Mansão Vanish



A carruagem seguiu por uma estrada sem a menor iluminação, tortuosa e sinistra. As árvores tampavam o céu noturno e estrelado, mas não impediam que um vento gélido arrepiasse a pele de Sirius. A viagem demorou cerca de meia hora e finalmente adentrou por um enorme portão de ferro que se abriu com a aproximação da carruagem, revelando um caminho de pedras cercado por roseiras até uma gigantesca casa de pedras de onde saía música clássica. Ele pode observar Inúmeros bruxos na fachada da casa, todos vestidos a rigor. Ao descer da carruagem ele reconheceu alguns amigos de seus pais, mas não os cumprimentou, virou-se para procurar Lyra. Ela não estava na varanda na entrada da casa onde eles tinham combinado de se encontrar, então Sirius se apoiou em uma pilastra esculpida e esperou.


Em apenas dois minutos uma belíssima carruagem puxada por cavalos negros parou e dela, desceu Lyra. Sirius perdeu a respiração e sentiu o coração perder o ritmo. Ela usava sandálias de salto e um vestido prateado sem alças que brilhava sob a luz do luar. Era um vestido longo e colado no corpo até o início da coxa onde se tornava rodado e cintilante, marcando as curvas perfeitas de Lyra. Seu cabelo estava preso em uma trança embutida de onde fugiam algumas mechas. Lyra usava lápis, rimel e um batom vermelho apenas, mas era sem dúvida a garota mais bonita dali, pois arrancou olhares de todos os garotos sem exceção. Enquanto ela caminhava na direção de Sirius com um sorriso envergonhado ele tentou puxar o ar inutilmente. Ao se aproximar, Sirius notou que seus olhos estavam violeta. Sirius nunca tinha os visto daquela forma, mas (se é que é possível) deixavam-na ainda mais bela.


-Você está... Uau. –Disse Sirius tentando encontrar palavras. As bochechas de Lyra coraram.


-Obrigada Black, você também não está nada mal. –Disse ela sorrindo.


-Obrigado. Olha só, minha mãe pediu para você usar isso, quer dizer, ela não sabe que você é meu par, pediu para eu entregar a minha acompanhante. –Ele abriu a mão e revelou a pulseira trançada com a belíssima flor e percebeu que não serviria para mais ninguém ali além de Lyra. Combinava perfeitamente com seus olhos e seu vestido-sereia.


-Nossa, é linda! –Exclamou ela enquanto Sirius colocava em seu pulso. Ela sorriu e voltou a falar. –Tenho que agradecer a sua mãe. Sirius, muito obrigada por ter vindo comigo, quer dizer, meus pais meio que decidiram que eu deveria casar com Frederik Wyler, um idiota suíço de sangue puro e é muito bom não estar com ele nessa festa. O problema é que minha mãe acha que o meu par é também meu namorado, então, você si importaria de não desmentir? –Pediu ela em tom suplicante.


-Vai ser um prazer. –Respondeu Sirius com um sorriso safado.


-BLACK! –Xingou ela fechando a cara. –Não me faça brigar com você hoje!


-Pode deixar amorzinho. Ou prefere xuxuzinho? –Perguntou Sirius rindo.


-Não tem graça. –Disse ela apesar de estar sorrindo. –Vamos entrar, tenho algumas coisas para fazer hoje. –Chamou ela. Sirius assentiu e segurou a mão de Lyra, fazendo-a revirar os olhos (mas não soltou).


Ao passarem pela porta de carvalho Sirius ficou mais uma vez chocado. Esperava um lugar escuro e assustador, como a entrada da casa, mas era muito diferente.  O salão era inteiramente branco, piso de cerâmica, paredes de gesso, um gigantesco lustre de vidro iluminava todo o salão cerca de seis metros acima co chão. Mais de oitocentos bruxos estavam presentes, e metade deles era menor de idade. Todos excepcionalmente vestidos (apesar de Sirius não encontrar nenhuma garota que se comparava a Lyra). Alguns dançavam ao som de um belíssimo piano de cauda branco, outros estavam sentados ao redor de inúmeras mesas cobertas de toalhas de mesa douradas. Todos estavam sendo servidos por elfos domésticos que corriam de um lado para o outro com bandejas nas mãos. Risadas e conversas enchiam o ambiente juntamente a música e todos pareciam se divertir.


