Primeiro Jogo



Capítulo 16
Primeiro Jogo


 


Continuei andando ao lado de David e Luan a caminho do campo de Quadribol. Suspirei várias vezes tentando acreditar que estaria voando com os olhares de todos que estariam assistindo sobre mim. Desistir agora não. O campo não estava longe e já podíamos ouvir a gritaria. Olhei para mim mesma e analisei o uniforme, olhei para minha mão direita que segurava a vassoura. Chega a ser até irônico. Nunca pensei que algum dia pudesse estar nessa situação. 


- Droga! – Luan resmungou. – Esqueci de avisar Melissa. Tivemos mudanças de planos. 


- Mudanças? – Paramos de andar e agora nos encarávamos. 


- Hoje você ficará no meu lugar e eu no seu. – Só podia ser brincadeira. 


Depois de uma semana e meia aprendendo a voar. Aprendendo tudo sobre o jogo e sobre como ser um excelente batedor. Lendo todos aqueles livros que Scorpius pediu. Mal tendo tempo para mim. Ele quer que fique no lugar dele? 


- Só porque é o capitão acha que pode fazer essas mudanças repentinas? – Falei alto. 


- Sim. – Seu tom era mais alto que o meu. – Você apenas terá que voar atrás do pomo. – Voltou a caminhar em passos rápidos. David nada disse apenas o acompanhou. 


- Estúpido. – Gritei, mas ele não deve ter ouvido. 


Não que eu não queira ser apanhadora, mas queria mostrar a todos e principalmente a Scorpius que sou capaz de qualquer coisa. Queria mostrar tudo o que aprendi e surpreender a todos. 


Finalmente criei coragem comecei a caminhar. E os gritos a cada passo que dava estavam mais altos. Grifinória x Sonserina. As bandeirinhas, as roupas, tudo estava conforme as cores de cada casa. Não poderia dizer ao certo quem gritava mais. 


- Melissa. – Ouvi alguém gritar meu nome. Olhei para trás e vi Scorpius. – Queria desejar um bom jogo. – Sorri sentindo minhas bochechas ficarem vermelhas. 


- Para você também. – Piscou e seguiu em direção ao seu time. O bom de tudo isso é que ele estaria lá em cima comigo. 


Mas agora tinha apenas um objetivo. Surpreender a todos. Como? Nem eu mesma sei.   


Luan dava as instruções necessárias para todos quando me aproximei. Em seguida ficou na posição para que entrássemos no campo. Respira fundo, Melissa. Estávamos arrumados em duas fileiras, na primeira estava Luan e ao seu lado direito David, que por sinal estava na minha frente. 


Ouvi a voz de Minerva e de repente um clarão invadiu meus olhos. As duas portas que estavam em nossa frente se encontravam abertas. 


O primeiro a montar na vassoura foi Luan, depois David. Em seguida o menino de cabelos loiros que estava ao meu lado. E então foi a minha vez. Montei na vassoura dando um impulso para frente e saindo daquele lugar onde estávamos. Todos gritavam e balançavam as bandeirinhas em suas mãos. 


Com certeza é muito mais emocionante assim. Sorri satisfeita comigo mesma. Mas no momento meus olhos procuravam outra pessoa. Vaguei por todos que estavam ali, até que o encontrei. Seus olhos incrivelmente azuis me encaravam antes mesmo de me dar conta. Sorri sem jeito. Talvez ele tivesse percebido que eu o procurava. Talvez não. 


Enquanto a professora dizia as regras não desviei em momento algum meu olhar do dele. “Você vai conseguir. Confio em você” foram às palavras que consegui ler quando seus lábios começaram a se mexer. 


O som do apito invadiu meus ouvidos fazendo com que desviasse meu olhar. O jogo já havia começado. Todos voavam rápidos em suas vassouras. Estava tão perdida que mal sabia o que fazer, foi quando vi o pomo passar a centímetros de meu nariz. Comecei a segui-lo, mas o perdi de vista. Droga de pomo.  


Finalmente o encontrei e comecei a segui-lo novamente. Era a minha chance de mostrar para todos que posso ser tão rápida quanto qualquer um que estava ali e ainda pegar o pomo. Na verdade nem me importava mais a altura que estava à única coisa que me importava era que estava tão perto do pomo que seria impossível não pega-lo. 


