Capítulo 3



Nunca pensei que o meu mundo pudesse ser abalado dessa forma. Eu estou completamente dominado, envolvido e, definitivamente, apaixonado... Apaixonado por ela. Por minha Rose. E, vou te dizer, não mudaria isso por nada.




Você já se sentiu como um completo imbecil? Não por ter feito alguma burrada, mas sim por se encontrar em um estado de espírito que faz com que veja as coisas distorcidas, ache beleza onde não existe... Enfim, se sentiu estúpido o suficiente para levantar de manhã, olhar pela janela, ver o céu completamente nublado e mesmo assim achar àquela visão a coisa mais perfeita do mundo?  Pois bem, se sua resposta for sim, sinto lhe informar que você tem 90% de chances de estar apaixonado, e não ‘tô brincando. Quando amamos começamos a enxergar tudo de uma forma diferente, e, acredite quando eu digo que isso não é tão ruim quanto parece.


Já se passaram dois anos desde que descobri que a Rose é simplesmente a mulher da minha vida, e, apesar de lutar com todas as forças possíveis, no final fui obrigado a admitir que sou completamente apaixonado por ela e nada que eu faça pode mudar isso. Às vezes, ou melhor, quase sempre me pergunto como, porque fui gostar justamente dela! Não temos nada em comum, não pertencemos ao mesmo grupo de amigos... Como fui amar logo aquela que não tem nada a ver comigo?


Os opostos se atraem. Talvez essa seja a frase mais clichê do mundo, e, talvez eu devesse acreditar nessa teoria, mas a verdade é que não acredito que tenha sido apenas as diferenças entre nós que tenha me atraído. Se hoje estou aqui, aos dezenove anos, declarando que sou completamente louco pela Rose, significa que tudo, absolutamente tudo nela chamou a minha atenção. Seu sorriso perfeito com aquelas covinhas na bochecha, seus olhos irritantemente azuis, seu jeito de menina, sua personalidade forte... Não há nada nela que não me fascine.


Eu gostaria de dizer a você que estou com ela em meus braços, enquanto conto nossa história, mas isso seria uma mentida deslavada. Rose ainda não confia em mim o suficiente. Não depois das coisas que fiz. Não depois de agir feito um idiota, agarrando-a na cozinha para aí sim dizer o que sentia. Ah, não! Essa minha atitude só fez com que nos afastássemos ainda mais e eu praticamente empurrei ela para os braços daquele Potter desgraçado.


Voltando um pouco no tempo, para que você entenda esse meu clima de desistência, contarei o que aconteceu depois de ter visto Rose e James aos beijos na varanda de sua casa.


Eu decidi lutar por ela. Sei que parece praticamente impossível já que nunca lutei por ninguém, mas pela Rose valia a pena. Não era apenas uma questão de orgulho. Ela era minha e não ia deixar o James não-tenho-a-testa-rachada-mas-sou-famoso-por-causa-do-meu-pai Potter levá-la assim tão fácil.


Na manhã seguinte levantei cedo demais e fiquei meio que de vigia na janela, apenas esperando o momento em que Rose fosse sair daquela casa para levar o cachorro para passear. Assim que ela aparecesse no jardim, iria até lá e imploraria seu perdão. Para ser bem sincero, estava disposto até a ficar de joelhos para que ela acreditasse em mim, se fosse preciso.


Demorou um pouco para que alguma alma viva aparecesse naquele jardim e senti meu estômago embrulhar quando vi o idiota do James aparecer com a calça do pijama e uma blusa branca. Ele havia mesmo dormido na casa da Rose e isso era algo preocupante.


Como a ideia de pedir perdão para ela havia acabado de ir por água abaixo, fui colocar em prática o “Plano B”, embora eu não tivesse merda de plano nenhum.


Meio sonolento, saí da minha casa e para disfarçar fui até a caixa de correio ver se havia alguma correspondência. O Potter fazia o mesmo que eu, e não pude evitar uma risada quando ele resmungou algo sobre como sua tia era exagerada por mandar tantas cartas para Rose.


- Bom dia, Malfoy! – o Potter me cumprimentou.