Sirius e Lyra desceram a pequena escada de mãos dadas e ela o conduziu a uma das mesas do lado direito. A mesa estava completamente preenchida com dez pessoas, mas Sirius logo identificou a família de Lyra. Um homem alto e forte com mustache tinha a mesma pele branca de porcelana que Lyra, a mesma cor de cabelo e uma expressão séria e superior, que o colocava acima de todos os outros na mesa. Ele realmente tinha cara de assassino, pensou Sirius. Ele tinha cerca de cinqüenta anos e se sentava ao lado de uma mulher cinco anos mais nova, que tinha cabelos lisos e repicados como os de Lyra, porém, presos de um jeito muito mais adulto e sério em um coque. Uma pele branca e seca e olhos cinzentos que não paravam de escurecer e clarear. Seus lábios eram avermelhados como os de Lyra e tinha o mesmo nariz perfeito. Era magra, porém, belíssima. De frente aos dois estava a única pessoa que não participava da conversa: com mais ou menos vinte anos de idade um jovem tão alto e forte quanto o pai mexia o vinho dentro da taça completamente entediado. Tinha a mesma expressão séria e superior do pai e também os mesmos olhos negros. Na verdade, ele era uma versão mais jovem do pai, só os cabelos eram mais curtos e bagunçados.


-Mark! –Chamou Lyra largando a mão de Sirius e correndo até a mesa. O jovem se virou para trás e, ao ver a garota, um sorriso de orelha a orelha surgiu em seu rosto. Ele arrastou a cadeira para trás ruidosamente (atraindo olhares de reprovação dos pais) correu em direção a Lyra e, para a surpresa de Sirius, a segurou pela cintura e carregou em um abraço apertado e carinhoso.


-Pequena!-Falou ele enquanto abraçava Lyra como se ela fosse um ursinho de pelúcia. –Como você está?


-Sem... Ar. –Respondeu ela com muito esforço.


-Ah, desculpe. –Pediu ele e colocou a garota no chão. De salto, Lyra ficava apenas um ou dois centímetros mais baixa que Sirius (que era bem alto), mas perto de “Mark” Lyra ficava mais de dez centímetros menor.


-Tudo bem! –Falou ela entusiasmada e mais feliz que Sirius jamais tinha visto. –Você ta um gato! –Disse ela olhando-o de cima a baixo. Sirius observava os dois a apenas uma passo de distancia, mas não ousaria interromper.


-Tenho que dizer o mesmo. Se eu não fosse seu irmão, já estaria te agarrando. –Falou ele. Sirius se mexeu desconfortavelmente.


-Mark! Obrigada pelo elogio, mas não precisa de tanto. –Disse ela entre risadas.


-Como está maninha? Aproveitando Hogwarts?


-Você não tem idéia do quanto! E muito obrigada pelas cartas, eu não iria agüentar de saudade. –Sirius arregalou os olhos involuntariamente. Então as cartas eram do irmão dela? Então o que ele tinha a ver com Voldemort? –Em falar em Hogwarts, esse é Sirius Black. –Disse ela puxando Sirius para perto. O sorriso de Mark desapareceu e ele examinou Sirius de cima a baixo.


-É um prazer conhecê-lo. –Disse Sirius estendendo a mão. Mark não apertou.


-Esse é o namorado que você falou pra mamãe? –Perguntou ele.


-É e não é. Ele não é meu namorado de verdade, é só um... Amigo eu acho. –Disse Lyra se perguntando o que ela e Sirius eram.


-Nesse caso, é um prazer conhecê-lo Black. –Disse Mark retomando o sorriso e apertando a mão ainda estendida de Sirius.


-Irmão ciumento, não se preocupe Sirius. –Avisou Lyra. –Mark eu falo com você mais tarde. Sirius venha, infelizmente eu tenho que te apresentar a minha mãe e meu pai.


-Você disse Black? –Perguntou o Sr. Moriarty ao apertar a mão de Sirius.


-Sim senhor. –Confirmou ele.


-Bom, muito bom.


-E ele é bem bonito minha filha, acho que eu aprovo. –Disse a Sra. Dellabatti deixando Sirius envergonhado.