Mas algo saiu errado. De repente a vassoura mudou de direção. Era só o que me faltava não conseguir controlar a vassoura. Tentei voltar, mas não consegui. Era como um carro trouxa, se ele estiver sem freio você baterá em qualquer coisa que estiver a sua frente. E era o que estava acontecendo, não conseguia parar a vassoura, estava sem o total controle dela. 


- O que você esta fazendo? – Luan gritou. 


- Não estou fazendo nada. – Gritei também. 


E para minha surpresa – acho que de todos também – um dos balaços atingiu minha vassoura fazendo com que perdesse definitivamente o controle dela. Minha vassoura virou de cabeça para baixou, e me desequilibrei a segurando apenas com minhas mãos. Agora posso entrar em pânico? Gritei para que Luan me ajudasse, mas o balaço veio novamente em minha direção. Tudo estava acontecendo muito rápido. Tentei proteger minha cabeça sem soltar a vassoura. 


O balaço acertou em cheio minha mão direita. Gritei o mais forte que pude para tentar aliviar a dor que senti, mas acabei soltando minha outra mão da vassoura. Gritei mais alto quando senti meu corpo cortando o ar. Estava caindo o mais rápido que podia imaginar.  A dor em minha mão estava cada vez pior. Fechei os olhos já imaginando o impacto de meu corpo com o chão. Seria rápido e com certeza muito dolorosa. Mas ninguém me ajudaria. Ou talvez eu pensasse nisso até sentir um forte braço segurar minha cintura. 


Não conseguia abrir os olhos. As lágrimas já tomavam conta de meu rosto e os soluços começaram a aparecer. Sim, eu estava com medo. Mesmo sabendo que de alguma forma estava segura sentada naquela vassoura. Eu estava com muito medo. 


- Esta tudo bem agora. – Aquela voz fez com que abrisse rapidamente meus olhos e novamente encontrasse os dele. 


- Quero descer, quero sair daqui. – Pedi como uma criança. 


- Isso deve estar doendo. – Afirmou olhando para minha mão. Doía tanto que não conseguia mexe-la. 


Mesmo com uma de suas mãos segurando minha cintura estava com medo. Medo de cair novamente. Olhei para baixo em uma tentativa estúpida de me tranqüilizar. 


- Não olhe. – Falou. Fechei os olhos e encostei minha cabeça em seu peito. Assim me sentia mais segura. 


- Para onde estamos indo? – Perguntei ainda com os olhos fechados quando percebi que não havia mais gritaria. 


- Ala Hospitalar. 


Meus pés encostaram-se ao chão e tive a certeza de que estava a salvo. Abri meus olhos sentindo a brisa secar minhas lágrimas e sorri. Scorpius deixou a vassoura ali e segurou meu braço para que não o mexesse mais. Minhas pernas estavam tão bambas que não conseguia andar direito. Não sabia se era devido ao medo ou devido à mão dele em mim. 


Tentei disfarçar firmando o quanto podia meus pés no chão. Caminhamos em silêncio até a Ala Hospitalar. 


- Madame Pomfrey. – Chamou. Sentei em uma das camas ali segurando meu braço, tentando ao máximo não mexer. 


Logo a bruxa apareceu e me fitou ao longe. 


- Mas o que foi isso? – Se aproximou junto com Scorpius. 


- Acho que as brincadeirinhas com os balaços ainda não acabaram. - Ela segurou minha mão e gritei. 


- Se acalme. – Pediu. A dor era tanta que as lágrimas invadiram meus olhos. – É pior do que imaginava. – Disse. Ela só pode estar brincando. – Não saia daqui. – Virou as costas e saiu dali. 


- Ótimo. – Suspirei fundo. – Nada mal para o meu primeiro jogo. 


- Com certeza. – Disse olhando meu braço. 


- Aqui esta querida. – Entregou um copo. – Beba tudo, e quero você aqui por dois dias. 


- Dois dias? – Repeti. 


- Sim. Não quero que faça nenhum esforço e como vocês nunca me obedecem quero que fique sob meus cuidados. 


- Tudo bem. – Scorpius falou. O olhei feio. – Você tem que ficar. 


- Obrigada menino, agora beba tudo mocinha. A dor irá passar por algumas horas, preciso pegar algumas coisas para imobilizar seu braço. – Assenti a vendo se retirar novamente. Bebi em um gole aquele liquido sentindo minha garganta arder. 