- Bom dia, Potter! – respondi e me assustei quando vi que minha mãe também sofria do complexo da Sra. Weasley por me escrever milhares de cartas por dia.


- Manhã bonita!


- Você acha? Eu prefiro as manhãs de chuva. – eu comentei e então caminhei até a cerca que separava nossos jardins – O que você quer, Potter? Excesso de simpatia a essa hora da manhã é de se desconfiar.


O Potter riu e balançou a cabeça. Coitado dele se pensasse que podia me intimidar bancando o valentão.


- A Rose me contou que esteve com você ontem. – ele disse com um sorriso irônico.


- Que bom! Então você já deve saber que tem concorrência e que não é das fáceis.


Ele riu mais uma vez.


- Acha mesmo que estou preocupado com o que você sente pela Rose? Poupe-me, Malfoy! Você não passa de um idiota que, tarde demais, decidiu admitir que está apaixonado.


- Concordo com a parte de que sou um idiota por demorar tempo demais para admitir isso, mas sinceramente você deveria estar preocupado. – ameacei, sem esconder o sorriso de desafio – Se pensa que a Rose será sua por muito tempo, está enganado. A partir do momento em que eu entrei na casa dela e disse que a amava, uma batalha para conquistá-la começou e é bom que saiba que não jogo para perder, Potter.


O sorriso do Potter desapareceu e ele deu alguns passos até que estivéssemos frente a frente, apenas com a cerca nos separando. Ele me encarou sério e sustentei o olhar, friamente. Se ele pensava que podia me intimidar, estava muito enganado.


- Fique longe da Rose. Ela já sofreu demais e não quero vê-la machucada de novo, porque caso isso aconteça, Malfoy, irei acabar com você.


Foi a minha vez de soltar uma gargalhada bem na cara dele. Quem esse projeto de ser humano pensava que era para me fazer ameaças?


- Acha que estou brincando, Malfoy?


- Não, apenas acho que você está sendo um imbecil por pensar que pode exigir algo de mim. Eu não vou ficar longe da Rose, nem que Merlin desça a Terra e tente me obrigar a isso. Então é bom que esteja acostumado com a ideia de ter um concorrente, Potter, porque eu vou lutar por ela, quer você queira, quer não.


O Potter chegou a abrir a boca para retrucar a minha ameaça, mas Sophie apareceu no jardim, acompanhada por Vincent. Eles pareciam alarmados com aquela cena, e minha amiga praticamente se colocou na minha frente para impedir uma briga, ao mesmo tempo em que o Vincent começou a me puxar para longe.


Aquele cara só podia estar drogado por pensar que eu sentiria medo de sua ameaça idiota. É cada uma que me acontece, que, porra, eu acho que Merlin fez um bonequinho meu para praticar Vodu, não é possível!


É claro que eu não era um imbecil iludido, que pensava que Rose esqueceria fácil o que fiz. Na verdade eu sabia que iria comer o pão que Voldemort amassou e fez a Nagini rastejar por cima, mas e daí? Quem se importa com isso? As histórias de amor mais comentadas são aquelas em que todos sofrem... Puta merda, essa coisa de amor ‘tá mesmo me fazendo falar coisas completamente idiotas.


Eu já havia desistido de pedir ajuda ao filho da puta do Merlin, então comecei a agir por mim mesmo. Como a Rose estava na minha turma na Academia de Aurores, a aproximação foi bem fácil, uma vez que éramos obrigados a trabalhar juntos algumas vezes. No início, obviamente, ela me ignorou. Na verdade houve duas vezes em que ela quase jogou o caldeirão fervente em mim, mas isso não me intimidou. Para ser bem sincero, eu a achava muito sexy quando ficava irritada.


Precisei de quase três semanas até que ela voltasse a me responder direito, e foi a partir daí que comecei a colocar meu plano em prática.


- Pode, por favor, me passar a raiz de bergamota? – pedi, enquanto mexia minha Poção sem parar.


Em silêncio, ela pegou as raízes e me entregou, no que aproveitei para segurar sua mão e encará-la profundamente.