-Ótimo mãe. Sirius vamos sair daqui? –Pediu Lyra suplicante.


-Por quê? Gostaria de apresentá-la a alguns amigos Lyra e tenho muito o que conversar com seu namorado. –Disse o Sr. Moriarty.


-Não estou interessada em conhecer Comensais da Morte e muito menos em ver você interrogando o meu namorado. –Ralhou Lyra. –Vamos Sirius. –Insistiu ela.


-Foi um prazer conhecê-los. –Falou Sirius.


-O prazer é nosso Sr. Black. Perdoe os maus modos de minha filha, acho que é o tempo que ela tem passado com aqueles alunos imundos da Grifinória. –Falou a Sra. Dellabatti acendendo uma súbita chama de raiva nas entranhas de Sirius, mas antes que ele pudesse dizer alguma coisa Lyra o puxou pelo braço, afastando-os dali.


-Viu porque saí de casa? –Perguntou quando já estavam longe.


-Totalmente.


-Mas o meu irmão é diferente, ele é muito legal e corajoso, só tomou as decisões erradas. –Explicou ela.


-Quais decisões?


-Não posso dizer. Desculpe por fazer você aturá-los ok?


-Tudo bem. –Sorriu Sirius.


Os dois se sentaram em uma das únicas mesas com dois lugares e beberam um pouco de uísque de fogo, xingando suas famílias e contando terríveis casos sobre as mesmas. Depois do terceiro copo cheio os dois gargalhavam de coisas como “o sonho de vida do meu irmão mais novo, Régulo, é se tornar um comensal da morte”.


-Que estúpido! –Disse Lyra rindo de se acabar.


-Eu sei! E ele ainda nem sabe montar uma vassoura! –Confirmou Black. Isso fez Lyra rir como nunca e quase cair da cadeira. Enquanto os dois recuperavam o fôlego, um garoto de dezessete anos surgiu ao lado de Lyra.


-Me daria à honra dessa dança? –Perguntou ele a Lyra. Tinha olhos verdes e cabelos loiros, bastante bonito.


-Se toca Frederik. –Respondeu ela ainda sorrindo.


-Vejo que bebeu mais uísque de fogo que deveria não é? Isso deixa as coisas mais fáceis. –Disse ele pegando a mão de Lyra.


-Me solta idiota.


-Vamos Lyra... –Insistiu ele puxando-a.


-Ela mandou você soltar, idiota. –Disse Sirius se levantando imediatamente e se colocando a frente de Frederik.


-E quem você pensa que é pra se meter entre nós? –Perguntou Frederick se aproximando de Sirius.


-Alguém muito melhor que você pelo que deu pra ver, afinal, ela está comigo e não com você não é? –Respondeu Sirius também se aproximando e serrando os punhos.


-Se toca Black, até onde sei você é a decepção da família não é? Da Grifinória e não da Sonserina, andando perto de sangues ruins e amigo daquele Potter traidor do sangue nojento.


Sirius não agüentou. Ao ouvir o nome de Tiago ele já sentiu os músculos se contraírem e meteu um soco bem na cara do Frederik, que caio no chão com o nariz ensangüentado, arrancando várias exclamações de surpresa e reprovação daqueles que assistiram.


-SIRIUS! –Gritou alguém pouco atrás deles. Era sua mãe. Sirius não se virou até que Frederik tivesse se levantado com os olhos coberto de lágrimas e saísse correndo, deixando todos espantados e Lyra às gargalhadas.


-Ah, oi mãe. –Disse ele finalmente se virando com um sorriso de satisfação no rosto.


-O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO? -Gritou a Sra. Black antes de perceber que todos os olhares da festa se recaíam sobre ela, então baixou a voz. –Você não tem esperanças mesmo. Acha que pode chegar a uma festa como essa, não procurar a sua mãe e ainda dar vexame?


-Com licença, Sra. Black, mas a culpa foi minha. –Disse Lyra acanhada tentando conter o riso.


-E você, quem pensa que é garota? –Perguntou a Sra. Black secamente.


-Lyra Moriarty, –Sirius reparou como ela não disse Dellabatti e o outro nome de Lyra teve um efeito surpreendente na mãe de Sirius, que imediatamente perdeu a expressão severa e superior- é um prazer conhecê-la. –Disse Lyra estendendo a mão e imediatamente a mãe de Sirius a sacudiu entusiasticamente.


