Um dia perfeito



(Ps. A musica abaixo faz parte de um trecho da Fic. Caso não queira ouvi-la Clique no Player abaixo.)









                                                                  *Capitulo Nove: Um dia perfeito*


                             “São as pequenas coisas que valem mais. É tão bom estarmos juntos. Tão simples: um dia perfeito.”


 


  ― Afinal de contas, onde é que estamos indo?


O dia já tinha amanhecido fazia algumas horas, o sol já brilhava intensamente no céu de um azul excepcionalmente lindo, enquanto um carro preto parava a beira da estrada.


As portas do carro se abriram e uma paisagem linda surgiu à frente deles.


― Uau!


As meninas estavam paradas a beira da estrada vislumbrando uma paisagem que se estendia a frente. Abaixo do céu maravilhosamente azul, se encontrava o mar, cujo parecia refletir o azul luminoso acima dele, uma montanha verde se seguia ao fundo e não parecia agora estar tão longe quanto as outras mais. Uma vastidão de barcos enfeitavam o azul ondulante do mar, dando um toque a mais de beleza ao lugar, que já tinha sua beleza própria.


Havia barcos de todo o tipo, desde pequenas lanchas a enormes Iates, barcos quase tão grandes quanto um navio e algumas Escunas maravilhosas. As meninas, sem exceção, observavam a paisagem, extasiadas por tal beleza.


― A enseada. – Disse uma voz ao seu lado e Lilian desviou os olhos da paisagem para ver um maroto de cabelos bagunçados, olhando-a pelo canto dos olhos.


Lilian desviou os olhos imediatamente, voltando-os para a paisagem a frente, e intencionalmente ignorando-o.


― É pra lá que vamos, Hagrid?


― Ah, sim, sim, mas não é lá que vão ficar, não é mesmo.


Lilian virou-se a tempo de ver o homem piscar aos meninos, que sorriram marotamente.


― Aonde vamos então? – Patsy indagou em voz alta o que Lilian se perguntava naquele momento.


― Ah vocês verão. Vocês verão. De volta ao carro. Vamos.


Eles voltaram ao carro para ver Hagrid dirigi-lo por nada menos que cinco minutos antes de encostar e ver que estavam agora muito próximos do cais que os levariam aos barcos.


Empolgadas, as meninas pegaram, cada uma sua mochila, onde havia varias que elas nem sabiam pra que tantas, e deram alguns passos decididos em direção ao cais.


― Ah não. Não vamos pra lá.


As meninas pararam e se viraram pra ver os meninos parados próximos ao carro, ainda com aquele sorriso maroto no rosto.


― Não... Não vamos pra lá? – Lia apontou para os barcos ao longe franzindo a testa confusa.


Lilian tirou a mochila das costas, colocou-a no chão a sua frente e cruzou os braços.


― Ok então. Não vou a lugar algum enquanto não disserem onde exatamente estamos indo.


Os meninos se entreolharam, se perguntando se deveriam ou não dizer alguma coisa.


― Não temos escolha, não é?


Os meninos concordaram com Remo e Thiago abrindo seu maior sorriso maroto encarou a ruiva, que desviou o olhar propositalmente.


― Estão vendo aquela montanha ali?


Thiago apontou para a montanha mais próxima. Agora que reparavam melhor, ela não parecia mais tão longe, se caminhassem alguns minutos, cinco no máximo, estariam rente a montanha cujas arvores inicialmente não pareciam tão enormes quanto as que se encontravam no topo da mesma.


― É pra lá que vamos!


Sirius sorriu largamente, e as meninas repararam, até Remo parecia sorrir daquele jeito maroto. Não é a toa que ele é um maroto, não é mesmo?


Para a montanha?! – Exclamaram as três garotas, levemente confusas e assustadas.


― Bela piada.


As meninas riram e viram Sirius se aproximando. O maroto passou a mão em volta dos ombros de Lia a virando, fazendo-a olhar a montanha agora a sua frente.


― E ai loirinha não ta a fim de ir pro matinho?


Sirius riu brincalhão, e Lia riu, revirando os olhos e tentando não encarar o maroto, que a viu desviar o olhar do seu, meio sem jeito. Era impressão dele ou ela havia corado? Será que ela se lembrava da noite anterior?


Sirius! Estamos falando sério.


― Também estamos falando sério, Lilly!


― O que vamos fazer na montanha?


A ruiva encarou Sirius, fingindo não ver Thiago e aquilo estava começando de verdade a incomodá-lo. Ele não parecia ser o único que notara a atitude da ruiva.


Desconcertado, olhando de Lilian pra Thiago, Sirius deu de ombros.


― Trilha, oras.


― Trilha?! – Exclamaram as meninas ao mesmo tempo.


― Ah meu Deus, é perigoso!


― Tudo isso pra chegarmos à praia?


― Mas como vamos ficar lá o dia todo?


― Vamos dormir lá?


― E como eu vou tomar banho?


― Ah não, é muito perigoso, Hagrid devia ir com a gente.


― Você vai, não vai Hagrid?


As meninas cessaram as perguntas e fitaram o enorme homem que deu um sorrisinho bondoso dando uma palmadinha nas costas de Lilian que sentiu seus joelhos dobrando e quase caindo de joelhos no chão.


― Ah eu não, não. Não posso ir, meninas, sinto muito, mas a vizinha sabe, pediu pra ajuda - lá a cuidar de uns bichinhos que ela tem. Realmente raros sabe, umas gracinhas.


As meninas se entreolharam e iniciaram uma nova onde de intermináveis perguntas e motivos pelos quais aquilo poderia ser perigoso até finalmente os meninos convencerem-nas e eles começarem a subir o morro em direção ao norte.


Teriam que atravessar a montanha para então começarem a descida e chegarem às praias. Segundo os meninos aquelas trilhas eram muito usadas, principalmente em fins de semanas e por grupos de pessoas que preferiam esses tipos de diversão, a ficar torrando no sol a beira da praia. Quando os meninos comentaram isso, Lilian pensou honestamente que preferiria estar torrando no sol, mas preferiu guardar essa informação pra si mesma.


― Ainda falta muito?


A subida era sem duvida a parte mais difícil, estavam quase no meio da subida quando Lilian sentiu seus pés escorregarem em um monte de pequenas pedras de areia e se desequilibrar. Levando as mãos ao chão, Lilian tentou se segurar nos matos e ramos de arvores para recuperar o equilíbrio e poder voltar à subida novamente, quando uma mão se estendeu em sua direção e ela ergueu os olhos pra ver Thiago parado a sua frente, com a mão estendida pra que Lilian segurasse. Ela sentiu o peito se encher de raiva e segurou numa raiz com força, erguendo seu corpo e arrumando a mochila nas costas, vendo Thiago ainda de pé a sua frente, ainda com a mão estendida.


― Não preciso da sua ajuda.


Ela desviou do menino e continuou andando firmemente adiante, subindo o morro, dessa vez tentando pisar onde tinha mais grama do que na trilha de terra.


― Mau jeito, Pontas. – Sirius que vinha atrás deles passou por Thiago dando um tapinha no ombro do amigo enquanto Thiago virava-se pra continuar subindo.


