A Difícil Arte de Esperar



Capítulo 6-


                    A Difícil Arte de Esperar


 


 


- Professor Dumbledore, algum problema? – Perguntou Dryade preocupada ao ver Nina e Nick na sala.


 


- Sim. Tivemos notícias da missão do senhor Malfoy, segundo os aurores que faziam parte de sua equipe, ele está morto. Mas, segundo a senhorita Noxon, ele vive. Deve ser prisioneiro a essa hora. A senhora e o professor Snape tinham informantes durante a guerra, poderia tentar contatá-los e descobrir seu paradeiro? – Perguntou o antigo diretor demonstrando preocupação.


 


- Como ela?... – Dryade estava atônita, revezando o olhar ora para Nina ora para o diretor.


 


- Ela é uma sensitiva. – explicou McGonagall.


 


- Compreendo. Vou ver o que posso fazer, vou precisar de alguém que me substitua hoje. E alguém que fique com  Nina e com o garoto.


 


- Vá Dryade. Cuidaremos de tudo! – Tranqüilizou a diretora.


 


Harry entrou pela lareira, seguido de sua equipe direto para o Ministério. Eles precisavam se reunir e começar a procurar Malfoy mais uma vez. Ele tinha um talento para seqüestros. Mesmo sendo colocado em serviços internos como o de fabricar poções em Hogwarts.


 


 


Dryade saiu esvoaçando sua capa, ela acreditou em Nina quando a olhou nos  olhos. Ela dava uma chance do seu quase afilhado de sobreviver a mais uma missão, chance que os companheiros de equipe não deram. Tinha urgência em sair dos muros de Hogwarts e aparatar no Cabeça de Javali, sua primeira parada.


 


O dia já desvanecia, Nina aflita andava de um lado para o outro, no gabinete de McGonagall já havia contado a História da Bruxinha Tatá com duas novas aventuras. Nick parecia se adaptar logo ao novo mundo. Mas, quando se tocava no nome de Malfoy ele fechava o cenho. Não queria pensar no novo pai. Nina até compreendia, o garoto viu seu desespero e estava naquela sala durante a curta reunião. Ele entendeu que seu pai estava desaparecido. Perderia outro pai? Então pra que saber mais dele? O garoto já havia perguntado sobre tudo que havia naquela sala. Fizera amizade com Fowks, a ave parecia gostar do garoto.   


 


Quando Dryade chegou já era noite.  Mandou uma coruja para Harry que apareceu na lareira da diretora com sua equipe.


 


- Aqui. – Começou a mostrar em um mapa. – Três possíveis locais. Sugiro três equipes simultâneas. O elemento surpresa está do nosso lado. Talvez possamos resolver mais de um caso hoje senhor Potter. – Informou a medibruxa um pouco cansada.


 


- Então vamos, Luna você lidera o grupo que irá as ruínas da Mansão Ridley, Harry a esse endereço na Londres trouxa, e Longbotton o Cemitério em York Shire. Vão, e que Merlin os acompanhe. – Disse McGonagall dando as ordens como a muito não fazia.


 


- Vou com você Harry. – Informou a Dryade.


 


Mais horas de tortura e tensão para Nina. Deu o jantar para Nick e o acomodou no sofá da sala de McGonagall. O garoto dormiu rápido, havia sido um dia longo. Mas, para ela, não haveria descanso. O amiguinho de Tatá estava em perigo. Desde pequena sonhava com Malfoy. Nunca entendeu seus sonhos, até agora. Seu amiguinho imaginário não era tão imaginário assim. Sempre contava as aventuras da Bruxinha Tatá desde o orfanato, as meninas que dividiam o quarto com ela só dormiam depois de uma aventura. Foi tirada de seus devaneios pela diretora.


 


- Senhorita, por que não descansa? Deve estar exausta. – Disse compreensiva.


 


- Senhora, estou confusa demais para relaxar. – Respirou fundo e desabafou. – Eu não entendo por que sonho com o Senhor Malfoy desde pequena.  Não sei por que sinto tanta dor quando penso nele. Quando vi Nick pela primeira vez na escola pensei que o garotinho com quem eu sonhava quando criança havia tomado forma, sentia por ele um amor que não podia explicar, quando ele me abraça sinto seu cheiro, é como se ele fosse meu filho. Ele não era exatamente uma criança feliz na família trouxa dele. Mas quando vi Malfoy pela primeira vez perto da enfermaria, tive a certeza de que Nick tinha outro pai. E eu perderia o garoto para sempre. Deveria estar feliz que Nick encontrou seu verdadeiro pai. Mas não estou... – Nina disse se sentindo meio derrotada no momento.