-O prazer é todo meu, querida.  Você disse Moriarty?


-Sim, meu pai é Philip Moriarty e minha mãe Rosely Dellabatti. –Disse Lyra com um sorriso envergonhado. –Não culpe Sirius pelo que aconteceu, ele estava apenas me defendendo de um garoto estúpido e sou muito grata a ele, então o ocorrido é completamente minha culpa. –Disse Lyra agora se esforçando ao máximo para não cair na risada e Sirius ficou surpreso com sua determinação mesmo depois de tantos copos de uísque.


-Oh, não se preocupe com isso querida. Se você é grata ao meu filho tenho de me orgulhar dele não é? –Disse a Sra. Black com um risinho falso. –Bem, não vou atrapalhar vocês, divirta-se filho. –E saiu completamente satisfeita consigo mesma enquanto Sirius e Lyra voltavam a se sentar.


-Uau, deve ter sido a primeira vez que ela sentiu “orgulho” de mim. –Disse Sirius. Lyra voltou a rir alegremente como se Sirius tivesse acabado de contar a melhor piada do mundo.


-Você viu a cara amassada do Frederik? Foi perfeito Sirius! –Disse ela rindo. Seu sorriso era tão contagiante que logo Sirius também estava gargalhando do nariz quebrado de Frederik. Sirius e Lyra tomaram mais dois copos de uísque de fogo cada um enquanto despejavam histórias sobre seus ex-ficantes (nenhum dos dois tinha ficado tempo suficiente para namorar) e sobre os inúmeros foras que já tinham dado.


Tiveram de fazer uma pausa parar recuperar o fôlego (de tanto rir depois do caso que Sirius contou em que uma menina saiu chorando quando ele disse que não queria sair com ela) e Sirius se deparou observando cada detalhe do lindo e delicado rosto de Lyra. Depois do quarto copo ela tinha soltado o cabelo que agora caía sobre seus ombros e brilhavam imensamente. Uma bela música começou a tocar e Sirius não resistiu.


-Quer dançar? –Perguntou ele. Lyra pareceu assustada com a repentina pergunta, mas virou o resto do copo e estendeu a mão para que Sirius a ajudasse a levantar. Os dois caminharam juntos para o centro do salão onde vários outros casais dançavam.


-Claire de Lune. –Falou Lyra ainda de mãos dadas com Sirius, procurando um bom lugar para dançarem.


-O que? –Perguntou Sirius.


-A música, se chama Claire de Lune, é de uma orquestra chamada Debussy. Amo essa música. –E então parou onde tinha espaço suficiente para os dois e olhou nos olhos de Sirius. Ele sorriu.


Sirius colocou as duas mãos na cintura de Lyra e a puxou para perto. Lyra colou seu corpo no de Sirius e colocou as mãos em seu pescoço. Os dois giraram em silêncio pelo salão por quase dois minutos, de corpos colados e olhos fechados, Lyra com a cabeça delicadamente apoiada sobre os ombros de Sirius. Então, aquela sensação que ele teve no início da festa, aquele estranho sentimento no estômago em que suas entranhas gritavam, e então afastou seu rosto do de Lyra, para que pudesse ver seus olhos.


Lyra também afastou o próprio rosto e olhou diretamente para os olhos cinzentos de Sirius. Ele viu os olhos da garota tomarem um violeta ainda mais forte e sentiu o coração pular no peito. Segurou-a pela cintura com mais força e sentiu os dedos de Lyra deslizarem por sua nuca causando um estranho arrepio. Ele inclinou o rosto e sentiu a respiração de Lyra perder o ritmo. Eles estavam à apenas milímetros de distância, então...


-LYRA! –Chamou uma voz forte e máscula perto deles. Os dois imediatamente se afastaram e Lyra se desvencilhou dos braços de Sirius, o que o trouxe de volta a realidade e fez perceber que a voz pertencia ao irmão de Lyra. Uma fúria extrema subiu pelo corpo de Sirius. Mais um segundo, era o que bastava para ele ter a beijado. UM MÍSERO SEGUNDO ele queria gritar.


-Mark, o que foi? –Perguntou Lyra fingindo um tom casual.