― Qual é a dela, vai ficar me ignorando até quando? O fim de semana inteiro?


― Provavelmente.


Thiago não precisou virar-se pra saber que fora Remo quem lhe respondera. Ele vinha logo atrás, subindo o morro ao lado de Patsy a ajudando devido à mão enfaixada da garota.


― Eu só tava tentando ajudar ela e o que ganho em troca? – Ele indicou com a mão a frente onde a ruiva seguia caminhando agora ao lado de Lia, se referindo ao tratamento que vinha recebendo da ruiva.


― Eu acho que ela não viu aquilo como uma ajuda e sim como você atrapalhando os pegas dela.


Sirius riu levando um tapa na cabeça por um, agora mal humorado, Thiago.


― Não teve graça.


― Eu acho que o Sirius tem razão.


Thiago fechou mais a cara e Sirius abafou uma risadinha.


― Ae, se quer saber o que se passa na cabeça da sua amada ruivinha, porque não pergunta pra melhor amiga dela?


Sirius diminuiu os passos pra ficar ao lado de Patsy a abraçando pelos ombros e a garota riu.


― De jeito nenhum. Eu não vou me meter na briga desses dois, senão acaba sobrando pra mim.


Sirius e Remo riram e Thiago assentiu com a cabeça.


― Não dê ouvidos pra esse cachorro não, Pat. E pro seu governo Almofadinhas, a Lilian não é minha amada.


― Claro e eu sou uma pomba gira e vou sair voando morro abaixo.


Todo mundo riu enquanto Thiago dava outro tapa na cabeça de Sirius.


― Se quiser eu te faço voar agora mesmo.


Sirius riu e deu passos apressados a frente quando Thiago fingiu que ia jogá-lo pra fora do morro em direção ao mar abaixo deles.


Eles alcançavam quase o topo da montanha, quando Sirius parou ao lado de Lia a abraçando pelos ombros e olhando a paisagem à frente.


Se haviam achado a paisagem da Enseada bonita, agora eles realmente perdiam o ar com o que viam a frente.


O azul predominava toda a dimensão a frente deles, misturado com o azul do céu e do mar. Pássaros voavam livres pela imensidão do céu, o vento agora parecendo mais livre, mais imponente, faziam os cabelos das meninas esvoaçarem dando uma sensação de liberdade jamais sentida antes, era como se eles realmente pudessem voar. A linha do horizonte ao longe, as montanhas que se destacavam distante, tudo aquilo dava a sensação de estar no topo do mundo observando o quanto todo o resto era pequeno e insignificante. O silencio ali era absolutamente entorpecente dando a eles uma sensação de paz, de calmaria que seria capaz de elevar não apenas seus pensamentos, mas também suas almas ao Ser maior acima deles. . Era como estar próximos de tocar o céu, próximos de Deus.


― Meu Deus! – Ouviram-se em uníssono e eles se entreolharam sorrindo, antes de retomarem a caminhada.


Começaram a descer a montanha e a descida parecia ser bem mais rápida e fácil do que a subida, obviamente.


Quando finalmente passaram pela ultima arvore e viram a trilha de terra se transformar em uma macia e branca areia da praia, eles finalmente suspiraram aliviados, se largando com mochila e tudo a beira da praia e parando para um descanso merecido.


― Deus do Céu, mais umas montanhinhas dessas e eu não preciso mais de academia.


As meninas riram e Sirius abraçou Lia pelos ombros, olhando sugestivamente para o decote da garota antes de dizer.


― Eu acho que você esta perfeitamente gostosa assim, nem precisa de academia.


Os meninos riram, acompanhados, claro, por Sirius que levava um tapa na mão pousada sobre o ombro da menina e gargalhou mais alto.


― Vamos ficar aqui então?


Lilian pegou uma garrafinha de água da sua mochila dando um grande gole antes de jogar a garrafa a Remo, sentado mais próximo dela, que também tomou um gole e passou a garrafinha adiante.


― Eu acho que não é seguro pararmos logo na primeira praia.


― É, a Lia tem razão. É a primeira praia, todo mundo passa por aqui. Melhor procurarmos outra mais a frente.


― Tem muitas praias desse lado da montanha, Remo? – Indagou Patsy após tomar um grande gole de água.


― Bom, pelo que eu vi no mapa, tem algumas praias. Tem duas mais a frente com a maré bem calma e uma delas tem até uma cachoeira.


― Então vamos pra essa, vai ser preciso uma cachoeira de água doce no fim do dia.


As meninas se entreolharam meio confusas.


― Vamos passar o dia aqui?


― Todo?


― Incluindo a noite?


― Bom, esse é o plano. – sorriu marotamente Thiago, vendo os olhares preocupados das meninas.


― Não tem perigo nenhum. Nós já fizemos isso antes.


― É, Pat, não é a primeira vez que acampamos aqui. Não tem perigo.


― Fazemos uma fogueira e já era. Temos barraca. Não tem nada demais.


Sirius tomou um gole da água antes de passar o restinho pra Lia, que tomou um gole e deu de ombros se levantando.


― Bom, então é melhor acharmos essa praia logo antes que outros façam isso antes de nós.


― Mas tem tanta gente assim fazendo trilha? – Ignorando o fato de Lilian o ignorar por completo, Thiago não hesitou em responder.


― Não. Mas nunca se sabe, podem chegar às praias com barcos também né, pra passar o dia.


Concordando que deviam seguir adiante até chegarem a tal praia que Remo havia citado, eles arrumaram as mochilas nas costas e recomeçaram a caminhada, atravessando a praia não muito longa e adentrando em meio às copas das arvores, seguindo por uma nova trilha adiante.


 


 


― Até que enfim!


― Não acredito que finalmente chegamos.


― Caralho Remo você devia ter dito que essa tal prainha era longe pra caralho né.


― Minhas pernas não tão agüentando.


― E minhas costas então, essas mochilas estão pesadas pra burro.


― Mas chegamos, isso que importa.


Eles tiraram a mochila das costas se jogando na areia macia da praia. Alguns deixaram o corpo cair deitado sobre a areia observando o céu azul e os pássaros que voavam felizes como se brincando um com o outro no céu.


Eles tomaram água e então as meninas colocavam as mochilas juntas e procuraram alguma coisa pra comerem enquanto os meninos montavam as barracas.


A praia era sem duvida uma das mais lindas até ali. Não era muito grande, poderiam percorrê-la inteira em poucos minutos, o que todos acharam bom, pois era mais seguro quando se tinha uma visão inteira da pequena praia.


De um lado ficava a montanha de onde eles haviam vindo e do outro lado, onde havia outra montanha, havia uma cachoeira de água doce, que, provavelmente outras pessoas que haviam acampado ali antes deles haviam feito uma espécie de jato de água que vinha da água da cachoeira, improvisada por um bambu rachado ao meio e amarrado com algumas cordas finas. As meninas adoraram aquilo, significava um banho de água doce ao fim do dia, afinal, não era muito higiênico ficarem todos grudentos com o sal da água do mar o dia todo, incluindo a noite.


