Uma noite de loucuras



                                           *Capitulo Vinte e Cinco: Uma noite de loucuras*



  “A arte de ser louco é jamais cometer a loucura de ser um sujeito normal”



 


A noite inesperadamente tornou-se fria, o vento gelado agora parecia penetrar de forma zombateiramente cruel pelas janelas, levando consigo a sensação de horror, de medo, de pânico. As estrelas que espiavam la de cima, já não pareciam convidativas, pareciam querer se esconder atrás das nuvens densas e negras que começavam a invadir o céu, tornando a noite mais taciturna. Um ar de suspense e mistério parecia dominar os cantos escurecidos e as poucas arvores espalhadas pelas calçadas cimentadas moviam-se de forma surpreedentemente sinistra, como se o vento de um filme de terror as chacoalhassem, derrubando as folhas secas e levando-as ate se perderem na noite.



Era como Lilian se sentia, presa em um filme de terror, onde o vento que agora batia contra seu rosto zombasse e risse de maneira cruel, a levando a acreditar que ele a levaria consigo ate ela perder-se na imensidão da escuridão e do nada que parecia haver depois disso. Sua vida como um filme passou por sua mente, sua infância, os olhos azuis de Lia sempre consigo, os risos, os sorrisos, os abraços de seus pais, os mimos de infância, os amigos, a escola, as ruas de São Paulo e os olhos castanho-esverdeados, a ultima coisa que Lilian viu, antes de fechar os olhos, foi aqueles olhos castanho-esverdeados, e o medo desapareceu como se fosse levado pelo vento.



 



Era como se fosse tudo um sonho e ela estivesse assistindo de cima, ela podia sentir seu próprio corpo flutuando no ar e sentiu vontade de rir, mas o riso, pareceu ser atrapalhado e espalhafatoso demais; engraçado, ela nunca se sentira assim antes.



Uma sensação de liberdade tomava conta de todo seu corpo, sentia-se leve, livre, poderia ate dar cambalhotas no ar, e foi o que ela tentou fazer, girando seu corpo, ela rodopiou, rindo exageradamente em seguida, seu corpo estava leve demais e o giro fora rápido demais, mas mesmo assim ela não sentiu-se tonta, nem sentiu medo de cair, apenas sentiu como se o mundo pudesse ouvir seu riso exageradamente alto e agudo.



Percebendo que estava realmente flutuando, ela ergueu os olhos pra cima, vendo a imensidão estrelada e uma sensação de calor imensa preencheu seu peito, seus lábios se entreabriram surpresos e ela ficou silenciosamente parada observando a magnitude que se estendia diante de seus olhos. Nunca vira as estrelas tão brilhantes daquela forma, pareciam tão mais juntas, tão mais intensas, tão mais próximas, que era como se ela pudesse tocá-las e instintivamente ela esticou a mão, e riu em seguida, estava longe demais para tocar as estrelas, pelo menos isso ainda era como antes. Quando esse pensamento passou por sua mente ela abaixou os olhos e viu a cidade; estranho, ela estava muito mais alto do que imaginara estar. As luzes da cidade lá em baixo pareciam pequenos pontinhos brilhantes, como as estrelas acima de si, os prédios altos quase podiam alcançá-la, mas ela sabia que ainda faltavam muitos metros para isso, por isso ela não se preocupou em tocá-los quando ela tentou dar um passo a frente, se ela podia ver tudo lá de cima, talvez pudesse vê-lo também.



Mas ela não conseguiu se mover, ao dar um passo a frente, ela sentiu como se seu corpo não saísse do mesmo lugar, será que aquilo era um daqueles sonhos em que se tenta mover-se, mas nunca sai do mesmo lugar?



Desistindo de sair caminhando nuvens acima da cidade, ela agachou-se e apalpou o nada e estranhamente era como se houvesse um chão invisível sob seus pés, onde ela sentou-se e cruzou as pernas, passando a observar a cidade abaixo de si.



Ao fazer isso, estranhamente seus olhos se voltaram para o prédio mais próximo, era como se ela estivesse quase acima dele, e ainda assim pudesse ver todas as janelas claramente, por isso, ela passou a observar o prédio, percebendo só então que um som distante pareceu preencher todo o ar a sua volta.



Aquele sonho estava bem estranho, nunca sonhara com nada parecido antes, mas ela preferiu não pensar muito sobre o sonho, era melhor esperar ate que acordasse, e se fosse demorar pelo menos ela tinha que aproveitar, afinal nunca mais teria uma chance como aquela, de ver a cidade toda sob seus pés.



Sorrindo ela voltou a observar os prédios, mas estranho, tinha alguma coisa errada naquele prédio, como se ela o conhecesse, sem ter a menor noção se algum dia realmente já o vira ou não. Descendo os olhos pelas janelas do prédio, ela viu uma delas aberta, alguém parecia debruçado à mesma, talvez estivesse observando a noite, então ela desviou os olhos para a janela abaixo e sentiu-se estranhamente congelada, uma menina encontrava-se pendurada a mesma, prestes a cair prédio abaixo. Imediatamente ela levantou-se, seu corpo todo parecia dessa vez mais sólido, mais real do que em qualquer outro momento e o pânico, estranhamente, aconchegou-se a boca de seu estomago, deixando-a enjoada e trêmula. Sentiu-se então ser tomada pelo desespero, ela tinha que ajudar aquela menina, ela tinha que fazer alguma coisa para salva-lá, não podia deixá-la cair, se ela caísse, ela morreria, ela...



Tudo escureceu: O céu, a cidade, o prédio, a janela, tudo, um breu absoluto prevaleceu, o vento sinistramente aquietou-se e o silencio predominou.



E a menina, desapareceu.



 



  Foi tudo muito rápido, Lia nem saberia explicar como tudo aconteceu se alguém lhe perguntasse, ela só sabia que o instinto fora o que a ajudara a fazer o que fizera, e era o mesmo instinto que a permitia continuar fazendo aquilo.



Tudo muito rápido, Lilian subiu sobre a janela e levantou-se se apoiando as laterais da mesma, Lia sabia que ela não poderia fazer aquilo, o medo de altura jamais a permitiria chegar a tanto, por isso ela sabia por que Lilian nem sequer indagara sobre quem subiria a janela e rapidamente escalou a mesma, se esticando ao máximo para pegar a mochila de Patsy em seguida, elas sabiam que não tinham tempo a perder, porque primeiro de tudo, na sala onde estava a janela na qual Lilian se pendurava, havia varias mulheres loucas, estranhas e muito histéricas, que pareciam ficar cada minuto mais insanas enquanto os três marotos, incluindo surpreendentemente, um Remo só de cueca, tentavam distraí-las num esforço engraçado de parecerem dançarinos de algum clube das mulheres; segundo, eles sabiam que os pais de Patsy poderiam chegar ou acordar, ou sabe-se lá Deus o que, a qualquer momento e pegarem Patsy debruçada sobre a janela e uma Lilian esticada em baixo tentando pegar suas coisas, o que logo, os fariam resumir tudo a uma coisa bem simples e lógica, claro; e terceiro, quanto mais rápido pegassem as coisas de Patsy, mais rápido tirariam Patsy daquele apartamento que se tornara uma prisão, injustamente, a amiga, e poderiam ter o casal de melhores amigos seguros e em paz, o que não incluía que estivessem depois a salvo de qualquer conseqüência do que estavam prestes a fazer, mas ninguém queria pensar nisso naquele momento e nem depois, é claro, quando as conseqüências chegassem, certamente, tendo os amigos que Remo e Patsy tinham, se acharia um jeito de simplificar tudo.



Por isso, Lia não censurou Lilian ao ver a ruiva se esticar, ficando na ponta dos pés sobre a janela, enquanto Sirius e os marotos, tentavam arrumar um jeito de tirar aquelas loucas da sala, Lia apenas segurou nas pernas da amiga, tentando segura-la.



Foi tudo muito rápido, Lia tinha certeza disso. Num segundo, Lilian esticara-se, em outro segundo, Lilian esticara os pés, ficando na ponta dos mesmos, outro segundo do ponteiro se passara e Lilian segurava a mochila, essa foi a ultima coisa que Lia viu, antes de acontecer.



Tudo muito rápido, porque as coisas eram assim tão rápidas? Porque em situações como aquelas o ponteiro não se arrastava, como ele costumava fazer quando os momentos de tédio predominavam? Porque tudo não se passava em câmera lenta como nos filmes?



Tudo muito rápido, muito rápido, um segundo, um segundo fora tudo que ela tivera pra fazer o que tinha feito. Muito rápido, um segundo, e nem perguntem como ela conseguira fazer aquilo, ela não saberia explicar, ela nem sabia sequer como fizera aquilo. Muito rápido, um segundo, um instinto, era o que fazia Lilian permanecer viva.



  


Aquele tinha sido um dia daqueles, daqueles que Thiago ansiava por acabar logo, mas parecia que não acabaria nunca, já tinha acontecido de tudo naquele dia, o que mais aconteceria? Ele não queria nem sequer pensar nisso, ele não queria nem sequer pensar em mais nada, ele só queria que saíssem dali logo, ele só queria ter Lilian ao seu lado, sã e salva, e longe, o mais longe possível daquele apartamento, daquele prédio, daquele lugar.



