Espírito de Equipe



Alvo passou mais uma noite em claro, novamente estava excitado demais para dormir. De todas as coisas que ele imaginara que o Prof. Dumbledore falaria com ele, aquela era a última das opções. Ele queria sua ajuda para acabar com os perigos que estavam rondando Hogwarts! Por quê? Essa questão estava martelando na cabeça do garoto, o que ele tinha de tão especial para ajudar numa missão tão importante? E ainda havia outra coisa que o preocupava: A segurança de seu pai. Dumbledore acreditava que ele estava em perigo, que algo poderia acontecer, isso se já não tivesse acontecido... Essa expectativa estava consumindo Alvo, mas a única coisa que ele podia fazer era esperar pela nova reunião com Dumbledore.


Os alunos passaram o final de semana trancados em suas salas comunais, o que fez o tempo passar ainda mais devagar para Alvo, quando haviam aulas, ele pelo menos se distraía com os deveres que estavam começando a ficar mais puxados. Apesar de estarem todos concentrados no mesmo espaço físico, Alvo observou que por várias ocasiões Scorpio parecia sumir do local, o que deixou o garoto ainda mais cismado com o que seu antigo amigo andava fazendo.


_Ei, o que foi mesmo que Bartolomeu, o Lunático disse para Julian, o Extrovertido na reunião parlamentar da Romênia em 1597? _ perguntou Alvo para suas primas Dominique e Roxanne que estavam fazendo uma redação para o Prof. Pickwick junto com o garoto no domingo à tarde.


_Disse que do jeito que as coisas iam, o mundo iria acabar em pouco tempo; e hoje eu faço minhas as palavras dele _ respondeu Roxanne. Alvo já havia se acostumado com a personalidade da garota há muito tempo. Ela era totalmente diferente de seu pai Jorge e seu irmão Fred, sempre mal-humorada, ninguém se lembrava de ter ouvido uma piada dela.


_Você está engraçada hoje prima! _ disse Dominique dando risadas _ quando eu souber de alguém deprimido, mando procurar você.


_O que eu posso fazer se tudo aqui está um tédio?


_Um tédio! Pois eu acho que tivemos bastante ação para uma primeira semana! Um ataque, os aurores... falando nisso, porque o tio Harry não veio, Alvo?


_Errr... eu não sei.


_Pois é uma pena! Eu adoraria ver ele.


_Pois pra mim tanto faz _ disse Roxanne.


Alvo estava novamente tendo problemas com sua redação.


_É muito difícil escrever isso sem poder consultar os livros da biblioteca! _ disse o garoto.


_Bem. A Molly me disse que a partir de amanhã haverá um horário para os alunos irem à biblioteca, eles serão escoltados por um auror até lá depois do jantar.


Essa notícia pareceu acender uma luz na cabeça de Alvo, é claro! Como ele não tinha pensado nisso antes? A biblioteca era o lugar perfeito para descobrir alguma coisa sobre a tal lenda e ainda por cima, ele poderia se encontrar com Rose! O garoto passou o resto do domingo bem mais satisfeito ao saber disso...


 


Alvo dormiu rápido aquela noite, sentia um fiozinho de esperança crescendo dentro do peito e além do mais, estava muito cansado para se dar ao luxo de ter outra noite mal dormida. Ele teve um sonho estranho, onde Hagrid o obrigava a beber Extrato de Venvíli dizendo que havia lido no livro Os Segredos das Artes das Trevas, que aquela era a única forma do garoto descobrir o que Scorpio estava aprontando; ao mesmo tempo Dino lhe dava leves mordidinhas na orelha que foram ficando cada vez mais fortes, o garoto tentava afastar o cão de todas as formas mais era impossível, enquanto isso Hagrid o mandava beber mais uma garrafa da bebida fedorenta... De repente ele acordou assustado, então ele viu que realmente havia um animal dando mordidinhas em sua orelha, mas não era Dino.