Quando as três barracas estavam prontas, eles guardaram as mochilas todas em uma delas, fechada por um pequeno cadeado e dividiram dois pacotes de bolacha, sentados a beira do mar observando a paisagem.


― Meu Deus! Estamos no paraíso!


E Lilian tinha razão, pareciam estar no paraíso.


Thiago se levantou pra colocar uma garrafinha, agora vazia, de coca cola próxima a barraca e quando se virou pra voltar onde as meninas estavam sentadas, ele fez um sinal de silencio aos meninos que entenderam na mesma hora, enquanto ele dava passos sorrateiros em direção as meninas.


― Shiu!


De repente gritos assustados espantaram os pássaros que pousavam próximos a eles, fazendo-os voar céu acima, enquanto três garotas caiam sobre a areia macia, gritando, rindo e tentando empurrar três marotos risonhos que haviam pulado em cima delas na tentativa de pregarem-lhe um susto.


― Sabia que ia pegar vocês.


Thiago ria, rolando pro lado, sentindo a areia macia um pouco mais quente por causa da exposição diária ao sol quente.


― Pegar? Duvido que vocês peguem a gente.


Thiago nem tinha reparado que a ruiva havia tirado os tênis All Star e se levantava com ar de marota no rosto e saia correndo, sendo seguida pelas outras duas garotas, também descalças, enquanto ele, Sirius e Remo se levantavam imediatamente e saiam correndo atrás das garotas, iniciando um divertido pega-pega.


Não havia duvida que os meninos possuíam um melhor preparo físico do que as meninas, que tentavam correr deles, mas não conseguiam ir muito longe.


Lilian sentiu as mãos de Thiago envolverem sua cintura por trás e riu, se desviando das mãos dele e correndo sentindo contrario, rindo e olhando pra trás tentando se afastar do garoto.


Thiago já estava sem camisa, o que Lilian já havia notado, e não tinha como não admirar tal beleza, mesmo estando zangada com ele pela briga da noite anterior.


O maroto tinha um tórax perfeito, não exageradamente malhado, mas bem definido, a pele branca levemente bronzeada pelo sol e a barriga praticamente um tanquinho onde, se Lilian lavasse roupa, ela certamente adoraria que fosse naquele tanquinho.


Sirius e Remo também já haviam se desfeito da camisa e não ficavam pra trás, até mesmo Remo, que apesar de não jogar futebol, tinha um belo físico.


― Você não me pega, lá-lá-lá-lá-lá-lá. – Lilian cantarolou risonha pros meninos, antes de sentir seu corpo colidir fortemente com alguém, fazendo a pessoa cair e ela cair por cima.


Patsy caia em cima de Remo, sentindo o corpo quente do maroto em baixo do seu, ele com o rosto corado, mais pelo calor do que por qualquer outra coisa. Patsy olhou-o por segundos admirando o quanto ele era lindo, quando sentiu, alem de Lilian caindo em cima de suas costas, pessoas pulando em cima deles.


Thiago correu e pulou em cima de Lilian, e Sirius que acabara de agarrar Lia a puxou junto caindo em cima dos amigos caídos no chão.


― Sai...!


Lilian disse aos risos. Remo sentia-se quase sufocado de tanto rir e com tantas pessoas em cima deles, prensando cada vez mais Patsy a ele, era impossível não sentir cada curva maravilhosa do corpo da garota sobre si.


Eles gargalharam muito, mais ainda quando Lia escorregou para o lado caindo na areia e Thiago ergueu as costas fazendo Sirius cair, tendo o maroto pulando em cima dele em seguida, tentando agarrar o amigo na brincadeira.


― Olha o peitinho do Almofadinhas, que deliça.


― Ai pontas não faz assim que eu fico todo excitado, meu gostosão.


Todo mundo gargalhou, deixando-se cair na areia, exaustos de tanto rir e de tanto correr.


― Meu Deus, minhas bochechas estão doendo de tanto rir.


Patsy tentava massagear as bochechas, tentando ficar séria, mas aquilo só causou mais risos.


Quando Thiago lançou um olhar maldoso pra Sirius, Lilian olhou-o desconfiada.


― Ah não... Nem pense nisso, Potter... POTTER!


Rindo Thiago, que se levantara num pulo, pegou Lilian no colo e saiu correndo com a ruiva histérica em seus braços, em direção ao mar.


Lia e Patsy também não tiveram sorte ao tentar se esquivarem dos marotos e foram carregadas, também aos risos em direção ao mar.


Lilian não sabia se ria ou se gritava enquanto Thiago adentrava ao mar a carregando no colo, ela sentiu a água levemente gelada do mar batendo em suas pernas, molhando a calça jeans e gritou mais ainda quando Thiago a soltou na água, que já batia aproximadamente na cintura do maroto.


A garota de cabelos castanho-alourados sentiu-se afundar no mar, a água, agora que ela encontrava-se ao fundo, não parecia mais tão gelada, mas maravilhosamente refrescante. Ela voltou à superfície, sentindo as roupas grudadas ao corpo e um pouco mais pesadas que o habitual e riu, passando a mão pelos cabelos molhados e puxando-os pra trás, antes de fazer o que Lilian fazia naquele momento, tentar sair correndo, dentro do mar, atrás dos marotos para afundá-los na água.


Lia pulou em cima de Sirius tentando afundá-lo no mar, mas o maroto desviou-se a deixando cair na água, rindo enquanto jatos de água batiam no seu rosto sendo conseqüência da guerra de água que as meninas faziam contra os marotos.


Lia riu, puxando a blusa pra cima, tirando-a e a rodando no ar, ficando de sutiã. Sirius lançou um olhar de cobiça à loira, que ria.


― Ta olhando o que?


Lia riu jogando a blusa encharcada no rosto de Sirius que pegou a blusinha e amarrou na testa.


Thiago sentiu um frio que nada tinha a ver com a água percorrer sua espinha quando reparou que a ruiva fazia o mesmo que Lia e quando os marotos perceberam, elas jogavam as roupas em cima deles e riam fazendo uma nova guerrinha de água.


Quando Lia rodou a calça jeans no ar, rindo animadamente, Sirius olhou-a assustado.


― Meu Deus, você vai ficar pelada? Obrigado Senhor, eu estou no paraíso.


Todo mundo riu e Lia jogou a calça no rosto de Sirius.


― Deixa de ser bobo, não estou pelada.


Ela tentou pular, tentando mostrar que ainda estava de calcinha e sutiã.


Lilian e Patsy riram, Lia era bem mais louca do que parecia.


― Quem nunca viu calcinha e sutiã?


Nisso ela não estava errada, pensara Lilian, a única diferença entre calcinha e sutiã de um biquíni, tirando aquelas calcinhas que eram mais ousadas, claro, era que eram feitas de pano.


Mas antes que Lilian pudesse concluir seus pensamentos, sentiu-se sendo puxava pelas pernas ao fundo do mar, a fazendo afundar, mas não por muito tempo. Quando subiu a superfície ela viu o riso maroto de Thiago próximo a ela e rindo ela saiu correndo, ou tentando, atrás de Thiago.


―Potter, você me paga!


Thiago risonho saiu correndo em direção a Sirius, que agora carregava as roupas das garotas nas mãos, em direção à beira praia, quando sentiu alguém pulando nas suas costas.