Isso era o que ele desejava internamente, mas até seu desejo se realizar, era melhor nem pensar no que poderia acontecer até lá.



Na verdade Thiago não tinha mais nada a pensar, desde o segundo em que descera daquela mesinha de centro, desde o segundo em que vira Lilian pendurada a janela, tudo e todo o resto, e qualquer outra coisa, que não fosse Lilian, perdera completamente o sentido e importância pra ele.



Ele não saberia dizer nem como tudo aconteceu, nem como chegara a janela, nem como as mulheres aglomeradas a sala não o vira ou se sequer ouviram o grito desesperado que saíra de seus lábios quando ele viu os dedinhos de Lilian escorregando da janela, ela perdendo o equilíbrio e seu corpo caindo, os cabelos vermelhos voando com o vento da noite e o rosto assustado de Lilian se perdendo na escuridão.



Ele não sabia como, mas quando Thiago viu-se colado a janela, temendo como jamais temera alguma coisa na vida, olhar a mesma, ele surpreendeu-se com a cena que se estendia diante de seus olhos: Lilian encontrava-se pendurada a janela, sendo segura pelas mãos de Lia que tentava, com as duas mãos segurando o braço de Lilian, trazê-la para dentro do apartamento. Sem esperar um milésimo de segundo, Thiago num pulo ligeiro subiu a janela, sentando-se a mesma e segurando o braço de Lilian com uma mão, enquanto a outra mão deslizava pelo corpo de Lilian, segurando-o e ajudando Lia a trazer a ruiva para dentro do apartamento.



— Lilly, Lilly fala comigo. – Thiago mal percebeu quando Remo se aproximou, ajudando Lia a segurar a ruiva, deixando com o que o maroto levasse as mãos ao rosto de Lilian, para constatar que a ruiva encontrava-se inconsciente. – Ela desmaiou.



Lia e Remo se entreolharam no momento em que Sirius se aproximava rapidamente, passando a mão pelos cabelos e falando apressado.



— Pontas, a gente precisa tirar a Lilly rápido daí e descer a Pat, aquelas mulheres não vão demorar muito. – disse Sirius apressadamente, sem poder ver que Patsy no andar de cima, já completamente assustada por ver Lilian pendurada e desmaiada à janela, se apavorava ainda mais com as palavras dele. – Pontas eu te ajudo, Lia ajuda o Remo a descer a Pat.



— O QUE? – Patsy encarou Remo da janela de cima com os olhos arregalados. – Eu não vou descer por aqui, Remo, eu não vou descer, ah meu Deus, olha a Lilly, eu não...



O desespero na voz de Patsy fez Lia soltar a mão de Lilian, quando Sirius a segurou e aproximar-se mais do outro canto da enorme janela, para olhar em direção a amiga.



— Pat, a gente não tem mais tempo, você consegue, o Remo te segura, por favor, tem umas dez mulheres aqui, se não sair agora, você não vai conseguir sair daí depois.



Remo, que ajudava Thiago a puxar Lilian com cuidado pra dentro do apartamento, desviou os olhos rapidamente pra Patsy pra ver que os olhos da namorada agora se encontravam cheios de lagrimas.



Thiago entendia o terror que Patsy provavelmente estava passando, o medo de acontecer com ela o mesmo que acontecera com Lilian, e talvez ela não ter a mesma sorte de ser pega a tempo, a deixava apavorada, mas eles não tinham muito tempo, e apesar de querer também dar um apoio moral, Thiago não poderia, sua atenção era voltada a tirar Lilian dali, por isso, depois de conseguir segurar Lilian, com a ajuda de Sirius, ele terminou de puxar a ruiva, que rapidamente fora colocada, desfalecida, ao chão do apartamento, fazendo Thiago rapidamente se prostrar ao lado da ruiva, acariciando o rosto dela e percebendo que sua respiração se tornava mais fraca.



— Almofadinhas ajuda eles, eu vou tirar a Lilly daqui.



Thiago abaixou-se, pegando Lilian no colo e saiu rapidamente em direção a porta, agora eles não poderiam perder nem um segundo sequer, e Remo percebendo isso, rapidamente subiu a janela para ajudar a namorada.



— Pat, por favor, amor, você não vai cair, eu prometo, eu te seguro. Vem!



Mas Patsy parecia mais receosa do que nunca, o medo a dominava e a imagem de Lilian pendurada à janela, quase caindo, a perturbava ainda mais, impedindo-a totalmente de mover-se.



Percebendo que seria mais fácil convencer Patsy se ele se mostrasse também pronto para segura-la, Sirius rapidamente subiu a janela e agachou-se ao lado de Remo.



— Vem Pat, eu ajudo a te segurar, não tem erro. Olha só, faz o que eu disser ok?



Patsy olhou pra Sirius e em seguida pra Remo, se ela quisesse realmente sair dali, teria que ser daquele jeito, não tinha outra escolha, por isso, engolindo em seco, Patsy acenou levemente com a cabeça, antes de Sirius continuar.



— Sobe com cuidado na janela e senta.



Sentindo todo seu corpo tremendo, Patsy apoiou as duas mãos a janela, antes de erguer uma perna e apoiar o joelho na mesma, impulsionando seu corpo e subindo sobre a janela, onde ela segurou-se rapidamente temerosa e sentou-se, girando o corpo e colocando as pernas pra fora.



— Agora vira o corpo de lado um pouquinho e segura com as duas mãos na janela e vai deslizando os pés pela parede e tentando girar o corpo pra você ficar de frente pra parede.



Lia que observava tudo atentamente ao lado da janela, observava a frieza e cuidado com que Sirius ajudava Patsy, ao mesmo tempo em que ela olhava atentamente o restante do apartamento, para poder alertá-los a qualquer mínimo sinal das mulheres ensandecidas.



Patsy sentia todo o seu corpo trêmulo, seu coração batia tão forte no peito que chegava a doer, enquanto ela tentava esquecer-se da altura em que estava e do que acontecera a amiga, minutos atrás, ela tinha que descer, tinha que ser uma garota forte e corajosa, ela precisava ser assim agora mais do que em qualquer outro momento da vida, por isso, ela fez exatamente o que Sirius lhe dissera, inclinando o corpo para o lado e tentando gira-lo aos poucos, ela segurou-se firmemente a janela e virou-se de frente pra janela, tateando os pés na parede. Quando Patsy tentou apoiar os pés em alguma coisa na parede, ela sentiu duas mãos a segurando pelas pernas, mas não se atreveu a olhar.



— Agora vai descendo o corpo devagar, soltando as mãos ate solta-las que a gente segura você aqui.



Percebendo agora que estava mais segura, pois Remo já a segurava pelas pernas, Patsy fez o que Sirius disse, foi descendo o corpo, conforme Remo ia a puxando pra baixo, enquanto sua mão deslizava da borda da janela, quase se soltando.



Quando os dedos de Patsy estavam prestes a se soltar, duas coisas inesperadas, de repente, aconteceram.



 


— Sirius. – a voz de Lia se fez presente, e Sirius sentindo a urgência na voz da loira, virou o rosto rapidamente, as mulheres pareciam estar voltando.



— Andem logo com isso. – foi tudo o que Sirius conseguiu dizer, antes de pular da janela e sair correndo em direção ao que ele pensava ser a cozinha, de onde o barulho indicava que elas estavam voltando.



Lia não parou para observar o que Sirius faria ou não, ela rapidamente colou-se a janela, pronta a ajudar Remo, mas as coisas pareciam que não estavam querendo conspirar a favor deles no momento.



— Meus pais. – Foi o que Remo e Lia conseguiram ouvir, antes de sentirem a adrenalina e o desespero tomando conta, de um lado, Sirius tinha umas dez mulheres ou mais para impedir de irem a sala, e no andar de cima, os pais de Patsy chegavam e eles tinham que descê-la o mais rápido possível, antes que eles os vissem.



Com o desespero correndo voraz nas veias, Remo envolveu as mãos em volta das pernas de Patsy e sibilou rapidamente “solta” antes de sentir o peso da namorada vir sobre seu corpo enquanto as mãos de Lia, envolvendo seu corpo, os puxava pra dentro do apartamento.



Num baque surdo, Remo sentiu-se tombando pra dentro do apartamento, enquanto seu corpo caia sobre Lia e Patsy, que se agarrara aos seus cabelos, caia sobre eles, fazendo-o sentir uma dor imensa nos cabelos e no corpo.



Sentindo o corpo de Lia sendo comprimido abaixo do seu, Remo rapidamente rolou para o lado, levantando-se em seguida e ajudando Patsy a se levantar.



― Valeu, Lia. Você ta bem? – A loira que massageava as costas sorriu, acenando positivamente enquanto seus olhos azuis seguiam em direção a porta ao fundo do apartamento onde Sirius provavelmente estaria.



