Os Dementadores Medievais



_Harry Potter! _ repetiu Tiago incrédulo.


_Viu? _ disse Alvo _ Agora você acredita em mim?


_C-como você sabia?


_Não dá tempo de explicar agora, eu preciso ir até lá...


_Eu vou com você _ disse Tiago.


_Se é assim, eu também vou! _ disse Rose.


_Nem pensar! Você fica aqui com o Fred e...


_E quem disse que eu vou ficar?


_Alguém tem que tomar conta das crianças! _ disse Tiago com a autoridade de um homem feito.


Fred olhou para Lílian e Hugo por um tempo e então concordou com a cabeça.


_Está bem, eu fico com eles...


_Então vamos logo! _ disse Rose.


_Eu já disse que você não vai _ disse Tiago irritado _ escute Rose, isso vai ser...


_Deixe ela, Tiago _ disse Alvo.


_O que? Você quer que ela vá com a gente?


_Sim.


_Mas ela pode nos atrapalhar! Se o papai estiver com problemas nós precisaremos ajudá-lo!


_Rose não vai nos atrapalhar, ela provavelmente entende mais de magia do que nós dois juntos.


O rosto da garota ficou vermelho de satisfação.


_Você é quem sabe _ disse Tiago a contragosto _ seja como for, vamos logo!


_Sim! _ disse Alvo.


_Vamos lá! _ disse Rose.


Os três se despediram de Fred, Lílian e Hugo e partiram para o sétimo andar. Atravessaram corredores e subiram escadas sem nenhum problema, durante todo o caminho, eles podiam ouvir gritos e explosões vindos de algum ponto distante do castelo.


_O que será que está acontecendo? _ perguntou Alvo.


_Isso é coisa do Barton! _ disse Tiago.


_O que aconteceu exatamente?


_É difícil explicar _ disse Rose _ tudo ficou muito estranho, as coisas começaram a se transformar...


_Eu acho que consigo entender, também aconteceu comigo.


_Com você?


_Sim. Eu estava com o Prof. Dumbledore, então uma parede começou a crescer, depois tudo ficou uma loucura.


_E onde está o professor agora? _ perguntou Rose.


_Não sei. De repente eu encontrei vocês e não o vi mais...


Eles alcançaram o sétimo andar e se foram para o sul, já estavam quase no corredor da sala precisa, o local onde Rose havia ficado escondida por algum tempo no início do ano letivo...


_O que está acontecendo ali? _ perguntou Alvo.


_Boa coisa não é _ disse Tiago muito sério.


O local onde eles se encontravam estava completamente escuro, no fim do corredor, havia apenas um caminho, uma passagem à esquerda, e desse ponto vinha um luz azulada, que pulsava como um coração; os garotos sentiram um frio penetrante.


_O q-que e-está acontecendo? _ perguntou Tiago.


_E-eu estou com m-medo _ disse Rose.


Alvo sabia que era naquele lugar que o nome de seu pai havia aparecido no mapa do maroto, se Harry Potter estava com as companhias que Alvo imaginava, ele certamente estava com sérios problemas.


_Vamos!


Alvo se concentrou na imagem de seu pai para criar coragem, segurou firme a varinha e tomou a dianteira do grupo. Seu coração martelava seu peito, o garoto mal se arriscava a respirar, olhando uma última vez para os companheiros, ele deu mais um passo e alcançou o corredor onde ele juntamente com Dumbledore, Pickwick e Rose tinha visto pela primeira vez um daqueles redemoinhos multicoloridos, Alvo olhou para frente esperançoso, desejava ardentemente encontrar seu pai... mas não foi isso que ele viu.


O garoto teria gritado até acabar o ar de seus pulmões, mas o terror simplesmente o paralisou. No meio do corredor, havia um redemoinho, exatamente como naquela noite em que ele encontrou sua prima, em torno do círculo de luz, haviam criaturas que se pareciam muito com...


_Ratos! _ disse Rose com a voz rouca.