― Almofadinhas, você fica um tesão todo molhadinho.


As meninas riram e Sirius revirou os olhos, tentando se livrar do maroto em suas costas que agora passava a mão no tórax de Sirius, zoando o maroto.


Lia, Lilian, Patsy e Remo vinham atrás dos dois, correndo e brincando com a água.


As meninas chegaram à beira da praia rindo e sentando na areia molhada, enquanto Sirius, já livre de Thiago, jogava as roupas no chão e sentava na mesma, deitando de costas na areia molhada e observando o céu.


― Hey, tive uma idéia!


― Ah não, droga! Eu não queria que chovesse.


Todo mundo riu e Sirius pegando um pouco de areia molhada jogou na direção do maroto que se desviou, rindo.


― Que tal uma partidinha de futebol? Os meninos contra as meninas?


― Ah não, Sirius, não é justo. Já sabemos o resultado desse jogo: Cem pros meninos e zero pras meninas.


Todo mundo riu.


― Como você é pessimista, Pat!


A garota riu do comentário brincalhão de Sirius.


― Ah, mas ela esta certa, vocês são jogadores de futebol, obvio que vão acabar com a gente.


― Ok, então. – Concordou Thiago. - Vamos dividir. Eu, Lilly e Pat contra Sirius, Lia e Remo.


― Ótimo! Um jogador bom de cada lado, contando que o Remo joga tão bem quanto vocês meninas.


No que todos riram, Remo revirou os olhos e Sirius deu uma gargalhada parecida com um latido.


Sirius se levantou correndo e pegou a bola dentro de uma das mochilas na barraca e voltou fazendo embaixadinhas com a bola, enquanto as meninas admiravam e Thiago tacava uma bola de areia molhada na direção do garoto que riu desviando, parando a bola no chão com os pés enquanto as meninas faziam os gols com os tênis jogados na praia.


Eles começaram o jogo com Sirius correndo com a bola em direção ao gol, tentando ser bloqueado por Patsy que numa tentativa frustrada de chutar a bola chutou a areia molhada da beira da praia e riu, enquanto Sirius marcava o primeiro gol.


O jogo continuou animado e mais engraçado à medida que o tempo passava. Todo mundo riu quando Lilian tentou bloquear uma bola de Sirius chutando a canela do garoto com tanta força que ele sentou no chão reclamando de dor, enquanto Lilian se desculpava e todo mundo gargalhava.


Quando Thiago tentando fazer gol chutou a bola tão forte que ela voou longe, batendo numa enorme pedra próxima a uma das cachoeiras, Sirius teve a brilhante idéia, depois de buscar a bola, de brincarem de pular da pedra, que não era tão alta e tinha uma super facilidade de subir em cima dela por uma pequena trilha na montanha.


E todos deixaram a bola de lado correndo em direção à pedra.


Era uma pedra próxima ao mar, ao pularem inicialmente na água do mar, ela batia aproximadamente na altura do pescoço de um dos meninos e eles eram bem mais altos que as meninas.


Remo recomendou a Pat que não era muito bom ela pular, mas ela prometeu tomar cuidado, mantendo a mão machucada próxima do corpo quando pulasse.


Sirius pulou da pedra mais de dez vezes quando subiu mais uma vez, dessa vez numa disputa com Thiago pra ver quem chegava primeiro, Lilian estava parada a beirada para pular e parou pra ver a gracinha dos dois.


Quando os dois se aproximaram da pedra, Sirius escorregou pela pedra de bunda caindo no mar causando risos em todo mundo, mais ainda quando ele saiu do mar massageando a bunda.


― Machucou a bundinha, Almofadinha. Olha suspeito heim.


Todo mundo riu e o maroto reprimiu uma careta mostrando o dedo do meio pra Thiago, que gargalhou ainda mais, sentado em cima da pedra.


― Doeu cara.


Lilian, ainda parada na pedra, momentaneamente, depois da brincadeira de Sirius e Thiago, se esqueceu do por que estava parada a beira da pedra até ser despertada por Thiago.


― Pode pular. Qualquer coisa eu te salvo.


Ele piscou, passando a mão pelos cabelos, brincando e a ruiva revirou os olhos, fechando a cara e virando-se novamente pra ver o mar lá embaixo, se preparando pra pular.


Mas quando Lilian fez impulso pra pular no mar, ela sentiu seus pés escorregarem e deslizou pela pedra completamente de mau jeito, deslizando em direção ao mar.


Thiago num pulo se levantou e estendeu a mão tentando segurar Lilian.


―LILLY!


A garota escorregou e caiu.


Thiago viu o corpo da ruiva, caindo de mau jeito no mar e num impulso, ele pulou no mar afundando e emergindo o mais rápido que pôde, nadando em direção a Lilian que parecia desmaiada flutuando sobre as águas do mar.


Thiago segurou Lilian nos braços, tendo a garota molemente desmaiada, ele nadou desajeitadamente em direção à beira da praia, os amigos que haviam parado a brincadeira assustados, foram tentar ajudar.


Sirius ajudou Thiago a sair do mar, não deixando a maré puxá-lo de volta e rapidamente Thiago alcançou a beira da praia, colocando delicadamente o corpo de Lilian na areia molhada, olhando pra ruiva com ar de desespero no rosto.


― Ah meu Deus!


― Será que ela ta bem?


― Será que ela se afogou?


― A gente precisa fazer alguma coisa?


― E se ela se machucou pra valer?


― E se ela bateu a cabeça.


― Meninas pelo amor de Deus, calma!


Os meninos, próximos também de Thiago e Lilian, se aproximaram das meninas, abraçando-as pelos ombros, elas pareciam bastante assustadas e com lagrimas de preocupação nos olhos.


Thiago delicadamente segurou o rosto de Lilian a chamando baixinho. Não sabia dizer se a ruiva engolira água ou não.


Ele chacoalhou levemente o corpo da ruiva pra ver se o gesto poderia acordá-la, mas a ruiva permaneceu inconsciente no chão da praia.


Thiago sentia seu coração batendo descompassado dentro do peito, uma agonia presa à garganta misturada ao medo, ao desespero de que algo mais grave poderia ter acontecido à ruiva quando seu corpo se chocou com a água.


― Lilian! Lilian, acorde, por favor.


Thiago olhou indeciso pros amigos, como se perguntasse se poderia fazer o que ele pretendia fazer, mas ninguém disse nada, nem fez objeção alguma quando Thiago segurou o rosto da ruiva delicadamente e levou seus lábios até os dela.


Ele já havia selado seus lábios aos lábios maravilhosos da ruiva antes, mas dessa vez era diferente, naquele dia mágico os lábios dela estavam vermelhos como uma maça, naquele momento pareciam tão brancos que Thiago sentiu seu coração congelar ao constatar isso e perceber que aqueles lábios antes tão quentes, agora estão levemente mais gelados.


Ele levou uma das mãos ao nariz da ruiva, de modo que pudesse fazer a respiração boca a boca da maneira correta que havia aprendido em uma das aulas de natação quando era mais novo.