— Remo, a gente precisa tirar o Sirius de lá.



— Deixa comigo. Vão.



Lia assentiu com a cabeça, segurando rapidamente Patsy pela mão, ela segurou a mochila jogada ao canto da sala e correu em direção a porta, saindo no hall de entrada, onde ao canto, Thiago encontrava-se com Lilian deitada ao chão, ainda inconsciente.



 


Sirius achou que já tinha passado por tudo em sua vida, mas nunca imaginou que um dia de jogo pudesse render tantas coisas inesperadas como aquele dia, parecia que o dia não acabaria nunca.



Quando Sirius correu em direção a cozinha, na tentativa de impedir as mulheres de voltarem a sala, ele pensou que conseguiria sair de lá o mais rápido possível pra que pudessem sair daquele pesadelo de uma vez por todas, mas aquilo parecia que não ia acontecer do jeito que ele pensara.



Quando ele adentrou a cozinha, duas mulheres, bem equipadas com alguns dos objetos que ele pedira, e que ele nem sequer se lembrava mais o que era, terminavam de detonar a cozinha que já se encontrava praticamente destruída.



Quando uma das mulheres se virou, e viu Sirius parado a porta, os olhos dela brilharam intensamente, fazendo-a esquecer-se completamente do que quer que ela procurava, e caminhar em direção a Sirius, despertando então a outra mulher que vasculhava o armário, e fazendo-a também voltar-se para Sirius, que engoliu em seco e sorriu amarelo.



— Você não vai achar ruim se não tivermos encontrado tudo né. – Disse uma das mulheres, a que se aproximava mais, e Sirius mais uma vez sorriu amarelo, percebendo que a mulher soltava os outros objetos da mão, deixando-os cair ao chão e se aproximava ainda mais dele.



— Er... na-não, c-claro que não. – Sirius sentiu a mão da mulher tocando seu peitoral e as unhas dela arranhando-o em seguida enquanto ela traçava um caminho ate a barriga do maroto, o olhando com um olhar de desejo, como se fosse um cachorrinho faminto vendo um suculento pedaço de bife.



Sirius reparou que a outra mulher também se aproximava, no instante em que a mulher o empurrou contra a parede e passou a deslizar os lábios pelo pescoço de Sirius o arrepiando inteiro. Estaria completamente perdido se as outras mulheres chegassem e vissem aquelas duas o atacando, não sobraria pedacinho algum de Sirius Black se as dez quisessem tirar uma lasquinha dele, com tal pensamento ele sentiu vontade de rir, mas não o fez, pois a mão da mulher que deslizara por sua barriga apertava sua calça, com muito mais força do que deveria.



Era tudo muito legal, muito excitante e tudo mais, mas ele precisava sair dali rápido se quisesse continuar vivo. Rindo amarelo, Sirius segurou a mulher pelo braço e a afastou de si, tentando não deixar nem que a segunda mulher se aproximasse também.



—P-por que vocês não esperam as outras chegarem? Eu vou lá na sala deixar tudo arrumado pra vocês.



— Ah porque a pressa? – A mulher, agora sendo afastada mais de Sirius, tentou  novamente arranhá-lo com as unhas e Sirius sorriu amarelo.



— É que eu... Eu... Eu tenho que... – Droga, como ele ia sair dessa? Mas antes que Sirius dissesse mais alguma coisa ou conseguisse pensar numa boa desculpa que o livrasse, a salvação apareceu à porta e o encarou com os olhos surpresos e levemente risonhos.



— Vocês não se importam se eu roubar ele de vocês né? – As duas mulheres pareceram querer fuzilar Remo com os olhos, que adentrou a cozinha e segurou Sirius pelo braço, fazendo-o soltar a mulher e o arrastando em direção a porta, enquanto arrumava uma boa desculpa pra saírem dali o quanto antes.



— É que mais amiguinhos meus chegaram, e estamos preparando uma surpresa pra vocês na sala. – Remo sorriu marotamente, enquanto Sirius se esquivava da mão de Remo, e ia saindo sorrateiro pela porta da cozinha.



— Surpresa? – os olhos das mulheres brilharam, enquanto mais duas chegavam e viam Remo e Sirius sorrindo marotamente na porta, antes de mandarem um beijo e saírem rapidamente.



— Já voltamos, gostosas.



E os dois sumiram pela porta da cozinha deixando as duas mulheres com mais água na boca, enquanto as duas que chegavam se entreolhavam risonhas.



— Olha, a Alice se superou, nunca imaginei que essa aula de sedução fosse ser tão boa. – Disse uma das mulheres e as quatro riram como hienas.



— Que gostosos né? Acho que vou contratá-los pra serem meus garotos de programa. – As três mulheres olharam pra mulher que estava a frente de todas e depois se entreolharam, com os olhos brilhando, aquela noite, tinha sido a melhor noite das mulheres da vida delas, sem sombra de duvidas. E mais uma vez, elas riram como hienas que toda socialite sabia ser.



 


Thiago adentrou o pequeno hall e caminhou apressadamente, com Lilian inconsciente em seus braços, ate o canto mais próximo.



Teria que, de qualquer jeito, esperar os outros para poderem sair dali, e com Lilian inconsciente, ele não tinha outra escolha, senão esperar.



Quando Thiago se abaixou ao canto do pequeno hall, preparando-se para deitar Lilian ao chão, ele percebeu que a ruiva em seus braços remexeu-se levemente, enquanto abria lentamente os olhos.



Sem querer deitá-la completamente sozinha ao piso gelado, Thiago sentou-se antes de depositar o corpo de Lilian ao chão, ainda segurando-a, permitindo que o tronco de Lilian ficasse em seu colo, enquanto ele mantinha a cabeça da ruiva apoiada em seu braço.



Era como se ela tivesse bebido mais do que o costume e estivesse acordando de um pesadelo estranho, foi como Lilian se sentiu quando abriu os olhos e viu aqueles lindos olhos castanho-esverdeados a sua frente. Talvez fosse porque ele, mesmo que inconscientemente, habitasse todos os seus sonhos, que ela tinha a sensação, sempre que acordava, de que aqueles olhos estavam a sua frente. Por isso, ela piscou levemente, forçando-se a esquecer aqueles olhos e voltar a realidade, o sonho já havia acabado, por isso era melhor esquecê-lo e acordar de vez. Estranhamente, Lilian viu-se ainda encarando aqueles olhos castanho-esverdeados, que como um anjo, iluminou seus pensamentos e a fez recordar-se, agora com mais clareza, do sonho estranho que tivera: era um anjo e estava sobrevoando São Paulo, ou não, não se lembrava de estar voando, mas se lembrava das luzes da cidade abaixo dela, e então ela viu um prédio e uma garota se debatia pendurada a janela, que loucura, ela não era um anjo, não voava, não havia jeito algum de ver a cidade de cima e como uma garota ficaria pendurada a janela de um prédio?



Ela sentiu seu peito encher-se de ar, enquanto respirava fundo, os olhos castanho-esverdeados parecerem se aproximar mais, e havia uma preocupação alem do normal naquelas pupilas que pareciam refletir a imagem de Lilian.



— Lilly você ta bem?



A voz levemente rouca do menino a fez piscar algumas vezes e franzir a testa, enquanto estranhamente diante da palavra “bem”, ela sentiu alguma parte do seu corpo latejando, talvez tivesse se debatido durante o pesadelo, mas estranho, o sonho não tinha sido tão perturbador assim.



— O que...? – Ela parou. Sua mente se enchia de imagens confusas, Remo de cueca, o peitoral de Thiago, Patsy à janela, o vento contra seu rosto.



Thiago tinha certeza que se Lilian não parecesse, e estivesse, completamente bem, ele acabaria deixando todos pra trás e a levaria correndo ao hospital mais próximo, mesmo que fosse com ela em seus braços e sozinho, com certeza ele agüentaria carregá-la até o hospital, deveria haver um hospital ali próximo, ele se lembrava de haver um na Avenida Nove de Julho, então ele a levaria para lá, sairia com ela em seus braços, pegaria um taxi a esquina, onde havia um ponto de taxi e a levaria ao hospital Nove de Julho, mas Thiago não conseguiu terminar seus pensamentos e planos de salvar a ruiva, quando ela remexeu-se, forçando-se a se levantar.



— Não, Lilly! É melhor você ficar deitada.



— Por que...? – mais uma vez ela não terminou, dessa vez não fora porque ela havia parado a frase, sentindo-se confusa, mas porque naquele momento, Lia e Patsy aproximavam-se correndo.



— O Remo foi ajudar o Sirius. – Lia apressou-se a esclarecer diante do olhar indagador de Thiago, antes de abaixar-se ao lado de Lilian. – Como ela ta?



— Eu to bem. – Lilian respondeu prontamente, no lugar do maroto, apoiando a mão ao piso gelado e forçando-se a sentar-se no mesmo.



— Lilly você não... – Thiago tentou adverte-la, mas a ruiva fora mais rápida e sentou-se ao chão, levando a mão a testa e olhando a sua volta.



