Capítulo 2



E quando eu pensei que estava livre daquela que era a maior tentação da minha vida, eis que descubro que Rose é minha vizinha, e como se isso não fosse tragédia o suficiente, ela estava apaixonada por outro cara. É... Eu sou mesmo um azarado filho da puta.




Quando se tem dezoito anos e vive no mundo dos trouxas a única coisa que se deseja é conseguir a carteira de motorista para finalmente dirigir o carro do pai. Se estiver no mundo dos bruxos, a coisa muda de figura e você passa a torcer para conseguir um bom resultado nos NIEMs e junto com isso algo grandioso como um estágio no Ministério da Magia ou a admissão na Academia de Aurores. Agora se além de bruxo você tivesse o azar de ser um Malfoy, ao invés de torcer por ótimas notícias, estaria arquitetando uma forma de fugir da festa que a dona Astoria preparou para homenageá-lo.


Vamos aos fatos, antes dessa festa maluca da minha mãe, preciso contar um pouco sobre o que aconteceu.


Eu realmente pensei que começaria a ter um pouco de sorte após a formatura – que obviamente não irei narrar, porque nem lembro ao certo o que se passou. Para você ter uma ideia, eu mal me recordo daquele maldito juramento que fiz aquele dia. Tinha algo a ver com não abusar da magia ou torturar trouxas... Ah, sei lá, no momento isso não é importante.


O que você precisa saber foi que quando atravessei os portões de Hogwarts pela última vez, um alívio quase instantâneo preencheu o meu ser (ok, isso foi absolutamente gay, mas ignore). Senti-me bem, porque a ideia de que não teria que lutar todos os dias contra o desejo de tomar a Rose para mim era reconfortante. É sério, eu já estava ficando louco com todas aquelas fantasias malucas e vontades insanas que pareciam me consumir.


Mas, graças a Merlin, estar fora da Escola significava que não veria aquela garotinha irritante e metida a sabe-tudo por um bom tempo, certo? ERRADO!


Merlin é um cara sacana que adora ferrar comigo, fato!


Para começo de história, eu não conseguia mesmo esquecer a Rose, apesar de todos os meus esforços. Juro para você que saí para farrear com várias garotas diversas vezes, e adivinha? Não adiantou merda nenhuma! É sério, por mais excitante que fosse ter duas (e, às vezes, três) garotas na cama comigo, nenhuma delas conseguia me fazer sentir como a garotinha Weasley. Maldita seja aquela Grifinória! Garanto que isso foi macumba de alguma ex-ficante, não é possível!


Passei dezesseis anos da minha vida ignorando quaisquer sentimentos que não fossem amizade, tesão (embora eu tenha quase certeza que isso não seja exatamente um sentimento) e ódio, daí quando completo dezessete, descubro que estou apaixonado pela Weasley... Mas também a culpa disso tudo foi dela! Se ela não tivesse se tornado sexy; se tivesse continuado a ser a menininha bonitinha do papai que usava saias comportadas, porque por Merlin, vamos combinar, a saia daquela menina era praticamente um atentado contra mim. Eu mal conseguia desviar os olhos das coxas dela e isso me deixava na posição de loiro tarado que tem fetiche por pernas. Enfim, se ela não tivesse decidido fazer tudo para chamar a minha atenção (ok, ela nem sabia que fazia isso, mas eu preciso culpar alguém), aos dezoito anos eu não estaria completamente caído por ela.


Bom, talvez a culpa nem seja da Rose, afinal... Talvez eu seja o lerdo da história que demorou demais para notar a beleza de alguém que sempre esteve debaixo do meu nariz. Argh, que merda! Com tanta garota gostosa em Hogwarts, por que diabos eu não podia ignorar a Rose? Ah sim, porque como eu disse acima, Merlin é um filho da puta que AMA detonar comigo. Valeu hein cara, talvez as suas barbas brancas até adquiram alguma cor por fazer essa maldade.


Pois bem, o fato era que estava mais do que provado que eu não esqueceria a Weasley assim tão fácil, então o jeito era me jogar em festas ou tentar me concentrar em outras atividades que não me fizessem pensar nela por muito tempo (o que era totalmente impossível, já que eu pensava nela quase o tempo inteiro). Eu tinha apenas que ignorar tudo o que estava sentindo desde que a beijei, e acredite isso não era fácil.


Os dias que se seguiram foram absolutamente repetitivos, até que em uma bela manhã de sol, minha mãe invadiu meu quarto e...


- Parabéns, meu Pequeno! – só para ficar registrado, eu tenho 1,90m e os “parabéns” não tinha nada a ver com o meu aniversário, que por sinal havia sido na semana anterior – Parabéns, meu Pequeno, estou tão orgulhosa!


