Coisas Que Não Mudam



Alvo se sentia desnorteado, aquele homem... ele ouvira tantas histórias a seu respeito que apesar de nunca ter falado com ele, era como se já o conhecesse e de  certa forma, era um inimigo. Seu pai sempre evitou falar sobre ele, preferindo deixar as diferenças do tempo de escola para trás, mas seu tio Rony nunca deixou de odiar Draco Malfoy.


_Vejam só... _ disse Malfoy _ Que grande honra! O filho favorito de Harry Potter, o garoto que é sua própria imagem e semelhança. Eu me sinto como se tivesse onze anos novamente, você é idêntico a seu pai! Veja como eu estou sentimental.


_O que você quer comigo?


_Ah! Ele também fala como o pai! Sempre mostrando coragem, sempre auto-suficiente!


_Nós vamos ficar a noite inteira nesse joguinho?


_Tudo bem... já que você quer pular as formalidades...


Draco Malfoy apontou a varinha para o garoto que foi levantado na parede como se uma mão invisível apertasse seu pescoço.


_Eu gostaria de apenas de lhe fazer um pedido, Alvo _ disse Draco tranquilamente enquanto o garoto se contorcia _ um pedido de pai, eu não sou diferente do grande Harry Potter! Também sou muito zeloso e preocupado como meu filho. Ah! Eu estou te machucando? Desculpe-me!


Malfoy abaixou a varinha e Alvo caiu esparramado no chão, o garoto tentou gritar, mas sua voz simplesmente não saiu.


_Ah! Perdoe-me, mas isso foi necessário para que eu possa terminar de dizer o que desejo, prometo devolver sua voz quando terminarmos. Como eu ia dizendo, eu quero lhe fazer um pedido, meu filho tem me decepcionado bastante, sabe? Primeiro ele foi enviado para Grifinória, você consegue imaginar o quanto eu fiquei desgostoso? Há pouco tempo ele entrou na equipe de quadribol da casa, o que também me deixou devastado; mas o pior de tudo _ Alvo conseguia sentir o ódio crescente que se espalhava pelo corpo de malfoy _ a coisa mais humilhante, a maior vergonha que senti na vida, foi há alguns dias quando recebi uma carta de Scorpio, sabe o que ela dizia, Alvo? Sabe o que meu próprio filho teve coragem de me contar?! ELE DISSE QUE VOCÊ ERA O SEU MELHOR AMIGO! VOCÊ! O FILHO DE MEU MAIOR INIMIGO!


Draco fez mais um movimento com a varinha e Alvo foi jogado na parede inúmeras vezes como uma bola de tênis.


_Desculpe-me novamente, eu fico um pouco exaltado quando falo nesse assunto, é muito difícil para um pai, sabe? Então meu pedido é o seguinte: Eu não quero que você fale com Scorpio, eu não quero que você nem se aproxime de meu filho, eu tenho planos para o futuro dele, existe uma tarefa que ele precisa realizar e eu não quero você atrapalhando-o. Você entendeu? Ah! É claro, você precisa de sua voz para responder.


Malfoy fez um aceno displicente com a varinha e Alvo recuperou a capacidade de falar.


_POIS SAIBA QUE EU JÁ NÃO ESTOU FALANDO COM SEU QUERIDINHO FILHO HÁ MUITO TEMPO!


_Que ótimo! Isso facilita um pouco as coisas, não é mesmo?


_Então é verdade? Aquele livro realmente é de Scorpio?


_Ah! É claro que eu vou discutir isso com você! Porque não? Você só é filho do Todo-Poderoso Harry Potter! Falando no seu pai nojento, ele está meio sumido, não é mesmo? Você deve estar muito preocupado...


_O QUE VOCÊ SABE SOBRE O MEU PAI?!


_Ah! Você está realmente com medo! Se eu fosse você também estaria... bem, eu adoraria ficar aqui conversando com você, mas tenho assuntos mais importantes a tratar. Tenha uma boa noite, Alvo!


E dizendo isso, Draco se virou e saiu deixando Alvo _ que sentia dor em cada parte de seu corpo _ sozinho.


 


Com muito esforço Alvo se levantou e caminhou em direção a porta. Ao sair, ele se viu novamente naquele corredor desconhecido, como tinha chegado até ali carregado, não tinha a menor idéia de como encontrar o caminho de volta.


Decidiu seguir a esquerda, pois tinha a impressão que tinha cruzado aquele quadro do esqueleto sinistro...


_Boa noite, Alvo.


O garoto deu um pulo, alguém estava parado no final do corredor.


_Q-quem está aí?


O homem caminhou em sua direção e quando mais um raio iluminou o céu, Alvo viu uma longa barba acaju e um par de olhos muito azuis...


_Professor Dumbledore! O senhor precisa me ajudar!


_O que aconteceu, meu jovem?


_Malfoy! Draco Malfoy está no castelo! Ele me raptou no caminho para o salão principal, disse que tem uma missão para Scorpio...


