A pista



Apesar do choque dos marotos por terem sido descobertos, setembro logo acabou e junto com o outono veio outubro. Luas cheias, detenções e aventuras noturnas pela floresta proibida ocuparam todo o tempo livre de Potter e Black, enquanto muito estudo, dedicação e preocupação com os N.O.M.s ocuparam o tempo de todos os outros alunos do quinto ano. A relação de Lílian e Tiago nunca esteve melhor e a relação dos marotos com a Dellabatti estava cada dia mais estranha.


Rabicho sentia-se completamente intimidado pela garota, estremecia só de vê-la por perto. Tiago, porém, sentia certa raiva e ao mesmo tempo preocupação: como uma garota poderia ter descoberto um plano tão perfeito? Se ela era capaz de tal proeza, provavelmente seria capaz de chantageá-los com algo inimaginável. Baseando-se nesse temor, Potter insistiu que Sirius e os outros continuassem tentando descobrir algum segredo sobre Lyra, pois era a única forma de se defenderem contra uma chantagem.


Lupin e Sirius, porém, mantinham um sentimento bastante diferente. Sirius não deixava transparecer, é claro, mas não conseguia tirar os olhos dela quando Lyra estava por perto e passava horas antes de dormir pensando em algum contato que tivesse tido com a bela e misteriosa garota durante o dia, por mais mínimos que esses fossem (Lyra continuava a desprezar Sirius e Tiago por completo). Lupin por sua vez não conseguiu esconder o sentimento: corava todas as vezes que Lyra falava com ele (e eram muitas), gaguejava quando ela estava por perto e ficava perigosamente desastrado ao vê-la passar. Por fim, Sirius não agüentou a idéia de estar afim da mesma garota que Aluado e principalmente desta garota preferir o amigo: ele explodiu.


-Porque você não fala logo pra ela que gosta dela? –Perguntou Sirius estressado depois de Lupin cair no chão ao ver Lyra passar.


-O... O que? –Gaguejou o amigo em resposta.


-Sabe, o Almofadinhas tem razão. Você está fazendo papel de ridículo Aluado. –Disse Tiago distraidamente despenteando o cabelo.


-Eu não gosto dela. –Mentiu Lupin.


-Ta bom, vou acreditar nessa. –Disse Sirius sarcasticamente.


-Acho ela bonita e essas coisas... Mas...


-Mas o que?-Perguntou Black. Para ele era fácil falar, pensou Lupin, ele era cobiçado e confiante, enquanto Remo era apenas o amigo doente de Potter e Black.


-Mas não tenho a menor chance com ela. –Desabou Lupin. Rabicho e Tiago olharam para ele com pena, mas Sirius apenas continuou a andar. Nenhum deles disse nada. Era melhor assim, pensou Remo, dessa forma ele não escutava mentiras e incentivos inúteis. O silêncio dos amigos comprovava sua teoria: já passara da hora de Lupin superar Lyra, afinal, uma paixão inalcançável de mais de dois anos não era saudável, ele iria superá-la, pensou ele confiante.


Os dias continuaram a passar tão normalmente quanto era possível e logo o primeiro jogo de quadribol se aproximava: Grifinória contra Corvinal. Os treinos começaram a ficar mais freqüentes apesar das reclamações, os jogadores estavam tão ocupados com exercícios e estudos que os treinos tiveram de ser encaixados em curtos intervalos.


O dia do jogo finalmente chegou: Potter e Black foram recebidos com uma salva de palmas no café da manhã e Tiago não se demorou a sentar ao lado de Lílian –estavam começando a se tornar amigos- então Sirius o acompanhou, sentando-se no meio de algumas garotas e o mais próximo possível de Lyra. Nesse exato momento a primeira pista sobre o segredo de Lyra surgiu.


-Uhm, o correio chegou. –Comentou Danielle, a garota dos cabelos castanhos e crespos.