A garota estava certa, as criaturas se pareciam bastante com ratos; elas se arrastavam pelo chão, sobre suas quatro patas magras, tinha o corpo coberto de pêlo cinza e grosso e até mesmo um longo rabo esbranquiçado... mas ainda assim, de uma maneira muito peculiar, as criaturas se pareciam com seres humanos; como se fossem o resultado de uma mutação bizarra, mediam certamente mais de 1 metro e oitenta centímetros se resolvem ficar de pé, tinha os rostos com todas as características de um homem, mas de forma deformada, com olhos vermelhos e projetados, orelhas peludas e boca com longas presas. Elas estavam girando em círculo uma sobre as outras, suas bocas espumavam, elas pararam imediatamente essa atividade quando viram os garotos.


_O q-que são essas coisas? _ perguntou Tiago.


_São os dementadores medievais.


_Então era isso! _ disse Rose.


_Isso o que? _ perguntou Alvo.


_Você se lembra do Extrato de Venvíli de Hagrid?


_Sim. Por quê?


_O Extrato servia para capturar ratos! Esses ratos!


Alvo concordou com a prima, mas achou que aquela descoberta era inútil naquele momento, o que ele precisava era conseguir “destruir” aquelas criaturas, ele sabia que só havia um jeito.


_P-PATRONUM SELATTI! _ gritou Alvo de forma insegura. Nada aconteceu, e a verdade é que o garoto já imaginava isso, ele havia tido algumas aulas extras com Dumbledore, onde o professor havia tentado ensinar ao garoto esse feitiço, mas ele não havia conseguido nem uma vez.


Tiago e Rose também tentaram, mas tiveram o mesmo resultado. As criaturas rastejaram excitadas na direção dos garotos, Alvo sentia um medo incontrolável, gritos explodiam em sua cabeça. Ele pensou em seu pai, ele não estava no corredor, havia sumido novamente... Alvo teve visões terríveis onde Harry Potter era morto das formas mais horrendas possíveis, com aquilo na mente, era difícil se concentrar para produzir um Patronum Selatti decente, ele tentava se lembrar das orientações de Dumbledore: “Você precisa pensar algo que você deseja... se concentre nesse pensamento... a coisa que você mais quer na vida!”.


Alvo pensou novamente no seu pai, mas dessa vez, imaginou que estava encontrando com ele, e que tudo terminava bem...


_PATRONUM SELATTI! _ gritou alguém de forma firme, alguém que não era Alvo Potter.


Um lobo branco como a neve apareceu no corredor espalhando luz e calor pelo local. Alvo olhou admirado, enquanto o animal avançou na direção dos dementadores medievais que recuaram intimidados. O lobo soltou um longo uivo e dezenas de raios prateados vindos do alto acertaram as criaturas das trevas, logo, todas haviam sido destruídas. O garoto se virou, ansioso para ver o rosto de seu salvador, mas certamente não era aquela pessoa que ele esperava encontrar.


_Você?! _ disse Tiago que estava tão incrédulo quanto seu irmão.


Scorpio Malfoy ainda mantinha sua varinha levantada com uma expressão de espanto, como se nem ele próprio acreditasse no que havia acabado de fazer.


_Como você fez isso? _ perguntou Alvo.


_E-eu... não sei _ balbuciou Scorpio.


_E porque você fez isso? _ perguntou Rose desconfiada.


_Uma voz me mandou fazer...


_Como assim?


_Eu estava escondido em uma sala de aula, então ouvi uma voz, ela disse que vocês estariam aqui, e que precisariam de ajuda...


_Mas o feitiço! _ disse Alvo _ Como você conseguiu conjurar o Patronum Selatti?


_A voz disse que eu teria que usá-lo.


_Mas você já o tinha feito antes?


_Não... Eu não sei como consegui...


Eles ficaram em silêncio por algum tempo, nem haviam percebido que o lobo e o redemoinho não estavam mais presentes.


_Hum... obrigado _ disse Alvo apertando a mão de Scorpio _ você... bem... nos salvou.


_Tudo bem.


_E onde está o tio Harry? _ perguntou Rose.


_Ele não está mais aqui _ disse Tiago depois de conferir o mapa do maroto.


_Vocês estão falando de Harry Potter? _ perguntou Scorpio.


_Sim.


