Capítulo II



Capítulo II


Um mês depois de ter comparecido ao enterro de seu primo e de ter ajudado a viúva a tomar as providências mais urgentes, Draco pôde voltar a Londres. Porém, ao chegar, deu-se conta do quanto estava certo sobre as noções de amor e de dever de sua esposa.


Hermione não se mudara para a mansão da cidade, nem estava em Enderby, a casa de campo em Chiswick, onde costumava morar a maior parte do ano. Os criados tampouco sabiam de seu paradeiro, o que fez Draco suspeitar de que ela se refugiara na residência do duque de Tremore, em Grosvenor Square.


Ao chegar à casa de seu cunhado, suas suspeitas se confirmaram. Hermione se encontrava lá. Podia imaginá-la à soleira de Tremore, pedindo abrigo para se livrar do marido.


O duque como sempre, o recebeu de forma desagradável, entrando no vestíbulo com ar de poucos amigos, sem saber que Draco não se deixava intimidar por ele. Por sorte, o duque foi direto ao assunto:


— Acredito que tenha vindo ver minha irmã.


Sem muita disposição para discutir o óbvio, Draco sustentou o frio olhar de lorde Tremore.


— Não. Vim buscar minha esposa.


 


Hermione encarava o irmão, incrédula.


— Então, Draco pode me arrastar daqui e não há nada que se possa fazer?!


Harry olhou para ela sem responder e, nesse olhar, Hermione pôde distinguir muita emoção, ódio por Draco, compaixão por sua situação e remorso, por não ter impedido aquele casamento. Mas pôde vislumbrar ainda mais uma coisa: sua ida era inevitável!


— Como posso partir com ele?! Depois de tudo o que aconteceu, como voltarei a viver como esposa de Draco?!


— Você é a esposa dele.


Hermione olhou com tamanha perplexidade para Luna, sua cunhada, que ela se viu obrigada a dizer algo.


— Não há mesmo nada que possa fazer, querido? Afinal, você é um duque, e dos mais influentes.


— Minha influência é inútil neste caso. A lei está do lado dele e, se eu tentasse impedi-lo, Malfoy poderia me acionar judicialmente, e eu seria obrigado a entregar Hermione por decreto legal. Se quiserem, posso tentar, mas é batalha perdida.


Hermione teve vontade de pedir para ele tentar de qualquer forma, mesmo sabendo do resultado.


— Seria um escândalo, não é mesmo, Harry?


— Sim, Hermione, e você seria considerada culpada, não ele. Com o aparecimento de Malfoy no baile de lady Black e a notícia da morte do primo, as pessoas estão comentando.


— E o que dizem? Que até que enfim meu marido resolveu me colocar em meu devido lugar?


Harry não confirmou nem negou a conclusão da irmã. Em vez disso, estendeu-lhe um copo de conhaque.


— Não preciso de bebida, Harry, mas de um divórcio! — Hermione se desesperava.


— Sabe muito bem que é impossível, minha irmã.


— Eu sei, eu sei. Céus, o que vou fazer?! Harry, esbravejando, levantou-se.


— Vou descer e tentar conversar com Malfoy. Quando o duque saiu, Luna sentou-se ao lado de Hermione, abraçando-a para tentar confortá-la.


— Oh, Luna, como gostaria de poder voltar e desfazer o passado! Como fui estúpida!


— Você nunca foi estúpida, querida.


— Fui, sim. Harry tentou me avisar. Disse que eu era jovem demais, que podia esperar para me casar. Ele tentou, em termos delicados, me dizer que Draco era como o pai dele, irresponsável e aproveitador. Porém eu estava tão apaixonada, tão determinada a desposar Draco que não o ouvi, e Harry desistiu. Meu Deus, por que não lhe dei ouvidos?!


Os braços de Luna a estreitaram.


— Não faça isso, meu anjo. Não se culpe, nem se torture com o que não pode ser desfeito.


Hermione olhou nos olhos violeta que tinham conquistado seu irmão três anos atrás. De certa forma, ela ajudara Luna e Harry a se encontrar e ficou feliz quando se apaixonaram. Às vezes, chegava a sentir um pouco de inveja da cunhada. Ter o amor puro e sincero de um homem bom e honesto devia ser uma coisa maravilhosa.


Forçou-se a sorrir.


—É melhor você descer e cuidar para que Harry não mate Malfoy, meu bem. Sabe que eles nunca se deram. — Ao se ver sozinha, Hermione se aproximou da janela.