-O que foi? –repetiu ele. –VOCÊ ESTAVA QUASE BEIJANDO ESSE GAROTO! Você não disse que ele NÃO era seu namorado?


-E NÃO É! –Respondeu Lyra agora tão furiosa quanto o irmão. –Ele é apenas... –Mas então seu olhar correu pelo salão e encontrou alguém muito longe dos três. Sirius tentou acompanhar seu olhar, mas o salão estava muito cheio, não tinha como saber para quem ela olhava. –Eu já volto.- Ela disse por fim e saiu determinada, quase correndo, pelo salão, deixando Sirius e Mark sozinhos. Mark fuzilou Sirius com o olhar e então se aproximou, o puxou pelo colarinho e ainda o segurando pela gola da camisa, falou:


-Olha aqui moleque, eu não sei o que você quer com a minha irmã, mas é melhor abrir seus olhos, pois se ela me disser que você fez alguma coisa pra ela, você ta ferrado! Eu conheço gente que você não imagina, que poderiam te transformar em carne moída sem te matar, para você sofrer bastante no processo, entendeu?


-Você faz essa ameaça ridícula pra todos os garotos que você vê perto dela ou essa foi feita só pra mim? –Perguntou Sirius cheio de desdém encarando Mark nos olhos. Ele era maior e mais forte que Sirius e um soco dele poderia sem dúvida deixar Sirius inconsciente, mas ele não se importava (talvez por causa dos cinco uísques, talvez por causa da fúria causada pela intromissão).


-Você tem uma sorte que não imagina Black. –Disse Mark por fim e saiu bufando de raiva. Sirius ajeitou a gola amarrotada da camisa e deixou o olhar vagar pelo salão a procura de Lyra. Encontrou-a seguindo alguém escada abaixo, para um lugar definitivamente vazio. Sirius apressou o passo para tentar alcançá-la, mas quando chegou à escada ela já estava bem longe, dentro de uma sala conversando com a pessoa que seguia em um tom nada amigável.


-É sua culpa o que aconteceu! –Dizia ela


-Não fiz nada que já não deveria ter sido feito. –Respondeu uma voz masculina e fria. Sirius correu até o fim do corredor e começou a observá-los através da porta de vidro.


-Ah você fez. Fez muito mais do que deveria. Você-Sabe-Quem te deu os incríveis benefícios que promete? Agora você é seu favorito hein Malfoy? –Perguntou Lyra e então Sirius reconheceu o cabelo loiro prata de Lúcio Malfoy, um Comensal da Morte de 25 anos de idade.


-Você sabe mais do que deveria Lyra. É hora de dar um fim nisso. –Malfoy e Lyra empunharam as varinhas simultaneamente.


-Expelli... –Mas o feitiço que saía da boca da garota foi interrompido pelo do Comensal.


-CRUCCIO!


-NÃO LYRA! –Gritou Sirius irrompendo pela porta no momento em que a maldição foi lançada, mas ela já se contorcia no chão, gritando de dor. Lúcio Malfoy imediatamente saiu pela porta dos fundos daquela sala, deixando Lyra ofegante no chão e Sirius caído desesperado ao seu lado.


-Lyra, Lyra! Fala comigo, vamos, respire fundo. –Disse ele descontrolado. Lyra tentou inutilmente reencontrar o ritmo de sua respiração. Sirius segurou sua mão e a apertou. –Calma, vamos, respire fundo.


Lyra começou a controlar os próprios pulmões ali deitada no chão enquanto Sirius, ajoelhado, apertava sua mão. Ela fechou os olhos (que brilhavam em prata riscada de preto ao redor da pupila dilatada) e inspirou profundamente, tranqüilizando-se. Sirius limpou algumas lágrimas dos olhos de Lyra com carinho e ajudou-a a se sentar, mas ela tremia incontrolavelmente. Sirius tirou o próprio paletó e o vestiu em Lyra (as mãos de Lyra sumiam dentro das mangas). Isso pareceu ajudar, pois logo ela se sentou apoiada em Sirius.


-Venha, vou te levar para seus pais e pegar aquele idiota...


-NÃO! –Falou ela de repente. –Sirius, você tem que me prometer, me jurar que não vai contar pra ninguém o que aconteceu está bem?