_Draco Malfoy seria o pai de Scorpio? O que estudara junto com seu pai?


_Este mesmo!


_E você disse que ele está aqui, em Hogwarts? _ Dumbledore parecia um pouco surpreso.


_O senhor acredita em mim, não é mesmo?


_É realmente difícil crer nessa história, mas se você está dizendo, eu acredito. Para onde ele foi?


_Eu não sei, professor. Ele saiu da sala em que estávamos, disse que tinha outros assuntos para resolver, não vi a direção que tomou.


_Certo. Nesse caso eu vou acompanhá-lo até o salão principal, onde irei comunicar a Prof. Minerva o acontecido, para que possamos tomar alguma medida.


_E se ele fugir antes disso, professor?


_Se ele realmente tem assuntos a resolver em Hogwarts, eu creio que não será tão rápido. _ declarou o professor com ar de mistério.


_Professor... ele também falou de meu pai.


_O que ele disse, Alvo?


_Ele deu a entender que meu pai está ferido. O senhor acha que ele sabe de alguma coisa?


_Provavelmente não. Ele está querendo te assustar, eu já ouvi boas histórias a respeito desse Draco Malfoy.


_Eu também, professor.


_Mas não se preocupe, nós o encontraremos.


 


Dumbledore acompanhou Alvo até o salão principal, quando entraram, todos os rostos se viraram eles e os presentes começaram a sussurrar entre si. Alvo observou que a Prof. Minerva parecia nervosa.


_Onde você esteve? _ perguntou Dominique ao primo, quando ele sentou ao seu lado na mesa de Grifinória.


Alvo olhou para os lados.


_Eu não posso te contar agora.


_Porque não?


Alvo viu na outra ponta da mesa estava Scorpio. Alvo não sabia o que pensar do garoto. “Ele escreveu para o pai dizendo que eu era seu melhor amigo!”. Alvo não conseguia sentir raiva de Scorpio, ele estava com pena, o garoto provavelmente estava sendo forçado a fazer algo pelo seu pai que continuava tão inseguro e sedento de poder como aos quinze anos.


_Você está me ouvindo, Alvo? _ perguntou Dominique.


_Ah? Sim! Mais como eu disse, não posso contar agora, alguém pode ouvir.


Alvo viu a Prof. Minerva deixando a mesa dos professores acompanhada do Prof. Dumbledore.


_Me acompanhe, Potter _ disse a professora.


Eles saíram do salão principal novamente aguçando a curiosidade dos presentes.


_Que história é essa de que Draco Malfoy está no castelo, Potter?


_Ele me raptou professora, aconteceu uma confusão enquanto nós saiamos da aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, alguém derrubou uma armadura ou algo do tipo, então senti alguém me prendendo, me levou até uma sala estranha e quando vi o rosto do homem, era Draco Malfoy.


Minerva olhou pra Alvo com uma expressão desconfiada.


_Você acredita nisso, Prof. Dumbledore?


_Eu acho que Alvo não mentiria num assunto desta natureza.


_Se o senhor diz... O que ele queria com você, Potter?


Alvo então contou para a professora tudo o que aconteceu em seu encontro com Malfoy.


_Ele te agrediu?!


Alvo mostrou para a professora os hematomas que se espalhavam pelo seu corpo.


_Muito bem! _ disse a professora _ Dumbledore, reúna aos aurores, vamos procurar Draco Malfoy!


_Hum... Professora?


_Sim, Potter?


_Nós teremos visita a biblioteca essa noite?


_Visitas ao que? É claro que não! Os aurores vão estar ocupados e você precisa descansar, Potter. Tenha uma boa noite!


Alvo ficou desapontado, ele estava louco para poder conversar com Rose, mas isso teria que esperar uma próxima oportunidade.


 


Nos próximos dias o frio se tornou ainda mais intenso, uma corrente constante parecia atravessar o castelo dia e noite, a chuva também havia se tornado uma presença constante e quando não aparecia, era substituída por uma neblina que parecia tão espessa quanto gelo.


Alvo não tivera mais noticias de Draco Malfoy e nem havia tido chance de conversar com Rose, as visitas a biblioteca estavam suspensas e o salão principal não lhe parecia o lugar mais apropriado para discutir assuntos secretos.


Naquele momento a coisa que mais preocupava Alvo era Scorpio Malfoy. No primeiro momento, quando ouviu o que Draco Malfoy disse a respeito de seu filho, Alvo continuou a sentir ódio do garoto, aquela era a prova de que ele realmente estava fazendo algo errado nas horas em que desaparecia, mas por outro lado... Alvo pensava que o garoto podia estar sem opção, sendo forçado a fazer algo, sem ninguém para ajudá-lo, já que seu melhor amigo, não estava falando com ele por falta de confiança...


_Eu quero falar com você _ Alvo disse a Scorpio quando este acabara de chegar de um treino de quadribol, apesar da chuva e do frio, o time estava treinando três notes por semana, já que o primeiro jogo da temporada _ Grifinória x Lufa-Lufa _ se aproximava.