Era uma linda tarde de abril, e ela recordou as inúmeras ocasiões em que ficara bem ali, esperando pela chegada de Draco, tão ansiosa, tão enlevada. Como doía lembrar-se daqueles dias em que acreditara na felicidade do amor correspondido! Como fora cega e inocente ao crer nele, em sua devoção, em suas juras de amor.


Apertou a testa contra a vidraça. Tudo aquilo era falso. Draco amava sua fortuna, e tudo o que desejava eram outras mulheres. Hermione ainda se lembrava de como ele a deixara sem sequer tentar compreender seus sentimentos e de como se jogara nos braços de uma amante após outra.


Voltou as costas para a janela como se, assim, pudesse apagar tudo da memória. Afinal, não era mais uma mocinha ingênua, não estava mais apaixonada e não seria enganada de novo. Tinha de haver uma saída para aquela situação, e iria encontrá-la.


Draco sempre fora uma pessoa amigável e de temperamento calmo, mas quando provocado, quando atingia seu limite, os resultados podiam ser catastróficos. Na maioria das vezes, era fácil para ele conservar o bom humor, pois sabia que dizer algo espirituoso ou engraçado era importante para aliviar as tensões e manter situações difíceis sob controle. Raras eram as ocasiões em que precisava esforçar-se para ser civilizado, e estas, em geral, envolviam seu cunhado.


— Agradeço sua preocupação com minhas finanças, meu caro duque, mas não estou precisando de dinheiro — disse, tentando manter a jovialidade.


Viu o tremor de um músculo na face do duque e, como acabara de receber uma oferta de suborno para ir embora, não pôde evitar certa satisfação com o desapontamento do cunhado.


— Sua falta de interesse em meu bolso me espanta, Malfoy. Você não recusaria uma oferta como esta alguns anos atrás, antes de ter se casado com minha irmã.


— Quem poderia me condenar por ter ficado fascinado por seu dinheiro? — Draco fez um gesto largo para a opulenta sala, toda decorada em turquesa, branco e dourado. — Você adora exibi-lo.


— Malfoy?


Os dois se voltaram para ver a duquesa entrar na sala.


— Obrigada por ter vindo.


Draco ficou feliz com a interrupção, mas notou que Hermione não estava com Luna. Em todas as crises de sua vida, ela corria para o irmão, e Harry sempre lhe dava abrigo.


Começou a preparar-se para a inevitável batalha que se avizinhava. Tremore era um adversário terrível, com muito mais poder e muito mais recursos que ele, e a situação estava a ponto de se tornar insustentável. Hermione sabia que ele odiava situações semelhantes, mas, se ela achava que isso o faria desistir, estava enganada.


— Duquesa... — Draco cumprimentou a concunhada com uma reverência e um beijo na mão. — Que prazer revê-la.


— Soube da morte de seu primo. Sinto muito, milorde. Draco estremeceu ao ouvir aquilo. Estava tudo ainda muito recente para que conseguisse reagir com naturalidade. Engoliu em seco e demorou um pouco para responder:


— Obrigado.


Draco encontrara a duquesa de Tremore apenas algumas vezes antes, mas Luna sempre lhe pareceu uma mulher sensível e que, decerto, compreendia como ele se sentia. Logo começou a falar de coisas banais e, para seu alívio, o marido a acompanhou.


Sentaram-se em pequenas cadeiras douradas e comentaram sobre o clima, os últimos eventos da temporada e sobre Blaise Zabini, um amigo em comum. Todavia, quando meia hora se passou e Hermione não apareceu, a paciência de Draco começou a se esgotar.


Num momento oportuno, mudou o rumo da conversa para falar sobre sua esposa. — Perdão — disse à duquesa —, mas a viscondessa e eu temos de partir. Será que poderia mandar algum empregado trazer os baús dela aqui para baixo?


— Vou ver se ela os preparou. A diferença entre as palavras de Luna e o pedido dele confirmou as suspeitas de Draco. Ia ter de brigar. Assim que os dois homens ficaram a sós, moveram-se para lados opostos do ambiente, como se por acordo tácito tivessem decidido se manter distantes um do outro. Nenhum deles tornou a se sentar; nenhum deles voltou a falar. A tensão reinante era densa e pesada como numa tarde de agosto antes da tempestade. O som de passos fez Draco virar o rosto para encontrar o olhar de Hermione. A luz do sol brilhava em seus cabelos, e o estranho sentimento de volta ao passado invadiu-o de repente.