- Agora deite. – Disse arrumando a cama. 


- Não se preocupe, não sou uma criança. 


- Mas é teimosa. – Revirou os olhos. 


- Quer que eu deite? Pronto deitei. – Meus movimentos foram tão fortes que por uma fração de segundos esqueci o meu braço. Gemi com a dor. – Quando vai fazer efeito? 


Ele nada respondeu apenas pegou uma cadeira e sentou ao meu lado. 


- Obrigada. – Falei sem jeito. – Por me salvar. – Sorri. 


- São para essas coisas que servem os amigos. – Seus lábios formaram um sorriso torto. 


- São para essas coisas que servem os amigos. – Repeti. 


E nesse exato momento o encarei. Seus olhos estavam fixos nos meus. Era impossível tentar desviar o meu olhar, mas também não queria. Seria constrangedor para qualquer um nos olhar e ver que ao menos piscávamos. Mas não me importava. 


Sem tirar seus olhos dos meus ele começou a se aproximar. Senti minhas mãos suarem e podia escutar minha própria respiração. Agora estávamos tão próximos que podia sentir seu hálito de hortelã. Mordi o lábio inferior, nervosa. Mas ele tomou outra direção, seus lábios subiram para minha testa onde pude senti-los perfeitamente. 


- Preciso ir. – Foi à única coisa que ele disse antes de afagar meus cabelos e sair. 


Não sei exatamente porque, mas fiquei frustrada. E ficar ali sozinha seria horrível. Dois dias? Pelo menos poderei andar e fazer qualquer coisa que não envolva muitos movimentos com os braços. 


- Vamos resolver logo isso querida. - Madame Pomfrey se aproximou e imobilizou totalmente meu braço. Ficamos em silêncio o tempo todo. As vezes sentia dor mas logo passava. 


- O que você tinha na cabeça? – Luan entrou na enfermaria quase gritando. Atrás vinha David e a  professora Minerva. 


- Querida esta melhor? – Minerva se aproximou em passos rápidos. 


- O que você fez lá em cima foi demais. – David disse animado. 


- Que? – Olhei nervosa para Luan. 


- Você é louca demais passou dos limites. – Luan falava bravo. 


- Espero que melhore. – Minerva disse ao mesmo tempo. 


- Luan se continuarmos assim ela vai ficar doida. – Ele falava como um pedido para que se calassem. Olhei todos ali, eles estavam esperando minha resposta. 


- Estou bem professora. – Ele sorriu aliviada. 


- Quando encontrar o causador disso ele será punido. 


- Professora. – A chamei antes que continuasse. – Você acha que isso tem relação com a morte do meu gato e... 


- Claro que não querida. – Sorriu. – Com certeza é apenas um aluno fazendo uma brincadeira de mal gosto. Bem, mas já que esta bem tenho algumas coisas para resolver. – E assim, ela saiu sem dizer mais nada. 


- Bem, acho que estou sobrando. – Madame Pomfrey havia saido antes de Minerva e agora David nos deixou a sós. 


- Porque você fez aquilo? – Ele andava de um lado para o outro. 


- Aquilo O QUE? – Levantei. Não precisava ficar deitar principalmente porque a Madame Pomfrey não estava mais aqui. 


- Quero dizer, como fez aquilo com a vassoura? Estava pensando no que? – Sua voz estava alta.   


- Eu não fiz aquilo. – Apontei para mim mesma. – Tenho medo de altura, agora mais do que antes. – Disse pensativa. 


- Sabia que não ia conseguir. – Falou sério. E por um momento as palavras sumiram da minha boca. Então, ele não confiava em mim. Ele não acreditava que realmente pudesse voar. 


Abaixei a cabeça ainda processando suas palavras. 


- Desculpa. – Ele disse se aproximando. – Não queria ter dito aquilo. É que... Você me deixou preocupado, você estava caindo e não pude fazer nada. Fiquei paralisado. Estava acontecendo tudo tão rápido.  Me desculpa. 


Ele caminhou ficando em minha frente. 


- Você é minha irmã.. Gêmea. Fiquei com medo de te perder. De você não estar aqui na minha frente agora, desculpa. Falei da boca para fora... Eu queria te proteger mas você insistiu para que entrasse no time. – Ele parou. 