 


- A vida está em constante mutação, senhorita, e o que existe entre a senhorita e o garotinho é pra sempre. Nem o tempo e a distância foram capazes de separar. A senhorita e o senhor Malfoy estavam predestinados, com certeza. Então a vida inventou um meio disso acontecer. Agora tente se acalmar. Tudo vai ficar bem. Antes do nascer do sol eles estarão aqui. Acredite. A senhorita o salvou.


 


- Quero crer que sim, perder dois pais em menos de uma semana é demais para qualquer um. Não quero que meu garotinho sofra.


 


Era quase dia quando Nina levantou a cabeça que apoiava no braço da poltrona. Sentia Malfoy perto.


 


- Professora McGonagall, eles chegaram. – informou Nina acordando a diretora que cochilava em sua mesa.


 


- Vamos, eles devem tê-lo levado para a área hospitalar. – A diretora não entendeu bem porque não o levaram para o Saint Mungus, mas, não disse nada.


 


Nina acordou Nick. E os três foram para a área hospitalar. Madame Pomfrey já estava com ele na sala de dentro, juntamente com Dryade. A vida de Malfoy estava por um fio. Mais uma vez.


 


- O garoto é safo, vai sair dessa. – Disse Hermione tentando confortar Nina.


 


- Onde está meu papai? – Perguntou Nick a queima-roupa surpreendendo Nina.


 


- Seu papai está lá dentro com o médico. Já, já ele sai. Tá bom? – Informou Nina não entrando em detalhes que também não sabia.


 


- Tenho que contar pra ele que o Tio Harry me levou para voar. – Explicou Nick para uma platéia meio incrédula.


 


- Você vai dizer. Poderá contar o que quiser. Terá bastante tempo para isso!! – Nina estava um tanto emocionada com a mudança do garoto.Nick tinha um ótimo coração.


 


Ficaram por ali por mais de uma hora, Nick cansou-se e cochilou, Nina havia acordado o garotinho antes do amanhecer. Ele ainda estava com sono e era melhor que dormisse o clima ali não era dos melhores. E ninguém saia lá de dentro.


 


- Potter o que vocês acharam dele? Apenas pedaços? Por que demoram tanto? – Comentou Nina já sem paciência.


 


- Calma Noxon ele está em boas mãos. Mas vou ser sincero, não tenho muita esperança dessa vez. Ele sofreu todo tipo de maldição, perdeu muito sangue. – Ainda não sabemos dizer se foi vingança ou simplesmente queriam extrair alguma informação que julgaram que ele tinha. – Informou Harry.


 


- Maldição? – Nina não entendeu muito do que Harry disse.


 


- Foi torturado com magia negra. O que é proibido em nosso mundo. – Explicou Hermione.


 


O rosto de Nina parecia uma folha de papel de tão branco. Esfregava as mãos e andava de um lado para o outro.


 


- Olha... – A garota fez uma pausa forçando Nina a encará-la. – Ele saiu de enrascadas piores, afinal não é saudável ser comensal da morte. Ele sobreviveu ao Lorde das Trevas. Não vai ser agora que irá desistir. – Disse Hermione tentando dar um pouco de esperança para Nina.


 


Por fim Dryade saiu muito pálida da sala. Esboçou um pequeno sorriso para Nina. – Salvou Draco hoje. Obrigada. – Desviou o olhar e encarou os outros. – Fizeram um bom trabalho. Malfoy vai se recuperar. Vou levá-lo para os meus aposentos daqui a pouco. Espero que Nina não se importe de ter mais um Malfoy a seus cuidados. – Completou Dryade olhando para a sobrinha novamente.


 


- Não Senhora. – Disse Nina sentindo que sua tia escondia algo.


 


A cor voltava às faces de Nina. Os membros do Esquadrão Fênix se retiraram e ela ficou só novamente. Dryade voltou com Malfoy flutuando a sua frente. Nina pegou Nick no colo e a seguiu.  Sabia que algo estava errado, se o caso era tão grave deveria estar na área hospitalar. Ficou em silêncio, não era oportuno discutir ali.


 


Sem tempo de reorganizar seus aposentos Dryade pediu licença a Nina para colocá-lo na cama dela. Essa assentiu prontamente, deixando Nick na cama dele, puxou os lençóis da cama. Dryade transfigurou as roupas do rapaz e aplicou um feitiço de limpeza.


 


- Tia, devo entender que ainda não acabou? – Perguntou Nina incerta.


