um dia.


Obrigada mesmo.

E antes de terminar esta NA gigante \z kkkkkk
Preciso mesmo agradecer alguém que não costuma  comentar muito aqui, e que eu sempre brigo direto pra ler minha fic kkkkkk mas que no final de tudo, sem essas pessoas eu não conseguiria nem acordar todos os dias para poder continuar esta fic.



Meu marido C. Passionate e minha melhor amiga, Sabrina.
vocês sabem que mesmo eu brigando todos os dias com vocês \z descontando tudo em vocês e esperando que vocês tenham a solução ate do motivo de eu não conseguir escrever as vezes, são vocês dois que me fazem continuar, não desistir, insistir em buscar esperanças e continuar viva, por mais difícil que seja as vezes. Sem vocês dois, eu não sei o que seria de mim, e nem sei se eu estaria aqui ainda.
obrigada, mesmo que vocês não possam me ajudar sempre, vocês ajudam de qualquer maneira, sendo a razão de eu ainda existir, vocês e a minha melzinha claro kkkkk



Amo vocês dois.



 



Agora sim \z
uffa, ta mais parecendo uma carta de despedida isso aqui ou fim de livro onde a gente agradece ao pai, a mãe e a Xuxa kkkkkk
Então é isso pessoal, capitulo finalmente, aleluia irmão, pronto
e ate o próximo capitulo, prometendo a vocês, a paz finalmente reinará, por enquanto kkkk
beijos
Lanah Black

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Comentários (16)

  • Lorian gryffindor Black

    ELE TÁ VIVO AAAAAA eu to chorando aki, muito emocionante esse cap. otimooo e mais perfeito ainda pq o sirius tá vivo não vejo a hora de ver os marotos aprontando de novo*-*

    2011-11-02
  • ViviMalfoy

    AHHH que lindo Lanah!!! Mostra os casais formados logo, não aguento mais de ansiedades... kk Férias em Barcelona; os seis??? Tomara se tiver vai ser mto maravilhoso!!!ps.: Melhoras, tudo de bom pra vc.

    2011-09-11
  • Carolina Neves

    Oiiiiii :) espero q vc esteja melhor! Por favor n demora mtt pra postar o cap!  bjussss e eu ja disse milhoes de vezes mas mais uma n faz mal n é?  ESSA E A MELHOR FIC DE TODAS!!!!!! XDXDXDXDXDXD

    2011-09-11
  • Mariazinhaencrenca

    AAAAAAAAAAAAAAAAAAA, amei amei amei... Retiro todas as maldições que te mandei, mas sem problemas por um tempinho vai... Mostra mais a Lily e o Tiago e posta logo. A fic ta perfeita e se vc pudesse, da uma olhadinha na minha fic e deixa um coment.BJS e continua postando

    2011-09-05
  • Charlotte Blake

    Quando vai ter novos posts?

    2011-09-02
  • Charlotte Blake

    OOOOOOOOOOi. Sou leitora nova aqui. puxa você escreve muito bem Lanah :) Eu chorei, juro, quando eu pensei que o Sirius tinha morrido e lia os pensamentos e sentimentos da Lia. Eu quero maissss posts ::*

    2011-09-01
  • Bia_Black

    AAAHHHHH Você concerteza não é como um desse meninos, vc não matou o Sirius então não tenho mais motivos para chorar \o/ Estou esperando ansiosamente pelo próximo capitulo!Bjos

    2011-08-30
  • Anna Black

    AAhhh ufa, agora posso respirar aliviada, o Sirius tá vivo! Agora eu posso comentar devidamente a fic... Sim, me senti mesmo muito aliviada depois de quase ter desidratado em lágrimas por causa da quase-morte do Sirius... Parece ironia né? mas nem foi, botei pra fora mesmo, e me senti melhor depois! A sua fic é realmente muito boa, e como vc falou, é perceptível a evolução na sua escrita, na narração, e até mesmo no estilo, que foi tomando um jeitinho que é todo seu, apesar de percebermos algumas influências. Essa a gente sabe que é sua, tem o estilo Lannah Black. Quando eu comecei a ler eu fiquei meio tensa, tipo como ela vai conseguir fazer uma fic dos marotos sem Hogwarts? Sem magia? Sem Quadribol? Mas vc me surpreendeu, conseguiu fazer da fic uma história empolgante, e emocionante. Parabéns, pela fic e pelo aniversário dela.  Snto saber da sua depressão, sei como é isso, a mãe de um amigo meu tem, e é muito tenso mesmo, mas cada um acha o seu ponto de equilíbrio, o dela era na música, e se o seu é escrever, que bom pra nós não é?! Colocarei você nas minhas orações, mandarei vibrações cor de rosa pra vc!  FORÇA LANNAH! Seja forte como o Sirius! Ansiosa pelo próximo cap...

    2011-08-30
  • Muniky Hellen

    aaah. muito lindo o capitulo *-* amei ³ 

    2011-08-29
  • fernanda luna

    AMEI O CAPITULO Lanah ! voce planejou desdo inicio ne manola ! kkk mais obrigada por salvar meu sirius ! kisses

    2011-08-29
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