_Átila! O que você quer essa hora da madrugada! _ disse o garoto zangado para sua coruja que no meio da noite parecia um fantasma.


O animal levantou a asa e entregou uma carta ao garoto, em seguida levantou vôo olhando-o com reprovação.


Alvo foi até a janela e abriu a carta, era mais uma vez escrita por sua mãe:


 


 


 


Querido Alvo


 


 


 Como você está querido? Nós continuamos morrendo de saudades de você! Espero que Átila não tenha assustado, fui eu quem pedi a ele  que entregasse a carta no meio da noite, porque queria que você estivesse sozinho quando lê-se.


Gostaria de lembrá-lo do pedido que lhe  fiz na última vez em que escrevi e gostaria de acrescentar mais uma coisa: Tome cuidado com as pessoas! Fique de olho até em quem parece ser de inteira confiança e principalmente, nunca, eu disse nunca! Faça algo que pareça suspeito. Se você desconfiar que alguém está tentando lhe fazer mal, procure imediatamente Neville, Hagrid ou um dos aurores, eles estão aí por um motivo muito importante, seu pai gostaria de ter ido junto, mas infelizmente ele teve outros assuntos para resolver.


 


 


                                                                                       Com todo carinho


                                                                                                 Mamãe


 


 


Alvo ficou revoltado com o que leu. Porque sua mãe tinha que escrever sempre em códigos? Ela estava parecendo a voz na entrada da sala comunal de Corvinal, sempre com charadas! Porque simplesmente não falava o que estava acontecendo? O garoto novamente teve problemas para dormir.


 


_Muito bem! Quando eu der a ordem montem nas vassouras! _ A turma do 1° ano estava no campo de quadribol para sua primeira de vôo com a Prof. Hoock. Fazia uma manhã cinzenta e fria que prometia trazer uma tempestade a qualquer momento e Alvo não se sentia nada bem. Não que isso fosse culpa apenas do tempo, da noite mal dormida ou da carta cheia de enigmas de sua mãe... a verdade é que Alvo detestava voar.


Desde pequeno, sua mãe _ e principalmente seu pai _, insistiam em montar os filhos em vassouras e ensinar-lhes a jogar quadribol. Tiago sempre teve um talento natural para isso, quando voou pela primeira vez, foi como se fizesse aquilo há mais de dez anos! Até mesmo Lílian, apesar de mais nova levava jeito para a coisa; Alvo por outro lado nunca conseguira se manter sobre uma vassoura por mais de dez segundos, o que era uma sorte, já que com tão pouco tempo, ele não subia o suficiente para se machucar gravemente. A verdade era que ele detestava vassouras e o sentimento parecia ser recíproco. Por este motivo ele estava temendo aquele momento mais do que qualquer outro, ele sabia que iria fazer papel de bobo na frente de todo mundo.


Para aumentar ainda mais seu nervosismo, o time de quadribol inteiro de Grifinória resolveu aparecer naquela aula de vôo daquele dia, estavam todos sentados nas arquibancadas acompanhando atentamente o que acontecia no campo.


_Montem nas vassouras! _ disse a Prof. Hoock _ Muito bem! Agora quando eu contar até três, tomem impulso e levantem vôo, lembrem-se: segurem-se firme e mostrem para a vassoura quem está no comando! Um... Dois... Três!


Alvo tomou impulso e subiu. Seu pai sempre lhe descrevera a sensação da primeira rajada de vento na face quando se voa, como algo estimulante, fantástico! Pois para o garoto a sensação estava bem mais próxima do pânico, ele simplesmente odiava altura!


O vento zumbia em seu ouvido e para sua surpresa ele ainda estava sobre a vassoura, parecia estar fazendo tudo certo, mas ele se esquecera de um pequeno detalhe: abrir os olhos. Voava a esmo com as pálpebras bem coladas, suas mãos deviam estar brancas devido a força com que segurava o cabo da vassoura.


_Cuidado! _ Alvo ouviu o alerta e precipitadamente abriu os olhos e girou a cabeça.


