O Saguão Infinito



_Prestem atenção, garotos _ continuou Dumbledore _ eu serei obrigado a fazer algo... digamos que um pouco repulsivo, mas vocês não devem tentar me impedir, do contrário todo o nosso esforço até agora será em vão.


_Eu não entendo, professor _ disse Rose _ a mensagem diz que precisamos de um membro de Corvinal, eu sou de Corvinal!


_Sim Rose. Mas você se esqueceu que eu também pertenço a casa?


_Mas...


_Não se preocupe. A senhorita também será útil assim que atravessarmos esta porta, mas por hora, apenas eu posso realizar esta missão.


Dizendo isto, Dumbledore se virou novamente para a porta de entrada do castelo. Alvo lia mais uma vez mais a mensagem escrita naquela velha porta.


_Esta letra... _ disse ele _ eu tenho certeza que já vi esta caligrafia antes.


_É mesmo? – disse Scorpio impressionado _ Onde?


_Eu não sei ao certo...


_Você deve estar imaginando _ disse Rose que se mantinha concentrada nos movimentos de Dumbledore _ o que o senhor vai fazer?


_Eu preciso encontrar o ponto exato _ disse Dumbledore que havia voltado a andar de um lado para o outro em frente à porta _ acho que... encontrei!


Dumbledore parou no lado esquerdo da porta, num ponto onde havia um minúsculo orifício praticamente imperceptível aos olhos.


_Muito bem, este é o local. Agora eu preciso que vocês prometam que não irão interferir.


_Mas _ disse Rose_ o que o senhor vai fazer exatamente?


_Se eu contar, certamente vocês não irão prometer.


_É perigoso? _ perguntou Alvo.


_Apenas prometam, por favor.


Muito relutantemente, os três garotos assentiram com a cabeça. Então Dumbledore retirou de dentro das vestes uma pequena adaga com o punho cravejado de pedras vermelhas, ele se virou novamente para a porta, de um modo que os garotos não pudessem observar seus movimentos, Alvo teve um mau pressentimento daquilo.


_Professor! O que o senhor...


_Se lembre da promessa Alvo! _ disse Dumbledore com a voz esganiçada.


_Mas eu não posso permitir que...


_Ele sabe o que está fazendo _ disse Scorpio segurando Alvo.


_Eu espero que sim... _ disse Rose que também parecia abalada.


Então, um grito medonho rasgou o ar, Dumbledore caiu de joelhos segurando seu braço que estava jorrando sangue.


_Professor! _ disse Alvo _ O que o senhor fez?


O garoto conseguiu se desvencilhar de Scorpio e se adiantou na direção de Dumbledore, quando chegou ao lado do professor, ele quase desmaiou com o que viu.


_O senhor...


_É o único jeito de passar, Alvo.


A manga do punho esquerdo das vestes do professor estava banhada com seu sangue, no lugar onde deveria estar sua mão, simplesmente não havia nada, o membro do professor estava no chão entre ele e a porta.


_Por favor _ disse Dumbledore _ ajude-me a levantar, Alvo.


O garoto apoiou o professor que se ergueu com dificuldades, Rose e Scorpio que pareciam em estado de choque, acompanhavam a cena a certa distância.


_Agora _ continuou Dumbledore sacando a varinha _ vamos ao feitiço.


Ele apontou para sua mão decepada que se ergueu no ar e fez contato com a porta, imediatamente os vermes que estavam na madeira se reuniram em torno do membro do professor que foi completamente consumido numa velocidade impressionante, Alvo ficou tão enjoado com a cena que desviou o olhar, depois de alguns instantes, a porta simplesmente se abriu com um gemido.


_Vamos entrar _ disse Dumbledore.


_Professor _ disse Alvo _ o senhor não pode fazer nada com... esse ferimento?


_Não Alvo. Se eu o cicatrizasse agora nós não poderíamos entrar.


_Isso é horrível! _ disse Rose coma voz fraca.


_Sim _ concordou Dumbledore _ é uma magia negra muito cruel.