- Até quando você vai fingir que não temos um assunto pendente? – perguntei, sem desviar meus olhos dos dela – Eu te amo e quero provar isso a você, será que pode me dar uma chance de explicar tudo ou vai continuar fugindo disso como se fosse algo incrivelmente errado? Prometo não fazer nada que você não queira, Rose... Nós só precisamos conversar. Na verdade, se preferir, você pode ficar calada e apenas me ouvir, mas, por favor, não fuja de mim como se não tivesse acontecido nada entre nós.


Rose ficou em silêncio por alguns segundos, apenas me encarando e então desviou o olhar para me responder.


- Eu não acho que nós precisamos conversar... Pelo menos não agora. Minha cabeça ‘tá confusa e eu não sei se posso pensar com clareza sobre nós quando você sempre faz algo para estragar tudo.


- Eu quero concertar isso, você só precisa me dar uma chance!


- Por que se afastou de mim? – ela perguntou sem rodeios, encarando o próprio caldeirão e mexendo sua Poção.


- Porque eu sou um cafajeste! – admiti.


- E por que me quer por perto agora?


- Porque te amo e quero mudar. – admiti novamente. Como sempre, sou sincero demais quando tenho que falar com a Weasley.


Rose apenas balançou a cabeça em um sinal positivo e não disse mais nada. Eu quase podia ouvir seu cérebro trabalhando furiosamente, enquanto ela terminava seu trabalho. Ela estava com o cenho franzido, mordia o lábio inferior e claramente lutava contra alguma ideia que não saía de sua mente.


Quando nossa aula terminou, ela guardou seu material com tanta lerdeza, que ficou claro que ela queria que todos saíssem para que pudesse me dizer o que estava pensando naquele momento.


- Eu não posso te dar uma chance, Malfoy! – ela disse, encarando os próprios pés – Talvez você esteja sendo sincero ao dizer que me ama, mas precisa entender que as coisas não são simples. Você tem uma forma esquisita de demonstrar o que sente... Sempre atropela as coisas e depois age como se nada tivesse acontecido... Não faz ideia do quanto foi ruim, depois do nosso beijo no Natal, te ver desfilar com todas as garotas da escola e agir como se eu não existisse! Doeu demais, e eu precisava respirar fundo e controlar as crises de choro todas as vezes que presenciava você beijando outra...


- Rose, sobre isso, eu...


- E não é só isso! Você age como se as coisas tivessem que acontecer no momento em que deseja. Nunca respeita os limites, é sempre impulsivo demais... Se hoje está aqui dizendo que me ama, foi porque o dispensei, ou então porque me viu com o Jay, vai saber... – Rose suspirou e então ergueu o olhar para me encarar – Não posso dar uma chance a nós e correr o risco de que amanhã ou depois você começar a agir como se eu fosse a pessoa mais insignificante do mundo. Não vou suportar isso de novo...


Eu queria ter dito alguma coisa. Sempre tive resposta para tudo, sempre me saí bem de quase todas as situações, mas, por algum motivo, não soube o que dizer a Rose, porque sabia que ela estava certa. Eu a havia magoado demais e se quisesse mesmo que ela confiasse em mim precisaria de muito mais que um pedido de desculpas para isso.


Ela saiu da sala e eu fiquei lá, com aquela cara de idiota, pensando no que faria da vida. Como estava sem clima, acabei matando as aulas de Duelos e Estratégias de Ataque, e voltei para casa.


Enquanto os dias passavam e eu lutava para tentar ser, pelo menos, amigo da Rose, era obrigado a vê-la (na verdade eu ficava espionando pela janela, mas isso é só um detalhe insignificante) cada dia mais feliz com o Potter.


Caralho, eu nunca fui de pedir ajuda a Merlin por nada. Sério mesmo, sempre achei ridículo essa coisa de ficar pedindo favores a um cara que só ficou famoso por ter sido um bruxo muito sábio. Voldemort e Dumbledore também foram bruxos sábios e que mexeram com o mundo da magia, e eu não via ninguém invocando o nome deles para que milagres acontecessem. Mas, voltando ao ponto, nunca fui o cara que ficava feito tonto pedindo favores a seres superiores, e quando decidi fazer isso, o infeliz de barba branca decidiu tirar uma comigo.


