A Difícil Arte de Sobreviver



 


A Difícil Arte De Amar


                                      By Isabelle Delacour


 


 


 


Capítulo 2-


                    A Difícil Arte de Sobreviver


 


 


Era inverno e os corredores de Hogwarts pareciam mais frios que de costume. Draco não sabia o que era dormir bem sem a poção do sono sem sonhos. Tinha resolvido parar com elas, estava se tornando um viciado. Dormia pouco e seu sono era povoado de pesadelos. Esta noite em especial havia sonhado com seu filho e de Pansy. Uma tristeza o inundou naquele dia. O bebê tinha apenas um ano quando Pansy desapareceu no dia do atentado a mansão. E dias depois ela foi encontrada morta e o bebê desaparecera. Draco e sua equipe nunca pararam de procurar. Eles se consumiram na busca. Durante muito tempo. Mas, nada. Nem uma pista.


 


Mesmo depois de seis anos ele ainda se lembrava. E a lembrança doía. Nunca amou Pansy, mas, amou seu filho no primeiro instante que lhe pos os olhos. Era um Malfoy! A herança platinada não lhe faltou. Onde ele estaria agora? Com quem? Os anos se passaram. Durante os seis anos Draco procurou por ele. E a lembrança parecia mais viva naquela hora.


 


 


oOo


 


 


Nina acordou molhada de suor, o pesadelo fora intenso. Assustada sozinha no seu quarto acendeu a luz. Eram três da manhã. Lembrou do pesadelo e um sentimento de urgência a tirou da cama. Vestiu seu sobretudo sobre a camisola e foi para o carro. Não sabia bem aonde ia, mas, reconheceu o caminho da escola onde trabalhava como professora.


 


Ao virar uma esquina diminuiu a velocidade. Era a rua onde morava um de seus alunos. O que mais a preocupava desde que o vira pela primeira vez, uma estranha ligação havia entre eles. Não entendeu bem o que fazia ali. De repente uma pequena figura surgiu a sua frente atravessando a rua correndo, mas seus olhos se encontraram. Nina freou sem dificuldade já estava bem devagar.  Ao tomar consciência a criança voltou, Nina abriu sua porta rapidamente e resgatou o pequeno fazendo com que fosse para o banco do passageiro. Saiu dali cantando os pneus em direção a sua casa.


 


O garotinho assustado tinha os olhos perdidos e a respiração incerta. Nina tentou falar com ele, mas não conseguiu, ele a olhava silencioso. E seu silêncio era uma suplica por proteção.


 


Quando se aproximou de sua casa percebeu que seu portão estava aberto, viu luzes na janela. Algo estava errado. Aumentou a velocidade e passou direto. Ainda dirigindo sem rumo pelas ruas de Londres, concentrou-se apenas para não sair do Centro. Àquela hora o subúrbio poderia ser perigoso.


 


— Nick, meu bem, você precisa achar minha bolsa.


 


O garoto não se mexeu.


 


— Nick você precisa me ajudar! – Ele pareceu despertar e pulou para o banco de trás e retornou com ela. Ao menos a bolsa pegou na correria. – Ache o meu celular, rápido!


 


O garotinho entregou o aparelho para ela. Nina agia sem saber de onde vinham aquelas atitudes. Discou um número que aparecia na sua cabeça no momento. Não sabia de quem.


 


— Preciso de ajuda! – A voz de Nina era de desespero.


 


— Encontre-me na ponte. – Do outro lado da linha uma voz rouca respondeu sem dificuldades, como se eles se conhecessem a muito.


 


Ela sabia que ponte era. Mas como? Não tinha muito tempo para avaliar de onde vinha aquela lembrança. A sensação de medo e ameaça era forte demais. Queria apenas estar em segurança. Chegou à ponte e viu um carro estacionado antes de atravessar. Ela desceu com o garotinho nos braços, bem agarrado a ela.


 


— Quem é você?


 


— Se quiser viver entre no carro!


 


Nina entrou. Não sabia por que confiava naquele estranho. No carro, seu salvador dirigia em alta velocidade para o outro lado da ponte. Apesar da tentativa de Nina, não conseguiu tirar nada do motorista.


 


Chegaram a uma rua mal iluminada, e conforme passavam, notou que as poucas luzes iam se apagando. Cada vez mais assustada Nina sentia que o garotinho a apertava cada vez mais. O motorista estacionou o carro e eles desceram. Entraram por uma porta que dava para a rua, era um corredor estreito e escuro, uma pequena luz brilhava a frente do homem não soube o que era. Outra porta se abriu. Era um apartamento minúsculo e mal cheiroso.


 


— Entre. Por hora aqui é seguro.


 


— Quem é você? O que está acontecendo? Por que sei seu número? – Eram muitas perguntas, Nina estava muito assustada.


 


— Calma, calma. Eu sou Thomphinson. Você saberá de tudo na hora certa!