_Ele está aqui? Em Hogwarts?!


_Sim. Mas não dá tempo para explicar _ disse Alvo.


_E o que vamos fazer agora? _ perguntou Tiago.


_Nós precisamos encontrar o Prof. Dumbledore, ele vai saber como... ele vai saber o que fazer.


Sem mais demora eles partiram, Alvo não tinha a menor idéia de onde estava o professor, ele não estava aparecendo em lugar nenhum no mapa do maroto, mas o garoto tinha esperanças de encontrá-lo perto da parede onde ele havia se perdido. Estavam atravessando o quinto andar quando algo os deteve; no meio de um corredor havia uma espécie de barreira de luz, ela ocupava todo o espaço entre o piso e o teto, era impossível passar pelo local sem tocá-la.


_O que é isso? _ perguntou Alvo se aproximando alguns passos.


_Cuidado! _ disse Rose detendo o primo.


_Por quê?


_Pode ser perigoso!


_Mas nós precisamos andar logo!


_Deve haver outro caminho.


_Nós perderíamos muito tempo _ disse Tiago conferindo o mapa do maroto _ esse é o trajeto mais próximo para chegarmos até Fred e os outros.


_Mas nós vamos perder ainda mais tempo se ficarmos feridos! _ disse Rose.


_Nós não temos... _ Alvo foi interrompido por uma explosão estrondosa que aconteceu em algum lugar próximo, quando eles se viraram, viram a Prof. Minerva e a auror Estempter duelando ferozmente com quatro homens mascarados.


_O que vocês pensam que estão fazendo aqui?! _ perguntou  a diretora aos garotos entre um feitiço e outro.


_Nós estamos presos, diretora! _ disse Rose.


_SE ABAIXEM! _ gritou a auror um segundo antes de um feitiço passar raspando pelas cabeças deles.


_Veja quem está ali! _ disse um dos homens mascarados _ É o Alvo Potter! Peguem-no!


_Isso eu quero ver! _ disse Minerva _ ESTUPEFAÇA! Ninguém encosta um dedo em um aluno de Hogwarts enquanto eu estiver aqui!


Com seu ataque de fúria, a diretora conseguiu derrubar dois inimigos.


_Ah! Então você quer brincar? Não é mesmo, sua velha! Vamos ver o que acha disso!


De repente, um apito baixo foi ouvido, logo foi aumentando de volume, aumentando...


_TAPEM OS OUVIDOS! _ berrou Alvo _ É A MALDIÇÃO DE SELIBER!


De nada adiantou, em pouco tempo, todos estavam estirados no chão se contorcendo de dor.


_Agora vamos pegar o Potter!


Alvo se levantou, os homens estavam bem próximos...


_Nós não podemos ficar aqui! _ gritou ele.


_Bem... Vamos ter que testar a barreira _ disse Tiago indo na direção do muro de luz. No instante em que ele fez contato com o obstáculo, seu corpo se agitou violentamente, como se ele estivesse sendo eletrocutado. Faíscas douradas voaram por todos os lados e os garotos se abaixaram para não serem acertados, os homens mascarados não tiveram a mesma sorte, logo eles tombaram inconscientes.


_Tiago! _ gritou Alvo indo na direção do irmão.


_Não se aproxime Alvo! _ disse Rose.


_Mas é o meu irmão!


_DESINCATUM MARELES! _ gritou a Prof. Minerva e a barreira deixou de existir.


Alvo foi até Tiago o corpo de seu irmão estava repleto de queimaduras, ele respirava com dificuldades.


_O que aconteceu com ele? _ perguntou Alvo desesperado.


_Ele vai ficar bem _ disse a diretora _ só precisa de cuidados médicos _ Estempter, leve o garoto até a enfermeira Pomfrey. E vocês três vão se esconder junto com os outros alunos agora!


_Mas o senhora não pode ficar sozinha! _ disse a auror.


_Não se preocupe comigo, eu sei me defender, e esse garoto está precisando de você agora.


_Está certo _ disse ela levantando o corpo inerte de Tiago e partindo pelo outro extremo do corredor.


_Agora vocês irão para o salão principal, os alunos estão deixando o castelo por uma passagem criada por mim para emergências como esta.