- Acha mesmo que iria me perder tão fácil? – Perguntei sorrindo. Levantei o rosto a tempo de o ver suspirando aliviado. – E outra, foi apenas uma queda. – Sorri. Em um impulso ele me abraçou. – E se pedir desculpa mais uma vez te jogo da torre mais alta. 


- Tudo bem. – Disse entre risos. – Mas onde esta o Malfoy? 


- Ele me deixou aqui e saiu. – Me soltei do abraço. 


- Vou indo nessa então, volto depois. – Piscou saindo da enfermaria. E novamente fiquei sozinha. 


- Esta melhor querida? – Mas não por muito tempo. 


- Acho que sim. 


- Ótimo. – Ela disse saindo. 


- Espera. Onde esta o menino que havia se machucado a pouco tempo? – Perguntei. 


- Desculpe, mas não posso... 


- Por favor. – Pedi. 


- Ele esta bem. – Disse. – Mas com certeza esta melhor no St. Mungus. Agora preciso ir. – E mais uma vez, fiquei sozinha.


 


**


 


Os dois dias que passei na Ala Hospitalar não foram tão intediantes quanto pensei. Luan e David sempre iam me visitar, e é claro, levar as lições. Até mesmo Amanda, Demétria e Alexandra foram me visitar. Apenas uma pessoa não me visitou esses dias, não que tenha notado. 


Minhas mão agora estava apenas enfaixada, e Madame Pomfrey me passou uma poção caso voltasse a doer. 


- Quero falar com você depois. – Luan sussurrou no meu ouvido. Apenas balancei minha cabeça. 


- Atenção, por favor. – Minerva levantou deixando o salão em total silêncio. – Quero dar novamente as boas vindas ao colega de vocês que esta se recuperando de um pequeno acidente e agora esta melhor. – Todos bateram palmas para o batedor que havia se machucado com o balaço. – Silêncio por favor. – Pediu. – Obrigada. Agora tenho um aviso, para todos, esperei por esses três dias para que o aluno que esta fazendo essas brincadeiras de mal gosto aparecesse, mas ele não apareceu. Darei o prazo de mais dois dias para que ele apareça, caso contrário, terei que cancelar o quadribol até o final deste ano. – Todos começaram a gritar em protesto. – E tenho dito, se daqui a dois dias o culpado não aparecer quadribol será proibido. 


Quem seria o causador de toda essa bagunça? Um aluno que não entrou no time? Ou esse aluno não gosta de alguém do time? Ele não gosta de mim? Ou é paranóia minha pensar que aquele balaço era para mim? Balancei a cabeça tirando qualquer pensamento estranho. 


- Estava quase me esquecendo, amanhã terá o passei a Hogsmeade. Mas tomem cuidado. – Alertou. – Para terminar, boa noite!


 


**


 


Deixei o castelo em passos lentos. Caminhando o tempo todo com o olhar na caixa de vidro que conjurei. Mas o que havia dentro dela era o que realmente me importava e o que realmente fará falta. Suspirei adentrando na floresta, não iria muito longe. Queria apenas um lugar tranquilo para enterrar a caixa. Podia ver a cabana do Hagrid onde parei. Não estava longe, mas era um bom lugar. Ajoelhei e comecei a cavar um buraco. 


- O que esta fazendo? – Ouvi uma voz atrás de mim. Continuei cavando. 


- Vou enterrar o mimoso. – Tirei os cabelos do rosto e continuei. 


- Sozinha? – Parei de cavar e o encarei dentro da caixinha. 


- Luan e David sumiram. Fernanda não esta mais falando comigo. Sua irmã, Amanda e Demétria não conhecem o mimoso. E o Hagrid esta ocupado. – Peguei a caixa e coloquei dentro do buraco. 


- Já sabe o que aconteceu com ele? – Perguntou. 


- A suspeita da professora estava certa. Magia Negra. 


- Eu sinto muito. – Disse. 


- Não se preocupe. É apenas um animal, certo? – Segurei o choro, mas não pude evitar uma última lágrima. 


- Ele era tão importante? 


- Foi o primeiro presente que ganhei do meu pai. – Disse vendo pela última vez mimoso e então jogar toda a terra sobre ele. 


**







N/A: Nem revisei, então, se tiver alguma palavra errada ou algo que não faça sentido me avisem , por favor.

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