Thiago inspirou o máximo de ar que conseguiu, segurando o ar por segundo e quando encaixou seus lábios nos da ruiva ele soltou o ar, de modo que o ar pudesse alcançar os pulmões dela e obstruir qualquer coisa que pudesse estar impedindo-a de respirar, ou fazendo com que a água, caso ela tivesse engolido, fosse expulsa dos pulmões dando lugar apenas ao ar.


Quando Thiago afastou-se para verificar se Lilian respondera a sua primeira tentativa de respiração boca a boca, Lilian tossiu e Thiago imediatamente segurou delicadamente a nuca da ruiva de modo que ela pudesse erguer o corpo e respirar com mais facilidade.


Ela sentou-se no chão, tossindo até que finalmente ela respirou mais calmamente e percebeu os amigos a sua volta.


Todos respiraram aliviados quando viram que Lilian finalmente estava bem.


― Você ta bem, Lilly?


― Eu to bem. - A ruiva sorriu e olhou sem jeito pra Thiago sentado ao seu lado, mas ainda a olhando de modo preocupado.


― Meu Deus, você quase nos mata de preocupação.


― Desculpa gente, eu escorreguei...


Thiago balançou a cabeça como quem dizia que ela não devia se desculpar por aquilo e a ruiva assentiu levemente, sorrindo sem jeito.


― Graças a Deus, esta tudo bem.


Os demais se sentaram a beira da praia, próximos uns dos outros, todos sentindo realmente mais aliviados enquanto observavam a perfeição que acontecia diante de seus olhos.


O céu estava alaranjado, na verdade era difícil defini-lo com apenas uma cor. No meio do céu, se olhassem pra cima ainda podia ver o azul majestoso, mas quando se olhava para o mar a sua frente, próximo a linha do horizonte, as cores eram diversamente majestosas: Podia-se ver o alaranjado misturado levemente com o azul que resultava num roxo e rosa claro, e em volta do sol um alaranjado mais intenso, como se uma mão invisível tivesse pintado o céu com tinta.


O astro Rei, agora se preparando para dar seu adeus a terra, brilhava luminoso, próximo a linha do horizonte, agora não parecendo mais tão intenso, possibilitava aos olhos dos seis jovens sentados a beira da praia de admirá-lo com maior atenção.


Aquela bola de fogo pairando, no que dava a impressão de ser acima do mar, era a coisa mais perfeita e magnífica que podiam ver, principalmente, para eles que moravam numa cidade onde mal se podia ver o azul do céu direito devido a grande concentração de poluição.


Mas, era mais que isso, mais do que ver um por do sol e achá-lo bonito. Era estar ali, sentados tranquilamente à beira da praia, sem preocupação alguma a não ser viver a vida, a não ser aproveitar cada dia como se fosse o ultimo.


Era uma sensação de paz, de união com o universo, como se fossem as únicas testemunhas oculares de um momento excepcionalmente e divinamente perfeito do universo, como se fosse, não apenas mais um por do sol, mas o único, o ultimo.


As ondas do mar continuavam calmas, indo e vindo em pequenas ondas sem grandes proporções, proporcionando o som mais calmo e celestial, o que tornava aquele momento ainda mais especial do que parecia.


Lilian sorriu, admirando aquela paisagem perfeita a sua frente. Era impossível, a pessoa acreditasse ou não em Deus, negar a magnitude de tudo aquilo. Por mais que tentassem, não havia real explicação pra tal beleza, pois as coisas realmente lindas da vida não deviam ser explicadas e sim apreciadas.


Thiago desviou os olhos do por do sol esplêndido a sua frente para olhar pro lado, para a ruiva, que agora parecia ter os cabelos quase do mesmo tom do céu.


Os cabelos ainda molhados escorriam por seu rosto e seus ombros nus. Ela era ainda mais linda do que ele poderia imaginar, quando achava que já tinha visto toda a beleza dela, se via, a cada dia que passava, descobrindo ainda mais.


Ela tinha um corpo lindo, magra, delicada, com leves sardas também pelo corpo e ele se pegou observando cada sarda daquele corpo. Nunca olhara pra uma garota daquele jeito. Será que estava ficando louco?


Lia estava sentada ao lado de Sirius, o que ela reparou quando viu alguém passando a mão pelos cabelos, agora molhados, e observava o sol com uma expressão que ela não soube dizer qual era, mas que lhe pareceu muito intensa.


Ela não podia negar, ele era realmente lindo, lindo era pouco. Ele tinha um físico de dar inveja a outros garotos e fazer garotas o desejarem. E ela não sabia dizer ao certo o que rolava entre eles, mas ela sabia que ainda se lembrava da briga com a tal da Bella, que agora ela repugnava mais que tudo, e não que tivesse sentido ciúmes dele, mas ele era a causa da briga, e isso a irritava. Teria agora que brigar com todas as namoradinhas dele?


Sirius estava se sentindo estranhamente estranho. Era sem sombra de duvida uma visão maravilhosa, perfeita, daquelas que te fazem querer ser uma pessoa melhor, ajudar o mundo, ser o Superman e acabar com todas as desgraças da humanidade. Bom, aquilo não era possível, ele sabia, mas queria poder mudar pelo menos alguma coisa no seu próprio mundo.


Não. Não que ele tivesse realmente do que reclamar, ele sabia que não tinha. Era um garoto bonito, descolado, tinha os melhores amigos do mundo, era rico, não precisava se preocupar com nada alem de futebol, mulheres e gandaia. Mas ainda assim, alguma coisa não se encaixava direito. Talvez pelo fato de seus pais não for do tipo que realmente se preocupassem, que ligassem pro que ele fazia ou deixava de fazer, na verdade eles só pensavam em si próprios e no dinheiro, que crescia cada vez mais em suas contas bancarias. Mas será que isso era realmente motivo pra deixá-lo daquele jeito?


Patsy se sentia bem mais feliz naquele dia do que se sentira nos últimos. Claro que aquilo se devia ao fato de ter passado uma tarde incrivelmente fantástica com Remo. Talvez toda aquela cena que ela vivera no teatro, não tivesse realmente sido tudo aquilo, talvez ela tivesse interpretado errado, talvez ele não tivesse interessado por outra, talvez ela tivesse se enganado. Talvez.


Suposições. Era tudo que ela tinha. Meras suposições. Idéias. Esperanças. Será que algum dia ela saberia exatamente o que se passava na cabeça e no coração de Remo Lupin?


Era difícil não pensar nela diante daquele espetáculo a sua frente. Remo achava absurdamente perfeito o pôr do sol. A beleza que o mundo nos oferecia e que muitas pessoas, muitas vezes, nem sequer notava. O nascer do sol, a presença do astro Rei durante todo o dia, iluminando, aquecendo a humanidade de forma maravilhosa, os passarinhos ao redor, onde quer que fossem, sempre a presença sutil, suave e bela dos pássaros enfeitando a paisagem, dando a ela uma melodia, tentando tornar o mundo numa melodia mais agradável do que a que o ser humano costumava prestar mais atenção.


Remo pensava que as pessoas deveriam valorizar mais a beleza do mundo a sua volta, pois afinal, até mesmo uma cidade repleta de prédios e pessoas ocupadas consigo mesmas, tinha sua beleza, aquela que se via não apenas com os olhos, mas com o coração.