 


- O que em nome de Merlin está dizendo? – Dryade voltou-se para a sobrinha curiosa.


 


- Posso sentir que a senhora esconde seus pensamentos de mim. É boa nisso. Não confia em mim. Mas é leal a ele. E a Ordem da Fênix... Por quê?... Tem um motivo... É especial, muito especial... Está atrás dessa porta... Está fechada... Não consigo... Abriu...


 


Nina entrara na mente de Dryade e ambas travavam uma luta feroz, mas ela conseguiu abrir a porta e se afastou antes de escancará-la. Não era mais necessário ver as entranhas dela, sabia o necessário sobre sua lealdade, e o amor sincero que sentia por Draco e por ela. Era só o que importava.


 


- Por que não entrou? – Perguntou a medibruxa entre atônita e curiosa.


 


- Esse motivo é só seu, e o conhecimento dele não fará diferença a ninguém. Não tenho o direito de invadir. Desculpe, mas, eu precisava saber se poderia confiar na senhora.


 


- Tem noção do que fez? – Perguntou Dryade ainda sob o efeito da invasão.


 


- Ler mentes? Faço isso desde pequena no orfanato. Saber o que os adultos pensam pode te salvar de várias formas. E salvar seus amigos, mas, devo confessar que é bem mais fácil com... Qual é o termo que vocês usam... Trouxas. É a primeira vez que fico cansada. – Nina informou a tia com simplicidade.


 


Dryade estava desconcertada. A garota era habilidosa. Contudo ela estava muito cansada e sem dormir. De guarda baixa. Essa era a explicação lógica.


 


- Subestimei você. Mas, devo agradecer por não ter entrado naquela memória. E respondendo a sua pergunta: não. Não acabou ainda. Os aurores o deixaram lá para morrer. Não sei se todos ou qual deles. Draco ainda não está fora de perigo. Quebrou algumas costelas e teve um pulmão perfurado. Precisa de muito repouso e cuidados. Mas, quem tentou mata-lo vai tentar novamente, a área hospitalar não é segura. Ele estará seguro aqui. – Disse a Medibruxa já se recuperando.


 


- Ponha outra cama aqui, não tenho mesmo muito que fazer, e já estou me tornando uma boa enfermeira. Diga-me como e eu cuido dele? – Sorriu ternamente para a tia.


 


- Ele tem um elfo doméstico que o serve aqui. Twinky!


 


Com um estalido alto o pequeno ser apareceu do nada assustando Nina.


 


- Twinky Mestre Malfoy está doente. Esta é a senhorita Nina Noxon e o garotinho ali na cama é Nicholas filho do mestre. Então quem vai te chamar agora é a senhorita Noxon. Ajude-a com o seu mestre. Faça tudo que ela mandar.


 


- Sim Twinky obedece. Senhora quer alguma coisa? – A criatura tinha um misto de encanto e medo estampado em seu rosto.


 


- Traga café da manhã para nós três. - Nina falou encarando o pequeno ser incrédula. O que era aquilo? Ouviu novamente o barulho alto de aparatação. O pequeno ser havia partido.


 


- Vou tomar um banho e acompanho vocês no café. – Disse dryade ainda se recuperando da experiência com Nina.


 


- Sim. – A garota disse simplesmente ainda processando o que acabara de ver.


 


Dryade explicou a Nina os cuidados que deveria ter com Malfoy. Não era difícil. Comida e poções na hora certa. E vigilância. Ela não deveria deixá-lo só. Os aposentos da medibruxa eram protegidos com feitiços. Agora mais reforçados ainda. Ninguém entraria ali se não fosse convidado.


 


oOo


 


Com a idade que Nick tinha, Hogwarts não oferecia atividades para ele. Então Nina resolveu criar uma rotina para o pequeno. Para preencher o seu tempo e o dela. E poder mantê-lo ocupado para que não ficasse entediado ali. Ficou surpresa quando Nick viu Twinky pela primeira vez. O garotinho chegou perto do pequeno ser e com o dedinho tocou as orelhas dela com cuidado. Ela sorriu para ele. E disse que o mestre havia encolhido. Ela havia cuidado de Malfoy desde bebê e então uma conversa se estabeleceu entre eles. Até Dryade pareceu surpresa. E desistiu do feitiço de paternidade.


 


Pela hora do almoço decidiu que almoçariam e Nick daria uma volta com Twinky, ela era confiável com certeza, seus pensamentos eram claros e ela não impediu Nina de entrar em sua mente. Depois acordaria Malfoy.