_Mas professora... _ disse Alvo.


_Agora!


Alvo se levantou e voltou a correr, Rose e Scorpio o seguiram.


_Nós vamos mesmo para o salão principal? _ perguntou Rose.


_Vocês vão, eu preciso encontrar o Prof. Dumbledore.


_Nesse caso, eu fico com você.


_Eu também _ disse Scorpio.


_Vocês não entendem? É muito perigoso! Não viram o que aconteceu com Tiago?!


_Não adianta discutir Alvo _ disse Rose, o garoto viu em seu rosto resoluto que aquela era realmente uma causa perdida, nem ela nem Scorpio pareciam com ter a menor inclinação para abandoná-lo.


_Está bem! _ disse ele por fim _ Então vamos nos apressar, precisamos encontrar o professor para irmos à Gáia.


_O que é Gáia? _ perguntaram Rose e Scorpio em uníssono.


_Bem... eu também gostaria muito de saber...


Eles continuaram correndo pelos corredores sombrios da escola em um ritmo alucinante, conseguiram deixar o quinto andar sem mais problemas, mas não tiveram a mesma sorte no andar de baixo...


_Para onde vamos agora? _ perguntou Alvo à Scorpio que havia pegado o mapa do maroto de Tiago e agora orientava o grupo.


_Se virarmos a próxima à esquerda, encontraremos uma escada estreita que leva ao terceiro andar.


_Excelente! Então vamos!


Eles já estavam chegando ao final do corredor quando aconteceu...


_Mudinho! _ gritou alguém que estava atrás logo dos garotos.


Alvo parou tão de repente, que Scorpio e Rose que vinham logo atrás quase o atropelaram . Ele se virou.


_Doni! _ disse Alvo admirado _ Como você chegou aqui?


_Oh! Foi um longo caminho, nem queria saber!


_Mas você voltou da Estação Celeste sem a Pedra das Nove Luas! Isso é fantástico!


_Estação de onde? Pedra do quê? Você está bem mudinho?


_Você não se lembra? Nós nos encontramos, você estava trabalhando em uma estação aonde chegavam pessoas de várias dimensões...


_Que legal! Mas nunca vi nada parecido.


_Então o Prof. Dumbledore estava certo, era outro você que estava lá!


_Escute, essa conversa está muito boa... na verdade não está, mas isso também não vem ao caso, o que vocês estão fazendo? Onde está o barbudão?


_Nós também queremos saber, estamos procurando ele.


Mais uma explosão distante balançou as paredes do castelo.


_A invasão! _ disse Doni _ Ela já aconteceu?


_Sim _ disse Rose _ mas como você sabia que o castelo ia ser invadido?


_Eu descobri bastante coisa... como descobri! Eu sei inclusive quem está por trás de tudo que está acontecendo!


_Nós também sabemos _ disse Alvo prontamente.


_Sabem? _ perguntou Doni com os olhos arregalados.


_Sim, é o Sr. Barton do ministério, foi ele que roubou o Tirante de Gáia e...


_Ah! _ interrompeu Doni _ Então é isso que vocês sabem? Esse tão de Bargon ou Braton, tanto faz, está envolvido, mas não é ele o chefe da coisa toda.


_E quem é então?


_O manda-chuva é... _ Doni não pôde terminar, pois as paredes à sua volta se transformaram em um calabouço e ele caiu num abismo sem fim, em seguida, as paredes voltaram a ser paredes.


_Doni! _ gritou Alvo olhando ao redor _ Onde você está? Doni!


_Ele não está mais aqui, Alvo _ disse Rose.


_Mas... como? Quem fez isso?


_O Tirante de Gáia é realmente um objeto mágico fascinante, não é mesmo? Mal consigo acreditar que finalmente consegui colocar as mãos nele... _ um homem caminhou pelo corredor, ele carregava um velho cajado que emanava uma bela luz violeta, à medida que ele se aproximava, Alvo pôde reconhecê-lo, mas mal conseguia acreditar em seus olhos.


_P-professor Pickwick?!


_Como vai, Alvo? Espero que eu não o tenha assustado...

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