Levei um segundo para me forçar a sentar na cama e pelo menos uns dois para obrigar minha visão a se adaptar a toda aquela claridade matinal, já que a minha adorável mãezinha decidiu abrir as cortinas. Ai, ai, a Dona Astoria é tão legal...


- Ok, parabéns pelo que, mãe? – perguntei, esfregando os olhos com as costas das mãos.


Minha mãe sorriu para mim e se sentou na beira da cama, estendendo dois envelopes para mim.


Meio sonolento, eu peguei os envelopes (que já estavam abertos) e descobri o motivo de toda aquela alegria.


- ‘Tá de brincadeira... – abri um sorriso meio débil e encarei a minha mãe, que ainda sorria.


- Não, Pequeno, não é brincadeira! Você realmente tirou ótimas notas nos NIEMs e foi admitido na Academia de Aurores com louvor! – minha mãe disse, com os olhos brilhando de emoção.


Sem nem pensar direito, me joguei em cima da pobre coitada e a abracei forte. Finalmente uma notícia boa para encobrir todo o mar de azar que vinha acontecendo.


- Ai, isso merece uma festa! – minha mãe anunciou e fez aquela expressão sonhadora que me fez gemer de desgosto.


- Ouvi a palavra festa? – Vincent apareceu à porta do meu quarto, acompanhado por Sophie. Os dois finalmente começaram a sair, se rendendo a toda aquela tensão sexual que os envolvia desde os quinze anos. – E aí, tia Astoria!


- Meus meninos! – minha mãe se levantou e foi abraçar meus amigos – E sim, você ouviu a palavra festa. Scorpius foi admitido na Academia de Aurores, isso não é lindo? – e lá estava a expressão sonhadora presente no rosto da minha mãe mais uma vez.


Os dois sorriram e balançaram a cabeça concordando.


- Só não é mais lindo do que dizer que nós três fomos admitidos na Academia! – Sophie disse totalmente empolgada. Sorrindo assim eu entendia o motivo de Vincent ter se apaixonado por ela. Tão sincera e ao mesmo tempo tão forte... Era preciso ser um idiota para não se encantar por ela.


Assim como era preciso ser um completo imbecil para não se apaixonar por Rose, seu sorriso mágico e aquelas covinhas perfeitas em suas bochechas.


- Meu Merlin, isso é maravilhoso! – minha mãe bateu palmas de felicidade e foi abraçar os dois mais uma vez. – A festa que darei será em homenagem aos três então! Já posso até imaginar a cara dos seus amiguinhos – sim, ela disse mesmo “amiguinhos” – quando descobrirem que entraram na Academia. Estou tão feliz por vocês! Ai, vou até o Draco contar a novidade e informá-lo que precisamos começar a mandar os convites agora mesmo.


E então, da mesma forma saltitante e feliz que minha mãe entrou, ela saiu do quarto, me deixando a sós com a minha dupla de melhores amigos.


- Certo, me deem alguns minutos para lavar o rosto e escovar os dentes, que eu já volto. – anunciei me levantando da cama – E, por favor, tentem não se agarrar na minha cama.


Corri para o banheiro, mas não sem antes de ouvir a Sophie me mandar para o inferno por insinuar que ela se agarraria com Vincent na minha cama, quando podia fazer isso na poltrona. Depois eu era o pervertido do trio, fala sério!


Quando voltei, não encontrei os dois aos amassos, mas sim conversando animadamente sobre como seria divertido nossa temporada na Academia de Aurores.


Sorri com essa ideia e me joguei na cama, onde os dois estavam sentados.


- Certo, podemos começar a comemorar agora, ou vocês preferem fechar a porta? – brinquei e Sophie quase me sufocou com o travesseiro por ter insinuado tamanha perversidade.


- Ok, seu tarado da machadinha, que tal deixar a diversão para mais tarde e compartilhar conosco toda essa felicidade. Caramba, eu nem posso acreditar que terei que sair de casa! – Sophie disse – Seria legal se nós três dividíssemos um apartamento, não acham? Quero dizer, eu não serei maluca de deixar o Vin morando sozinho com você. Scor, eu te amo, você é meu melhor amigo, mas convenhamos que não vale nada! Não posso correr o risco de deixar meu namorado em um antro de perdição.


- Até porque o único caminho da perdição que eu quero seguir é com você, minha querida loira! – Vincent brincou, beijando o rosto dela rapidamente – Mas falando sério, eu gosto da ideia de dividir uma casa com vocês. Vai ser mais fácil para todo mundo e evitaríamos aqueles papos de “ai meu Merlin, você nunca me visita, estou com saudades”, afinal, não dá para sentir falta de alguém que vemos as fuças todo santo dia. – Sophie deu um cutucão nele e eu precisei dar uma risada – Exceto de você, meu amor, é claro!