 


— Que será...? – Nina estava perdendo a paciência com aquela criatura. Já havia alterado sua voz e assustava Nick que se agarrava a ela e começava a chorar. — Calma meu bem. Tudo vai ficar bem, eu estou aqui.


 


— Vou tentar pedir ajuda. Mas acredite está em segurança aqui. Você é uma garota muito especial. E corajosa também. Olha já é tarde por que não coloca o garotinho para dormir?


 


Thomphinson apontou o quarto e Nina realmente achou que seria melhor tentar fazer com que Nick dormisse um pouco. Ele suava frio, estava assustado e sabia-se Deus o que mais.


 


— Nick meu bem, me solta. Está tudo bem. Eu não vou sair daqui, que tal devolver meu pescoço?


 


Nina tentava passar confiança a ele. Com os polegares enxugou as lágrimas do garotinho. E aí foi que teve tempo de pensar. “O que você fazia na rua tão tarde da noite? E como eu fui levada lá naquele exato momento? Você fugia do quê?” Eram muitas perguntas sem resposta.  Nick não dormiria mesmo, o que quer que o tenha assustado ainda estava muito vivo na sua cabeça. O motorista do carro entrou no quarto e lhe entregou um copo com água.


 


— É água com açúcar. – No copo havia poção do sono sem sonhos. Em poucos instantes Nick dormia.


 


— O que tinha na água seu verme? – Nina não podia acreditar que havia caído em uma armadilha tão simples. Como podia confiar tão cegamente naquele homem que nem sabia o nome?


 


— Calmante. Só calmante para ajudar ele a dormir. – O homem falou meio sufocado pelas mãos de Nina em seu pescoço.


 


— SE ACONTECER ALGUMA COISA COM ELE, EU QUEBRO CADA OSSO SEU! – Gritou Nina ainda agarrando o pescoço do cara.


 


— Calma... – Thomphinson falou num fio de voz. Nina percebeu seu descontrole e se acalmou um pouco, afastando-se dele. — Obrigado... Olha não vou machucar você nem o garoto. Vocês são preciosos. Venha sente-se. – falou indicando o sofá.


 


Nina mais calma sentou-se na poltrona da sala. Ele também se acomodou. Precisava acalmar a garota de alguma forma, mas não tinha a mínima idéia do que fazer.


 


— Olha... – Respirou fundo e mirou o chão, depois se voltou para Nina. — Você é uma pessoa muito especial. Seus pais eram pessoas valorosas e para te proteger esconderam você aqui em Londres.


 


— Me abandonar a minha própria sorte em um orfanato nojento é prova de amor? Conta outra! – Nina não compreendia aquela lógica de forma alguma.


 


— Você era apenas um bebê. Eles a deixaram com um casal idoso que eram... Bem, eram seus avós. Quando completou um ano, o mal contra o qual lutavam a alcançou. Seus supostos avós foram mortos e você só sobreviveu porque sua babá fugiu com você. Ela também foi seguida e morta, porém antes disso ela conseguiu esconder você naquele “orfanato nojento”, deixou você no pátio junto com outras crianças e fugiu. Ela não conseguiu ir longe e eles perderam seu rastro... E eu também.


 


— Eles eram de algum grupo radical? Não me lembro de nada parecido aqui em Londres nessa época... Éramos de outro país então? E o que você tem a ver com isso? – Nina não compreendia.


 


— Seus pais já estavam mortos e eu fui incumbido por eles de vigiar você discretamente. Não houve tempo de avisar o ministério. Tudo foi muito rápido. Procuramos você por dias, quando todos haviam desistido eu continuei, depois de um tempo a gente acaba desistindo, e quando eu estava prestes a desistir encontrei uma garotinha que brincava com outras crianças em um jardim meio decrepto. Ela tinha então uns três anos. – O aborto tinha os olhos cheios de água.


 


— Você levou dois anos para me encontrar? Como conseguiu? Se eu era um bebê quando tudo aconteceu, como... – A história estava cada vez mais misteriosa.


 


— Eu havia feito um juramento ao seu pai. Não poderia desistir de você. Eu a encontrei porque reconheci essa jóia. Ela não pode ser usada por mais ninguém. Então eu a encontrei, e achei que se removesse você dali, poderia chamar atenção de alguma forma. Eu fiquei por perto o tempo todo. Estava na sua formatura, quando você saiu daquele “orfanato nojento”, seu primeiro dia na escola... Malena teria orgulho de você.


 


Thomphinson parou de falar levantou-se e pegou alguma coisa dentro do armário. Voltou ao sofá puído e depositou um álbum de fotos de couro vermelho, na capa um casal acenava. Nina não compreendia o que via. Como colocaram ali um vídeo que se repetia em mil sorrisos para ela. Era um grande mistério que a atraía. Ela olhou para o homem de meia idade, cabelos grisalhos, barba por fazer, Nina reparava nele pela primeira vez. Ela procurou em seus olhar uma muda permissão para abrir aquele objeto que lhe parecia tão precioso, e pode ler em seus olhos a mensagem “vá em frente”.