Inúmeras corujas pousaram na mesa do café, causando uma pequena bagunça, e começaram a entrega a seus devidos donos. Lílian recebeu o jornal, Lyra recebeu uma carta. Tiago imediatamente trocou um olhar de entendimento com Sirius e eles começaram a investigar. Sirius esticou o pescoço tentando ler o que tinha na carta de Lyra, mas ela fez questão e cobrir o escrito com a mão de forma que só ela conseguisse ler. A cada parágrafo sua expressão não se alterava nem um pouco, mas Sirius observou que seus olhos saíram do cinza tempestuoso e foram para o negro e em seguida para o cinza claro, mudando continuamente.


-Está tudo bem Lyra? –Perguntou Lílian a amiga. Lyra ergueu o olhar, extremamente séria e encarou a ruiva por um momento. Lílian arqueou as sobrancelhas como se aquele olhar significasse alguma coisa e em seguida levou as mão a boca, aterrorizada.


-O que aconteceu? –Perguntou Tiago para Lília. Só então ela percebeu sua própria reação.


-Ah, nada. –Ela tentou sorrir.


-Alguma novidade no Profeta Diário? –Perguntou Lyra ainda séria com os olhos tão negros que refletiam a luz que entrava pela janela.


-Sim, prece que houve mais desaparecimentos... Você-Sabe-Quem está agindo. –Afirmou Lílian preocupada.


-Eu te disse. –Falou Lyra voltando o olhar para a carta.


-E com você, alguma novidade na carta? –Perguntou Lílian. Elas ignoravam todos ao seu redor (que na verdade tampouco pareciam notar o que estava acontecendo, com exceção de Tiago e Sirius).


-Sim.


-Posso ler?


-Não. Mais tarde eu te conto o que você pode saber Lily. –Disse Lyra.


-Lyra eu já te pedi para parar de mexer com essas coisas. Você é nova demais e não tem idéia do quanto isso é perigoso! Você poderia, por favor, deixar isso para os aurores...


-Não! –Lyra Interrompeu a amiga. –Isso é mais da minha conta do que de qualquer auror. –E sem dizer mais nada ela se levantou, deixando o café intocado para trás. Imediatamente Sirius a seguiu, enfiando alguns biscoitos nos bolsos para mais tarde.


-Ei, calminha. –Disse ele tendo que quase correr para acompanhar o passo rápido de Lyra com seus cabelos negros repicados esvoaçando atrás dela. –O que aconteceu? Perdeu a fome?


-Me deixa em paz Black! –Gritou ela no meio do corredor virando-se abruptamente para encarar o garoto que quase caiu. Seus olhos estavam marejados e cinza dégradé. Imediatamente ele parou e a olhou: sua expressão era triste e amedrontada, e a única pontada de raiva estava completamente direcionada para Sirius. Ele nunca tinha a visto daquele jeito. Tentou dar um passo para frente e abraçá-la –que era exatamente o que ela precisava- mas antes que ele a alcançasse, Lyra se virou novamente e continuou a caminhar. Ele não a seguiu.


-Provavelmente essa foi a primeira vez que eu vi uma garota te deixar Black. Como se sente? –Disse uma voz fria no canto do corredor. De traz de uma estátua surgiu ninguém menos que Severo Snape, seus cabelos oleosos escorriam pelo rosto e seu nariz grande demais se metia novamente onde não deveria. Ele sorriu para Sirius.


-Cala a sua boca, ranhoso.


Imediatamente os dois desembolsaram as varinhas e Snape foi o primeiro a atacar, lançando um Feitiço de Desarmar em Sirius, que já estava preparado e usou o feitiço “Protego”, fazendo o encantamento de Snape se virar contra ele mesmo e sua varinha voar pelos ares.


-Levicorpus! –Bradou Sirius. Severo se ergueu no ar pelo calcanhar. Sirius movimentou a varinha de forma que a roupa de Snape ficasse presa na lança de uma das armaduras enquanto o garoto suspenso gritava maldições e palavrões. Preso de cabeça para baixo pela calça, Severo não tinha muito que fazer então agitou os braços inutilmente. Sirius gargalhou.