Nove anos haviam transcorrido, e parecia que fora ontem. Hermione estava tão linda e adorável, ali parada à soleira como naquele tempo. Só que, naquela época, o semblante da menina se iluminava de alegria ao vê-lo. O da mulher diante dele mostrava tristeza. Culpa de ambos, decidiu. Hermione entrou na sala e se dirigiu ao irmão: — Harry, gostaria de falar com Draco a sós, se possível.


— Evidente. — Sem olhar para Draco, o duque se foi. Hermione fechou a porta atrás e afirmou, sem se importar em fazer rodeios:


— Não irei com você. Pronto. A guerra começara.


— Ainda bem que sou bem mais forte do que você.


— É sua intenção me carregar para fora daqui, Draco? Seria capaz de tamanha brutalidade?


— Num piscar de olhos.


— É bem próprio do sexo masculino apelar para a força bruta quando não há mais argumentos.


— Às vezes, a força bruta é a única solução.


— Harry jamais deixaria que você me levasse contra minha vontade.


— Imagino. Mas nesse caso eu entraria com uma petição no Parlamento, e Tremore seria obrigado a entregá-la para mim. Claro que ele já lhe disse isso.


Sem negar ou confirmar a informação, Hermione continuou, com firmeza:


— Eu mesma poderia pedir o divórcio.


— Alegando o quê? Não tem motivos, minha querida, e depois de um terrível escândalo, que a arruinaria para sempre e arrastaria também a família de seu irmão, você perderia. Os únicos motivos para uma mulher pedir o divórcio são parentesco e impotência. O que, lógico, não tem nada a ver conosco. Não somos parentes e, quanto à segunda hipótese, ninguém acreditaria.


— Ainda mais se considerarmos sua reputação. Se eu tivesse amantes, você poderia alegar adultério para se divorciar de mim. No entanto, não posso usar isso contra sua pessoa, apesar de suas namoradas não serem nada discretas.


— Um homem precisa ter certeza de que seu herdeiro é legítimo. Por isso a lei é como é. As mulheres nunca têm esse tipo de dúvida.


— Talvez eu devesse fazer como você e arranjar um amante. — Hermione ergueu o queixo, desafiadora. — Milorde pediria o divórcio e eu estaria livre.


Aquilo Draco não poderia ignorar. Assim, reagiu, ameaçador:


— Não tente, Hermione!


— Preocupado, Malfoy?— Ela arqueou uma sobrancelha.


— Você seria condenada por ter um amante antes de me dar um herdeiro. Não suportaria a censura.


— Já sou criticada por não ter lhe dado um filho. Talvez ache que valha a pena suportar mais um pouquinho.


Draco se moveu para ficar atrás dela e colocou as mãos em seus braços. Hermione tentou fugir ao contato, mas ele a apertou um pouco mais, para evitar que se afastasse. Sob a seda verde do vestido, o corpo de Hermione parecia de pedra.


— O divórcio está fora de cogitação, minha querida, portanto, pare de desejá-lo. Além do mais, nenhum de nós dois tem de passar por isso.


— Eu poderia fugir para o continente, ir para a França, por exemplo, e você nunca mais me acharia.


— Esconder-se? — Aquilo o surpreendeu.


E também o afligiu. Era uma possibilidade remota, mas poderia funcionar. Tremore enviaria dinheiro para a irmã para qualquer lugar que ela escolhesse, e Draco teria de correr o mundo todo atrás dela. Se conseguisse se refugiar por muito tempo, passaria da idade de gerar filhos, e ele nunca teria um herdeiro legítimo para desbancar Bertram.


Claro que não podia deixá-la ver que o atingira. Forte e impulsiva como era, se percebesse que sua ameaça surtira efeito, Hermione partiria para a França em menos de uma hora.


— Eu a acharia, Hermione. E, se me permite dizer, nunca me ocorreu que fosse tão covarde.


Ela respirou fundo.


— A idéia de ter o canal da Mancha entre nós me alegra muito, sir.


— Seria uma existência muito solitária. Sei que não suportaria ficar longe de sua família, de seus amigos. E, se tornasse a freqüentar a sociedade, eu a encontraria. Pense bem, nunca mais veria Harry e Luna.


Os ombros de Hermione tremeram um pouco ao ouvir aquilo, e, quando voltou a falar, Draco soube que não iria para a Europa:


— Estou cercada de impossibilidades.


E de repente Hermione pareceu tão triste e perdida que se Draco não tivesse sido chamado de bruto e mau-caráter teria sentido pena da jovem dama.


— Está tornando as coisas mais difíceis do que são.