_O que você quer? _ perguntou Scorpio um pouco aborrecido.


Alvo não tinha planejado muito bem essa parte, o que ele diria ao garoto?


_Scorpio, eu sei que você não tem culpa do que está acontecendo!


_Do que você está falando?


_Do seu segredo.


_O que você sabe sobre isso?


_Eu não posso dizer, não agora. Mas você precisa resistir Scorpio! Eu sei que alguém está mandando você fazer algumas coisas...


_Não sei do que você está falando _ disse Scorpio, mas o garoto parecia um pouco abalado.


_Não faça, Scorpio! Não faça o que ele está te mandando fazer!


_Você é louco! _ completou o garoto em seguida se dirigindo ao dormitório.


_Você voltou a falar com o pequeno traidor, Alvo?


Era Tiago, que se aproximara do irmão junto com Fred.


_Isso não é da sua conta! _ respondeu Alvo.


_Vejo Fred, ele está virando um homenzinho!


_Sim! Está respondendo os mais velhos e tudo! _ disse Fred.


_Escute aqui, Alvo. Não fique andando com esse garoto, eu estou lhe avisando!


_Se ele não fosse tão bom artilheiro e Grifinória estivesse desfalcada, eu mesmo já o teria derrubado da vassoura. _ disse Fred.


_Porque vocês estão falando isso?


_Esse garoto está aprontando alguma coisa grande, Alvo _ disse Tiago.


_Sim. Outro dia ele apareceu no treino com um objeto muito estranho, o era aquilo?


_Não sei _ disse Tiago _ parecia alguma coisa velha... uma medalha ou algo do tipo, mas eu tenho certeza que era algo de Magia Negra.


_E desde quando vocês estão preocupados comigo? _ perguntou Alvo.


_Ah! Você ouviu Fred? Nós preocupados com ele... Eu apenas não quero que você manche o nome de nossa família!


_Isso mesmo! ­_ disse Fred _ Imagine quando a bomba estourar e alguém descobrir o que Scorpio está aprontando, o que as pessoas vão dizer se um filho de Harry Potter estiver envolvido!


_Eu não estou envolvido em nada! _ protestou Alvo.


_Vá dizer isso para a opinião pública! _ disse Tiago _ Bem, o recado está dado, pense bem, Alvo!


 


Nas próximas semanas, a neve que prometia aparecer no inverno, veio de forma precoce deixando o castelo envolto por uma grossa camada branca. Hagrid tinha muito trabalho tentando manter um caminho viável entre saguão principal e as áreas externas do castelo. O primeiro jogo de quadribol da temporada seria no próximo sábado e no castelo não se falava de outra coisa.


Grifinória não vendia o campeonato de quadribol desde que o lendário time de Harry Potter e dos Weasley estive na escola. Com tanto tempo na fila, a expectativa estava muito grande na casa. Ainda havia todo o burburinho em torno de Scorpio Malfoy, o garoto não estava tendo vida fácil, já que não era bem vista sua presença no time entre os membros de Grifinória, muito menos entre os Sonserinos, que o achavam um traidor. As aulas nas masmorras estavam cada dia piores, o frio lá embaixo era ainda mais intenso e o professor Geneon Goudin, parecia extremamente feliz com a oportunidade de implicar com Scorpio. “Sua poçon está um lixo, Senhorr. Malfoy! Vejam como até astrros do esporrte tem lá suas dificuldades!”. Dizia o professor para a alegria dos alunos de Sonserina.


Na véspera da partida, Alvo estava tomando seu café da manhã, com torradas e geléia de framboesa, quando sua coruja Átila apareceu com uma carta no bico.


_Ei! Como você está? _ disse o garoto preparando uma torrada para o animal, ele ainda se sentia culpado pelo último encontro em que brigou com a coruja.


Depois que ela levantou vôo, Alvo abriu a carta, ela estava escrita em uma caligrafia muito fina e inclinada...


 


 


Caro Alvo


 


Como você bem sabe, amanhã é o primeiro jogo da temporada de quadribol, uma ocasião em que toda escola estará com a atenção voltada para a partida. Julgo que esse momento seja ideal para fazermos aquilo que eu havia lhe falado. Me aguarde no saguão de entrada no horário do jogo e por favor, não conte isso a ninguém.


 


                                                                                                    Atenciosamente


                                                                                                  Prof. Dumbledore


 


 


Alvo ficou boquiaberto, ele estava ansioso para que chegasse aquele momento, mas agora que finalmente chegara, o garoto estava inseguro; sentia um calafrio que percorria todo seu corpo. O que será que ele teria que fazer? O que será que o Prof. Dumbledore sabia? Alvo então se lembrou de Draco Malfoy zombando de seu pai e isso lhe encheu de coragem, ele faria o que fosse necessário para ajudar Harry Potter.


 


 


 


 


 

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