Agora tudo parecia estar voltando a sua mente, sua casa, Thiago invadindo e a pedindo em namoro, eles indo salvar Patsy pela janela, claro, agora ela se lembrava, havia se pendurado a janela para pegar a mochila da amiga. Rapidamente Lilian desviou os olhos pra mochila jogada ao chão próximo a ela e depois pra Patsy.



— Como...?  - Indagou a ruiva apressadamente, antes de Thiago, respirando fundo, dizer apenas.



— Você não vai querer saber.



 
                                                                                          ***

Se contassem a alguém o que haviam feito horas atrás, ninguém acreditaria, provavelmente ririam muito de toda a cena que eles narrariam e de toda a loucura que pareceria tudo aquilo, mas só eles sabiam tudo o que tinham passado e agradeciam aos céus por finalmente aquela loucura toda ter acabado.



Assim como horas atrás eles estavam super encrencados, há horas atrás também estavam em São Paulo, onde agora eles não mais estavam. Entrando num acordo de que os pais de Patsy a encontrariam rápido demais se continuassem por lá, eles partiram, com a ajuda de Hagrid em direção a casa de praia de Thiago, e como os pais do maroto estavam viajando, os pais da garota não teriam como encontrá-los, não ate pelo menos, eles conseguirem um jeito de resolver todo aquele problema. Enquanto isso, eles descansavam na casa de praia de Thiago, tentando esquecer tudo que tinha acontecido e pensar apenas nos próximos dias ensolarados que teriam a frente.



Depois de chegarem e tomarem um banho para relaxar, as meninas tiveram a idéia de fazerem macarrão para o jantar, já que estavam todos famintos e ninguém queria provar a comida de Hagrid, que como cozinheiro era um excelente amigo.



Com os marotos falando que iriam ser os ajudantes, foram todos a cozinha, onde a maioria se sentou à mesa, já que não era preciso tanta gente para fazer um macarrão.



Lilian que logo apressou-se a abrir os armários atrás de uma panela grande, sentiu uma mão acariciando levemente sua cintura enquanto Thiago a abraçava devagar por trás.



— Não, não, ruivinha, depois do susto que você deu na gente, acho melhor a senhorita ficar sentadinha.



— E quem vai fazer o macarrão? – indagou a ruiva, girando o corpo e ficando de frente pro maroto, sentia agora seu coração batendo mais forte no peito ao ver-se, novamente, tão próxima dele, daqueles olhos castanho-esverdeados e daquele sorriso perfeito, que dessa vez não sorria marotamente como sempre, mas um sorriso carinhoso, que fez tudo dentro dela derreter-se.



— Advinha só. – Thiago passou a mão pelos cabelos e Lilian riu, sendo acompanhada de Remo e Sirius.



— Já que vi se não morrermos intoxicados, vamos passar fome.



Todos riram diante do comentário da ruiva, que riu mais ainda diante da careta do maroto a sua frente.



— Muito engraçadinha, ruivinha. Agora senta lá. – Thiago, ainda segurando a cintura da ruiva, a virou, empurrando-a devagar em direção a mesa, antes de soltar a cintura dela e voltar ate o armário.



— Pontas, cadê as bebidas de verdade dessa casa? – Disse Sirius, que se encontrava mais dentro da geladeira do que fora, antes de pegar algumas garrafinhas de Smirnoff e colocá-las sobre a mesa.



— Você não pensa em outra coisa alem de beber, não? – Lia sentada próxima a Remo, que tinha Patsy ao seu colo, sentiu as mãos levemente geladas do garoto deslizarem por seus ombros e descerem tentadoramente por seus braços, antes de sentir os lábios do garoto rente ao seu ouvido.



— Penso. – A voz rouca e safada de Sirius sugeria que ele exibia aquele sorriso mais maroto do que nunca nos lábios, mas Lia girando os olhos nas orbitas, não pareceu se impressionar muito com isso, dando um tapa na mão do maroto e fazendo-o solta-lá em seguida, enquanto balançava a cabeça negativamente.



Os amigos à volta riram do maroto que, fazendo uma careta, apressou-se ao chamado de Thiago.



— Esquece as pingas e vem me ajudar, Almofadinhas.



— Ai Deus, Sirius e Thiago cozinhando? Será que a cozinha vai estar em pé ate o fim da noite?



Todos riram e Thiago, que estava com o saquinho de macarrão na mão, pegou vários parafusinhos de macarrão, jogando-os na direção de Lilian, mas acertando todos na mesa, que riram mais ainda.



As meninas, que disseram que apenas assistiriam o estrago e que no fim dariam uma nota pros meninos, assistiam a tudo, sentadas a mesa, tomando Smirnoff e conversando, enquanto riam ora ou outra dos marotos que certamente estavam fazendo mais sujeira do que o necessário para cozinhar um macarrão.



Remo que fora ajudar os marotos, parecia ser o único que sabia o que fazia, por isso ele dava instruções aos marotos, enquanto Thiago fatiava um tomate sobre uma taboa de carne e Remo, ligando o fogo, ia acrescentando o tempero e o molho ao óleo já quente da panela.



Sirius que dissera que já tinha feito muito por ferver o macarrão...



— Você só olhou o macarrão fervendo enquanto eu pegava o escorredor, ô folgadão.



Apressara-se Thiago a dizer quando o maroto dissera tal coisa, agora jogava leite condensado e chocolate numa panelinha, dizendo que ele faria a sobremesa.



— Ou a causa da nossa morte.



Dissera Thiago, antes de quase ser acertado na cabeça por uma lata vazia de leite condensado que voara em sua direção, “misteriosamente”.



Com isso, entre risos e muita garrafinhas de Smirnoff, depois de mais de uma hora...



— Eu já achei que o jantar ia virar almoço. – Brincara Lia.



Thiago serviu à mesa o macarrão que ele dera o nome de “Spaguett Potter”, que ninguém quis comentar, mas parecia ter mais molho do que macarrão.



— Vamos fazer um brinde. – As, até então contadas, seis garrafinhas de Smirnoff que Lilian tomara esperando o macarrão dos meninos, parecia ter feito mais efeito do que ela imaginava, quando ela levantou-se a mesa, erguendo a, provável sétima, garrafinha no ar.



Todos rapidamente pegaram suas garrafinhas e as levantaram.



— A vida.



— A liberdade.



— Ao amor.



— Aos marotos.



Todos riram de Sirius e então, se entreolhando, os três marotos e as três meninas, sentindo o coração batendo mais forte e quente no peito, eles disseram em uníssono.



— A amizade.



  


As estrelas que brilhavam intensamente no céu pareciam refletir às águas do mar que se balançavam calmamente levando, ora ou outra, pequenas ondas espumantes a beira da praia, o som relaxante das ondas do mar era capaz de entorpecer qualquer pessoa que parasse para observar aquela imensidão escurecida pela noite.



A varanda, de frente para a praia, estava cheia de garrafinhas de Smirnoff e copos, alguns vazios e outros não, enquanto seis jovens, sentados em volta do que parecia ser uma garrafa deitada, riam animadamente.



— Gente, esse brigadeiro ta um porrete. – Mais risadas ecoaram pela noite, quando Lia, com uma colher a mão, tentava pegar um pouco de brigadeiro, feito por Sirius, de um prato.



— Esse brigadeiro ta parecendo rapadura.



Todos gargalharam ainda mais quando Lilian ao comentário de Patsy emendou.



— Gente que isso, o jantar foi um espetáculo: Muuuuuito molho ao macarrão grudento e rapadura de chocolate.



— Poxa ruivinha assim você magoa. – Thiago, fingidamente, forçou um beicinho, que causou mais risos ainda.



— Vai Almofadinhas, sua vez. – Disse Remo, que estava sentado à roda ao lado de Patsy, a qual ele mantinha a mão carinhosamente na perna da namorada.



— Não vai girar esse negocio pra mim de novo, seu almofadinha de gato. – Todos gargalharam, enquanto Sirius, rindo, erguia as mãos no ar, fingindo inocência.



Lilian, agora não parecia, ela estava realmente bêbada e tanta bebida alcoólica a fizera ficar como os marotos, incluindo Thiago, nunca haviam visto: Espalhafatosamente engraçada.



A cada palavra que diziam, ao menor gesto, ou não, que fizessem, lá estava Lilian rindo, era como se o mundo todo fosse engraçado aos olhos dela e a fizessem rir.



Mas Lilian não era a única bêbada da historia, Lia e Patsy, incrivelmente, também pareciam ter bebido mais do que o costume, e acompanhavam Lilian em cada riso ou gracinha que houvesse.



— Eu nem fiz nada, ruivinha. – Pegando sua garrafa de Smirnoff, Sirius tomou um gole e então girou a garrafa deitada ao meio da roda, que ao parar fez um gritinho histérico ecooar pela noite, seguido de mais risos.



— Viu! Eu disse que ele ia rodar essa coisa pra mim. – todos gargalharam e Lilian tentou, em vão, passar por cima da roda para bater em Sirius, fazendo-a quase tombar de lado em cima de Patsy e Remo, que riram com o jeito desengonçado de Lilian.