 


Nina o abriu. Ela leu em uma letra caprichada escrita em um papel que lhe pareceu pergaminho:


 


“Querida filha,


 


               Quero que saiba que deixar você, foi a coisa mais difícil que já fiz na vida. Uma parte de mim morreu hoje.


               Estamos em guerra no nosso mundo. Não é seguro para você. Então eu e seu pai optamos por esconder você na Londres trouxa. Crescendo no mundo normal, com seus poderes contidos, você nunca saberia sua real identidade. Você meu amor, é uma bruxa.


               Eu sei que tudo isso vai te parecer loucura agora, mas colocamos um feitiço de proteção em você. Ele funciona assim: se você se sentir em perigo você vai se lembrar de um número de um aparelho trouxa chamado telefone, ele é bem util. Minha querida, se você está lendo isso agora, o pior aconteceu, seu pai e eu não sobrevivemos à guerra. E espero que aquele-que-não-deve-ser-nomeado não tenha vencido, caso isso tenha acontecido nossa morte e a de muitos bruxos e bruxas de valor terá sido em vão.


               Você pertence a família Noxon. É um nome honrado, lembre-se disso querida. Seu pai e eu guardamos alguns galeões para você. A chave do cofre está dentro da capa deste álbum. Esse dinheiro a ajudará no mundo bruxo.


               Coloquei aqui com muito amor algumas fotos de tempos felizes, quando conheci seu pai, quando estava esperando você, quando você nasceu...


               Quero que saiba meu bem que com certeza nosso último pensamento foi para você.


                Nós te amamos muito... É nosso bem mais precioso.


 


Paul e Malena Noxon (Papai e Mamãe)”


 


Nina já não continha as lágrimas que borravam vez ou outra a letra caprichada de sua mãe, tão parecida com a sua. Depois que terminou de ler, virou a página e encontrou várias fotos que se mexiam como a da capa. Que agora sabia se tratar de seus pais. Momentos felizes ela podia sentir em sua alma, podia sentir o amor que emanava dos olhos de seus pais que contemplavam um bebezinho que tinha uma penugem vermelha na cabecinha. Ela era muito parecida com sua mãe, mas seus olhos eram de um azul profundo, como os de Paul, seu pai.


 


Depois se deparou com fotos comuns de uma garotinha triste, tiradas em algumas ocasiões em que saiam a passeio no orfanato. Algumas apresentações em sua escola, ela adolescente. Sua formatura, uma foto dela em frente a sua casa, outra na frente da escola, voltou à foto, ela jamais esqueceria seu primeiro dia de aula, sim era aquele dia. Ela com seu primeiro carro. Então compreendeu... Thompson havia acompanhado ela a vida toda. Seu anjo da guarda. E afinal não havia sido abandonada, fora amada.


 


Fechou o livro e estreitou seu tesouro junto ao peito. Chorou copiosamente, dando vazão a sua angustia. Sua curta vida registrada ali. Afinal não era filha de chocadeira, como a diretora do orfanato sempre dizia a ela. Riu-se da lembrança, a muito não se lembrava dela. Limpou as lágrimas. Ainda tinha muito a saber.


 


— Posso ficar...? – Nina perguntou incerta, se ele fizera aquele álbum deveria ser importante para ele.


 


— Claro! É mais seu que meu, com certeza! – ele disse olhando intensamente para Nina.


 


— Obrigada, jamais terei como agradecer a você o suficiente. Pelo carinho e fidelidade. Mas, essa história de bruxa é meio fantasiosa para mim...


 


— Mas é a mais pura verdade garota! Você é uma bruxa! Por hora quero que se concentre em questões mais práticas. Você e o garotinho correm perigo. Tenho que tirar vocês daqui. E tentar contatar o ministério. – ele tinha um tom preocupado na voz.


 


— Mas você disse que é seguro aqui! – Nina ficou alerta.


 


— Por hora, mas creio que o melhor lugar para você é Hogwarts, ou o Ministério.  Tenho que levar você para um lugar mais seguro ainda até que os aurores cheguem. – explicou com cuidado.


 


— Hogwarts... Ministério, não compreendo! – Nina estava confusa.


 


— Hogwarts, escola de magia e bruxaria, um dos lugares mais seguros do mundo bruxo, alguns dizem que mais seguro que o Ministério. Tente descansar. Sairemos amanhã bem cedo. Vou tomar algumas providências, não abra a porta para ninguém. Vou ser rápido. – disse saindo do apartamento, deixando Nina com muitas informações a serem processadas.


 


Thomphinson deveria ser rápido em avisar o ministério, como aborto tinha suas limitações, mas era informante do ministério no mundo trouxa então tinha como manter contato com os aurores.


 


 


Nina foi para o quarto atônita, com tanta informação ao mesmo tempo. Ficou ao lado de Nick até o amanhecer.

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