— Verdade?! E esperava que fosse fácil, Draco? Que eu me deitasse passivamente e cumprisse meu dever para com meu amo e senhor, como a maioria das esposas faz?


Ele soltou uma gargalhada.


— Você? Seria mais provável que eu fosse atingido por um raio. Minhas chances seriam bem maiores.


Pela expressão de raiva, Malfoy constatou que Hermione não compartilhava de seu bom humor. Por isso, tornou a ficar sério.


— Primeiro, você nunca foi passiva para fazer amor, e não imagino que queira começar a ser agora. Segundo, gostaria que não se concentrasse apenas na obrigação de me dar um filho, mas também no prazer que isso nos daria.


A afirmação a fez corar. Oito anos não foram suficientes para destruir todas as lembranças de sua cama de casal. Draco preferiu ver isso como um bom sinal.


— Esta situação pode ser fácil ou difícil. Depende de você.


— E se eu escolher o caminho mais difícil? E se me recusar a cumprir meu dever de esposa? O que fará, Malfoy? Irá arrastar-me para o leito?


De todas as mulheres no mundo, ele se casara com a mais teimosa.


— Nunca forcei nenhuma mulher em toda a minha vida. E você deveria saber disso melhor que ninguém. Quantas vezes poderia ter batido na porta que você fechou entre nós?


— E por que não o fez?


— Não sei. Talvez porque você tivesse o hábito de explodir em lágrimas toda vez que eu a tocava.


— Descobrir que meu marido mentiu para mim e me enganou não é motivo para chorar?


— Ou... — continuou como se não tivesse sido interrompido — ...porque você sempre começava a fazer acusações quando eu tentava beijá-la. Ou porque você batia em meu peito quando procurava abraçá-la. Perdoe-me, mas ser tratado como um canalha por querer tocar minha própria esposa tirava de mim toda a vontade.


— Você nunca me amou. Como acha que me senti quando descobri isso?


— Deus, tenha piedade! Vamos falar de sentimentos, de novo? — Draco cruzou os braços e não disse mais nada, pois sabia que perderia esta batalha.


— Como acha que me senti quando descobri que você tinha uma amante antes de nosso casamento, enquanto me cortejava, me beijava e dizia que me amava? — Hermione cerrou os pulsos e ergueu-os no ar. — Até mesmo no dia de nosso casamento você foi para a cama com Elsie Gallan. Mesmo depois de casados, você...


— Não, Hermione. Depois de casados, não.


Draco já explicara toda a confusão sobre o colar que comprara para pagar o contrato de Elsie. Não ia explicar-se de novo.


— Cinco amantes desde então, Malfoy, e Deus sabe quantas outras que nem fiquei sabendo.


Ele não pretendia justificar seus casos depois de ter sido expulso da cama de Hermione. Um homem não tem de se justificar por isso.


— Tem prestado atenção, não é?


— É difícil não fazê-lo quando os jornais e as alcoviteiras de plantão me contam tudo, em detalhes. Tive de me sentar com lady Darwin e tomar chá com ela, fingindo que não sabia de nada. Quando lady Pomeroy se tomou sua amante, tive de suportar o sorriso satisfeito que ela demonstrava e as insinuações sobre suas proezas sexuais.


— Hermione!


— Fui forçada a ouvir as pessoas no teatro comentando que criatura maravilhosa Jane Morrow era. — Fez uma pausa, sentindo as mãos geladas. — E como sua falta de talento não tinha a menor relevância, pois sua beleza e hospitalidade compensavam tudo. Também escutei os cumprimentos no recital de Maria Allen. Como a moça cantava tão bem, saciada em sua cama, até que o marido atirou em você. E Pansy Parkinson é a amante desta temporada, aquela cuja formosura e talento sexual são o assunto predileto nas rodas que freqüento.


— Não estou mais com Pansy Parkinson. Já faz três meses, aliás. As alcoviteiras estão com as notícias atrasadas.


— Não se importa com a humilhação que sofri todos esses anos por sua causa, Draco.


—Fui procurar prazer onde podia encontrar, depois que você me desprezou.


Malfoy detestava a maneira como Hermione o transformara num vilão por tentar satisfazer necessidades físicas tão naturais, que ele só procurara, por ela ter se recusado a recebê-lo.


— Pelo amor de Deus, Hermione, sou homem! O que esperava que eu fizesse? Ficasse ao seu lado e implorasse? Que me tornasse um monge por oito anos? Que me sentisse culpado até o fim de meus dias porque fiz o que tinha de fazer?


— O que você tinha de fazer, Draco? Casar-se comigo por dinheiro?