-Você é patético. –Sorriu Black dando uma piscadela e abandonando o indefeso garoto da Sonserina antes de voltar para o Salão Comunal, onde todos já se levantavam e se dirigiam ao campo de Quadribol. Tiago rapidamente alcançou Sirius.


-Almofadinhas, você descobriu mais alguma coisa?


-Não, Lyra estava muito estranha. Acho que esse assunto a deixa meio abalada.


-Tudo bem, mas já conseguimos alguma coisa! Parece que a Dellabatti está tentando fazer algo relacionado a Você-Sabe-Quem e que a Evan não gosta nada...


-Acho que é mais sério que isso Pontas. A Lílian pediu para Lyra deixar isso aos aurores, o que significa que é contra Você-Sabe-Quem e eu nunca vi Lyra do jeito que ela ficou. Parecia... Com medo, deve ser algo realmente perigoso.  –Disse Sirius. Tiago olhou para o amigo com certa incredibilidade, afinal, era da garota mais corajosa da escola que eles estavam falando.


-Ta, agente discute isso mais tarde. Agora, sobre o jogo: Lufa-Lufa está com batedores novos, dois caras do sexto ano do tamanho de gorilas que estão determinados a quebrar o meu crânio. Você não pode deixar isso acontecer.


-Certo. –Riu Sirius caminhando ao lado do amigo em direção ao vestiário. –Algo mais capitão? –Perguntou ele fazendo uma reverência teatral.


-Cala a boca Almofadinhas. Acho que hoje você deve ficar mais no ataque do outro time e especificamente na minha defesa, o Benn Higgs cuida do resto do nosso time.


-Ok, eu posso fazer isso.


Os dois colocaram as vestes de quadribol enquanto os companheiros da Grifinória também chegavam e se trocavam. Os outros alunos já ocupavam as arquibancadas e gritavam hinos e incentivos para os colegas. Os professores também estavam presentes, mas se mantinham imparciais. Quando o time estava pronto Tiago se pôs a frente deles e começou a falar.


-Bem, agente treinou bastante e tenho certeza que estamos preparados. Higgs, você tem que impedir que aqueles balaços cheguem ao nosso time e Sirius vai atacá-los. Meninas, quero bastante gols. Vane, você vai conduzir a McLaggen e o Smith. Longbottom, você não vai ter muito trabalho já que a goles não vai sair da nossa mão, mas fique atento ao arco esquerdo, o melhor artilheiro da Lufa-Lufa é canhoto.  Esse é o time mais fraco, então vou enrolar bastante para pegar o pomo, dando tempo para vocês fazerem uma goleada está bem?


O time assentiu. Todos pareciam prestes a vomitar, mas Sirius tinha uma expressão entediada e Tiago agia como se aquilo fosse a coisa mais fácil do mundo. Então entraram no campo.


Foram recebidos por gritos, canções e aplausos dos colegas da Grifinória. Lufa-Lufa e Sonserina se uniram em uma vaia bem ensaiada enquanto Corvinal estava bem dividida. Tiago apertou a mão do capitão de Lufa-Lufa, Ernesto. Eles subiram em suas vassouras e alçaram vôo assim que o pomo foi libertado.


-A goles foi lançada e... COMEÇA O JOGO! –Gritou o locutor Caio Jordan da Grifinória. –A Goles está na mão de Christina Vane, que jogou para Perseu Smith. Nossa que força que o Gill bateu nesse balaço, se não fosse por Higgs, o artilheiro da Grifinória teria quebrado alguns ossos. Perseu se aproxima do arco, o goleiro se aproxima, ele lança, É GOL!