Tem noção do quanto eu sou azarado? Quando eu digo que a porra do Universo conspira contra mim, geral acha que é drama, mas já ficou provado que não é. Merlin espeta uma agulha todos os dias no meu bonequinho de Vodu que carrega sempre, só para ter a felicidade de me ver sofrer como um condenado. Maldito seja esse filho da puta por ter nascido em algum momento da história (desconfio que ele tenha sido amigo íntimo do Adão, mas isso não vem ao caso agora).


Eu estava sozinho nesse lance de conquistar a Rose de novo, então já que ia mesmo para o inferno por desejar uma menina tão pura como ela, ia fazer tudo direito.


Passei a mandar flores todos os dias para Rose, com um bilhete de desculpas. Para ser mais específico, ela recebia um buquê de rosas azuis todas as manhãs, porque eu havia subornado o cara da floricultura para que fizesse isso por mim. Isso não saía muito barato no meu bolso, mas foda-se, ela merecia e como tenho dinheiro suficiente para distribuir por aí, não liguei mesmo para esse detalhe.


Eu sabia que estava correndo o risco de ser enxotado de sua vida como um cachorro sarnento, mas precisava correr o risco, e sinceramente Rose começou a ficar menos distante com todas aquelas demonstrações de carinho.


Ela até falava comigo durante as aulas, e isso era uma evolução e tanto.


- Sabe, você deveria parar de me mandar àquelas flores. – ela comentou comigo, quando estávamos indo para aula de Transmutação Avançada.


- Por quê? Achei que gostasse das rosas.


- E eu gosto... Mas é que... Ah, Scorpius, por que você tem que tornar as coisas mais difíceis para mim?


Ela suspirou, encostando-se na parede e me encarando.


Me aproximei dela e coloquei uma mão de cada lado do seu corpo, prendendo ela ali, para que não corresse e me deixasse falando sozinho.


- Porque eu amo você e por mais que seja difícil de acreditar nas minhas palavras, eu preciso te dizer isso sempre. Preciso que me perdoe por ser um imbecil. Por ter ultrapassado os limites quando você deixou claro que não estava preparada... Preciso deixar claro que mesmo que você não dê a mínima para os meus sentimentos, eu estou completamente rendido a você e não encontro forças para fazer com que isso pare. – eu disse com toda a sinceridade do mundo. A sinceridade que só aparecia quando eu estava com ela.


Rose suspirou triste, e desviou o olhar do meu.


- Por que não acredita no que eu digo?


- O Jay me pediu em namoro ontem... – ela comentou comigo, me fazendo ficar completamente tenso – Eu pedi um tempo para pensar, Scorpius, e...


- Eu achei que vocês já namorassem!


- Não exatamente! – ela me disse, ainda sem conseguir me encarar – Estávamos apenas ficando, mas ontem ele pediu para formalizarmos isso. Ele quer falar com os meus pais, e...


- Você vai aceitar? – perguntei, incapaz de conter meu ciúme.


- Sim! – ela respondeu. – Eu...


O que ela disse depois disso não me interessou. Naquele momento eu havia entrado no “modo de espera” e, por algum motivo, não consegui sair mais dele.


Fui embora para casa e mandei todos irem para o inferno, sem me preocupar se estava ou não magoando alguém. Na verdade, se você estivesse na minha frente naquele momento, iria mandá-lo para o mesmo lugar que mandei os outros.


Sabe aquela história que dizem que quando perdemos alguém que amamos, o mundo perde a cor e a graça? Pois é, acredite nela porque é a mais pura verdade.


Passei meses lutando pela Rose. Me declarei inúmeras vezes, mandei flores, presentes... Fui um cavalheiro como jamais havia sido, para no final das contas aquele infeliz do Potter ficar com ela.


Tudo bem, talvez eu mereça isso, porque talvez eu seja mesmo o filho da puta da história.