- Ai, ai, me avisem quando pararem com toda essa melação, certo? – revirei os olhos – Eu também gosto dessa ideia de morarmos todos juntos, então tá fechado ok?! Depois dessa festa maluca que minha mãe decidiu dar, vamos até Puddlemere em busca de algo decente para morarmos.


Preciso dizer que a ideia de irmos atrás de alguma coisa para morarmos, não vingou? Não? Obrigado!


Pois é, na sexta-feira em que a festa de comemoração ocorreu, minha mãe nos chamou até a biblioteca, completamente empolgada. Fugindo dos convidados, dos abraços e dos apertos de mão, Vincent, Sophie e eu finalmente conseguimos chegar lá, e quase saímos correndo quando demos de cara com o meu pai sorrindo.


- Sentem-se! – meu pai indicou o sofá, e conhecendo bem o Sr. Draco, aquilo não foi exatamente um convite. Foi uma ordem, e nós seguimos sem nenhum problema. – Antes de dizer por que os chamei, quero parabenizá-los de novo pela conquista. Eu realmente fico orgulhoso de saber que...


Parei de prestar atenção aí, e entrei no que chamo de “modo de espera”. Já conhecia aquele discurso do meu pai e não precisava ouvi-lo mais uma vez.


- ... E quando Astoria comentou sobre a decisão de morarem juntos, – nesse momento voltei a prestar atenção – achei que seria uma ótima ideia presenteá-los.


Esperamos um pouco impacientes e receosos para saber qual era o tal presente. Meu pai sempre foi mão aberta para presentear as pessoas que gosta, então já sabíamos que ganharíamos algo realmente grandioso.


Minha mãe caminhou até a mesa da biblioteca, abriu a gaveta e retirou dali um chaveiro, entregando-o para meu pai em seguida. Ele sorriu e agradeceu, se virando novamente para nós.


- Soube que vocês começariam a procurar um lugar para morar em Puddlemere, e considerando que realmente merecem um local digno para se estabelecer, tomei a liberdade de comprar uma casa para os três. – meu pai disse, estendendo o chaveiro para mim, que peguei sem hesitar. – Não tomem isso como uma forma de controlar os passos de vocês, eu só queria presenteá-los, mas se não gostarem...


- ‘Tá brincando, tio? – Vincent foi o primeiro a falar – Só se fôssemos Lufanos para não gostar de um presente desses, e considerando que temos o cérebro em perfeitas condições já que somos da Sonserina e não da Lufa-Lufa, simplesmente adoramos! Caraca, já posso respirar aliviado por não ter que aturar minha mãe e a maluca da minha tia Agnes querendo dar palpite onde eu devo morar... É sério, eu queria saber por que a minha mãe ainda escuta os conselhos daquela velha... Doida do jeito que é, deveria estar internada e não metendo o bedelho onde não é convidada!


- É bom saber que você é uma pessoa amável com os parentes mais idosos, Vincent! – meu pai ironizou.


- Não liga para ele, tio! – Sophie disse – Toda essa loucura é resultado da queda do berço quando criança.


- Ainda sinto dores de cabeça fortes quando lembro dessa queda. – Vincent suspirou triste, fazendo todos rirem.


- Pai! Mãe! Obrigado por isso! – agradeci com sinceridade – Vocês são os melhores!


Minha mãe sorriu e veio me abraçar mais uma vez, enquanto meu pai se limitou apenas ao aperto de mão.


- Amanhã iremos levá-los até lá. – a Dona Astoria disse – Espero que gostem!


- Tenho certeza que iremos gostar, mãe!


 


 


 


XXX


 


 


 


Não gostei nada do lugar. Quero dizer, não tinha nada a ver com a casa, porque ela é simplesmente perfeita. Meus pais tiveram o trabalho de mobiliar e confesso que a minha mãe foi muito inocente ao pensar que a Sophie e o Vincent dormiriam em quartos separados. No máximo, ela só usaria o quarto dela quando estivesse na TPM e não quisesse ver ninguém, muito menos o namorado, na sua frente. Fora isso, duvido muito que o quarto da loira fosse ser utilizado.


A casa também tinha um jardim maneiro, e meu pai havia comprado até um carro para mim, muito embora eu pouco usasse esse transporte trouxa. Preferia mil vezes aparatar ou usar a vassoura, mas como não dá para fazer isso em locais dominados por pessoas que nem fazem ideia que bruxos realmente existem, aceitei o presente sem reclamar de nada.


Agora você deve ‘tá se perguntando qual foi a porra que me deixou cismado, certo? Pois bem, vou te contar.


Na noite anterior, quando voltamos a festa, estava até um pouco mais feliz com a ideia de ter sido poupado do trabalho de correr atrás de um imóvel decente e até fiz o favor de ser simpático com os convidados. O problema todo veio na manhã seguinte, quando minha linda mãezinha disse que no bairro onde iríamos morar havia alguns conhecidos. Como minha mãe conhece muita gente, ignorei esse comentário, afinal de contas, não teria nenhum problema em morar perto de algum amigo dos meus pais.


