Patronum Selatti



Infelizmente para Roxanne _ que parecia estar adorando a confusão _ aquele princípio de briga não durou muito, alertado pelos gritos, logo Neville apareceu na sala comunal para ver o que estava acontecendo.


_É o Potter, professor! _ disse James Fink _ Armou toda essa bagunça porque eu chamei Malfoy para a equipe de quadribol da casa.


_Chamou? _ disse Neville um pouco surpreso _ De qualquer forma isso não é motivo para toda essa algazarra. Potter, menos dez pontos para grifinória!


_Mais professor...


_Sem mais garoto! E se você não se comportar, vão ser menos cinqüenta!


Tiago se soltou de Fred que ainda o segurava e subiu as escadas batendo pé.


_Agora escutem todos! _ disse Neville _ Eu tenho ouvido falar que Scorpio tem sido discriminado em Grifinória, eu não vou mais tolerar isso! Vocês não podem julgá-lo pelos erros cometidos pelos seus antepassados! Alguém aqui por acaso foi vitima de algo que ele fez? Tem alguma acusação a fazer? _ Neville olhou em volta e viu que todos os alunos o encaravam em silêncio _ como eu imaginava, vocês estão simplesmente...


_Eu tenho professor! _ todos os olhares miraram o garoto de longos cabelos negros.


_O que você quer dizer, Tim? _ perguntou Neville.


_O senhor sabe aquele livro que foi encontrado ao lado do garoto de Lufa-Lufa que foi atacado? Ele estava com Scorpio na chegada em Hogwarts.


_Que bobagem é essa, garoto?! Aquele livro foi roubado da biblioteca na véspera do ataque! O que você pensa que está fazendo?!


_Professor, eu...


_Cem pontos a menos para Grifinória e detenção, Sr. Hanger! E fique feliz por não ser expulso! Onde já se viu? Inventar uma história dessas apenas para incriminar um garoto!


_Pergunte ao Alvo Potter, professor! Ele também viu!


Dessa vez foi a vez de Alvo ser bombardeado por todos os olhares, o garoto ficou petrificado, o que Tim Hanger tinha na cabeça? O que ele poderia fazer? Todos os professores acreditavam que o exemplar da cena do crime era da biblioteca.


_E-eu... _ gaguejou Alvo.


_Você não precisa dizer nada, Alvo _ disse Neville _ e você, Sr. Hanger, não tente arrastar seus colegas para a lama junto com o senhor! Tenham uma boa noite!


Neville se retirou e todos continuaram parados e boquiabertos por algum tempo, até que como se alguém tivesse aumentado o volume de um rádio, a sala se encheu de conversas exasperadas.


_Porque você não disse que eu estava falando a verdade, Potter? _ perguntou Tim que parecia prestes a socar Alvo.


_Eu tinha te falado, não tinha? Eles acham que o livro é da biblioteca!


_Não interessa! Você é um traidor! Está defendendo um garoto que adora as Artes das Trevas, seu pai deve estar muito orgulhoso! _ completou Tim se retirando. Alvo pensou que adoraria saber o que seu pai achava a respeito daquilo tudo, mas infelizmente o garoto não tinha idéia de seu paradeiro.


 


O clima não estava nada agradável na mesa de Grifinória no café da manhã do dia seguinte, todos pareciam um pouco aborrecidos e cabisbaixos, todos menos Roxanne, que parecia alguém cujo maior desejo havia sido realizado. Alvo observou que Scorpio não estava à mesa; todos os presentes achavam que ele estava muito envergonhado para dar as caras, mas Alvo sabia que esse desaparecimento não tinha nenhuma ligação com o quadribol, o garoto vinha sumindo desde muito antes dos incidentes da última noite...


A primeira aula de Alvo foi transfiguração, onde os alunos sofreram tentando transformar uma xícara numa caixinha de música; Dominique foi a que se saiu melhor, apesar de sua caixinha espirrar café invés de tocar uma canção.


A próxima aula foi História da Magia. Alvo sempre ouvira de seu pai em seus momentos descontraídos que esta aula quando ministrada pelo Prof. Binns, era a mais maçante de Hogwarts... as coisas estavam bem diferentes com o Prof. Pickwick. Agora todas as aulas eram um espetáculo à parte, o professor narrava cada fato com tanta emoção, que qualquer passagem, por mais insignificante que fosse, se transformava numa história fantástica, que prendia a atenção de qualquer aluno, por mais disperso que fosse.


