Sinais de Afeto



Capítulo 17
Sinais de Afeto


 


Entrei no salão comunal e encontrei Luan conversando com David. Estavam tão animados que era impossível disser que há um tempo Luan estava triste por causa de Fernanda, ou talvez ele apenas esteja escondendo tudo o que ainda sente por ela. 


 - Onde você estava? – Perguntou caminhando em minha direção. 


 - Enterrei o mimoso. 


- E porque não me chamou? 


- Vocês sumiram. – Disse apontando para David. – E quis interá-lo logo. – Suspirei. – Você disse que queria falar comigo. – Mudei de assunto. 


- Sim. – Falou pensativo. Andou até o canto mais vazio do salão. O segui. – É que, estou pensando muito em conversar com a Fernanda, mesmo que ela não responda ou grite comigo o tempo todo. – Suspirou. – Preciso dizer tudo o que estou sentindo e queria saber o que você acha sobre isso? – Deu de ombros colocando as mãos no bolso da calça. 


Olhei para seu rosto que de um minuto para o outro perdeu todo aquele brilho. Brilho o qual sempre gostei de ver desde que começou a namorar Fernanda. É difícil admitir, mas ela fazia bem para ele. Fazia tão bem quanto esta fazendo mal. 


- Sim. – Disse alto. – Você deve conversar com ela, dizer absolutamente tudo. Você tem todo o direito de falar como ela tem o direito de ouvir. Quando você vai falar com ela? 


- Não sei ainda. – Parecia confuso. – Quando realmente achar a oportunidade certa. 


- Pois eu estarei ao seu lado. – Sorri. – Droga! Estou ficando muito sensível. Tenho que parar com isso. – Disse pensativa. Ele riu. – Agora preciso subir. Vou escrever uma carta para nossa mãe, sabe, faz um bom tempo que não nos manda uma carta. 


- Nem reparei. 


- Argh, você não presta atenção em nada mesmo. – Revirei os olhos e subi para o dormitório deixando para trás um Luan bastante pensativo.


 


**


 


Corri o mais rápido que podia, só havia mais uma carruagem que iria até Hogsmeade, acordei atrasada essa manhã e resolvi passar no corujal antes de ir ao pequeno vilarejo. Depois passei no dormitório para pegar uma blusa fina, já que hoje resolveu amanhecer frio. 


- Scorpius? – Disse vendo o loiro andando calmamente. 


- Sim? – Olhou para mim. 


- Não vai a Hogsmeade? – Perguntei. 


- Não. – Falou seco. 


- Por quê? – Perguntei curiosa. 


- Não gosto. Ta bom? – É impressão minha ou ele foi ignorante? Relaxe Melissa. 


- Ok, então nos vemos no jantar. – Minha voz saiu tão ignorante quanto a dele. 


Não esperei sua resposta e voltei a correr, caso contrário, não iria ao vilarejo. 


- Hagrid espera! – Gritei. 


- Melissa, ainda por aqui? Pensei que já tivesse ido. Vamos entre, entre. – Apenas sorri subindo na carruagem. 


- Obriga... Essa não. – Só pode ser uma piada. 


- Olá Melissa. – Katy, irmã de David, sorria para mim. Meu olhar passou de Katy para Robert, que de certa forma, estava me incomodando. 


- Olá! Vejo que estão bem. – Sorri irônica. 


 - Sim, e muito. – Olhei para sua mão direita e vi um lindo anel brilhando. – Ah! – Tirou minha atenção do anel, acho que percebeu meu olhar sobre ele. – Robert me deu, em sinal do nosso namoro. – É impressionante como ela consegue sorrir com o clima tenso que estava ali. 


Nenhuma palavra a mais foi dita. Katy se distraia com alguma coisa que não tinha importância, e meu olhar estava sustentado pelo olhar de Robert. Algo estava realmente me incomodando, mas não dei o braço a torcer o encarei na mesma intensidade que ele me encarava. Ficamos ali até que a carruagem parou. 


- Vamos amor? – As palavras de Katy, nos tiraram daquele “transe” e então, desci da carruagem começando a caminhar. 


Coloquei a blusa e continuei caminhando para longe deles. 


- Mel! – Escutei alguém gritando e na mesma hora olhei para trás. 


- Demi! – Sorri a abraçando. 