Que direito eu tenho de amar a Rose? Qual é, sou o cara mais egoísta e frio do mundo, então que direito tenho de querê-la para mim? Se ela é feliz com o Potter, que fique com ele, se case e tenha milhares de filhos. Não há nada mais que eu possa fazer para mudar isso, então só me resta desistir com dignidade e seguir o resto da minha vida pensando em como fui ridículo demais por ter me apaixonado e mais ridículo ainda por permitir que esse maldito sentimento me dominasse de forma tão constrangedora.


Agora que eu já expliquei os motivos de ter começado a narrar com um clima de enterro, não será surpresa para você saber que não pisei na Academia nessa última semana. Não comemorei meu aniversário; não abri meus presentes; não atendi telefonemas; não respondi cartas... Não fiz nada que um cara de dezenove anos costuma fazer. Não saí com garotas também, coisa que eu teria feito em um passado que parecia bastante distante agora.


A verdade é que apesar de ter ouvido histórias, nunca pensei que o amor pudesse abalar tanto a minha vida. Nunca me senti fraco desse jeito, então acho que não estou errado ao diagnosticar minha própria depressão.


Para quem costumava não passar muito tempo dentro de casa, de repente ficar trancado no meu quarto me pareceu uma ótima ideia, e é por isso que tenho passado a maior parte do tempo aqui. É óbvio que sei que em algum momento terei que reagir e voltar a minha vida antiga, mas porra, eu não sei como sair da fossa porque nunca estive nela antes. Talvez o tempo ajude ou Merlin simplesmente decida ser um cara legal e pare de foder com a minha vida desse jeito. Enquanto isso não acontece, olhar pela janela me parece uma boa forma de distração.


- Scorpius? – apesar de reconhecer essa voz em qualquer lugar do mundo, não me virei para encarar Rose. – Posso entrar?


- Não! – ‘tô na fossa, desculpa aí se meu comportamento ignorante não te agrada, ok?! – Na verdade agradeceria muito se você saísse.


- Não posso ir embora! – seu tom de voz parecia com o de uma criança mimada. Isso me fez rir, mas não o suficiente para que possa te dizer que estou feliz por essa conversa.


- Na verdade, você não só pode como vai! Eu não quero falar com você, Weasley. Vá atrás do seu namorado e não me perturbe.


- Você tem faltado as aulas!


- Uau, que inteligente. Desconfiou disso quando não me viu mais aparecendo em sala ou alguém precisou te falar algo para notar que eu havia desaparecido?


Rose começou a se aproximar de mim, e pelo reflexo dela na janela pude ver sua expressão triste.


- Acho que você está trocando os postos, Scorpius. Quem nunca me notou foi você, e não ao contrário!


Tive que me virar para encarar Rose. Ela só pode ‘tá brincando com esse papo de “você nunca olhou para mim de verdade!”. Porra, eu ‘tô sofrendo com essa merda de sentimento há quase dois anos e ela vem me dizer que nunca a notei? Só pode ser piada!


- Achei que você fosse mais esperta que isso, Weasley! – meu tom de voz frio é alarmante até para mim – Posso ter sido lerdo para não ter te notado antes do sétimo ano em Hogwarts, mas desde que passei a olhar realmente para você, tenho notado tudo, absolutamente tudo que faz. Suas manias, seus medos... Tudo! Se eu fingi que não me importava foi apenas para não lhe causar dor. Conheço-me muito bem para saber que naquela época não iria admitir que a amava e se fizesse, iria machucar você saindo com outras, apenas para provar para mim que podia dominar meus sentimentos.  


O olhar assustado de Rose me fez perceber o quanto estamos próximos. Isso foi bom, porque pelo menos ela pode ver no fundo dos meus olhos que eu falava a verdade. Era a primeira vez na vida que eu era realmente sincero com uma garota, e garanto que se minha mãe estivesse aqui iria bater palmas e dizer que isso merece uma comemoração.


- Quem era você para dominar minha mente, meus sonhos e minha vida? Era ridículo pensar em você a todo o instante, mas eu sabia que isso só iria aumentar com o tempo e nada do que eu fizesse mudaria isso. O jeito era me afastar para não ferir você, entretanto...


- Entretanto...?


- Entretanto, te machuquei do mesmo jeito. – admiti – Quando fui até sua casa aquele dia, foi justamente para te dizer tudo isso, mas sou um perfeito idiota e acabei fazendo merda. Agora, dizer essas coisas a você não faz sentido nenhum... Não vai mudar o fato de que tenha escolhido o Potter, e...