Toda minha felicidade, toda a minha confiança, e o principal, toda a ideia de esquecer a insignificante Rose Weasley foi por água abaixo, quando aparatamos no jardim e na casa ao lado... Bom, eu acho que não preciso completar essa frase.


- Puta que P...! – nem tive tempo de completar meu xingamento, já que a minha mãe, como sempre, atropelou todo mundo e já foi gritando:


- Rose, querida, que bom vê-la!


Rose, que ainda estava com uma expressão sonolenta, usava uma calça de moletom preta, uma regata rosa e calçava chinelos nos pés, olhou confusa em nossa direção e, para minha completa tortura, abriu aquele sorriso com covinhas que é de enlouquecer qualquer um.


- Senhora Malfoy! – Rose caminhou na direção. Seus cabelos, que estavam soltos, esvoaçaram com a brisa da manhã, e minha mente foi varrida por completo quando ela levou a mão nos lábios para retirar uma mecha de cabelo que estava ali. Céus, eu precisava mesmo esquecer o quanto era bom beijá-la ou não resistiria àquela tentação. – Senhor Malfoy! Williams! Horowitz! – ela cumprimentou os outros com o mesmo sorriso, até que finalmente seus olhos caíram sobre mim – Malfoy!


- Weasley! – dei um breve aceno com a cabeça e abri um sorriso para ela também. – O que faz aqui?


Rose riu. Talvez tenha se lembrado que da última vez que fiz essa pergunta a beijei segundos depois. Ou talvez ela tenha rido apenas da minha curiosidade, vai saber.


- Eu moro aqui, Malfoy! – ela apontou para a casa de onde havia saído – E vocês? O que fazem aqui?


- Parece que agora nós também moramos aqui! – Sophie respondeu e quase pulou de animação. Rose e ela se davam bem em Hogwarts. Não eram melhores amigas, mas conversavam, tinham interesses em comum, e com certeza a loira estava empolgada com o fato de ter outra menina para poder conversar. – Você mora sozinha?


- Não, o Al mora comigo também! – Rose disse e apesar do apelido eu sabia que estava se referindo ao seu primo Potter com cabelo bagunçado. Pelo menos não era o tal do James, porque dizem por aí que a Weasley tinha uma queda violenta por ele nos tempos de escola, apesar deles serem primos e isso ser um tanto estranho – Nos mudamos há duas semanas e ‘tô tentando me adaptar a essa rotina de não ter os pais por perto.


- Veja pelo lado bom, pelo menos você só tem um menino morando com você. – Sophie tentou consolá-la – Eu terei dois, e vai ser tenso administrar toda a bagunça.


Rose riu, jogando a cabeça para trás. Esse pequeno gesto me deixou completamente fascinado.


- Passe um dia com o Alvo e você nunca mais reclamará desses dois. – ela apontou para o Vincent e para mim – Meu primo vale por mil. Sinto vontade de esganá-lo todas as vezes que começa a tirar as coisas do lugar ou espalhar tudo pela casa. Sinceramente, não sei como a tia Gina agüentava!


- Dizem que as mães têm uma paciência infinita... – meu pai comentou em tom casual – Isso explica o motivo da Ast fechar os olhos para as coisas que o Scorpius apronta.


Rose sorriu e me lançou um olhar avaliativo, até que finalmente seus olhos encontraram os meus. Quis, juro que quis desviar o olhar para qualquer outro lado, mas de repente percebi que estava preso naquele azul tão intenso que me deixava completamente alheio a tudo e a todos.


Foi ela quem quebrou o contato visual primeiro, e pude perceber que suas bochechas coraram um pouco. Quis perguntar o motivo, mas estávamos cercados de pessoas e isso seria um tanto quanto constrangedor.


- Bom, eu vou...


- Bom dia, Pequena! – a frase da Rose foi interrompida por James Sirius Potter, que atravessou o jardim em passos largos até que estivesse perto o suficiente da minha Weasley para abraçá-la por trás, depositar um beijo rápido em seu pescoço, pousar o queixo no alto de sua cabeça e finalmente nos encarar – Bom dia, Sr. e Sra. Malfoy! – ele sorriu para os meus pais – Bom dia para vocês também, trio Sonserino!


Confesso que nem sei se respondi aquele cumprimento. Quero dizer, eu havia ficado mesmo incomodado com toda aquela melação entre Rose e o primo, e definitivamente não tinha passado despercebido por mim o arrepio que surgiu nos braços da Weasley quando aquele maldito Potter a beijou.


O que veio a seguir eu nem me liguei. Não entrei no “modo de espera”, mas também não dei a mínima importância para o que conversavam. Caralho, eu mal conseguia desviar os olhos daquela cena de casal feliz que a Rose e o James protagonizavam.