Naquela manhã, o professor estava em cima da mesa, narrando entusiasticamente uma batalha ocorrida no século XVII, entre dois grupos inimigos da Inglaterra.


_E então, Rufos, O Justo disse a Miquéias, O Insano: Esta data será lembrada como o dia em que o bem prevaleceu e as forças malignas foram mandadas direto para o inferno! _ o professor com sua varinha imitou o movimento executado por Rufos para a satisfação da classe, todos estavam fixos em cada movimento do professor... todos menos um. Por mais interessante que fosse a aula, Alvo tinha coisas demais na cabeça para se preocupar com o que os bruxos malucos de quatrocentos anos atrás faziam. Isso até Pickwick dizer as “palavras mágicas”.


_E então Miquéias respondeu: Você pode até me matar, mas nunca irá tocar no Tirante de Gáia!


_O senhor disse Tirante de Gáia?! _ perguntou Alvo antes que pudesse se controlar.


_Sim! O Tirante de Gáia era o objeto que... _ o professor parou a frase no meio e olhou Alvo maliciosamente _ Não. Eu me confundi, Potter. _ e assim ele continuou a narrativa omitindo qualquer referência ao Tirante de Gáia, mas Alvo ficou satisfeito por ter encontrado mais uma fonte interessante para suas pesquisas noturnas na biblioteca.


 


Naquela tarde, a chuva que ameaçava vir a vários dias finalmente apareceu... e com força total. Mal havia passado o meio-dia, mas o tempo estava tão fechado, que o castelo estava escuro como se fosse noite. Os alunos do 1º ano entraram na classe de Defesa Contra as Artes das Trevas onde o Prof. Dumbledore já os esperava, iluminado por grandes candelabros postos próximos as paredes.


_Sejam bem-vindos! Espero que ninguém tenha ficado perdido pelo caminho, teremos uma aula muito interessante hoje! Todos estão aqui? Ótimo! Vamos começar então: algum dos senhores saberia me dizer o que é um dementador?


 _Uma criatura das trevas que se alimenta da alegria das pessoas? _ arriscou Dominique.


_Bela resposta Srta. Weasley! É realmente muito interessante que os senhores ainda saibam definir essas criaturas mesmo nunca tendo visto uma.


_Eles sumiram logo depois que saíram de Azkaban, não é mesmo, professor? _ perguntou um garoto de cabelos castanhos e olhos fundos.


_É isso mesmo Martin. Há muitos anos que nenhum dementador é visto.


_Ainda bem! Eu que não gostaria de encontrar um! _ declarou George Faroell, o menino tímido que era um dos companheiros de dormitório de Alvo.


_É evidente que os senhores ouviram muitas histórias sobre essas criaturas durante a infância. É compreensível que ainda tenham receio.


_Pois eu gostaria muito de ver um dementador louco o suficiente para tentar me dar um beijo! _ disse Jet Suliman.


_Pois eu gostaria que o senhor não encontrasse! _ rebateu Dumbledore bem humorado _ Bem, eu já vi que os senhores têm algum conhecimento sobre o assunto, mas alguém poderia me dizer como um dementador “nasce”?


Os alunos olharam um para o outro.


_Eu imaginava isso _ disse Dumbledore _ mas saibam que a resposta desta questão será o tema de nossa aula de hoje!


A turma olhou admirada para Dumbledore, aquela realmente prometia ser uma aula interessante.


_Muito bem _ continuou o professor _ eu agora entrarei num ramo que certamente é de conhecimento maior do Prof. Pickwick, mas será necessário que eu me arrisque nele, para que possamos prosseguir em nosso assunto: Existem vários rumores ao longo da História, vejam bem, é preciso que vocês entendam que nada disso nunca foi provado, de qualquer forma, esses rumores falam sobre uma pedra com certas propriedades mágicas; a primeira lenda sobre esse assunto data da Grécia Antiga, quando um grupo de bruxos que planejava dominar o mundo invocou criatura das trevas que nasciam de tudo que era podre ou mofado, essas criaturas tinham apenas uma leve semelhança com seres-humanos e eram capazes de espalhar e medo por onde passassem. No século IV, novamente as histórias a respeito dessa pedra surgiram, com novas criaturas malignas sendo criadas e possuindo características semelhantes. E assim aconteceu ao longo da história inúmeras vezes, sendo que no século XVIII, aconteceu o primeiro relato das criaturas que hoje conhecemos como dementadores.