— Sim! Sim, casei-me com uma mulher rica para salvar minha propriedade da ruína. Fiz o que achei que seria uma boa união com uma garota de quem gostava e que desejava. Quando essa jovem me expulsou de seu leito, tentando me manipular com lágrimas e remorso, eu parti. Em meu lugar, qualquer outro homem teria feito o mesmo.


— Que tola fui! Cheguei a crer que você era melhor que qualquer outro homem.


— Sei que pensou. Draco olhou para a mulher cujo rosto estava cheio de ira e vislumbrou a mocinha adorável e vulnerável de anos atrás; a garota com o brilho do sol em seus cabelos e adoração no olhar, tudo aquilo era para ele. Hermione o odiava agora porque o marido caíra do pedestal em que o colocara. Deixara de ser um herói e se tornara um sujeito comum. A raiva de repente se dissipou. — O que quer que eu diga, Hermione?


— Nada. Quero que me deixe em paz. Bertram tem dois filhos. Permita que herdem o título depois de você.


— Nunca. Não posso.


— Bem, então voltamos ao ponto de partida.


Sim, voltaram. E Draco estava farto das mesmas discussões, das mesmas acusações, do silêncio de pedra, de camas separadas, dos mesmos problemas. Não queria mais aquilo. Com isso em mente, decidiu endurecer sua decisão.


— Começamos nossa vida juntos há nove anos, e as circunstâncias agora nos obrigam a retomá-la. Não quero continuar com esta briga inútil. O único ponto aberto a negociações é onde vamos morar. Decida, Hermione: Enderby ou Bloomsbury Square. Enderby fica a nove quilômetros de Londres, o que não é conveniente. Minha mansão na cidade está bem equipada para um solteiro, e é um tanto espartana, então...


— Nem conheço mais você. — Meneou a cabeça, olhando-o com horror. — De fato. acho que nunca conheci. Não posso voltar a viver como sua esposa depois de tudo o que houve entre nós.


— Não tem havido nada entre nós. Acho que esse é o ponto crucial.


— E espera que eu concorde com isso?


— Não espero, Hermione. Eu exijo. Amanhã é domingo, portanto, arrume suas coisas. Virei buscá-la às duas horas. — E caminhou em direção à porta.


Quando estava no meio da sala, ouviu-a falar:


— Não vê que isso não irá funcionar? Já esqueceu como era? Nosso lar era um inferno.


— Era? — Draco olhou para ela, tentando relembrar o tempo em que viveram juntos. Não os últimos anos, quando passavam poucos meses na capital para manter as aparências. O que gostava de recordar eram os primeiros dias.


Furiosa, Hermione ficou olhando para a porta que ele acabara de fechar, mas, na verdade, o que via era o rosto da amante que Draco tinha, mesmo quando ainda lhe fazia a corte. Contavam pouco mais de seis meses de casados quando Hermione descobriu sobre Elsie. O marido tentou explicar que rompera com a jovem antes do matrimônio, jurou que nunca mais estivera com ela depois de casado, mas, mesmo que fosse verdade, não negara ter estado com Elsie até o dia das bodas.


Mesmo admitindo que tinha outra mulher enquanto lhe fazia a corte, Draco jurara amá-la, e não via razão para que Hermione o expulsasse do leito conjugal. Jamais tentara compreender o quanto sua mulher estava magoada, nunca pedira perdão, nem dissera mais palavras de amor. Simplesmente esperou cerca de um mês para que Hermione voltasse a recebê-lo no quarto do casal. Ela não o fez, e Draco começou a substituir uma amante por outra, até o ponto em que Hermione deixou de se importar com o que ele fazia ou com quem.


E agora, Draco queria retomar o relacionamento. Mas não por ela, não porque a amasse, mas porque precisava de algo que só ela poderia lhe dar: um filho legítimo, um herdeiro.


Lutando para não perder o equilíbrio que a muito custo conquistara, Hermione tentou substituir a raiva que sentia pelo antigo orgulho, que tantas vezes colocara entre eles. Draco poderia ter a mulher que quisesse, na cama que quisesse, mas não ela. Nunca mais.


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Quase não arranjava tempo de ajeitar o capítulo e vim aqui posta-lo , maaas graças a Merlin consegui! \o/
Obrigada para as meninas que comentaram : carolyne e Karla Dumbledore =D
O restante que visualizou, não se intimidem , comentem , nem pra dizer que "HEI NÃO GOSTEI" ;p

Beijão a todos e até a semana santa.



;*
Lah Inscrito


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