-O que? É claro que não está bem! Lúcio Malfoy acabou de lançar uma Maldição Cruciatos em você e você quer que eu fique calado?


-Sim, eu quero! –Pediu ela olhando Sirius nos olhos. Ela ainda tremia um pouco e agora apertava a mão de Sirius tanto quanto ele apertava a dela. Sirius olhou fundo naqueles olhos prateados. Como dizer não para ela?


-Com uma condição. –Concluiu ele. –Você vai ter que me contar tudo. As cartas que seu irmão te manda, o que isso tem a ver com Voldemort, porque você estava discutindo com um Comensal da Morte e o que é que você “sabe demais”.


Lyra também o olhou nos olhos por um momento e os seus próprios se encheram de lágrimas, mas Sirius não fez nada, precisava saber o que estava acontecendo. Ela assentiu e logo completou:


-Mas não precisa ser agora, precisa?


-Claro que não. Mas tem que prometer que vai me dizer o quanto antes possível.


-Eu prometo. Promete que não vai contar a ninguém o que aconteceu aqui?


-Prometo. –Então Sirius a ajudou a levantar e a enlaçou pela cintura. Ela tinha que ir embora sem ser vista, então ele a conduziu pela porta dos fundos pela qual Malfoy tinha saído ajudando-a a caminhar e então os dois surgiram em uma entrada lateral, muito próxima da porta de carvalho pelo qual eles tinham adentrado a festa. O vento frio da noite soprou e Sirius sentiu Lyra estremecer em seus braços. A carruagem que a trouxera ainda aguardava na porta e então ele a conduziu até ela e ajudou a garota a sentar no banco de traz da carruagem. Não havia condutor. Então ele soltou sua mão e si virou para voltar para a mansão, mas Lyra o interrompeu.


-Sirius. –Ele se virou para trás e olhou para ela. –Você poderia... Vir comigo? Não quero ficar sozinha. –Ao ouvir essas palavras toda a preocupação e nervosismo de Sirius se esvaíram. Ele sorriu e entrou na carruagem ao lado de Lyra. A porta se fechou e a carruagem começou a andar sozinha (obviamente uma carruagem encantada). –Obrigada. –Disse Lyra. Sirius passou o seu braço ao redor dos ombros de Lyra e ela deixou sua cabeça cair sobre o ombro do garoto, adormecendo quase instantaneamente.


Sirius olhou o relógio de pulso. Quatro horas. Ele realmente não esperava ficar tanto tempo na festa e (fora o último acontecimento) ele não se lembrava de uma vez que se divertira tanto longe dos amigos. Ele pousou a própria cabeça sobre a de Lyra carinhosamente e deixou a mente vagar pelo mais belo acontecimento da noite: os olhos violeta de Lyra encontrando os olhos cinzentos de Sirius e aquele momento perfeito em que os dois estavam entrelaçados e a milímetros de distancia. Em seus sonhos, Mark não os interrompeu e ele teve o beijo mais perfeito de sua vida.


-Sirius. –Chamou uma voz delicada e calorosa em seu ouvido. –Chegamos.


Sirius abriu os olhos. Lyra estava a apenas alguns centímetros de seu rosto com um sorriso simpático. Do lado de fora da janela via-se uma Hogwarts adormecida. A porta da carruagem de abriu e Sirius foi o primeiro a sair, tomando a mão de Lyra e ajudando-a a caminhar pelos portões do castelo. Ela se apoiou mais uma vez no garoto enquanto subiam as escadas e passavam pelo quadro da mulher gorda. Fizeram todo o caminho em silêncio até que tiveram de se separar.


-Boa noite. –Desejou Lyra sorrindo e começou a subir as escadas para o dormitório das garotas.


-Pra você também. –Disse Sirius também sorridente observando-a subir graciosamente (ainda vestida com seu paletó) e se encaminhou para o dormitório masculino. Pela primeira vez em dois meses Sirius teve uma noite descente de sono.


Infelizmente ele foi acordado às nove horas no domingo por um ansioso Tiago, que interrompeu o sonho bizarro de Sirius em que ele lutava com Lúcio Malfoy e Frederik Wyler por um jardim de flores norueguesas (prateadas e riscadas de violeta). 

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