Eles então entraram no cômodo que não era outro senão o saguão de entrada de Hogwarts numa versão bizarra, os paredes estavam repletas de manchas vermelhas que pareciam terrivelmente com sangue, do teto pendiam correntes onde corpos em decomposição estavam presos, com vermes consumindo os restos mortais daqueles infelizes, o chão estava coberto de restos de comida apodrecidos com ratos e insetos se esbaldando com aquele banquete. Alvo e Dumbledore seguiram na frente com Rose que guiava a maca de Pickwick e Scorpio atrás.


_Tem alguma coisa errada aqui _ disse a garota olhando para os lados.


_Alguma coisa? _ disse Scorpio abalado _ Este lugar é horrível!


_Eu sei, mas, além disso...


_A senhorita está certa _ disse Dumbledore _ algo aqui está muito errado.


Alvo olhou ao redor tentando entender do que eles estavam falando, mas era difícil se concentrar com o fedor impressionante que tomava conta daquele lugar.


_Não há nenhuma passagem _ disse Dumbledore finalmente _ nenhuma porta sequer.


Alvo viu que era verdade, como eles conseguiriam seguir em frente daquela forma.


_Mas isso não é Hogwarts? _ disse Scorpio _ o saguão de entrada deveria estar repleto de passagens.


_A não ser que elas ainda não tenham sido criadas _ disse Dumbledore.


_O que o senhor quer dizer com isso? _ perguntou Alvo.


_Eu acho que entendi _ disse Rose _ então é aqui professor?


_Sim Rose _ disse Dumbledore _ você sabe o que fazer?


_Eu espero que sim.


A garota retirou das vestes um pequeno globo de vidro transparente, o objeto então se iluminou e saiu das mãos da garota, partiu em disparada pelo cômodo como um foguete desgovernado, depois de dar uma volta completa pelo lugar, ele voltou para o lado de Rose, mas antes que a garota pudesse capturá-lo, ele voltou a voar pela sala.


_O que eu devo fazer professor? _ perguntou a garota.


_Bem, eu disse a pouco que o tempo das charadas havia terminado, parece que eu estava enganado.


_Mas então?


_Você precisa descobrir Rose, só você poderá saber como usar o globo para que possamos seguir em frente.


A garota olhou assustada para cada um de seus companheiros como se esperasse que algum deles tivesse a resposta para aquele estranho enigma.


_Mas professor... _ disse ela _ eu não tenho a menor idéia do que fazer!


_Pense Rose! _ disse Dumbledore _ Eu tenho certeza que você é capaz.


Alvo também estava preocupado com aquela situação, ele olhou para o globo de vidro que continuava rodopiando pelo saguão indiferente a presença do grupo, o que Rose poderia fazer?


A garota começou a caminhar lentamente pela sala com os outros mantendo certa distância.


_Hum... Professor? _ disse Alvo se aproximando de Dumbledore.


_Sim?


_Bem... como a Rose vai saber exatamente o que fazer? Quero dizer... esse globo fica girando e girando...


_Ela vai saber, Alvo.


_Mas...


_Apenas observe.


Alvo fez isso, a garota ainda parecia desnorteada. Ele observou que havia outra coisa estranha acontecendo, por mais que eles seguissem em frente, a parede no fim do saguão não estava se aproximando, Alvo dividiu essa preocupação com Dumbledore.


_Eu também percebei isso _ disse o professor _ mas acredito que seja algo natural.


_Natural?


_Sim. Nós estamos presos no ponto zero de Gáia, o lugar de onde todo o resto foi criado, nada que estamos vendo existe de verdade, tudo isso é uma ilusão criada por nossas mentes.


_Eu não entendo.


_Eu também não _ disse Dumbledore com um sorriso _ o que eu sei, é que este globo, foi o objeto que deu origem a Gáia há muito tempo atrás, e agora nós precisamos repetir este processo.


Rose continuava tentando capturar o globo, mas nem mesmo com o feitiço accio ela obteve sucesso. O objeto ganhava mais velocidade a cada instante, com isso ele estava passando bem próximo das paredes, Alvo não queria nem imaginar o que aconteceria se ele se espatifasse.


Rose estava com uma a expressão preocupada, seus lábios comprimidos estavam brancos, seu rosto suava como se ela estivesse em um caldeirão, mas de repente ela sorriu, um sorriso de puro prazer.


_Eu sei o que fazer! _ declarou ela triunfante.