_O senhor quer dizer que os dementadores “nascem” dessa tal pedra? _ perguntou Martin.


_Como eu disse no início, são apenas rumores, mas eu tenho motivos para acreditar que sim.


_E todas essas criaturas que surgiram na história eram dementadores?


_Basicamente, mas cada uma dela possuía suas peculiaridades.


_E elas simplesmente desapareceram? _ perguntou Alvo.


_Esse ponto de maior mistério a respeito dessa pedra. Por algum motivo, depois de determinado tempo essas criaturas simplesmente não eram mais vistas.


_E onde está essa pedra agora? _ perguntou Dominique.


_Eu gostaria muito de saber essa resposta, minha cara. Por dessa forma eu talvez o pudesse evitar o que pode estar acontecendo.


_O que o senhor quer dizer?


_Como vocês sabem, eu viajei muito, a muitos lugares, antes de vir para Hogwarts. E em uma dessas viagens, eu acredito ter encontrado a forma mais terrível e temível do que conhecemos como dementadores, ele data da Idade Média e os rumores dizem, que ele foi responsável pelo que os trouxas conhecem como Peste Negra, que matou um terço da população mundial.


Todos os rostos na sala estamparam perplexidade, algumas garotas soltaram gritinhos e George Faroell chegou a cair de sua cadeira.


_Mas como essas criaturas podem ter voltado, se todas elas desaparecem depois de um tempo? _ perguntou Alvo.


_Isso para mim também é um grande mistério. Quando me deparei com a criatura ainda não tinha conhecimento suficiente para reconhecê-la, mas agora, tenho motivos para acreditar que realmente se tratava dele. Vejam bem, a minha intenção contando-lhes isso, não é espalhar o medo e o temor entre os senhores, eu quero apenas alerta-los e deixa-los preparados para se o pior acontecer, é por isso que hoje nós treinaremos o feitiço Patronum Selatti, que é a única forma de combater essas criaturas.


_Isso seria como um Patrono? _ perguntou Martin.


_Muito parecido, mas como eu disse, cada criatura dessas tem suas peculiaridades, então a forma do Patrono também precisa ser um pouco alterada para combater cada uma delas. Esse feitiço é de uma complexidade muito avançada, eu não tenho pretensões que os senhores consigam executa-los hoje, talvez nem mesmo esse ano, mas é importante que os senhores saibam como faze-lo, para quando estiverem melhores preparados, já possuírem o conhecimento.


Então Dumbledore se levantou, se aproximou um pouco da turma que continuava a encará-lo como se estivessem hipnotizados, ele foi levemente iluminado pela janela da classe que continuava sendo açoitada pela chuva e pelas fortes rajadas de vento que atravessavam Hogwarts, a iluminação precária deixava o professor com a aparência um pouco sinistra, mas isso não duraria por muito tempo...


_PATRONUM SELATTI! _ um clarão iluminou a sala, tão forte que no primeiro momento todos os alunos protegeram os olhos com as mãos, aos poucos suas vistas foram se acostumando e então eles tiveram uma visão fantástica.


_Uau! _ exclamaram vários deles em uníssono. Um pássaro muito branco e do tamanho de Dino, o cachorro de Hagrid, flutuava no centro da sala, a cima das cabeças dos alunos.


_Como podem ver _ disse Dumbledore assustando alguns alunos que quase se esqueceram da presença do professor _ o Patronum Selatti é mais poderoso que o Patrono normal, ele é capaz de emanar luz e calor em grande quantidade e sua aparição não apenas afugenta esse antecedente do dementador, o Patronum Selatti é capaz de destruí-lo.


_Que animal é esse, professor? _ perguntou Dominique.


_Essa é a Tamburiqui, um pássaro típico da fauna de minha terra. Cada Patrono adquire a forma de um animal diferente.