Remo sabia que não devia agir assim, não devia deixar a vida ir passando sem aproveitá-la como deveria, como gostaria. Sabia que tinha que fazer o que seu coração mandava, pois talvez o dia de amanha fosse tarde demais para tal, e ele não queria esperar o ultimo dia de sua vida pra dizer a ela aquilo que ele ansiava dizer a tanto tempo.


Pelo visto, um pôr do sol tinha muito mais poder do que as pessoas sequer poderiam imaginar.


 


 


                                                                                                           ***


 


― NÃO! Sirius! Thiago! Querem parar com isso?!


Três garotas riram e gritavam, próximas a cachoeira, tentando expulsar dois marotos arteiros que, fingidamente, tentavam espiar as meninas se trocando depois de um banho na água gelada da cachoeira.


Lia, depois de ter se trocado e que agora estava com uma roupa seca e mais confortável, usando um biquíni com uma saia e uma blusa mais leves por cima, o que as outras meninas também preferiram, saiu de trás da toalha que as meninas haviam pendurado próximo a cachoeira para se trocarem, e correu atrás de Sirius tentando pega-lo.


― Eu vou deixar você pelado na praia se você nos espiar de novo. – Gritou a loira rindo do maroto que parava ao longe.


― Vai me deixar pelado? Ah porque você não disse que queria isso antes?


Todo mundo riu e Lia tacou a bola na direção do maroto que a pegou a bola no ar a ajeitando no peito e deixando-a cair nos pés antes dele fazer uma embaixadinha com a bola e jogá-la em direção da loira, que revirou os olhos e riu.


― Exibido!


Agora uma enorme fogueira se encontrava na praia, próxima as barracas montadas mais cedo pelos meninos.


Thiago e Remo estavam sentados, já de “banho” tomado, ao redor da fogueira, assando queijinhos, carne e coração de galinha em espetos e colocando os que já estavam bons em cima de um pratinho de plástico próximo a eles.


 As meninas, junto com Sirius, se aproximaram e resolveram ajudar os dois. Lia pegou os copos, entregando os cheios, que Lilian enchia com Coca-Cola, a cada um. E depois se sentaram próximas à fogueira para se aquecerem.


A noite não estava muito fria, mas o calor da fogueira dava uma sensação muito boa e logo todos comeram famintos, tinham a impressão que o mar não apenas cansava alem do normal, como abria o apetite.


Patsy sentada próxima a Remo, depois de terem saciado a fome, pegou um pequeno kit de primeiros socorros para trocar a faixa sobre o ferimento da mão, após ela ter retirado a antiga que se encontrava toda encharcada.


Thiago pegou o violão e sentou-se próximo de Lilian, enquanto Remo ajudava Patsy a limpar o ferimento e Sirius permanecia ao lado de Lia, cujo abraçava os joelhos, levemente pensativa, olhando para a fogueira.


Thiago começou a tocar levemente algumas notas no violão e todos olharam pra ele sorridentes e felizes com a idéia.


O maroto olhou pra Lia sentada do outro lado, que sorriu assentindo.


Thiago começou a tocar suaves notas e todos passaram a prestar atenção a musica que começava suavemente linda.


 


Sabe, já faz tempo
Que eu queria te falar
Das coisas que trago no peito


 


 A voz de Lia irrompeu dispertando-os levemente. Sua voz era suave, macia e de uma beleza incrivel, era como se estranhamente se unisse ao som da natureza.


Sirius sentia-se estranhamente calmo, a voz de Lia lhe trazia uma paz que ele as vezes ansiava mais que tudo. Ele observou a loira ao seu lado cantando e achou-a excepcionalmente linda. Os olhos fechados, entregue a musica, como se ela pudesse sentir os acordes, as palavras dentro de si mesma a deixava ainda mais linda.


Sirius lembrou-se com nitidamente da noite anterior e sentiu uma imensa vontade de tocar-lhe os cabelos, a pele macia e quente, que na noite anterior ele sentira como jamais sentira antes. Ela era suave e forte ao mesmo tempo e ele não conseguia entender como as vezes ele podia deseja-la tanto como naquele momento. Como na noite anterior.


 


Saudade, já não sei se é
A palavra certa para usar
Ainda lembro do seu jeito


 


 Lilian desviou os olhos da fogueira para olhar para Thiago sentado ao seu lado, tocando o violão. Deus, como ele podia ser daquele jeito? Tao lindo, mas tao horrivel ao mesmo tempo? Era estranho como ele a fazia sentir sentimentos tão diversos, como uma grande arte do conflito em erupçao dentro dela, misturando tudo numa duvida cruel, fazendo-a a amar e odia-lo ao mesmo tempo, fazendo-a deseja-lo e ao mesmo tempo repugna-lo. Como ele podia ter esse poder sobre ela?




 Não te trago ouro
Porque ele não entra no céu
E nenhuma riqueza deste mundo


 


 Remo segurava a mão de Patsy sobre a palma de sua mão, após ter limpado o ferimento e agora enfaixava a mão dela, ora ou outra ele erguia os olhos pra ela, olhando-a lindamente iluminada pelas chamas da fogueira, que a deixava fantasmagoricamente linda e mais perfeita ainda.


Ela sorriu quando ele terminou de enfaixar a mão dela, prendendo a faixa com um pedaço de esparadrapo. Porem ao terminar, ele não soltou a mão da garota, segurou-a delicadamente entre a sua e levou a mão dela proxima ao seu rosto, onde ele ficou acariciando-o os dedos dela suavemente em seu queixo enquanto o som do violão e a voz suave de Lia invadia a praia habitada apenas por eles.


 


Não te trago flores
Porque elas secam e caem ao chão


Te trago os meus versos simples
Mas que fiz de coração


 


 


Thiago ergueu os olhos vendo a ruiva olhando-o de uma maneira que era definitivamente melhor que na noite anterior, e sem saber por que, aquilo lhe encheu de uma súbita alegria.


Ele terminou os acordes da musica enquanto Lia suavizava o final apenas com leves sons de voz e todos bateram palmas alegremente.


Remo soltou a mão de Patsy sentindo seu rosto quente, uma quentura que ele sabia nada ter a ver com o calor do fogo próximo a ele.


Sirius levantou-se dizendo que iria pegar mais refrigerante, enquanto Thiago depositava o violão de lado, e virava-se para conversar com Lilian.


Lia se esticou pegando o violão quando Sirius voltou, se sentando ao seu lado.


A noite estava muito agradável e todos se entreterão em conversas paralelas. Lia conversava e ria com Sirius ao mesmo tempo em que tocava leves acordes no violão.


― Toca alguma coisa pra mim?


― Ahn, pra você? Como o que, por exemplo?


― Ah não sei, alguma coisa que você ache que tem minha cara.


Lia riu gostosamente e Sirius ficou meio minuto observando aquele sorriso, quando seus olhos cruzaram com os dela, ele sentiu alguma coisa remexer-se estranhamente dentro de si e o rosto dela corar de uma forma que ele jamais vira.


― Ok. Então me deixe tocar alguma coisa pra você.