 


- Twinky, traga um creme de legumes e carne. Creio que o seu mestre não vai apreciar esse nosso almoço agora, talvez amanhã. Hoje ele precisa de algo leve. – Pediu imaginando como seria complicado não ter Twinky por perto.


 


- Sim senhora. - Respondeu a elfo esperando por mais ordens.


 


- E pode levar Nick para um passeio de uma hora pelos jardins? – Perguntou Nina ainda meio incerta.


 


- Twinky leva! – Disse demonstrando toda sua alegria com o passeio.


 


A pequenina era eficiente trouxe a sopa e levou o garotinho. Nina sentou-se na cama e fitou o rosto pálido do garoto, ele tinha alguns hematomas, mas logo estaria bem. Delicadamente retirou uma mecha do seu rosto. E sussurrou seu nome. Aos poucos ele foi voltando a si. Meio desorientado no começo, mas a voz delicada de Nina parecia situá-lo.


 


- O anjo da Família Malfoy... – Draco tentou esboçar um meio sorriso. – Não me lembro de vir para a cama. Nem desse lugar... Estava desfrutando da hospitalidade de alguém muito insano. – Draco tinha um pouco de dificuldade para falar.


 


- Deu-nos um susto muito grande. Mas achamos você a tempo. – Nina estava aliviada de poder conversar com ele novamente.


 


- Ela quer dizer que o salvou a tempo. – Interrompeu Dryade que ia entrando no quarto que Draco ocupava.


 


- Dry... – Foi com certo alívio que colocou um arremedo de sorriso nos lábios.


 


- Você foi deixado para traz, seus companheiros o deram por morto. Se não fosse a Nina você realmente estaria morto agora. Então sua dívida com ela aumenta a cada dia. Agora chega de conversa, coma e beba essa poção. – O tom da medibruxa era um misto de carinho e austeridade.


 


- Nick... – Olhou a sua volta procurando o garoto.


 


- Já sabe que você é o pai dele. E está ansioso para te contar suas aventuras. Está no jardim com Twinky. Agora coma. – Ordenou carinhosamente a garota.


 


Nina colocou mais alguns travesseiros nas costas dele ajudando-o a ficar mais sentado. Pegou a sopa e começou a colocar em sua boca.


 


- Vejo que está em ótimas mãos... Sopa na boca... Grandes mudanças. – Dryade zombou do rapaz que amava como afilhado. Encaminhou-se para a porta, ainda lançando um olhar para os dois, mas sabia que o garoto ficaria bem. Tinha deveres a corrigir.


 


- Não precisa... – Draco ficou constrangido.


 


- Deixe que eu decida isso. Apenas coma logo, volte a dormir, fique bom, para poder ficar com Nick. – Nina tinha um fio de tristeza no olhar, que não passou despercebido por Draco.


 


- Falei sério quando te pedi para ser mãe dele... – Draco tentava remediar aquela tristeza emergente.


 


- Eu sei, não precisa pedir. Só não quero fazer isso sem você por perto. Então me faça o favor, não se atreva a morrer. – Nina disfarçou os olhos marejados.


 


Malfoy esboçou um leve sorriso. Apesar da dor que sentia estava feliz. Era estranho ter alguém além de sua mãe e Twinky para cuidar dele. “Minha mãe! Ela vai surtar! Tenho que mandar uma coruja o quanto antes.”


 


- Senhorita Noxon, pode, por favor, pedir a sua tia para mandar uma coruja tranqüilizando meus pais? Por enquanto não sei se é aconselhável apresentar Nick aos avós. – Pediu Draco preocupado.


 


- Realmente não vejo problemas, uma vez que a adaptação do seu filho está sendo no mínimo satisfatória. Eles vindo, podemos prepará-los melhor. É Só uma sugestão. – Nina expressava-se com sinceridade.


 


- Você tem razão, não posso privá-los do neto para sempre. Tudo bem... Peça a Dryade que os convide para um chá conosco, quando ela julgar oportuno.


 


Draco tomou a poção e voltou a dormir. Nina fez o que ele pediu. Lucius e Narcissa provavelmente estariam ali em dois dias pelo convite da tia. Agora as coisas se complicavam mesmo. Avós. Nina não teria espaço naquela família feliz. Esse pensamento a deixava cada vez mais infeliz. Ela evitou que os dois conversassem naquele dia.  Porém não podia fazer isso para sempre...


 


oOo


 


Desculpem a demora! Agradeço a todos que acompanham a história, é bom saber o que vocês pensam acerca da história, então não sejam tímidos deixem seu recado, não dói nada e deixa um autor feliz!!!


 


Jinhos da Belle

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