Rose, que a essa altura já estava bem perto de mim, se colocou na ponta dos pés e colou seus lábios nos meus, impedindo que eu continuasse meu discurso amargurado.


- Eu não escolhi o Jay. – ela sussurrou, segurando meu rosto entre suas mãos pequenas e delicadas – Eu estava pronta para dizer sim a ele, mas... Scorpius eu não consegui! Não podia fazer isso com ele, entende? Não podia iludi-lo, fazê-lo pensar que estou completamente apaixonada por ele quando a verdade é que não consigo esquecer você. Eu não consigo, eu não... Ah, Scorpius, eu te amo tanto, tanto, tanto... – ela jogou seus braços em volta do meu pescoço e me abraçou forte.


A abracei de volta, retirando-a no chão e a girando no ar. Tive até medo de ter ouvido mal. Do jeito que sou azarado, descobrir que interpretei as coisas errado não seria novidade.


- Você me perdoa, Rose? – fiz a pergunta só por garantia.


- É claro que sim! – ela sorriu para mim e, céus, como é possível que essa menina tenha o poder de iluminar todo o meu mundo só com esse gesto? – Mas você tem que me prometer uma coisa.


- Qualquer coisa!


- Nunca mais se afaste de mim... Por pior que você pense que seja, nada me magoa tanto quanto te ver longe.


- Isso quer dizer que...?


- Quer dizer que você me faz feliz, que eu te amo e que não suporto a ideia de ficar longe de você!


Sorri e segurei o rosto da minha Rose entre as mãos.


- Você aceita ser minha, Rose? Quer namorar comigo?


- Isso é o que mais quero no mundo, Scorpius!


E então, dessa vez eu fiz as coisas da forma correta. Não a ataquei, nem nada. Por experiência própria eu sabia que com minha menina era melhor ir com calma, e foi por isso que comecei a aproximar meu rosto do dela, informando o que estava prestes a fazer.


O sorriso de Rose aumentou e ela fechou os olhos no momento em que rocei meus lábios sobre os dela. Queria que aquele beijo fosse perfeito, então faria tudo com calma. Ao invés de beijá-la, deslizei meus lábios por sua mandíbula e desci mais um pouco, passando a ponta do nariz por toda a extensão de seu pescoço, deixando com que seu perfume dominasse todos os meus sentidos. Devagar, beijei lentamente sua pele e a senti estremecer, suspirando logo em seguida.


Definitivamente, isso era bom demais. Seu cheiro, seu gosto... Ela havia sido feita para mim, eu tinha certeza disso.


- Eu amo você! – eu disse próximo ao ouvido dela e me afastei apenas para encará-la.


- Eu também amo você! – ela disse, erguendo a mão para tocar meu rosto.


Sorri e tornei a me aproximar do seu rosto com bastante calma e cuidado. Para mim, Rose era o ser mais frágil do mundo.


Rocei mais uma vez meus lábios sobre os dela, e dessa vez foi ela quem apressou as coisas, me beijando de forma quase impaciente. Ela me queria e estava pedindo por aquilo claramente.


Minhas mãos foram parar instintivamente em sua cintura e a puxei para o mais perto que podia. Sei que era impossível que nossos corpos ficassem ainda mais colados, mas eu continuava puxando-a contra mim e a beijando com voracidade.


Ela suspirava, quando eu mordiscava seu lábio e isso me excitava, mas iria me controlar. Rose não era qualquer uma. Ela merecia todo meu respeito e dessa vez não iria ultrapassar nenhum limite.


Foi ela quem pareceu não se contentar apenas com beijos e carinhos. Foi Rose quem deu o primeiro passo e tirou a minha camisa, para começar a arranhar minhas costas livremente. Depois disso eu entendi que podia abusar um pouquinho, mas ainda faria tudo com calma, afinal, parecia que eu tinha o dom de assustar a pobre coitada.