― Você? Vai tocar?


Sirius passou a mão pelos cabelos, antes de pegar o violão das mãos de Lia e ajeitá-lo no colo.


― Já te disse que Sirius Black é muito mais do que se imagina?!


Lia riu e virou-se de frente ao maroto para observá-lo.


― Bom, talvez você ache a musica meio engraçada, mas eu gosto dela.


Ele deu uma piscadela pra Lia e voltou os olhos pro violão, começando com suaves acordes antes de iniciar o que Lia percebeu finalmente ser a musica.


 


Chorando o gelo que você me deu
Achando que você já me esqueceu
Não sei se foi você ou se fui eu
 menina... menina


 


 


― Eu ainda não entendo, Remo.


― Não entende o que?


Patsy ainda estava sentada ao lado de Remo, tinha a mão machucada agora sobre o colo e o garoto sentado ao seu lado parecia olhá-la de forma preocupada e admirado ao mesmo tempo, o que a fazia se sentir mais feliz do que nunca.


― Como você, inteligente, quase um CDF, que alem de tudo sabe até fazer curativos, pode ser um, como vocês dizem mesmo...?


― Maroto?


Remo riu e Patsy o acompanhou.


― É. E é um termo bem a cara de vocês, não?


Remo riu mais ainda.


― Bom, talvez eu tenha realmente um lado maroto, apesar de não parecer.


― Ah é verdade, tem mesmo. Você foi um verdadeiro maroto, hoje, pulando daquela pedra. Se você visse sua cara, era um Thiago e Sirius encarnado em Remo.


Os dois riram gostosamente e Remo balançou levemente a cabeça.


― Talvez eu seja mesmo um maroto, mas um pouco mais ajuizado que esses dois.


― Mais ajuizado, com certeza!


E mais lindo também, ela queria dizer.


― E mais... – ela parou abruptamente, desviando os olhos dos dele imediatamente.


Quase deixara seus pensamentos lhe escaparem sem querer.


― E mais... O que, Pat?


Ela sentiu o sangue congelar dentro de si, voltando os olhos pra ele. O jeito que ele a olhava fez seu sangue congelar e seu corpo paralisar-se por segundos que quase lhe pareceram horas.


 


Eu to ficando com uma sensação
Que eu fui a pista e você o avião
Você o trem e eu a estação
 menina... menina


 


 ― E no meio da noite o Almofadinhas ficou jogando coisas em cima das barracas da gente sabe, pra assustar.


Lilian ria enquanto Thiago narrava a primeira vez que ele e os marotos tinham acampado naquela praia.


― E daí quando eu sai da barraca, já irritado porque ele não deixava a gente dormir, eu vi uma coisa enorme perto das arvores.


Lilian levou a mão a boca, assustada.


― Ah meu Deus. Era um urso?


― Que nada. Era o idiota do Almofadinhas com o lençol jogado em cima da cabeça fingindo ser um urso.


Lilian riu acompanhada de Thiago que lançou um olhar carinhoso em direção ao amigo do outro lado da fogueira, vendo-o tocando o violão e cantando, e riu mais ainda, ele sabia o quanto Sirius adorava aquela musica e vê-lo cantando pra Lia significava alguma coisa.


Lilian observou o olhar do maroto e sentiu-se estranhamente feliz com aquilo. Se havia uma coisa que ela realmente admirava, eram amizades verdadeiras.


― Vocês são amigos há muito tempo?


― Ta brincando?! Conheço esses dois desde pirralhos. E desde que eu era pirralho também né.


Lilian riu fracamente.


― São os melhores amigos que eu tenho. Acho que eu os conheço melhor que a mãe deles, se bobear.


Ele riu carinhosamente.


― E claro que eles também me conhecem melhor do que ninguém.


Lilian sorriu observando Thiago. Ele olhou pra ela e olhou em direção ao Sirius.


― Olha só. Uma prova de como eu realmente conheço eles: O Sirius odeia quando eu chamo essa musica de ‘musica de emo’.


Ele piscou pra Lilian.


― Não acredito que você ta cantando pra Lia essa musiquinha de emo, Almofadinhas.


Do outro lado da fogueira, ainda tocando a musica, Sirius soltou uma das mãos do violão pra mostrar o dedo do meio pra Thiago, que riu, olhando pra Lilian como quem diz “não disse?!”.


Ela riu com os dois.


― Ele adora essa musica e sei que ele jamais cantaria ela pra qualquer garota.


― Mas ele ta cantando pra Lia. – Disse Lilian franzindo a testa e olhando pra Thiago, que riu.


― Exato. Ele nunca cantou essa musica pra ninguém, alem de mim e o Remo, mas nós já sabemos que somos o amor da vida dele.


Thiago passou a mão pelos cabelos e Lilian riu, desviando os olhos por instantes de Thiago pra olhar Sirius e Lia adiante e sorriu feliz pela amiga.


 


Eu lembro beijos, blues e poesia.
O sal na pele, você me lambia
E eu dizia:


"Oh baby, I love you"


 


 Lia ficou olhando Sirius tocar. Jamais imaginou que ele tocasse tão bem e muito menos que ele tivesse uma voz tão linda. Comparada com a voz de Thiago, a voz de Sirius era tão bela quanto à do amigo: Suave, porem forte, decidida e perfeitamente afinada.


Ela riu com os versos da musica e viu-o sorrindo-lhe daquele jeito lindo. Realmente a musica era a cara dele. Lia sabia que se ele algum dia fosse fazer uma declaração pra uma garota, seria naquele estilo, com frases mais engraçadas do que românticas, mas ainda assim com um toque de amor entre elas. Será que ele... Não. Decididamente não.


Ela não sabia o que havia entre eles, tinham ficado na primeira vez que se conheceram, mas não havia rolado mais nada alem de uma amizade gostosa, até a noite anterior, até aquela noite que, por mais que ela fingisse não se lembrar, ela lembrava-se nitidamente de cada detalhe, de cada toque, do calor da pele dele, do corpo dele, das mãos, dos lábios... Deus, como ela se lembrava de cada detalhe! E aquilo a fazia se sentir estranhamente quente.


Será que o que havia entre eles era apenas físico? Não. Ela sabia que tinha alguma coisa a mais. Porque naquele momento ela sentia seu coração batendo de forma que nunca batera antes por ninguém. Será que ele sentia o mesmo por ela?


 


Eu lembro a cara que você fazia
Será que eu lembro o que não existia?
Você dizia: "Oh baby, I love you
" ♪


 


 Ela sentiu o coração bater acelerado, como na noite anterior, ela teve a sensação de Remo estar cada vez mais próximo dela, mas nos olhos ele tinha uma mescla de curiosidade e... Eu devo ta sonhando.


― Er... – ela tentou dizer.


Não podia dizer o que pensara, ou podia? Não era nada demais dizer que alguém era lindo, afinal, ele já devia ter ouvido aquilo milhões de vezes de outras garotas, claro.


Ela sentiu seu coração se apertar com uma mescla de ciúmes, amor, ela já não sabia.