O professor fez então um movimento com a varinha e seu Patrono desapareceu deixando a sala no estado que estava antes, só que agora era bem mais perceptível o quanto o local estava escuro e frio.


_Muito bem! _ continuou Dumbledore _ Vamos praticar agora! O modo de invocar o Patrono Selatti é um pouco diferente do Patrono comum, os senhores precisam se concentrar não numa lembrança feliz; e sim num desejo, precisam imaginar a coisa que vocês mais querem que aconteça na vida e quando estiverem com esse pensamento bem cristalizado, digam Patronum Selatti. Vamos lá!


Os alunos se levantaram e se afastaram um do outro para terem espaço suficiente para trabalhar. Alvo pensou “O que é que eu mais desejo na vida? Hum... Descobrir o que está acontecendo no castelo!” E com esse pensamento na cabeça ele gritou o feitiço... nada aconteceu. “Isso não foi um pensamento bom o suficiente, o que eu mais desejo... É claro! Como eu não pensei nisso antes? O que eu mais desejo é encontrar meu pai!” Ele novamente disse o feitiço... ele não sabia dizer se foi sua imaginação, ou se realmente ele sentira um calor se espalhando de seu braço para o corpo inteiro, ainda sim, nada apareceu de sua varinha. Olhando em volta ele viu que a turma não parecia estar se saindo melhor, o lugar estava tão escuro como antes.


_Como está se saindo, Alvo? _ disse uma voz vinda de trás do garoto fazendo-o se assustar.


_Hum... Não consegui, professor.


_Se concentre, Alvo. Deixe que seu maior desejo seja o único pensamento existente em sua cabeça. Eu tenho certeza que dentre todos os presentes, você é o mais capaz de realizar o Patronum Selatti.


Alvo tentou esvaziar sua mente, mais isso não era uma tarefa fácil com todo aquele vento batendo na janela e aqueles gritos vindos de todos os lados. Ele tentou, pensou que estava encontrando seu pai e lhe dizia que tudo estava bem...


_PATRONUM SELATTI! _ um fiozinho prateado saiu da ponta da varinha de Alvo para o espanto de todos, dessa vez ele teve certeza de que seu corpo havia sido aquecido durante o processo.


_Muito bem, Alvo! _ disse Dumbledore _ Esse já foi um grande feito! Você conseguiu a forma primária do Patronum Selatti.


O garoto se sentia exausto, como se tivesse corrido de Londres à Hogwarts, como aquele feitiço cansava!


_Creio que por hoje isso basta! _ continuou o professor _ Como eu disse, os senhores ainda precisam aprender algumas coisas antes de conseguir lançar esse feitiço que é muito poderoso, nas próximas aulas treinaremos alguns encantamentos mais simples para então, voltarmos a praticar o Patronum Selatti. Tenham uma boa noite!


 


A auror chamada Julie Estempter já aguardava do lado de fora da classe para poder escoltar os garotos até o salão principal.


_Mantenha-se juntos! Está muito escuro e eu não quero ninguém perdido pelo caminho!


Eles partiram caminhando pelos corredores que não estavam nada acolhedores com aquele tempo, de tempos em tempos, um trovão ensurdecedor assustava os garotos enquanto os raios iluminavam as velhas armaduras de forma macabra. Numa dessas situações, George Faroell se assustou tanto que acabou derrubando uma das armaduras, o barulho foi impressionante e a confusão total. Alvo sentiu uma pancada no braço e caiu, todos se empurravam e falavam ao mesmo tempo.


_Façam silêncio! _ gritava a auror _ Estão todos bem?


Alvo ia responder quando sentiu uma mão tampando-lhe a boca, ao mesmo tempo que outro braço o levantava e o arrastava para longe dali, no meio da confusão ninguém percebeu o que estava acontecendo, o garoto se debatia mais o homem parecia ser muito mais forte que ele. Ele continuou sendo carregado por algum tempo até uma sala que ficava numa passagem precária que Alvo nunca vira antes. O homem jogou Alvo num canto e trancou a porta atrás de si. Alvo então viu seu rosto, ele conhecia aquele homem... mas... era impossível!


_Nós precisamos conversar, Alvo Potter! _ declarou o intruso seguido pelo estouro de um trovão como numa bizarra peça ensaiada...


 

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