O jogo ficou assim por bastante tempo. Sirius rebatia tantos balaços para longe de Tiago que logo perdeu a conta. Ele acertou muitas vezes nos artilheiros da Lufa-Lufa, que perdiam a goles para a Grifinória. Higgs era um bom batedor, mas era impossível manter tantos balaços longe do time, que se esquivavam velozmente. 10, 20, 30, 40, 150, 260 a zero. Assim ficou o jogo durante algum tempo até que Christina Vane deu um encontrão em Ernesto e perdeu a goles para ele bem na cara do arco, mudando o jogo para 260 a 10. Infelizmente um balaço acertou o braço de Perseu –que provavelmente se dividiu em inúmeros pedacinhos- mas ele continuou a jogar e marcou mais quatro gols. Janet marcou mais um gol e Christina, três. No momento em que Perseu conduzia a goles, porém, Higgs levou um balaço no estomago e despencou da vassoura.


Ele teve de ser retirado de campo imediatamente e então tudo desandou. As duas artilheiras e Perseu levaram muitos balaços apesar do esforço de Sirius –que teve de parar de atacar o outro time e defender o próprio- e começaram a perder a goles para Lufa-Lufa. Os artilheiros do time oposto não tinham mais de desviar de balaços então começaram a golear. De 340 a dez o jogo mudou para 340 a 90 e a goles continuava na mão do outro time.


O batedor da Lufa-Lufa se divertia contraindo os enormes músculos para acertar o balaço, que pegou em cheio no ombro de Christina. Tiago percebeu então que não tinha mais solução: quando a artilheira deixou o campo o jogo estava 360 a 170 e eles estavam sem um batedor e sem uma artilheira: era hora de encontrar o pomo. Ele parou de observar o jogo e inclinou sua vassoura, aumentando a velocidade. Circundou o campo atrás da bolinha de ouro alada que estava a uns trinta metros abaixo e sem o menor medo, Tiago mergulhou. A apanhadora da Lufa-Lufa logo percebeu e imitou Tiago, aproximando-se dele. Tiago não se importou e continuou mergulhando, o pomo estava ali, logo abaixo... Quando eles estavam a apenas um metro do pomo, ele voou para a direita repentinamente e Tiago conseguiu acompanhá-lo: inclinou rapidamente a vassoura antes que atingisse o chão e continuou o vôo horizontalmente. A apanhadora não estava mais atrás dele. Tiago esticou o braço e...


-FIM DO JOGO! TIAGO POTTER APANHOU O POMO, GRIFINÓRIA VENCE! –Gritou o locutor. –PLACAR FINAL: 510 A 180!


O jogo foi um sucesso –pensou Tiago- um placar bem alto e um jogo fácil... Mas ao mesmo tempo tinha sido um massacre: Ben Higgs não pode sair da enfermaria durante o próximo mês, pois não parava de vomitar e talvez tivesse que ficar por lá mais tempo. Perseu tinha os ossos do braço moídos, mas em uma noite ele já estava curado. Christina Vane tinha quase perdido o movimento do braço por casa da pancada no ombro, mas com um mês ela se recuperaria. O único problema era que no final do jogo ela saiu do time dizendo não ser obrigada a quase perder o ombro para ganhar um jogo. Jane Abbot, a apanhadora de Lufa-Lufa estava sem vassoura e com bastante terra e grama entre os dentes no final do jogo: ela não conseguira frear no mergulho e foi de cara no chão do campo, estraçalhando a vassoura.


-Ei Potter, se a Christina e o Ben não vão poder jogar, quem você vai colocar no lugar deles para o próximo jogo? Quer dizer, é contra a Sonserina e eu não vi ninguém assim tão bom nos testes. –Afirmou Perseu quando o time se reuniu aos feridos da enfermaria para comemorar.


-Ainda não sei, estou preocupado com isso.


-Eu não queria falar nada, –Começou Christina Vane- mas é o máximo que eu posso fazer pelo time. Lílian Evan e Lyra Dellabatti voam bem pra caramba.


-Mas elas nem apareceram no teste. –Comentou Longbottom.