Ela estava mesmo apaixonada? Merlin, seu maldito filho de um basilísco, você ‘tava mesmo querendo tirar uma com a minha face linda, loira e sonserina.


- Bom, eu vou entrar para fazer o café. – Rose anunciou de repente. Acho que eu não estava sendo muito discreto com meus olhares nada satisfeitos, mas foda-se, eu não me importava que ela percebesse – Ainda preciso levar o cachorro para passear, já que meu querido primo ainda ‘tá dormindo!


- Own, amor, pode deixar que eu levo o Max, enquanto você prepara tudo. – AMOR? AMOR O CACETE! COMO ASSIM? Ok, foi mal, toda vez que me lembro disso fico um pouco tenso. – Vejo vocês por aí!


Rose sorriu para nós, mas dessa vez não conseguiu me encarar. Confesso que só tirei mesmo os olhos dela quando atravessou a porta de entrada da sua casa. Nem percebi se o James sou-filho-de-um-cara-famoso-com-uma-cicatriz-de-raio-na-testa Potter a seguiu. Estava ocupado demais processando os fatos que havia presenciado.


Só voltei a realidade quando meu pai disse para entrarmos na nossa casa para finalmente conhecê-la.


Depois de todos os agradecimentos, Vincent, Sophie e eu fomos deixados para trás, e os dois aparataram.


Você consegue entender meu problema? Quando fui aceito na Academia de Aurores, pensava que poderia seguir em frente com a minha vida e torcia para nunca, jamais, em momento nenhum, cruzar com a Rose de novo. É claro que eu sabia que isso era meio impossível, pois conforme já mencionei, nossos pais são amigos e tudo mais, mas eu realmente não esperava encontrá-la tão rápido.


Aquelas sensações estranhas de coração acelerado demais, borboletas escrotas batendo as asas freneticamente em meu estômago, o aperto desgraçado no peito e a vontade quase incontrolável de tomá-la para mim, voltaram ainda mais fortes e com um sentimento que eu jamais pensei que pudesse sentir por qualquer pessoa no mundo: Ciúmes.


Céus, eu estava mesmo apaixonado por ela, mas não podia fazer nada com isso, por que... Bom, eu não fazia a linha do cara legal que ligava no dia seguinte para a menina apenas para ouvir sua voz.


Mas sabe o que era mais engraçado? Com Rose eu sentia vontade de fazer essas coisas idiotas. Isso, definitivamente, era loucura, já que eu não podia estar amando alguém que só havia beijado uma vez.


Passei aquele mês que se seguiu tentando processar essas informações que a todo o momento bombardeavam minha cabeça e meu coração. Primeiro de tudo, a Rose não fazia o estilo de menina com quem eu estava acostumado. Quero dizer, não havia motivos para amá-la, uma vez que não tínhamos nada em comum. Ela tinha regras demais, e eu não cumpria regra nenhuma, então nunca daríamos certo...


Tentando me convencer de que tudo isso era verdade, parti para o segundo fato: ela estava namorando (ou pelo menos eu achava isso) e parecia bem feliz com o imbecil do priminho.


Argh, eu só podia estar drogado ou coisa parecida por estar apaixonado por ela. JUSTAMENTE POR ELA! Puta Merda, ela é da Grifinória, eu sou da Sonserina; ela é certinha e eu sou completamente errado; ela gosta de coisas fofas e divertidas, e eu gosto de coisas sacanas e pervertidas; ela segue as regras e eu as quebro. POR QUE, ME DIGA O PORQUÊ ME APAIXONEI POR ELA? Toma essa, Merlin! Garanto que nem o senhor tem resposta para essa pergunta.


Eu estava sentado no parapeito da janela, observando a Rose brincar com o cachorro em seu jardim, quando Sophie se sentou ao meu lado e me encarou com aquela expressão de nem tente disfarçar porque eu sei o que você sente.


- Por que você não conta a ela como se sente, Scorpius? – Sophie perguntou sem rodeios, e eu fui obrigado a fechar meus olhos e massagear minhas têmporas com as pontas dos dedos. – Isso é ridículo! Vocês estão na mesma turma, moram um ao lado do outro, e se evitam. Não, na verdade, você é quem evita ela.


- Não é tão simples, Sophie!


- Ah não? Por quê?


- Por quê? Porque eu não sirvo para ela, Sophie! – respondi, sentindo meu coração apertar – Olhe só! – apontei para a menina que agora tinha sido derrubada na grama pelo cachorro e ria abertamente – Ela é tão inocente, tão pura, tão insuportavelmente perfeita... Eu não tenho o direito de gostar dela e magoá-la depois.