Todos ouviram um baque terrível. Quando percebeu, Alvo sentia o cheiro do orvalho e uma dor terrível no braço esquerdo. Havia caído de uma altura de cinco metros após ter batido na vassoura de George Faroell que milagrosamente conseguiu se manter no ar.


_Você está bem Potter? _ perguntou a Prof. Hoock que estava branca como giz. O garoto viu que o time de quadribol, liderado por Tiago, urrava de tanto rir nas arquibancadas. _  parece que seu braço quebrou! Levante-se, vou levá-lo até a enfermaria.


Alvo se sentia péssimo, como havia previsto, aquela maldita vassoura o havia feito passar vergonha, porque tinha que aprender aquele jogo idiota?!


A professora o levou até a enfermaria onde a enfermeira Pomfrey colocou seu braço numa tipóia, murmurou um encantamento e deitou-o numa cama.


_Agora fique bem quietinho!_ disse ela _ com sorte seu braço estará novo na hora do jantar! _ ela fechou as cortinas em volta do garoto e se retirou.


Alvo passou algumas horas aborrecidas, continuava a desejar com todas as forças que a aula de vôo fosse abolida e as vassouras proibidas. De repente ele ouviu a porta da enfermaria se abrindo.


_Como ele está Pomfrey? _ Alvo conhecia aquela voz... era... a Prof. Minerva! Ela havia vindo vê-lo apenas por causa de um braço quebrado?


_Continua na mesma situação _ respondeu a enfermeira _ não corre perigo de vida, mas continua num estado vegetativo.


“Espere um minuto!”, pensou Alvo. “Elas não podem estar falando de mim eu apenas...” , e então a ficha caiu, ao entrar na enfermaria Alvo estava tão irritado que nem reparou se haviam outros pacientes, mas era claro que havia! O garoto atacado! Ele certamente estava em alguma daquelas camas.


_A poção do Prof. Goudin não está surtindo efeito? _ perguntou novamente a Prof. Minerva.


_Ela serviu para estabilizar o garoto, o que já foi um feito incrível! Eu nunca vi um ferimento parecido.


_Quem está naquela outra cama? _ Alvo fechou os olhos rapidamente.


_Potter. Ele quebrou o braço.


_Ele está acordado?


Pomfrey foi até a cama do garoto.


_Ele está dormindo _ disse ela _ Prof. Minerva... a senhora já sabe como pegar quem ou quê fez isso?


_O Prof. Goudin já entregou para Hagrid o Extrato de Venvíli e em poucos dias, ele poderá preparar as armadilhas.


_Armadilhas? Então essas coisas não são humanas?


_Ninguém sabe ao certo Pomfrey. Mas certamente há um humano por traz disso...


 


Por volta da hora do jantar a enfermeira Pomfrey examinou a braço de Alvo e disse que ele poderia ir, como os alunos não podiam andar sozinhos pelo castelo, foi necessário esperar algum responsável passar por ali, isso não demorou muito, pois depois de alguns minutos o Prof. Pickwick apareceu no local.


_Olá enfermeira Pomfrey _ disse ele bem disposto como sempre _ meu tônico está pronto?


_Sim professor, aqui está. Será que senhor poderia acompanhar Potter até o salão principal?


_Potter! É claro! Como está garoto?


E assim os dois partiram. No meio do caminho Alvo percebeu que aquela era uma grande oportunidade, Pickwick não fez grande caso do fato dele ter lido aquela carta no trem, talvez...


_Hum... Professor?


_Fale garoto!


_O senhor se lembra daquela carta... no trem...


_É claro!


_O senhor sabe porque meu pai não veio com os aurores?


Pickwick parou e encarou o garoto, ele estava diferente, com um semblante muito mais sério do que o habitual.


_Desculpe Alvo, mas não posso falar disso, é para seu próprio bem!


_Mas...


_Eu lamento. Agora vamos andando!