Sem mais nenhuma palavra, Rose começou a atacar furiosamente o globo de vidro, lançando todos os feitiços que lhe viam a mente, numa sequência impressionante.


_O que ela está fazendo?! _ disse Alvo espantado _ desse jeito ela vai...


_Destruir o globo _ disse Dumbledore tranquilamente.


_Mas...


_Ela sabe o que faz.


_Eu acho bom!


Rose continuou atacando o globo que fugia desesperadamente como se soubesse o perigo que corria, mas então, finalmente a garota conseguiu atingi-lo.


Por um instante a cena congelou, todos os presentes olharam fixamente para o globo que parou no ar impotente, Rose, ainda com a varinha levantada acompanhava ansiosamente esperando algo acontecer, estava demorando, mas então aconteceu... e foi fantástico.


O globo explodiu, se desfazendo um mil pedaços de cristal que se espalharam pelo teto como fogos de artifício, mas era muito, muito mais belo. Alvo tentou entender o que estava acontecendo, mas finalmente chegou a conclusão que aquilo era muito diferente do que qualquer coisa que ela já havia visto, era impossível explicar. As cores, as formas, tudo era tão exagerado, tão vivo...mas o espetáculo não parou por aí, de repente explosões começaram a ocorrer por toda a sala, paredes eram destruídas para dar lugar a redemoinhos com as cores mais surreais que aqueles olhos já tinham visto, pedaços de matéria flutuavam pelo ar, microorganismos que de micro não tinham nada, se fundiam e criavam novas massas orgânicas.


_Uau! _ disse Scorpio bem ao lado de Alvo, fascinado com o que estava vendo.


_O que está acontecendo? _ perguntou Rose que devido sua ansiedade, parecia menos impressionada do que os outros.


_Você conseguiu! _ declarou Dumbledore satisfeito _ Você acaba de recriar um Universo inteiro!


_Então nós estamos vendo o nascimento de Gáia? _ perguntou a garota.


_Sim.


_É fantástico! _ disse Alvo.


_Certamente _ disse o professor _ pouquíssimas pessoas tiveram a oportunidade de ver a criação em seu estado mais primário.


_Mas _ disse Alvo _ como você soube o que deveria ser feito, Rose?


_Bem, a criação sempre está envolvida com explosões, não é mesmo?


_Excelente raciocínio! _ disse Dumbledore _ Eu mesmo...


A voz do professor se perdeu em meio a confusão de sons que emergiu, um vento que mais parecia um furacão envolveu os presentes e ninguém conseguiu ver mais nada do que estava acontecendo.


_Rose! Prof. Dumbledore! Scorpio! _ gritava Alvo tentando localizar os companheiros, mas nem ele próprio conseguia ouvir o som de sua voz. Ele sentiu seu corpo ser suspenso no ar, girava tão rápido quanto o globo de vidro antes de Rose destruí-lo. Então o garoto sentiu a aproximação de algo, não sabia ao certo se era ele que continuava se movendo ou o contrário, mas isso era irrelevante no momento. Quando percebeu, foi engolido por uma gigantesca boca que apenas no último momento ele identificou como um redemoinho muito grande, que o levou para um lugar muito distante dali...


 


_Está quase terminado! Apenas mais alguns instantes e então eu conseguirei criá-los.


Alvo se sentia como se tivesse levado uma surra de moer os ossos, seu corpo estava estirado numa superfície dura e gelada, próximo a sua cabeça que parecia pesar uma tonelada, havia um insistente de gotejar que o estava tirando do sério.


_É isso mesmo meu amiguinho! Só falta mais um pouco...


Ele podia ouvir alguém falando, era uma voz exultante, alguém estava extremamente feliz...


_Imagine só! Eu, que até hoje fui um reles professor, serei o responsável por um momento histórico dessa importância! Apenas mais um instante...


Alvo abriu os olhos com esforço, sua visão embaçada demorou alguns instantes para focalizar o local, ele então viu que estava em um uma sala cavernosa, não havia janelas, o chão era de pedra e não existia nenhum adorno nas paredes, aquele lugar se parecia muito com...


_Ah! Veja só quem acordou! Que bom que você está presente Alvo! Assim, você poderá testemunhar este momento tão importante... o nascimento dos dementadores medievais! _ disse ninguém menos que Pickwick.


 


 


 


 


 

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