— Verdade ou desafio? – O sorriso, não maroto, mas perverso, perpassou pelos lábios de Sirius e Lilian riu, levando as duas mãos ao rosto.



— Eu não quero pedir desafio. – Disse Lilian, que parecia temerosa com o que viria a seguir.



— Ih ruivinha, você perdeu a verdade na rodada passada. – Disse Thiago, rindo-se em seguida da careta que Lilian fazia, por entre os dedos.



— Desafio ou desafio, ruivinha. – Disse Sirius, com a voz levemente medonha, fazendo Lilian dizer “não” entre as mãos que tampavam seu rosto, causando mais risos ainda.



— Eu te desafio... – Continuou Sirius, falando o mais vagarosamente possível, fazendo Lilian rir e tirar a mão do rosto, para encarar o maroto do outro lado da roda.



— Anda logo. – Disse a ruiva agora levemente impaciente, antes de Patsy dizer entre risos animados.



— Faz ela dançar na boquinha da garrafa. – Patsy fingiu rebolar, mesmo sentada ao chão, causando risos quase exagerados.



— UI Pat. – Disseram as meninas em uníssono, gargalhando em seguida, antes de Lilian se empolgar.



 — Vai Pat, solta ça’porra. – Os meninos se entreolharam, antes de gargalharem, enquanto Lilian num pulo se levantava, puxando Patsy pela mão e começando a dançar o funk enquanto ela cantava, ou tentava cantar alguma coisa parecida com o funk.



— Solta ça’porra, pan, pan, solta ça’porra, pan, pan, solta ça’porra. – A cena era hilária, com as mãos no joelho e rebolando, Patsy e Lilian, uma ao lado da outra dançavam cambaleantes a musica que os meninos tinham certeza que não era nenhum pouco parecida com aquilo, mas ninguém se importava, o importante era que estavam se divertindo muito e que as meninas estavam dando um show.



Empolgados com a animação das meninas, Sirius e Remo se levantaram e foram dançar com elas, o que era a coisa mais engraçada que elas já viram na vida, Remo tentando imitar a namorada colocava a mão na cintura e tentava rebolar, fazendo as meninas gargalharem, enquanto Lia apoiava as mãos no chão, rindo de se acabar ao ver Sirius com as mãos no joelhos tentando rebolar, sem perceber que Thiago, sorrateiramente se levantara e parara atrás de Sirius fingindo dar uns tapinhas na bunda do maroto, que ao ver, levou o dedo a boca, fazendo fingida cara de menininha sapeca gostando de apanhar e risos histéricos impregnaram a noite.



Então Thiago gargalhando voltou ao seu lugar, puxando Lilian, que ainda balançava-se toda, consigo, enquanto Remo rindo puxava Patsy pela cintura e a beijava intensamente, causando vários “hmmmmm”.
— Ui Reminho, ai que delicia. – Zuou Sirius agarrando Remo por trás enquanto Remo ainda beijava Patsy, que não conseguindo continuar o beijo, interrompeu-o rindo, enquanto Patsy gargalhava e saia correndo em seguida atrás de Sirius, gritando.



— Larga meu Remo seu tarado.



Foi entre muitos risos que finalmente todos voltaram a roda, lembrando-se, para infelicidade de Lilian, que ainda tinha o desafio dela.



— Ruivinha, eu te desafio... tchan, tchan, tchan, tchan... – Sirius brincou fazendo uma musica super mal feita de suspense, que causou mais ridos ainda e fez Lilian jogar uma garrafinha de Smirnoff na direção de Sirius, que desviou-se, rindo, antes de continuar. – Eu te desafio a dar um beijo no Pontas.



Vários gritinhos histéricos se misturaram ao grito de Lilian, seguidos de mais risos histéricos, fazendo os três marotos rirem.



Espalhafatosamente, Lilian tentou erguer o corpo, tentando apoiar a mão no chão, para ficar de joelhos, mas quando Lilian foi apoiar-se, sua mão pousou sobre um dos copos e afundou-se sobre ele, enquanto ela pressionava-o com a mão, erguendo-se em seguida.



O barulho de vidro se quebrando fez todo mundo olhar assustado pra Lilian, que rapidamente abaixou os olhos e viu sua mão sobre o copo quebrado, por um segundo Lilian olhou os estilhaços do copo, assustada, e quando Thiago, ao lado da ruiva, pensou em segurar a mão de Lilian para ver se havia algum corte, Lilian, surpreendentemente gargalhou, tirando a mão, intacta, dos cacos e levando-a a nuca de Thiago para em seguida puxá-lo para um beijo intenso.



Thiago não teve tempo de nada, num segundo, ele via-se preocupado com Lilian, no outro, ele sentia a mão delicada da garota deslizando em sua nuca e os lábios deliciosos dela nos seus, beijando-o intensamente, de um jeito que ela jamais o beijara antes. Não pensando em mais nada, Thiago ergueu o corpo, segurando-a pela cintura e puxando-a mais pra si, enquanto ele a beijava intensamente, sentindo todo o sangue em suas veias fervendo de maneira voraz, o desejo impregnando cada célula de seu corpo com tamanha intensidade, que Thiago viu-se segurando fortemente a blusa de Lilian, desejando rasgá-la pra que a livrasse daquela peça indesejável o mais rapidamente possível.



— Ae o quarto é lá em cima viu. - A voz, risonha, de Sirius se fez presente e todos riram, despertando Thiago, que ofegante, se afastou de Lilian, que gargalhando ainda mais, deixou o corpo voltar pra trás, enquanto ela caia sentada.



— Cuidado com o copo, Lilly. – E mais risos ecoaram pela noite.



— Vai Lilly – Disse Lia, antes de Lilian rodar a garrafa e ver a mesma parar apontando para sua melhor amiga.



— Ah agora eu vou me vingar de você. – A ruiva disse apontando pra Sirius, do outro lado da roda, que fez cara de medo. – Lia, eu te desafio a beijar o Sirius.



— E cadê o verdade ou desafio? – Indagou Lia e todos gargalharam, rindo ainda mais quando Sirius rapidamente, depois de dizer “demorô” ergueu-se, puxando Lia pela cintura, que bateu no peitoral do menino, desviando o rosto dos lábios que tentavam beijar-lhe a ‘força’.



— Lilly você tem que mandar ele fazer algo grotesco e não eu. – Apressou-se Lia, enquanto Lilian gargalhava, e todos riam juntos.



— Ah é mesmo, eu esqueci, Sirius eu te desafio a beijar o Thiago.



Todos gargalharam ainda mais e Sirius fazendo cara de nojo, junto com Thiago, causaram mais risos ainda.



— Que isso, ruiva, ta louca.



— Ele beija bem. – Disse inocentemente, Lilian e todos gargalharam ainda mais, enquanto em seguida um som de “hmmmm” ecoava pela noite estrelada, deixando Lilian mais vermelha do que a pinga já fora capaz.



— Ae posso cumprir o desafio agora? – Disse Sirius, enlaçando mais a cintura de Lia e a puxando mais pra perto dele, que revirando os olhos, risonha, sentiu os lábios de Sirius selando-se aos seus.



O maroto, arteiramente, deslizou a mão da cintura da loira pela lateral da coxa dela, apertando levemente, enquanto a beijava intensamente, sentindo os dedos da loira grudando em seus cabelos e fazendo o desejo percorrer mais intensamente por seu corpo.



Aproveitando o embalo da conversa, Thiago aproximou-se mais de Lilian, sorrindo marotamente à ruiva.



— Então eu beijo bem, é?



Thiago deslizou a mão pelo rosto da ruiva, acariciando-o levemente, enquanto ela ria, assentindo com a cabeça levemente, antes dos lábios de Thiago grudarem-se aos seus, beijando-a intensamente.



 


                                                                                           ***



 



O dia amanheceu ensolarado, os raios de sol penetravam pelas vidraças da janela iluminando os rostos sonolentos, que acordaram aquela manhã com muito mais preguiça e ressaca que qualquer outro dia na vida, principalmente as três garotas.



Quando eles desceram para o café da manhã, a praia em frente à casa de Thiago já estava completamente lotada, pelo vidro fumê da sala que dava para a varanda onde a noite passada eles quebraram copos e fizeram a ‘festa’, dava pra ver os enormes guarda-sóis e varias pessoas torrando ao sol, tomando suas cervejinhas e aproveitando o mar, com isso, as meninas se empolgaram a aproveitarem o dia na praia.



Thiago sugeriu que ficassem num dos quiosques ali perto de sua casa, com isso, eles se sentaram a uma das mesas postas à areia da praia, onde um enorme guarda-sol cobria parte das cadeiras, dando a eles um pouco de sombra fresca.



O sol, torrante de acordo com Thiago, estava ótimo para as meninas pegarem um bronze, por isso elas logo estenderam as esteiras na areia quente, onde elas deitaram de bruços para pegarem um bronzeado e Sirius não perdeu a chance de dar seu melhor sorriso safado enquanto observava Lilian e Lia tomando sol de bruços na praia.



