A Outra Hogwarts



Alvo olhou atordoado para Scorpio que parecia tão surpreso quanto ele, porém Rose parecia não ver nada de estranho naquela situação.


_Então esse é o Tirante de Gáia... professor?


_Sim _ respondeu Pickwick que olhava maravilhado o objeto em suas mãos _ este é o Tirante de Gáia, e ele finalmente está comigo.


_M-mas professor _ disse Alvo _ então era o senhor? O tempo inteiro...


_Eu lhe disse, Alvo! _ falou Rose _ Eu sempre desconfiei dele, desde a primeira vez em que o vi, no trem para Hogwarts.


_O que o senhor fez com o Doni?


_Você precisa entender _ disse Pickwick _era necessário, aquele garoto poderia ser perigoso...


_Perigoso?! _ esbravejou Alvo _ E o senhor é o que? Um santo?


_Escute... o garoto poderia atrapalhar tudo, estragar os planos...


_Que planos?! O que o senhor quer afinal?


_Eu preciso ir à Gáia.


_E o que o senhor quer fazer lá?


_Será que você ainda não entendeu, Alvo _ disse Rose _ ele certamente quer libertar a pessoa que está presa lá, seja ela quem for.


_Não há tempo para discutir isso agora _ disse Pickwick _ nós precisamos ir.


_Nós? _ disse Alvo.


_Sim. Vocês três e o Prof. Dumbledore irão me ajudar.


_Você acha mesmo que nós vamos lhe ajudar depois do que você fez com o Doni?


_Na hora certa você irá entender _ Pickwick levantou o Tirante de Gáia e desenhou vários círculos no ar com o objeto, em seguida os círculos se alargaram enquanto o corredor em que eles estavam diminuía, Alvo sentiu um leve deslocamento de ar e então o cenário mudou.


_Onde estamos? _ perguntou Alvo olhando ao redor.


_Você realmente não reconhece este lugar? _ perguntou Pickwick.


Alvo examinou o lugar com mais atenção, aquele corredor parecia familiar...


_Nós estamos na ala sul do sétimo andar!


_Isso mesmo, Alvo! _disse Pickwick _ Será daqui que nós iremos para Gáia, mas ainda está faltando alguém...


Pickwick fez mais um movimento circular com o Tirante de Gáia, um redemoinho prateado apareceu e de repente Dumbledore surgiu de dentro dele.


_Como vai, professor? _ disse Pickwick.


Dumbledore olhou em volta admirado, ele parecia tão surpreso quanto os garotos.


_Como eu cheguei aqui?


_Eu lhe trouxe _ respondeu Pickwick mostrando com orgulho o objeto que tinha em mãos.


_Então você está com o Tirante de Gáia _ disse Dumbledore.


_Sim. Ele é fantástico! Consegui lhe trazer para cá em um segundo! Eu posso fazer qualquer com isso!


_Tem certeza? _ perguntou Dumbledore.


_Bem... existe apenas uma coisa que essa belezinha não pode fazer, não é mesmo? _ disse Pickwick com uma risadinha _ Mas essa parte eu tenho certeza que você irá fazer por mim.


Dumbledore encarou Pickwick seriamente por alguns instantes, o outro professor mantinha um leve sorriso no rosto, mal contendo sua satisfação. Depois de alguns instantes Dumbledore se virou para Alvo.


_Nós não temos escolha _ disse Dumbledore _ ele terá que vir conosco para Gáia.


_Mas professor _ disse Alvo _ ele atacou o Doni na hora em que ele ia me contar alguma coisa importante! Nós não podemos confiar...


_Eu entendo Alvo, mas é melhor que ele venha, é mais seguro do que deixá-lo aqui em Hogwarts com o Tirante de Gáia.


_O senhor tem razão _ disse Alvo depois de refletir por algum tempo _ então... como o senhor vai abrir a passagem para Gáia?


_Eu não vou fazer isso.


_Não?!


_Não Alvo. Você é quem vai.


_Eu, professor?!


_Sim.


Sem dizer mais nenhuma palavra Dumbledore começou a retirar objetos de dentro das vestes, primeiro ele pegou duas caixinhas com estranhas inscrições e desenhos e em seguida uma pedra.


 _Aqui estão Alvo, os objetos que nós conseguimos recuperar durante este ano letivo; a Chave de Gáia, a Chave do Tempo e a Pedra das Nove Luas. Chegou o momento de você usá-las.