Ouvia o estalar dos gravetos sendo queimados pela fogueira, ouvia o som de violão que Sirius tocara e a voz muito linda do garoto, o som de tudo aquilo a entorpecia, mas nenhum som foi mais profundo, mais lindo e despertou mais coisas dentro de si como o que ela ouviu em seguida.


― Pat...?


A voz dele saiu num quase sussurro e antes que Patsy pudesse virar o rosto para olhá-lo ela sentiu o toque suave da mão dele em seu queixo, fazendo-a olhá-lo e ela sentiu o coração dar saltos dentro do peito antes de disparar loucamente.


― Mais... – ela começou com a voz num sussurro. – Lindo.


Ela sentiu o rosto corar ferozmente e abaixou os olhos, sentindo-se tolamente envergonhada por ter dito aquilo. Era melhor emendar mais alguma coisa e distorcer um pouco a frase para que ele não notasse a verdade e profundeza daquelas pequenas palavras. Talvez, quem sabe, se ela dissesse que o jeito de ser dele era incrível e que ela o admirava e se sentia feliz por ser amiga dele, tornasse tudo melhor? Com certeza isso não o faria pensar que ela sentisse alguma coisa, da qual ela realmente sentia por ele, afinal, como poderia deixá-lo saber o que ela sentia quando nem mesmo ela sabia...


Seus pensamentos foram interrompidos. Seu corpo se paralisou por um breve segundo ou minuto, bom, ela não soube ao certo, talvez tivesse sido por apenas um milésimo de segundo até ela se dar conta realmente do porque seu coração batia tão forte e porque se espalhavam sensações de congelamento por todo seu corpo misturado a alegria, arrepio, fervor e mais tantas coisas que ela não sabia nem especificar com sentido. Na verdade naquele momento era como se nada fizesse sentido.


Droga, não acredito que tudo isso foi apenas um sonho...


Seus pensamentos foram interrompidos mais uma vez. Deus, estou sonhando ou meus olhos estão mesmo fechados e os lábios, os maravilhosos lábios sobre os meus, são os do meu amado Remo Lupin?


 


Eu lembro a cara que você fazia,
Eu lembro dia e noite, noite e dia
Você dizia:


"Oh baby, I love you... I love you...
Baby, I love you…


I love you"


 


 


 ― Ah, mas eles também são o amor da sua vida.


Lilian riu e Thiago fez cara de vencido.


― Mulheres vêm e vão, né. Eles são pra sempre.


Lilian concordou levemente com a cabeça antes de Thiago continuar.


― Mas olha, eu já salvei esses dois de cada uma.


Lilian riu alto enquanto Thiago passava a mão pelos cabelos, risonho.


― Ah então eu não sou a primeira que você salva?


Ela fez cara de fingida indignação e Thiago riu, balançando levemente a cabeça.


― Bom, garota, é a primeira sim.


― Ficou bem gay você falando isso, sabe.


Thiago gargalhou com o comentário de Lilian e depois encarou a garota com ar risonho.


― Poxa Lilly, assim você ofende.


― Estava brincando. – Ela disse risonha diante da feição de coitadinho que Thiago exibia.


― Na verdade... – Ela começou sem jeito. – Eu queria te agradecer por me salvar pela segunda vez.


― Acho que já virou minha profissão. Thiago Potter o salvador de Lilian Evans.


Lilian riu.


― É sério, Thiago...


― Não, não, não, não...


― Thiago, deixa eu agra...


― Não, não. As pessoas não agradecem aos anjos da guarda por salva-las.


― Ah agora você é meu anjo da guarda?


Ela riu e Thiago assentiu passando a mão pelos cabelos.


― Sim Srta. Evans. Seu anjo da guarda em pessoa.


Lilian riu do jeito do garoto passando novamente as mãos pelos cabelos.


― Meu deus, pára com isso.


Ela tentou segurar a mão dele para não deixa-lo passar a mão pelos cabelos, mas rindo Thiago passou novamente a mão pelos cabelos.


― Você vai ficar careca desse jeito.


Lilian ria e Thiago riu mais ainda quando ela segurou sua mão fortemente tentando mantê-la abaixada, mas inutilmente.


― Não adianta. Eu sou bem mais forte que você.


― Ah não é justo.


Ela riu tentando segurar a mão de Thiago com as duas mãos e ainda assim sem muito sucesso.


Thiago gargalhou e deixou com que ela abaixasse a mão dele, com consentimento dele, é claro.


― Isso mesmo, me humilha porque você é homem e é mais forte.


― Te humilhar?


Thiago gargalhou novamente. Lilian riu e então olhou para o maroto que parava de rir aos poucos.


― É sério, Potter...


―Thiago. – Ele fez aquela carinha de cachorrinho sem dono e ela riu.
― Thiago.


― Agora sim, pode continuar amada Lilly.


Lilian sorriu e sentiu seu rosto corar. Ele tinha dito amada Lilly?


Thiago, percebendo o jeitinho embaraçado da garota, passou a mão pelos cabelos.


― De nada.


― Obrigado! – Ela sussurrou, ainda com o rosto corado.


― O que? Eu não ouvi direito.


Thiago riu, fingidamente se fazendo de surdo.


― Obrigado! – Ela disse mais seriamente.


― Ta me dando um “obrigado” sério desse jeito?


Lilian franziu a testa antes de começar a gargalhar, encolhendo o corpo enquanto Thiago fazia cócegas na barriga da garota que tentava segurar-lhe as mãos.


― Não. Não, isso é covardia.


Thiago parou com as cócegas, rindo e então percebeu uma coisa que ele não havia percebido.


Lilian estava deitada sobre a areia macia da praia e ele se encontrava quase sobre ela.


Seus rostos estavam muito próximos e Thiago viu-a instintivamente passar a língua sobre os lábios e sentiu como se estivesse diante de uma deusa.


Ela era linda, Thiago não tinha mais duvida nenhuma quanto a isso, ela tinha o rosto vermelho, ele não sabia bem se pelas risadas ou por eles estarem assim tão próximos, e aquilo a deixava ainda mais linda.


Ele queria beijá-la, ele desejava mais que tudo beijá-la, sentir os lábios dela nos dele.  Deus, me deixe tê-la só mais uma vez.


 




*N/A:


Capitulo grande, mas bem legal neh


Eu particularmente adorei esse cap gente *-* ta perfeito


E principalmente por essa parte final


Eu escrevi essa parte em que o Sirius canta em diante, ouvindo essa musica que ele cantou “Beijos, Blues e poesia – k-sis” e daí me inspirou mais ainda


Ate porque eu amo essa musica, me lembra do meu Sirius real T_T,  (Tiago... é, por incrível q pareça meu Sirius real se chama Tiago \z) ahusahusa
enfim, acho que essa musica deu um tcham pro cap, eu particularmente quase morri escrevendo o cap com essa musica


E ela eh realmente a cara do Sirius neh ;p


A musica que o Thiago e a Lia cantam antes é “Versos simples” Chimarruts.


 Ps. Se a musica dos player postados em alguns caps não tocarem, avisem-me ^^


Bom espero que tenham gostado do cap


O próximo tem mto mais aventura e romance ;)
ate o próximo cap


E comentemmmm


Beijos
Lanah Black

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Comentários (2)

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