 ― Isso que é paisagem, heim Pontas. – Vendo Sirius de braços cruzados olhando o bumbum dela e de Lilian, Lia pegou um chinelo próximo de onde ela estava deitada e jogou em cima do maroto.



― Seu tarado, pervertido. – Exclamaram as meninas, enquanto o maroto, rindo, desviava-se da chinelada, correndo até alcançar o mar, onde ele entrou correndo e logo mergulhou, sumindo de vista.



Thiago rindo acompanhou o amigo, adentrando ao mar e mergulhando sob uma onda alta que vinha arrebentar próxima a beira da praia, as meninas deitadas tomando sol, riram enquanto passavam a folhear algumas revistas e conversarem animadamente.



― Esses marotos não tomam jeito mesmo. – Disse Lilian risonha, fazendo Remo, sentado a uma cadeira com a namorada no colo, próximo as meninas, logo acrescentar.



― Esses marotos, virgula, porque eu já tomei jeito, né Pat? – As meninas riram e riram ainda mais quando Patsy respondeu.



― Depois que me contaram que você dançou só de cueca pra um monte de mulheres, não sei não heim.



Remo sorriu enquanto seu rosto se avermelhava, causando mais risos e fazendo Patsy, risonha, dar um beijinho no rosto envergonhado do namorado.



O dia passou tranquilamente, Sirius e Thiago pra variar deram mais trabalho que o habitual as meninas, jogando água em cima delas sempre que voltavam do mar, fazendo-as protestarem, enquanto eles riam e sentavam a sombra do guarda-sol tomando uma cervejinha ou algumas caipirinhas.



― Que tal irmos pra casa e fazermos um almoço, to ficando faminto, esses pastéis não tão resolvendo mais nada. – Disse Thiago depois de terminar de abocanhar o ultimo pastel sobre a mesa.



― Fazermos? Nem sonha em chegar perto do fogão hoje de novo, eu preciso de comida de verdade. – Disse Lilian que cansara de ficar estatelada ao sol e agora se sentava numa das cadeiras abaixo do guarda-sol, tomando um gole de água de coco em seguida.



Thiago fez uma careta que Lilian fingiu não ver e que causou mais risos.



― Se quiserem eu faço o almoço. – Patsy se levantou, sendo em seguida puxada por Remo pela cintura, rindo animadamente enquanto seu corpo caia sentado ao colo do namorado que enchia seu rosto de beijos, fazendo-a gargalhar.



― Que prendada essa minha namorada, vou me casar com a mulher certa. – Disse Remo entre beijos, causando risos e leves caretas de Sirius e Thiago.



― É, já era um maroto. – E todos gargalharam com o comentário de Sirius.



Famintos, logo os meninos pagaram a conta do Quiosque enquanto as meninas guardavam tudo e seguiram para a casa de Thiago, onde os meninos foram mandados direto pro banho para não sujarem a casa com areia, enquanto as meninas preparam o almoço.



― Hmmm, o cheirinho esta maravilhoso. – Quando Thiago desceu do banho a mesa de jantar estava toda preparada, com os pratos postos a mesa, os copos e alguns refrigerantes. Sirius e Remo jogavam um jogo de corrida no Playstation da sala e as meninas terminavam de preparar o almoço. Parando encostado ao batente da porta da cozinha, o maroto ficou observando, sorridente, as meninas que conversavam animadamente indo de um lado ao outro da cozinha, cada uma ocupada com alguma coisa.



― Caramba, era só um almoçinho básico, não precisava de tudo isso ai. – Espantando-se com a presença inesperada do maroto, Lilian assustou-se fazendo a tigela em sua mão pular com o susto e quase se espatifar ao chão, fazendo Thiago rapidamente correr e segurar a tigela a tempo, enquanto Lilian permanecia estática com a mão posta à boca, abafando o grito do susto.



― Cuidado, ruivinha. – Disse o maroto, piscando à ruiva e colocando a tigela de volta a pia.



― Caramba ,você me assustou. Não pode chegar quietinho assim quando estamos na cozinha.



― Quando a Lilly ta na cozinha, né. – Disse Lia, causando risos e fazendo a ruiva mostrar a língua pra amiga.



― Ah nem vem que eu não sou um desastre na cozinha não.



As meninas riram e Thiago piscou pra ruiva novamente, antes de seguir em direção a sala, desviando-se de um pano de prato que voara em sua direção.



― Tenho certeza que você é ótima, ruivinha.



― Ae o almoço já ta pronto, Pontas? – Sirius sem desviar os olhos da TV, viu a silhueta de Thiago desabando no sofá ao lado dele, enquanto o cheiro maravilhoso fazia seu estomago revirar-se de fome.



― Pronto esfomeados, o almoço esta servido. – O rosto corado da ruiva apontou pela porta da sala de jantar, próxima da cozinha, fazendo Thiago rir consigo mesmo, antes de levantar e desligar a TV causando protestos dos garotos.



― Porra Pontas quando eu ia ganhar a corrida.



― Ia ganhar nada, Almofadinhas, eu tava ultrapassando você bem na curva final. – Os meninos adentraram a sala de jantar e pararam estupefatos.



― Ae Pontas, isso que é comida de verdade. – E todos gargalharam.



Uma deliciosa lasanha de frango estava em uma das tigelas sobre a mesa, acompanhada de uma tigela de arroz branco, camarão ao molho e salada de maionese.



― Caramba se todo almoço for assim, eu quero morar com vocês.  – Disse Sirius causando mais risos.



 
                                                                                           ***



 



 O cheiro do mar trazido pelo vento fraco da noite despertava uma sensação de liberdade, os pés caminhando pela areia macia da praia afundavam-se nos saltos, causando risos leves, desprentenciosos, que aqueciam corações. Mal podiam se lembrar que há vinte e quatro horas atrás cometiam as maiores loucuras de suas vidas, loucuras que agora eram apenas loucuras, o pior já tinha passado e por mais que conseqüências de seus atos pudessem surgir, eles não estavam preocupados com aquilo no momento, no exato momento em que pisavam as areias macias e observavam a praia escurecida, as ondas do mar beijando a beira da praia lentamente, eles só pensavam em uma coisa: Se divertirem.



O barzinho estava cheio, uma musica dançante podia ser ouvida de longe e eles sentiram-se sendo tomados por aquele ritmo assim que seus pés deixaram as areias e começaram a subir as escadinhas de madeira que levava até o barzinho a beira da praia. Era um barzinho típico da cidade, mas difícil de se encontrar em cidades como São Paulo, estava longe de ser uma danceteria, e não havia mesa alguma, o bar era repleto de pessoas que dançavam e rodopiavam ao som da musica que uma banda tocava ao vivo e o balcão ao fundo onde serviam as bebidas havia algumas pessoas matando a sede antes de voltarem a pista de dança, os poucos que não se aventuravam ficavam aos cantos onde tentavam conversar ou paquerar e namorar mais tranquilamente.



 



O sol brilhou na vermelha do centro
altas ondas estão pra chegar



 



Lilian sentia-se invadida por aquele ritmo que parecia impregnar em sua alma e fazê-la remexer-se levemente no ritmo da musica sem sequer saber como se dançava aquilo. Risonha ela sentiu a mão de Thiago segurando a sua e a puxando pro meio da pista de dança, a fazendo protestar em vão e rir ainda mais quando o maroto envolveu sua cintura a puxando pra si e tentando ensiná-la, com o próprio corpo, como se dançava.



― Thiago eu não sei dançar isso. – Tentou Lilian risonha, mas o maroto apenas riu, girando com Lilian e a fazendo rodopiar em seus braços, enquanto ela gargalhava.



― Vai Lilly, não é difícil, é só deixar eu te guiar.



― Mas você vai ter que fazer isso. – Lilian riu e Thiago não pôde deixar de rir junto. O jeito de Lilian o deixava fascinado e aquele sorriso o encantava. Sentindo estranhamente mais feliz, Thiago deslizou a mãos da cintura de Lilian até encontrar uma das mãos dela, a qual ele segurou e aproximou-a do peito, trazendo o corpo de Lilian mais pra perto de si, enquanto no ritmo, ele guiava o corpo dela no som suave do forró universitário que soava pelo barzinho. Podia sentir o corpo de Lilian colado ao seu, as suas pernas entre as pernas de Lilian encaixando os corpos deles e a respiração quente de Lilian próxima de seu rosto, enquanto o perfume dela o invadia completamente o fazendo embriagar-se.



Podia se lembrar claramente de que há pouco mais de vinte e quatro horas atrás ele havia a pedido em namoro, ele sabia que tinha sido a coisa mais impulsiva que fizera na vida e ele, Thiago Potter, nunca havia sido tão impulsivo assim, até então, mas por mais impulsivamente que tivesse sido o pedido de namoro, ele sabia que não havia sido da boca pra fora.