-É porque elas não queriam entrar para o time porque você é o capitão entende... Mas agora que você e a Lily estão se dando bem acho que elas vão aceitar. –Continuou ela.


-Ah, não sei não. –Falou Janet McLaggen. –Como é que agente vai saber se elas jogam bem mesmo? –A verdade é que Tiago percebeu que Janet só estava falando aquilo por inveja, mas ela tinha razão, não tinha como ter certeza.


-Olha, confiem em mim. Elas passaram um final de semana das férias lá em casa e nós jogamos quadribol com os meus irmãos, elas são boas de verdade! –Afirmou Christina. –A Lily com certeza pode jogar no meu lugar como artilheira, ela é ótima para desviar de balaços e voa muito bem. E a Lyra tem uma mira inacreditável, ela vai dar uma ótima batedora. Você devia falar com ela Tiago... De preferência com o Sirius longe, quer dizer, a Lyra não gosta muito de você Sirius.


-Calma, é mau gosto. –Disse a Janet piscando para Sirius. Sirius sorriu para ela.


-Não é nada. –Negou Perseu. –Fiquei sabendo que no final do ano passado ela saiu com o Nelson da Corvinal, vocês meninas não acham ele um “gato”? –Disse ele fazendo sinal de aspas com os dedos em volta da cabeça.


-Totalmente. –Confirmou Christina. Janet não respondeu.


-Tudo bem, eu falo com elas e se aceitarem elas podem vir ao primeiro treino só pra gente ter certeza. Obrigada Christina. –Falou Tiago.


Ele e Sirius voltaram para o salão da Grifinória, passando pela mulher gorda e encontrando ninguém menos que o pequeno Daniel Gotric, o garotinho do segundo ano.


-Tiago você foi demais! Quando deu aquele mergulho, nossa! E você Sirius, rebatendo aquele balaço bem nas costas do goleiro, uau! VOCÊS SÃO DEMAIS!


-Obrigado Gotric... –Murmurou Sirius empurrando o garotinho para o lado e passando com Tiago.  Eles olharam ao redor e encontraram Rabicho.


-Ei, Rabicho! –Chamou Tiago em meio as congratulações dos colegas.


-Ah, oi Pontas, oi Almofadinhas! Ótimo jogo!


-Obrigado. –Falou Tiago. –Cadê o Aluado?


-Ta ali no canto fazendo exercício com a Dellabatti.


-Eles estão em um canto sozinhos? –Perguntou Sirius sentindo uma súbita fúria arder em suas entranhas.


-Isso não é bom. –Falou Tiago. –Ele tem que sair de perto dela, Lyra o manipula e ele realmente não tem chance com ela... Onde você está indo Almofadinhas?


Sirius não respondeu. Continuou com seu caminhar determinado até a mesa no fundo da sala, onde alguns alunos estudavam afastados do barulho, entre eles, Lyra e Remo se encontravam em uma mesinha solitária, lado a lado, rindo e conversando, se esquecendo do livro de História da Magia aberto na frente dos dois.


-Remo, o que está fazendo? –Perguntou Sirius. Era a primeira vez em anos que Sirius não o chamava de Aluado.


-Ah, oi Almofadinhas, eu estou estudando com a Lyra.


-É, estou vendo. –Respondeu ele com sarcasmo.


-E qual o problema de eu e Lupin estarmos conversando Black? –Perguntou Lyra.


-O problema é que... –Mas ele parou de falar. Não podia falar isso na frente de Lupin. –Posso falar a sós com você?


-Pra que?


-Por favor? –E se dirigiu à lareira, onde estava mais silencioso. Lyra o seguiu.


-Que foi? –Perguntou ela entediada.


-Pra você era só uma conversa. Estava só estudando com um amigo e acabou se distraindo com a conversa. Mas para ele, é muito mais que isso, ainda não percebeu? –Perguntou Sirius olhando nos olhos dela. Ela desviou o olhar.


-Não sei do que você está falando. –Respondeu aparentemente muito interessada no fogo da lareira.