_Você não vai fazer isso Dumbledore! _ disse Pickwick que olhava para os objetos com um misto de espanto e cobiça.


_O senhor deseja ir à Gáia, não é mesmo Prof. Pickwick? Pois esse é a única forma.


_Mas você não pode entregá-los ao garoto, eu fico com os objetos!


_Lamento Pickwick, mas as coisas não serão assim.


_É mesmo? Será que eu terei que usar esse brinquedinho para convencê-lo? _ disse Pickwick girando distraidamente o Tirante de Gáia.


_Eu acharia isso bastante inconveniente.


_Inconveniente?


_Sim. Pois nesse caso eu seria obrigado a me defender.


_Você é mesmo muito presunçoso, acha que pode vencer o poder do Tirante de Gáia?


_Eu não teria tanta esperança... mas não é o Tirante de Gáia que eu precisaria vencer.


_Então você acha que pode me derrotar, Dumbledore? Vamos ver!


Pickwick levantou o Tirante de Gáia e dezenas de vultos negros surgiram, o professor fez um novo movimento e os vultos partiram para cima de Dumbledore.


_REPELIS SOLANUS! _ o feitiço de Dumbledore criou uma parede invisível que os vultos não conseguiram atravessar, eles ficaram circundando a proteção enquanto gritavam desesperadamente.


_Isso é o melhor que você pode fazer? _ disse Pickwick.


_Na verdade não _ disse Dumbledore. Ele fez um leve movimento com a varinha e os vultos se viraram para Pickwick.


_O que vocês pensam que estão fazendo? _ disse ele girando o Tirante de Gáia freneticamente _ É ele que vocês têm que atacar! Eu sou o senhor de vocês!


Mas as criaturas simplesmente já não o obedeciam, elas cercaram Pickwick que continuava protestando veementemente, de repente uma delas forçou a passagem pela boca do professor que estava aberta, era possível ver em sua expressão a dor que aquilo estava lhe causando, seu grito foi abafado pelo vulto que descia vagarosamente por sua garganta, as outras criaturas que continuavam formando uma cortina negra ao redor do professor, logo seguiram o exemplo e entraram no corpo de Pickwick que desabou inconsciente no chão de pedra.


Alvo se sentia chocado com o que havia acabado de presenciar, ele então percebeu que Rose que estava chorando baixinho ao seu lado segurava firmemente a sua mão.


_Professor... _ começou a falar o garoto ainda tentando encontrar as palavras _ o que eram... o que eram essas “coisas”?


_Elas são o tipo de criaturas malignas com quem não se vale à pena aliar, pois cedo ou tarde irão lhe trair... exatamente como dementadores.


_Então... existe mais tipos de criaturas como essas?


_Sim Alvo. Nem mesmo alguém que vivesse mil anos teria a oportunidade, se é que se pode chamar assim, de conhecer todas elas.


_ Prof. Dumbledore _ disse Scorpio que também parecia bastante abalado _ o Prof. Pickwick...


_Como muitos ao longo da história, ele parece ter feito a escolha errada, era um bom homem, mas a ambição corroeu seu caráter... bem, não temos mais tempo a perder, por favor, se aproxime Alvo.


O garoto avançou com as pernas trêmulas e se postou a frente de Dumbledore.


_O que... bem... o que o senhor vai fazer? _ perguntou Alvo um pouco nervoso.


_Não se preocupe, será bastante rápido e indolor _ Dumbledore colocou os três objetos entre e Alvo, em seguida levantou sua varinha e apontou para eles. Um brilho fantasmagórico iluminou a cena, os três objetos começaram a girar rapidamente como planetas em torno de um sol, então eles subiram e quando estavam quase alcançando o teto do corredor se fundiram, criando um único objeto de massa disforme, ele voltou a descer até a altura do peito de Alvo que engoliu seco com receio.


_Fique calmo, Alvo... _ disse Dumbledore de algum lugar que o garoto não conseguia mais identificar.


O objeto se aproximou do garoto que observava com apreensão, ele sentiu um calor agradável quando ele fez contato com seu corpo, então, vagarosamente, ele atravessou sua pele e Alvo pode senti-lo bem em cima de seu coração que batia acelerado.


_Você está bem, Alvo? _ perguntou Dumbledore com um sorriso tranqüilizador.


_Sim, mas isso é muito estranho.


De repente o brilho que iluminava o corpo de Alvo desapareceu, ele também deixou de sentir o objeto em seu peito, mas de alguma forma, sabia que ele ainda estava lá.