- Mas tem o direito de ser decente uma vez na vida e explicar o motivo de agir feito um idiota! – Sophie explodiu do nada – Eu queria saber qual é o problema com vocês homens! Primeiro o Vincent, que demorou horrores para dizer o que sentia porque pensou que eu não fosse acreditar nos sentimentos dele, e agora você! Por favor, acha que a Rose é tapada? Acha mesmo que ela não percebe a forma como a trata? Ela veio me perguntar o que havia de errado, Scorpius, e me senti uma vadia por ter que mentir para minha amiga, sabia? “Oh não, ele não te odeia. Ele é idiota com todos no começo, ignore e logo vocês poderão ser amigos!”


Quis dizer umas coisas bem baixas para Sophie, mas sabia que ela estava certa, então não adiantaria nada esculachá-la.


- Ela está apaixonada pelo Potter... – eu disse na defensiva, me sentindo um completo idiota.


- Ou talvez só pense que esteja. Talvez ela esteja com o Jay porque até hoje não entende o que fez de errado para ser completamente ignorada depois que vocês se beijaram. – Sophie disse com toda aquela sinceridade que realmente incomodava – Você precisava ver a mágoa nos olhos dela, Scorpius. Ela não entende! Simplesmente não entende o motivo de você ter simplesmente se afastado, quando estava disposta a aceitar o que sentia por você.


Engoli em seco. Por essa eu realmente não esperava. A Rose era apaixonada por mim? Cara, ou eu sou retardado ou deixei passar algum fato.


Minha mente começou a trabalhar em uma velocidade quase inumana enquanto eu tentava captar algum sinal de que ela gostava de mim. Quero dizer, depois do beijo isso deveria ter ficado óbvio, mas como fui eu quem a atacou, não passou pela minha cabeça que o motivo dela ter me correspondido àquela noite fosse... Paixão.


E então, com toda a clareza do mundo, as coisas começaram a se encaixar rapidamente.


Rose nunca me encarava, e quando fazia isso, evitava olhar diretamente nos meus olhos. Seu rosto sempre corava quando nos cumprimentávamos e ela costumava ficar tímida demais quando era forçada a fazer trabalhos da escola comigo... Que inferno! Como eu não percebi antes?


- Ela... Ela está sofrendo? – perguntei a Sophie, e a ideia de machucá-la ainda mais me causava quase uma dor física.


- Olha, eu não vou mentir para você, certo? A Rose ‘tá tentando levar da forma que pode. Faz meses desde que vocês se beijaram, e ela entendeu toda a distância que se estabeleceu entre vocês como um sinal de que aquilo não havia significado nada. – Sophie me disse – Ela gosta do Jay, mas não acho que seja da mesma forma que gosta de você.


Ouvir isso foi o suficiente para mim. Meus olhos foram parar no jardim da casa da Rose, mas ela já não estava por lá.


- Vá até lá, Scor! Diga a ela como se sente, e pegue sua menina de volta. Você não é tão diferente do Vincent, e se for sincero com ela da mesma forma que ele foi comigo, tenho certeza que as coisas vão dar certo.


Sorri para Sophie e dei um beijo em sua testa, antes de descer do parapeito da janela e correr porta a fora, em direção à casa da Weasley.


Sem pensar direito, toquei a campainha da casa da Rose e torci para que ela estivesse só. Seria mais fácil conversar sem ter o primo protetor por perto.


Demorou alguns minutos até que ela abrisse a porta para me receber. Seus cabelos estavam soltos e molhados. Ela provavelmente interrompeu o banho para me atender.


- Malfoy? O que faz aqui?


- Eu preciso falar com você, Weasley! – disse com sinceridade.


Rose apenas balançou a cabeça e saiu da frente da porta para que eu entrasse.


- Vamos até a cozinha, farei um suco para nós, enquanto você fala.


Balancei a cabeça e a segui até o local. Merlin finalmente havia atendido as minhas preces e não havia sinal de nenhum Potter naquela casa.


Demorei alguns segundos para organizar meus pensamentos, e enquanto tentava fazer isso, apenas a observei preparar o suco, encostado no balcão da cozinha.


Assim que ela serviu o conteúdo em dois copos e se aproximou para entregar o meu, senti meu coração acelerar. Se eu continuasse nesse ritmo, em breve teria um ataque cardíaco.


- Obrigado! – disse e sem disfarçar, coloquei o copo sobre o balcão.


Rose suspirou e fez o mesmo, parando na minha frente logo em seguida. Toda aquela proximidade era um perigo.


- Ok, o que você quer de mim, Malfoy?


Não lembro se mencionei isso anteriormente, mas meu cérebro costumava pifar quando eu estava muito perto da Rose. Eu sempre era sincero demais e definitivamente isso era um problema.


- Você! – respondi sem rodeios e ela corou imediatamente – Eu quero você, Rose, e isso já está me enlouquecendo!


E então, mais uma vez, agi sem pensar nas conseqüências.