Lilian o fazia se sentir como jamais se sentira na vida, era estranho como ele sentia-se bem ao lado dela, como ele não queria apenas beijá-la quando estava com ela, apesar de claro, ele querer, mas Lilian era divertida, inteligente, e ele tinha vontade de passar horas ao lado dela, sem se importar com mais nada, apenas em estar ao lado dela. E com nenhuma outra garota jamais fora assim, as outras eram apenas, as outras. As garotas com quem ele apenas ficava depois de encher a cara numa balada, garotas que ele não tinha o interesse em saber do que gostavam, do que tinham medo ou se gostavam dele mesmo. Nenhuma garota tinha feito Thiago sentir-se encantado só de sentir o cheiro dela, só de sentir a presença dela, só de ouvir a voz dela, o som do riso, a risada, as broncas, de ver o jeito dela, as covinhas, as sardas leve do rosto, dos braços, as pintinhas pelo corpo, a pele branca e macia, o toque e seus dedos a tocar a pele dela, o sorriso sem jeito, o olhar terno, os lábios vermelhos, a língua roçando os lábios nas vezes em que ela os umedecia, a sobrancelha levemente erguida quando ela duvidava de algo, a mão delicada, as unhas bem feitas e ate a pequena cicatriz no dedo, que ele muito gostaria de saber como ela obteve; Thiago se encantava com cada pequena coisinha que viesse de Lilian, que fosse de Lilian, que tivesse Lilian, e pra isso, não devia haver explicações, ele não queria isso, ele apenas queria a ter por perto, só isso, nada mais, e nada que complicasse algo que era tão simples e lindo.



Despertando-se de seus devaneios, ele viu-se desperto pelo riso fraco de Lilian ecoando próximo de seu ouvido e o fazendo arrepiar-se levemente. Tentando não demonstrar seus sentimentos, Thiago afastou o corpo do dela, ainda segurando em sua mão, a qual ele estendeu a frente, fazendo o corpo de Lilian afastar-se do seu, girando-a em seguida, enlaçando-a segundos depois e a fazendo rir, quando ele a trouxe novamente pra perto de seu corpo, voltando a dançar animadamente.



― Uau. – Lilian sussurrou próximo do ouvido de Thiago, risonha. – Eu não sabia que você dançava tanto.



Thiago riu, sem graça, afastando levemente o rosto para poder admirar aquelas covinhas lindas que ela tinha quando sorria.



Lilian sentia-se estranhamente flutuando nos braços de Thiago, quando o viu risonho, piscar um dos olhos pra ela, antes de vê-lo aproximando os lábios dos seus, os quais foram desviados pouco antes de tocá-los, tocando então suavemente o canto dos lábios de Lilian, antes de ouvi-lo sussurrar baixinho, a fazendo sentir um frio perpassando por todo seu corpo.



― Você ainda não viu nada ruivinha.



 
Pepeu já prepara um grande luau,
um grande luau
a noite de forró vai ser muito astral



 
Patsy mal podia acreditar que estava livre, que tinha feito a coisa mais louca de sua vida ao fugir pela janela do apartamento e depois ter passado uma noite incrível com seus amigos e um dia maravilhoso com eles. Parecia tudo aquilo um sonho, um sonho ou algo muito irreal, mas que incrivelmente a estava fazendo mais feliz do que havia sido nos últimos dias, por isso ela não queria mais pensar neles, não queria pensar em seus pais, em seu pai que devia estar furioso com ela, e muito menos nos problemas que poderia ter depois pelo que havia feito, ela só queria aproveitar cada minuto, cada segundo com Remo, o máximo que pudesse, porque era ele o motivo de sentir-se tão feliz nas ultimas vinte e quatro horas.



O barzinho era o mais interessante que ela já vira desde que fora a praia com os meninos, e como diriam, era a cara do lugar. As escadinhas de madeira que vinha da praia eram acompanhadas com pequenas tochas de fogo e ela sentia um cheiro delicioso, que mais parecia uma mistura de cheiro do mar e algum incenso, que a deixava com uma sensação maravilhosa de paz e liberdade, o que a fez esquecer-se imediatamente de qualquer problema que tinha ou tivera na vida.



Assim que adentraram o ambiente, Patsy sentiu-se sendo envolvida pela energia que emanava do lugar, e era uma sensação muito boa, muito leve e alegre, que a fazia querer dançar até esquecer quem ela era, com essa sensação ela riu, apertando a mão à de Remo e o arrastando em direção a pista de dança.



Remo deixou-se levar pela namorada, rindo enquanto ela o arrastava, podia admitir que lhe agradava muito aquele ritmo, mas dançar aquilo, já não era com ele, Sirius e Thiago tinham mais o jeito, talvez porque em todas as  vezes em que foram pra lá, sempre dançavam, xavecando as meninas e ficavam muito mais fácil assim do que em baladas normais, o que não era o jeito de Remo de “pegar” as meninas, obviamente, então entrando na onda de Patsy, Remo tentou desajeitadamente dançar com a namorada, que envolveu as mãos envolta de seu pescoço, sorrindo lindamente.



― Esse lugar é legal, né? – Ele abraçou a cintura de Patsy dançando o forró mais desajeitado que alguém já vira na vida, mas Patsy não parecia se importar com isso.



― É, mas... – Patsy abaixou os olhos, erguendo-os segundos depois e encostando a testa a de Remo, antes de continuar. – Depois de tudo que passamos, eu queria ficar com você num lugar mais tranqüilo.



― Quer ir pra praia? – Disse Remo desviando os olhos da namorada para a porta que tinham acabado de entrar, e sentiu então as mãos de Patsy soltando-se de seu pescoço, para em seguida, uma delas segurar-lhe a mão.



― Vem! – Patsy seguiu, puxando Remo pela mão em direção as escadinhas que davam pra praia, quando seus saltos afundaram-se na areia, a garota soltou a mão de Remo, agachando-se e tirando as sandálias rapidamente, deixando seus pés sentirem a macia areia da praia, agora não mais tão quente como estivera durante o dia.



Vendo a namorada, agora com as sandálias a mão, Remo sorriu, segurando a mão delicada da garota e caminhando com ela pela praia, enquanto o som das ondas quebrando-se calmamente os entorpeciam, fazendo-os se entreolharem e sorrirem fracamente.



― É tão bom estar com você e saber que você ta bem e não presa naquele.... – Remo não terminou, vendo Patsy parar, ele também parou, vendo seu rosto agora levemente escurecido pela noite, sendo iluminado pelas estrelas acima deles.



― Remo eu to com medo. E se meu pai nos encontrar? E se ele me afastar de você? Eu não quero ficar sem você, Remo.



Um segundo depois das palavras serem ditas, Patsy sentiu seu corpo sendo envolvido pelos braços de Remo, que a abraçou, sentindo seus braços envolvendo-a e o corpo quente de Patsy colando-se ao seu e sentiu-se sendo preenchido de sentimentos que ele sequer conseguia entender, a vontade que Remo tinha era de parar o tempo e ficar daquele jeito com ela pra sempre, ou de pegar o primeiro avião e ir pra bem longe, pra algum lugar onde jamais poderiam encontrá-los, onde ele pudesse ter Patsy consigo pra sempre e em segurança.



Sentindo os braços de Remo a envolvendo e um nó preso dentro do peito, Patsy ergueu o rosto para observar Remo, fechando os olhos em seguida e deixando seus lábios tocarem o queixo dele, suavemente.



― Eu te amo, Remo! – Remo fechou os olhos, sentindo os lábios de Patsy tocando seu queixo e então ele deslizou uma das mãos até o rosto macio, acariciando-o de leve, enquanto o barulho das ondas do mar o fazia viajar para um lugar onde só existia ele e Patsy, e nada mais.



― Eu também te amo, Pat. Te amo demais. E não vou deixar ninguém separar você de mim, não importa o que eu tenha que fazer.



Patsy deslizou os lábios pelo queixo de Remo até tocar-lhe os lábios, então sussurrou baixinho.



― Remo eu... – Ela parou e sentiu a brisa do mar tocando seu rosto antes de sentir os lábios de Remo beijando devagar seus lábios, fazendo-a soltar as sandálias e o abraçar sentindo um calor percorrendo todo seu corpo e um frio fora do normal se instalar na boca do estomago.



As mãos de Remo deslizaram pela cintura de Patsy, tornando o espaço entre seus corpos ainda menor, mais do que isso, tornando quase os dois corpos em um só, enquanto Patsy deslizava a mão pelos cabelos de Remo, deixando-os afundar-se por entre os fios, no mesmo instante em que sentia sua respiração ficando mais ofegante e o beijo a cada segundo mais intenso e ansiando para tornar-se ainda mais. Patsy sentia-se quase sem ar quando os lábios de Remo afastaram-se dos seus, permitindo que não apenas o ar voltasse aos seus pulmões como o vento da noite invadisse o espaço entre seus rostos, que se olharam por segundos, até Remo tocar o rosto de Patsy carinhosamente, antes de dizer.



― O que você acha da gente ir pra casa do Thiago?