_E agora, professor?


_Agora você precisa mentalizar Gáia, preencha sua mente com isso...


Alvo tentou, era difícil se concentrar com todas as coisas as coisas que estavam acontecendo, sua cabeça não parava de se perguntar se aquilo realmente funcionaria, ele pensou que devia realmente estar parecendo um idiota, parado no meio daquele corredor com os olhos fechados enquanto nada acontecia, mas então, quando ele menos esperava, algo aconteceu...


_Veja isso! _ ele pôde ouvir Rose gritando surpresa.


_Muito bem, Alvo! _ disse Dumbledore.


O garoto abriu os olhos, parado bem a sua frente, estava um redemoinho multicolorido, finalmente, o caminho para Gáia.


_Estão todos prontos? _ perguntou Dumbledore_ Ótimo, então vamos.


_Professor?


_Sim, Scorpio?


_E quanto a ele? _ disse o garoto apontando para Pickwick.


_Ah! Eu quase me esqueci disso.


Dumbledore apontou para seu colega e uma maca juntamente com cordas surgiu e logo Pickwick estava deitado sobre ela bem amarrado.


_Eu acho melhor que eu fique com isso _ disse Dumbledore pegando o Tirante de Gáia enquanto Pickwick flutuava ao seu lado _ agora vamos!


Alvo avançou alguns passos e adentrou no redemoinho, ele se perguntou se algum dia voltaria a ver Hogwarts, isso aconteceu mais cedo do que ele esperava...


 


Um vento cortante atravessava o terreno desolado fazendo com que os integrantes do grupo ficassem gelados até os ossos, uma fina chuva que parecia presente há dias, castigava o solo lamacento e acidentado, à frente deles havia a silhueta monstruosa de uma construção em ruínas..


_Professor _ disse Alvo _ isso se parece com um castelo...


_É verdade.


_Um castelo que se parece muito com...


_Hogwarts _ completou Rose enquanto um trovão iluminava a construção iluminando seus contornos familiares.


_Mas... _ disse Scorpio _ eu pensei que nós estávamos indo para Gáia.


_E felizmente nós viemos _ disse Dumbledore.


_Mas Gáia fica em Hogwarts?


_Não a Hogwarts que nós conhecemos.


_Então nós estamos em outra dimensão? _ disse Rose.


_Exatamente. Agora vamos em frente.


Eles caminharam com dificuldades sobre o chão escorregadio, havia sombras de pedras em volta que se pareciam assustadoramente com lápides destruídas.


_Fiquem todos juntos, por favor, _ disse Dumbledore.


_ Existe mais alguém aqui? _ perguntou Scorpio.


_Certamente, e tenho certeza que eles não são amigáveis.


Eles seguiram em frente e logo alcançaram a porta de entrada do castelo, era sem dúvida a mesma porta da Hogwarts que eles conheciam, mas estava longe da imponência que eles conheciam, ela estava apodrecida, com vermes saindo dos vários buracos sobre sua extensão.


_Será que está aberta? _ disse Alvo se aproximando.


_Não encoste nisso! _ disse Dumbledore detendo o garoto _ Nós não podemos simplesmente abrir a porta.


_Mas o que faremos então?


_Espere! Deixe-me verificar.


Dumbledore andou de um lado para o outro em frente à porta com os garotos à distância, ele murmurou algumas palavras estranhas, ergueu a varinha em alguns pontos, mas não pareceu encontrar o que procurava.


_Ei! _ disse Rose _ Olhem isso aqui.


A garota estava apontando para uma placa que jazia quebrada no solo bem atrás deles, todos acenderam suas varinhas e puderam ler o que havia escrito.


 


Se você está lendo está mensagem é porque teve a infelicidade de vir parar neste inferno, o mais aconselhável seria fugir imediatamente, mas infelizmente isso é impossível. Neste lugar estão presentes as criaturas mais desgraçadas do mundo e entre elas, o bruxo mais maligno de todos os tempos. Eu lhe desejaria boa sorte, mas se você está neste lugar agora, provavelmente é porque mereceu, por tanto, todo sofrimento é pouco para você.


PS: Seria melhor você entrar antes que “eles” cheguem, mas para conseguir isso, seria interessante que alguém de Corvinal estivesse presente.


 


_O que isso significa? _ perguntou Rose _ Nós teremos que resolver alguma charada?


_Infelizmente não _ disse Dumbledore _ o tempo das charadas acabou...


 


 


 


 


 


 


 

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