Aproveitando o fato de que Rose ainda estava chocada demais com minhas palavras para reagir, a puxei de encontro ao meu corpo e levei uma mão até sua nuca, enquanto a outra estava firme em sua cintura. Eu sabia que ela iria protestar. Rose chegou a abrir a boca para dizer algo, mas eu a calei colando meus lábios aos dela, e não posso dizer que fui muito gentil ao fazer isso.


Eu não queria espantá-la, mas é importante lembrar que eu sou um cara meio impulsivo, e acho que por ter passado tempo demais desejando aquele beijo novamente, acabei indo rápido demais.


A senti protestar por alguns segundos e então, como se um desejo louco tivesse tomado conta dela, Rose retribuiu meu beijo com a mesma paixão com que meus lábios se moviam contra os dela. Nossas línguas se enroscavam em uma dança sensual, e céus, ela parecia ter nascido com algum tipo de manual de instruções sobre como fazer para me deixar louco.


Porque nenhuma garota me fazia sentir daquela forma. Porque eu não sentia meu corpo arrepiar com um simples toque. Porque eu não perdia toda a sanidade quando ouvia qualquer outra menina suspirar e dizer meu nome. Porque eu estava total e completamente apaixonado pela Rose e isso jamais teria volta.


Como eu disse, sou meio impulsivo e faço as coisas sem pensar nas conseqüências. Foi por isso que, antes que minhas mãos começassem a percorrer as coxas de Rose, a ergui do chão e a coloquei sentada sobre a mesa, ficando entre suas pernas. Eu sentia o corpo dela estremecer a cada vez que eu mordiscava seu pescoço e sabia que logo não conseguiria me controlar mais. O perfume e o sabor dela já haviam dominado meus sentidos e nem por um decreto me afastaria.


- Scorpius... – ela me chamou pelo primeiro nome – Scorpius, pa... pára!


Rose pediu e eu não atendi. Continuei beijando seu pescoço, ignorando o que ela havia acabado de dizer. Eu sei, sou um completo idiota!


- Scorpius, pára! – ela pediu novamente e então suas mãos foram parar no meu ombro.


- Por que eu deveria? – perguntei em uma voz sedutora, com os lábios colados na orelha dela.


- Por favor... Apenas... Pare! – sua voz carregada de dor me fez voltar a realidade.


Como se eu tivesse levado um choque ou coisa assim, me afastei dela e o que vi me machucou mais do que se tivesse sido atingido por um balaço durante um jogo de quadribol.


Ela estava chorando, e não ‘tô brincando. Que merda eu havia feito, afinal?


- Rose, por favor, me desculpe! – aquela foi a primeira vez que a chamei pelo primeiro nome – Por Merlin, me perdoe! Eu não deveria ter feito isso, eu não...


- Não, Malfoy, você não deveria ter feito isso! – a voz dela era quase histérica – Você também não deveria ter vindo aqui. Pensa que eu sou o que? Mais uma das suas menininhas? – a essa altura ela já tinha descido da mesa – Vem aqui dizendo que precisa conversar e me agarra do nada... Para que? É sério, por que você faz isso comigo? Para poder fingir que eu não existo segundos depois, é isso?


- Rose, eu...


- Isso machuca, Malfoy! – Rose cuspiu essas palavras – Eu não deveria mesmo sentir isso, mas maldito seja o meu coração por não amar a pessoa certa! Você se aproveita disso, não é? Já percebeu que te amo, e pensa que pode vir aqui brincar comigo. Pensa que vou me entregar a você só por isso, mas não vou!


A palavra “entregar” me alertou para o fato de que ela provavelmente era virgem. Provavelmente não, a Rose com certeza era virgem, e eu assustei a menina indo com muita sede ao pote. Idiota! Maldito! Infeliz! Você não merece viver, seu projeto de trasgo!


- Rose, me perdoe! Eu... Eu realmente vim aqui conversar, mas eu não sei o que aconteceu... Quando me dei conta, já estava beijando você e simplesmente não conseguia parar! – disse com toda a sinceridade – Mas eu preciso te dizer que...


- Eu não quero ouvir nada, Malfoy! De verdade, vá embora! – ela disse em um sussurro. As lágrimas ainda escorriam por seu rosto livremente – Pare, por favor, pare de me machucar desse jeito!


- Eu amo você!


- Não brinque com isso!


- Eu não estou brincando! – segurei o rosto dela entre as mãos, numa tentativa frustrada de demonstrar toda a minha sinceridade – Eu vim aqui justamente te dizer isso. Vim dizer que te amo e que...


- Vá embora, Malfoy! – ela ordenou – E, por favor, não volte.


Ela se afastou e desapareceu da cozinha.


Entendendo que eu havia feito a maior burrada da minha vida, corri daquela casa para a minha, peguei as chaves do carro e depois disso desapareci pelo restante do dia.