 


Quando Alvo chegou à mesa de Grifinória foi mais uma vez ridicularizado pelo time de quadribol, em especial por Tiago, que fazia uma imitação maldosamente fiel do tombo do garoto.


_Não ligue para ele! _ disse Molly que era a única do time de quadribol que não estava rindo.


_Ele é um idiota!


_As vezes sim... _ disse a garota olhando para Tiago com um misto de desgosto e pena.


_Ei! Dominique me disse que os alunos poderão ir até a biblioteca depois do jantar.


_Sim.Um auror vai escoltar os alunos.


_Ótimo! Eu preciso consultar um livro para terminar meu dever de casa.


Quando todos terminaram o jantar Alvo foi até Rose para chamá-la para ir com ele.


_O que aconteceu? _ perguntou a garota _ Eu soube que você se machucou.


_Eu te conto lá.


 


Eles seguiram com um grupo de uns vinte alunos acompanhados pelo auror negro até a biblioteca. Então Alvo e Rose se sentaram numa mesa afastada. O garoto contou para prima sobre seu acidente e sobre o que ouvira na enfermaria.


_Oh! Então aquele tal Extrato de Venvíli servi para capturar quem fez o ataque!


_É o que parece.


_Mas como nós poderemos descobrir o que é que esse extrato combate?


_O que?! Você nem parece filha da tia Hermione! Olhe a sua volta!


_É claro! Os livros!


_Por onde vamos começar?


_Nos livros de poções, obviamente!


Os garotos foram até a seção da biblioteca de Poções e voltaram com os braços abarrotados de livros.


_Vamos ver esse _ disse Alvo _ Poções Raras e Suas Inutilidades... Não, sem Extrato de Venvíli no índice.


_Deixe-me tentar _ Rose olhou Poções Para Todas as Ocasiões, mas também não teve excito.


_1001 Poções Para Preparar Antes de Morrer... também não...


E assim eles continuaram por quase uma hora, mas por mais que procurassem, parecia que nenhum autor nunca havia escrito sobre o Extrato de Venvíli. No fim restava apenas um livro sobre a mesa, um exemplar velho e com a capa tão mofada que era impossível ler o título, Alvo o abriu sem muito esperança...


_Achei no índice! Página 512!


O garoto folheou o livro até a página e de repente soltou um gemido de desanimo.


_O que foi? _ perguntou Rose.


_A página foi arrancada.


 


Depois de pouco tempo o auror apareceu dizendo que era hora de partir, Alvo e Rose se despediram e combinaram de continuar a busca na noite seguinte. Quando atravessou o quadro da Mulher Gorda, Alvo percebeu que estava acontecendo uma grande confusão na sala comunal de Grifinória. Para variar, seu irmão parecia estar no centro do tumulto, ele gritava e atirava objetos em alguém no meio da multidão, Fred e mais dois garotos tentavam controlar Tiago.


_Pare de se comportar feito uma criança, Tiago! _ berrou James Fink, um garoto alto e forte do sexto ano que era o capitão do time de quadribol.


_Eu não vou aceitar isso! _ disse Tiago _ O que você quer fazer é uma vergonha para Grifinória!


Alvo se aproximou da confusão.


_O que está acontecendo? _ ele perguntou para Dominique que estava observando a cena ao lado de Roxanne.


_Olhe! _ disse a garota apontando para o centro do círculo.


Alvo então viu quem era a vítima do ataque de fúria de seu irmão... não era outro senão Scorpio Malfoy.


_Eu não vou aceita-lo no time, Fink!


_Pois você não tem que aceitar nada! O capitão sou eu! Você sabe muito bem que Edward se machucou! Nós estamos desfalcados de um artilheiro e Scorpio mostrou que é muito bom hoje na aula de vôo!


_Scorpio no time de quadribol?! _ exclamou Alvo olhando assustado para as primas.


_Bem... _ disse Roxanne _ agora as coisas estão começando a ficar interessantes!

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