- Vamos, vou encontrar Amanda e a Alex na dedos de mel. – Segurou minha mão e me puxou até a loja. - Meninas olha quem encontrei perdida por ai? – Disse sorridente quando entramos.  


- Talvez estivesse procurando alguém. – Alexandra disse sonhadora. 


- Não meninas, não estava procurando ninguém. – Minha voz não saiu tão convincente, mas a única pessoa que procuraria não estaria ali. 


- Interessante! – Amanda me encarou e depois voltou a olhar os doces. 


- E então, para onde vamos? – Perguntou Demi. 


- Não sei alguma sugestão? – Alexandra perguntou. 


- Porque não saimos daqui depois vemos onde querem ir? – Sugeri. 


- Ok, então vamos. – E novamente Demi pegou minha mão e me arrastou para fora.


A primeira pessoa que vi quando saímos da loja foi Fernanda. Ela estava sentada sozinha bem longe dali. Vaguei por todas as pessoas ali até que encontrei Luan, seus olhos estavam fixos nela. 


- Meninas, preciso resolver um problema. – Falei soltando a mão de Demi. – Nos vemos depois? 


- Tudo bem. – Disseram juntas. 


Caminhei até a árvore que Luan estava encostado e parei ao seu lado. 


- O que acha? – Perguntou. 


- Acho que essa deve ser a hora. – Sussurrei. 


Sem esperar que dissesse mais alguma coisa, começou a caminhar hesitando várias vezes, estava quase perto dela quando suas primas se aproximaram e a tiraram dali. 


- Essa não. – Ele parou no meio do caminho. Corri ao seu encontro colocando a mão em seu braço. 


- Preciso de um tempo. – Saiu dali me deixando sozinha. 


- Talvez precise também. – Suspirei cansada. 


Caminhei sem olhar realmente para onde estava indo. Já estava cansada e não havia feito nada ainda. Parei assim que cheguei perto da casa dos gritos. 


- Casa dos gritos, até parece. – Ri sarcástica. 


Parei um instante apenas a analisando, para que tanto medo? É apenas uma casa velha. Mas não era realmente isso que incomodavam meus pensamentos. Afinal, o que anda acontecendo? Desde o começo do sexto ano coisas estranhas estão acontecendo. 


Queria falar com Minerva, mas ela não diria nada. Talvez devesse entrar na sala dela escondida. Que tolice Melissa, invadir a sala da professora Minerva? 


- Te achei. – No mesmo instante que as palavras invadiram meus ouvidos, saquei a varinha e virei a apontando para a pessoa que me assustou. 


- Calma. – Levantou os braços em sinal de rendimento. 


- Nunca mais faça isso. – Falei brava guardando a varinha. 


- Vai mesmo ficar analisando a casa dos gritos? – Sentou em uma pedra que tinha ali e me encarou. 


- Algum problema? – Sentei ao seu lado. 


- A questão é que só vim para esse lugar por causa de você. – Sua voz não tinha um tom meloso, nem apaixonado, mas suas palavras fizeram meu coração bater mais rápido. 


- E por que? – Como sempre, curiosa.    


- Não tem um por que. – Deu de ombros. 


- Interessante! – Disse no mesmo tom que Amanda. 


Ele sorriu mostrando aqueles dentes perfeitamente brancos. Suspirei tentando não me prender aos seus movimentos. Desviou seu olhar do chão e olhou diretamente em meus olhos aos quais não conseguia desviar e muito menos, piscar. 


Não sei ao certo quando ele se aproximou, mas agora, não havia mais nada que nos impedisse. Sua mão esquerda estava em minha nuca e meus olhos estavam quase fechados. 


- Não sabe o quanto esperei por isso. – Sussurrei sentindo seus labios quase tocando os meus. 


- Nem eu. – E então ele encostou juntou nossos lábios. 


Mas não por muito tempo...  


- HÃN-HÃN! – Nos separamos no mesmo instante. Olhei para Demétria e Amanda. Demi ria e Amanda apenas me lançava um olhar misterioso. 


- Scorpius! – Ouvimos ao fundo Alexandra gritar. Ela veio correndo. – Preciso falar com você. – Pegou em sua mão e o puxou para longe. 


Abaixei a cabeça e coloquei minha mão na nuca em sinal de constrangimento. Não precisava ver para saber que as meninas olhavam para mim. 


- E então? – Demi perguntou animada. – Conte-nos agora. 