Lentamente comecei a caminhar com ela em direção a cama, e quando nos deitamos ali, as coisas começaram a ficar deliciosamente quentes. Eu tentava me controlar, juro para você, mas como já mencionei, Rose parecia ter lido um manual de instruções que explicava claramente como me deixar louco, então era muito difícil resistir a tentação, quando ela começava a me provocar.


- Rose... – me afastei dela quando percebi que já tínhamos ido longe demais. Eu não iria conseguir me controlar se continuássemos naquele ritmo – É melhor você se afastar um pouco.


Rose me encarou com certa dúvida. Sua perna direita estava enroscada na minha cintura e ela respirava ofegante.


- Por quê? – ela perguntou, com aquele olhar inocente e incrivelmente sedutor.


Fiquei na dúvida se respondia ou não a verdade, mas optei por ser sincero.


- Eu não quero te assustar, mas você consegue me deixar maluco e sinceramente não vou conseguir parar se continuarmos com isso. – disse e acabei dando uma risada quando as bochechas dela coraram furiosamente – Não vou te obrigar a nada, fica tranqüila!


- Eu sei que não... – ela disse e me beijou mais uma vez – Assim como eu também sei que não vai me assustar, embora eu tenha quase certeza que você vai se assustar se eu disser que não tenho nenhuma experiência nisso.


Dessa vez quem ficou confuso fui eu. Quero dizer, eu vi a Rose e o Potter aquele dia, e... Ah, é claro! É claro! Merlin até pode ser um filho da puta comigo, mas obviamente não iria deixar que a minha menina se entregasse a outro cara, quando estava completamente confusa.


Finalmente esse velho tinha feito algo certo.


- Eu não estou assustado. – garanti e a beijei com ternura – E eu prometo só fazer aquilo que você queira!


- Eu quero você! – Rose sorriu timidamente e seu rosto ficou escarlate com aquela confissão.


Você consegue imaginar como meu coração se encheu de alegria, emoção e mais uma porrada de sentimentos estranhos? Como eu pude ser tão tolo de pensar que um dia conseguiria esquecer essa menina perfeita? Eu tinha que ser loiro mesmo, não é possível!


- Eu te amo, minha menina! – foi a última coisa que disse antes de beijá-la com calma e iniciar novamente as carícias, até finalmente fazê-la minha.


Nunca, em toda minha vida, eu pensei que o amor fosse feito para mim. Eu estava errado, como sempre. O amor é para todos, e cedo ou tarde você irá encontrá-lo em alguém que não espera.


Meu mundo realmente foi abalado por essa menina inocente, por quem eu jamais pensei em me apaixonar. E sinceramente? Preciso agradecer a Merlin por ter ferrado comigo todo esse tempo, porque se não fosse isso, agora eu não teria Rose Weasley para mim.


No final das contas, Merlin não foi tão filho da puta assim, e eu... Bom, eu acho que sou o sortudo da história.


 


 


 


FIM... Ou seria esse, apenas o meu começo?


 


 



~~



 


 


N/A: Heeey amores *-*


Eis o último capítulo da fic.


Não tenho muito que comentar, a não ser que amei escrevê-la. Espero, de coração, que vocês também tenham gostado.


Vi em alguns comentários vocês pedindo por continuação, e bom... Talvez, não me perguntem quando, eu continue com essa história, mas não é certo. A inspiração só veio mesmo para esses três capítulos, então se algo mais surgir, prometo escrever e postar aqui.


Comentem e me digam o que acharam ok?! *-*


XoXo,


Mily.


 

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Comentários (3)

  • Mariana Berlese Rodrigues

    SIMPLISMENTE P-E-R-F-E-I-T-O ESSE CAP. A-M-E-I *.*#MORRI A-M-E-I <3 <3 <3 MUITOOOOOOOOOO LINDAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA *.*CHOREI AQUI :)Q FINAL PERFEITOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO *.*

    2013-01-31
  • Lana Silva

    Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaa podia bem que ter uma continuação né ??? *-* Lindooooooooooo ameii a fic!!!

    2011-12-18
  • barbara aguiar azevedo

    Suaa fic é maravilhosaaa. Mostra Rose e Scorp perfeitamentee... =DD Ameiii!!!

    2011-03-30
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