 

A magia de Ubatuba
Dentro de um tubo chamado Itamambuca
Vejo você sorrindo pra mim
Gatinha dengosa, muito gostosa dizendo que sim



  

Lia estava completamente radiante aquela noite, podia sentir isso, podia sentir sua áurea iluminando todos a sua volta e isso fazia todos olharem pra ela quando ela passava. Os cabelos louros dançando pelas costas, a sandália rasteira escorregando pelo chão liso do barzinho ao ritmo da musica, a saia curta e rodada rodopiando com o corpo e a musica, enquanto ela caminhava por entre os casais que dançavam animadamente.



A musica era pulsante, mas um pulsante diferente que a capital de São Paulo normalmente estava acostumada, era aquele ritmo que a fazia sentir o cheiro do mar e até as ondas tocando sua pele, que a fazia fechar os olhos e deixar-se ser levada pela musica, mas que jamais poderia ser dançada sozinha, por isso ela esperava que alguém a convidasse para tal dança, o que obviamente não demoraria, havia muito mais que um pretendente, e não apenas ela parecia saber disso, um par de olhos azuis acinzentados, encostado ao bar com um copo de pinga com mel a mão observava a loira atentamente de longe, sabendo que muito em breve um outro faria o que ele ali, morria internamente, para fazer. Virando o copo pra mais da metade, Sirius respirou fundo, desviando os olhos pra pista de dança e procurando outra que o pudesse distrair, se ele continuasse com aquela loira nos pensamentos em breve enlouqueceria.



Colocando o copo com mais força do que deveria sobre o balcão do bar, Sirius saiu caminhando por entre a multidão que dançava sem se importar com nada mais, e ele também precisava daquilo, dançar com alguma garota muito linda e se perder no som da musica enquanto o corpo da garota roçava em seu corpo o levando ao paraíso que era aquela cidade. Com tal pensamento Sirius sorriu marotamente, parando e observando uma garota morena linda encostada a parede, seria ela, a que o faria esquecer qualquer cabelo louro que existisse pelo mundo.



Sem pensar em nada, Sirius caminhou até a garota, com aquele sorriso maroto nos lábios e a viu sorrir pra ele, pronto, ele sabia que não precisaria de nada mais, já tinha a sua primeira distração, mas antes que ele alcançasse a morena, seus olhos se desviaram e Sirius parou, sentindo uma onde de raiva percorrendo todo seu corpo: Ela rodopiava, nos braços de outro cara, pela pista, as mãos dele apertavam-se contra a cintura dela, o rosto dela estava próximo de outro pescoço e era outro que sentia o perfume dos fios de ouro o impregnando. Seus pés se moveram, mas para outro caminho, em segundos, sem que Sirius pudesse explicar como, ele a puxava dos braços do cara, trazendo-a para si e levando a mão ao rosto dela, fazendo-a encará-lo, antes dele dizer.



― Já disse que você ta me deixando maluco?



 

Amigo Pepeu acenda a fogueira
 Chegou a viola forrozeira
Eu sou da Bahia de são Salvador
Ubatuba terra que só cheira amor



 

O corpo dela balançava no ritmo agora mais lento da musica, seus quadris serpenteavam na palma da mão dele que a segurava, mantendo o corpo junto ao seu, nas pontas dos pés ela deixava parte do sapato de salto arrastar-se pelo chão liso e talvez com um pouco de areia trazida da praia, afinal arrastar os pés tornava a dança mais fácil. A mão quente dele segurava a dela próxima ao peitoral forte e ela podia sentir o rosto macio dele colado ao seu, enquanto seus olhos, fechados, a fazia devanear-se no momento, esquecendo-se completamente do resto do mundo.



O corpo quente dele a fazia sentir-se segura e ao mesmo tempo mais quente que o normal, nunca se sentira assim, nunca se sentira tão entregue a alguém numa simples dança, e nunca se sentira tão segura com alguém. Era incrível como ele a fazia amá-lo tanto quando pouco mais de um dia atrás ela o odiara enquanto lagrimas rolaram por seu rosto por causa daquele corpo e daquele rosto colado ao seu. Deus quando ela teria certeza de que não era apenas mais uma pra ele?



Lilian sentiu o rosto de Thiago deslizar pelo seu afastando-se para encará-la e ela sorriu sem jeito como se ele pudesse ter ouvido seus pensamentos.



― Viu só pra quem não sabia dançar. – Lilian sorriu, desviando os olhos dele para tentar olhar os próprios corpos deles dançando, observando o jeito do maroto dançando, fazendo-a rir. Ele era lindo até dançando forró e com tal pensamento ela sentiu seu rosto esquentando mais do que normal, o que ela percebeu que Thiago também notara.



Ele segurou o queixo de Lilian com as pontas dos dedos e sorriu, vendo o sorriso sem jeito dela ao encará-lo.



― Você é linda, sabia? – Lilian riu, sentindo o rosto esquentando novamente enquanto abaixava os olhos, tentando não encarar aqueles olhos castanho-esverdeados.



― Para vai, eu fico sem jeito. – Lilian riu novamente e Thiago sorriu observando o sorriso lindo e o riso dela ecoando em seus ouvidos, levando com aquele som uma chama que o aquecia por dentro mais que qualquer bebida.



― E fica mais linda ainda sem graça. – Disse Thiago sentindo a mãozinha delicada de Lilian batendo em seu braço sem força, o que o fez rir mais ainda.



― Potter. – Disse a ruiva numa tentativa em vão de adverti-lo, mas sua voz risonha não ajudou muito, o fazendo rir do jeitinho sem graça da ruiva.



― Lilly, Lilly. – Disse Thiago acariciando o rosto da ruiva carinhosamente, a fazendo sorrir sem jeito, deixando-a quase da cor dos cabelos.



― Potter... – Começou Lilian, mas não pôde terminar, o dedão de Thiago pousou em seu lábio a silenciando antes de deslizá-lo pelo lábio dela vagarosamente, fazendo-a entreabrir os lábios de leve enquanto seu corpo todo parecia entrar em choque, esquecendo-se completamente da dança, antes de ouvir a voz baixa de Thiago dizer a ela.



― Ah ruivinha, eu gosto de você muito mais do que deveria.



 



  



*N/A:
O que direi desse cap? Hmm Bom, eu adorei o começo, sei lá, com um climinha de suspense, quase até faço uma cena de terror lá kkkkkk o que foi bem legal
E devo dizer que eu mesma, quando fui editar esse capitulo, ri demais com a cena dos meninos cozinhando e o jogo da verdade ou desafio, sério gente, foi a primeira vez que eu mesma ri com a minha fic, quando fui editar, eu ri demais da Lilly bêbada, e até desafiando o Sirius a beijar o Thiago.
Mas como boa perfeccionista, me sinto meio incomodada com o final, mas bom, relevem, eu precisava terminar o capitulo, mas também queria escrever as próximas coisas que vão ser super legais, mas como não podia escrever nesse, terminei meio que mais ou menos
desculpem eu podia ter terminado melhor \z mas a ansia de postar logo pra vocês, tambem fala mais alto
mas prometo que no próximo capitulo eu me esforço o dobro para o capitulo ser super legal e terminar super demais, o que eu tenho certeza que vai :x
Ah, e eu disse que não ia demorar pra postar e demorei né \z
Desculpem, eu não pretendia demorar, eu já tinha mais da metade do capitulo pronto quando postei o outro e pensei que terminaria logo, mas daí tive que me mudar, mudança definitiva, e daí lá se foi mais de uma semana com limpa casa, monta, arruma, e só tive tempo de terminar esse capitulo ontem .-.
Mas terminei e vou tentar não demorar tanto dessa vez ( que Merlin ajude)
Bom é isso, to falando demais já.
Agradecimentos devidos no próximo capitulo se der, porque esse já ta grandinho né.
E ah, Chris Malfoy, eu não sei dizer se o carinha da capa é o Théo Becker, porque a capa foi a Nina D. que fez, mas quando der eu pergunto pra ela ta amore.
Ahh, mais uma coisinha, antes de me ir, a musica do final do capitulo, pra quem não conhece é um forrozinho paulista chamado “vermelhinha do centro”, musica da qual eu adoro, porque já morei nessa cidade que é meu paraíso particular *-*

Enfim, agora sim, vou indo
Espero que gostem do capitulo e até o próximo
Beijos
Lanah Black

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Comentários (4)

  • Chrys Malfoy

    O cap ficou perfoo demaaaaaais !!  *--*

    2011-06-14
  • vitorialarissa

    Cap maravilhoso amr. Mt lindãoo!!! Ri pra caralho aqui. ( Sorry pelo palavrão)  Quase morri quando vi a atualização... rsrsrs. Bjs atualiza logo viu?!

    2011-06-12
  • Sah Espósito

    Uhullllll............... Lana parabéns pelo capitulo!!! Escreveu muitoo beemmm   e espero que nao demore ta   =]

    2011-06-11
  • Julii.Weasley

    LILY NÃO MORREU!NEM VOCÊ LANAH! IUPIII!!!!!!!!!!!!!! Eu faço um comentário de verdade quando chegar em casa. AMEI  esse cap bjssssssssssss

    2011-06-11
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