-Não fica fingindo de boba. Você sabe do que eu to falando. E eu não quero que você parta o coração do meu amigo como faz com todos os outros garotos que ficam aí babando por você. Se não quer nada com ele, fique longe dele. –Falou Sirius de uma vez. Essa era apenas uma das razões pela qual ele queria que Lyra ficasse longe de Lupin. Ela encarou-o chocada.


-Olha quem fala. Não conheço nenhuma menina que não ache você lindo e que não chorem de emoção quando você sorri pra elas ou algo assim, é ridículo! E elas não percebem que você não quer nada com nenhuma delas e você nunca se deu o trabalho de dar uma dica a elas. A Alexandra fala mais em você do que qualquer outra coisa, a Danielle fala o seu nome enquanto dorme, Janet, Christina, Jane, Cameron, Ashley, todas! Você não tem o direito de falar isso de mim Sirius porque você o muito pior. E pra sua informação a amizade do Lupin é muito importante pra mim e enquanto ele não tentar algo além da amizade eu não vou me distanciar dele!


Sirius ficou calado por um momento, olhando no fundo dos olhos grafite riscado de Lyra. Ela estava linda como sempre, o cabelo jogado de lado caindo irregularmente sobre seus ombros. Ela sem dúvida já tinha se conformado com o que for que ela tivesse lido naquela carta no café.


-Desculpe você tem razão. –Falou ele baixando a voz. Lyra franziu o cenho, entranhando a reação de Sirius. –Não queria te acusar de nada. É só que, quando eu vi você lá com ele...


-O que? O que aconteceu quando você me viu com o Lupin? –Perguntou ela pressionando-o. Ele ficou em silêncio por mais um momento.


-O que tinha naquela carta que você leu hoje mais cedo? Você pareceu assustada, está tudo bem? –Perguntou ele.


-Não posso te dizer o que tinha na carta Black, mas eu agradeço a preocupação. Desculpe ter gritado com você. –Ela falou, também baixando o tom de voz, muito mais calma. Ele olhou-a por mais um momento, deslumbrado com a garota. Sirius se inclinou levemente, se aproximando de Lyra, e quando estava a centímetros de seu rosto, ela o empurrou.


-BLACK! –Gritou ela ao empurrá-lo.


-Ei, o que está acontecendo aqui? –Perguntou Erick Johnson, um garoto do sétimo ano bem alto e forte.


-Nada que seja da sua conta Johnson. –Respondeu Sirius.


-Está tudo bem Lyra? –Perguntou ele ignorando a fala de Sirius.


-Sim. Black já estava saindo. –Respondeu ela lançando um olhar aniquilador a Sirius. Ele sorriu, se virou e sentou no sofá mais próximo, para ouvir a conversa dos dois.


-O que aquele idiota estava fazendo? Ele tentou te beijar? Você quer que eu quebre a cara dele? –Perguntou Erick.


-Não, não Erick. Se acalme. –Disse ela colocando a mão nos braços musculosos do garoto. –Obrigada, mas já está tudo bem.


-Ótimo. –Falou Erick. Lyra sorriu para ele e Erick pareceu derreter. –É... Você mudou de idéia sobre... Você sabe...


-Desculpe Erick, mas eu não quero sair com você. Somos amigos. –Respondeu ela ainda sorrindo. Deu um beijo na bochecha de Erick e voltou a se sentar com Lupin, que ainda aguardava encolhido na mesinha. Erick continuou paralisado no lugar que ela o deixou. Sirius se levantou do sofá e foi até o garoto, colocando-se de frente a ele. Eles eram da mesma altura, mas Sirius era consideravelmente mais bonito. Os olhos castanho claros de Erick eram amigáveis e simpáticos e seu cabelo chocolate também era bonito, mas Sirius tinha um ar superior...


-Acho que vai ter que se esforçar mais que isso colega. –Disse Sirius dando um tapinha no braço de Erick e indo direto para o dormitório.

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