 


 


 


XXX


 


 


 


Acreditaria em mim se eu dissesse a você que mesmo tentando, não consegui sair com nenhuma garota aquele dia? E não foi porque elas não quiseram. Na verdade sempre foi muito fácil pegar a primeira que eu desejasse. O problema foi que eu não conseguia sentir desejo por nenhuma delas, então acabei abandonado todas naquela maldita boate trouxa, entrando no carro e voltando para casa.


Já passava da meia noite quando cheguei, e fui obrigado a estacionar quase em frente à casa da Rose, pois fiquei muito chocado com a cena que vi.


Parados na varanda estavam a Weasley com seu primo, e ficante, Potter. Eles estavam próximos demais, e não era preciso ser um gênio para perceber que ele flertava com ela. Um sorriso gentil apareceu nos lábios de Rose, quando o James disse algo e ela apenas balançou a cabeça, concordando.


Instantes depois, pude vê-lo se aproximar dela, hesitante... Rose também hesitou com aquela proximidade, e por experiência própria eu sabia que essa preliminar é bem excitante.


James ergueu a mão e tocou o rosto dela, acariciando lentamente. Ela sorriu e então, colocando uma mecha do cabelo de Rose para trás de sua orelha, ele roçou seus lábios nos dela e em seguida a beijou lentamente. Não houve resistência por parte dela. Acho que isso aconteceu porque ele não a assustou como eu havia feito. Aliás, eu era sempre um filho da puta que só fazia merda!


Percebi o momento em que as coisas começaram a ficar mais intensas entre eles e então, ainda a beijando, James abriu a porta e os dois desapareceram dentro da casa.


Senti meu estômago afundar e uma dor forte, que eu tinha certeza não ser culpa de um infarto, tomou conta do meu coração. Aquele Potter desgraçado estava tocando, beijando, acariciando a MINHA Rose! Essa era uma coisa que eu não podia suportar, porque doía demais. Céus, eu nunca pensei que isso pudesse machucar tanto. Nunca pensei que eu pudesse me sentir tão mal e ao mesmo tempo revoltado com a ideia dela transar com ele aquela noite. E não era por orgulho. Definitivamente não tinha nada a ver com o fato d’eu querer ser o primeiro ou coisa assim. Eu só... Só não conseguia suportar a ideia da mulher que eu amo dormir com outro.


Com certa surpresa senti uma coisa quente escorrer pelo meu rosto e alarmado levei a mão até minha bochecha. Estava molhada. Eu estava chorando por ela, por amá-la, por desejá-la e por nunca, nunca poder ser como o James Potter, que fazia as coisas certas sempre e não era o vilão dessa história de amor maluca.


Irritado. Triste. Magoado. Realmente puto da vida, decidi fazer algo que nunca, em toda minha vida, havia passado por minha cabeça: eu iria lutar por ela. Sim, eu lutaria pela primeira vez por uma garota e essa ideia soava estranha até para mim.


James Potter que aproveitasse enquanto podia, porque eu estava disposto a lutar e, sendo eu um Malfoy, não entraria naquele jogo para perder. Onde já se viu tentar roubar a minha garota? Ah não, definitivamente aquilo era algo que eu não iria aceitar.


Era bom que ele estivesse preparado para sofrer, porque eu ia pegar a minha garota de volta e, com sorte, ela não demoraria para perceber que eu estava sendo sincero quando disse que a amava.


A Rose Weasley sempre foi minha, e por mais idiota que eu fosse por agir como um completo cachorro, ela iria aceitar esse amor e, sendo totalmente piegas, seríamos felizes para sempre.


 


 


~~




 


 


N/A: E aí, pessoas *-*


Eis o segundo capítulo da fic. Estão gostando? Pois é, o Scorpius é meio impulsivo e faz algumas burradas, mas isso não significa que ele não tomará jeito, certo?!


O próximo será o último capítulo *-*


Comentem que eu prometo não demorar a postar, certo? (chantagista? Eu? Imagina HAUHAUHAAH)


Obrigada pelos comentários e pelo carinho *-*


XoXo,


Mily.

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Comentários (2)

  • Mariana Berlese Rodrigues

    SIMPLISMENTE P-E-R-F-E-I-T-O ESSE CAP. A-M-E-I *.* #MORRI  A-M-E-I <3 <3 <3  MUITOOOOOOOOOO LINDAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA *.* CHOREI AQUI :)MALFOY's, POTTER's E WEASLEY's AMIGOS?! A-M-E-I ISSO :)ESSE SCORPIUS EM?! GOSTEI DELE kkkkkkkkkkkkkkkk'ELE É + CORAJOSO Q O RON E O DRACO JUNTOS kkkkkkkkkkkkk' 

    2013-01-31
  • Lana Silva

    Ual......*-----------* Vai a Luta Scorp \O/  Ameiii o capitulo...Divo !

    2011-12-18
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