- Contar o que? – Acho que minhas bochechas estavam vermelhas o suficiente. 


- Ora, ora, se não é a rainha do desentendimento. – Amanda sentou ao meu lado. 


- Alexandra já sabe? – Demi sussurrou. 


- Saber do que? – Amanda bufou. 


- Que você e Scorpius estão namorando. – Suas palavras saiam mais do que óbvias. 


- Não estamos namorando. 


- E o que vimos foi o que? – Cruzou os braços. 


- Sinais de afeto entre dois amigos, o que não foi nada demais. – Amanda gargalhou como se tivesse ouvido uma piada. 


- Quer enganar a quem? – Perguntou. 


- Sabe que ela tem bastante ciúme do irmão, certo? – Demétria se ajoelhou ao meu lado. 


- O que não é de menos. – Sussurrei. 


- Bem meninas, se me derem licença preciso ir. – Amanda levantou. 


- Para onde? – Demétria levantou também. 


- Irmãzinha, aprenda a não insistir em saber onde vou ou onde estou. – Ela saiu nos deixando confusa. 


- Faz um tempo que ela esta muito misteriosa. – Comentou. 


- Me diga uma novidade. – Ela riu. 


- Acho que somos apenas nós duas agora. 


- Desculpa, mas acho que não estou com animação de continuar aqui. 


- Engraçado, eu também não.

 


**


 


- Senhorita Potter, o que faz aqui a essa hora? Não deveria estar no salão principal? – Minerva se aproximou com seus passos apressados. 


Estava sozinha no jardim, já que a maioria está no salão principal agora. 


- Pergunto a mesma coisa. – Seu rosto ficou rígido. 


- Estou resolvendo alguns problemas, boa noite! – Falou rápido. 


- Professora. – A chamei antes que saísse dali. – Posso falar com você? 


- O que acha que estamos fazendo querida? 


- Não, digo, posso conversar com a senhora em sua sala? É meio particular. – Analisei todas as expressões de seu rosto. 


- Não, não, não. – Repetiu várias vezes. – Acho melhor não. Boa noite, mais uma vez. – E ela acabou de passar no meu teste. 


Nunca subestime a curiosidade de um Potter. Até mesmo se você for a diretora da escola.


 


**


 


Estava quase correndo, mas precisava conversar com Demétria ainda hoje. Assim colocaria a segunda parte do meu plano em ação. 


- Andando sozinha Potter? – Poderia reconhecer aquela voz de ouvidos tampados. 


- Você por aqui, Malfoy? – Continuei andando. 


- Vai me deixar falando sozinho? 


- Sinto muito mais agora não posso conversar. 


- Tudo bem, então andarei ao seu lado. – Poderia ter dito que não, mas quando escutei algumas vozes parei de andar e tentei adivinhar de quem era. – O que foi? 


- Shh! – Coloquei a mão em sua boca. 


- Isso é ridículo. – Tirou a mão se afastando. 


- Não esta ouvindo? – Olhei para todos os lados. 


- Ouvindo o que? – Falou alto. 


- Fica quieto. – Estava ficando nervosa com tudo aquilo. 


- Não posso fazer isso. – A voz vinha de uma pessoa que estava aflita. 


- Fernanda! – Disse seguindo as vozes. Até que encontrei ao final de um dos corredores Fernanda e Victorie juntas na frente da porta da professora Fifles.  


- Vamos você pode sim. – Victorie insistia. 


- Elas vão entrar na sala da professora. – Elas não seriam capazes disso. 


- É apenas um teste, e como minha prima deve me ajudar. – Victorie sussurrava. – Temos pouco tempo. 


- Não posso deixar que ela faça isso. – Virei o corredor, mas Scorpius me puxou. 


- Vai sim. – E antes que elas nos vissem ele nos escondeu. 


- Ouviu isso? 


- Se não enrolássemos tanto já estaríamos longe daqui. – Falou nervosa. – Vamos logo Fernanda.   


- Não vou deixar que elas façam isso. – Me soltei dele. 


- Isso não é da sua conta. – Falou nervoso. 


- E nem da sua. – Tentei não gritar. – Agora, não a absolutamente nada que você possa fazer que vá me impedir de ir até lá e não deixar aquela que um dia foi minha amiga cometer uma besteira. – Respirei fundo. 


- É mesmo? – Ele ainda duvida? 


Lancei um olhar desafiador e virei de costas para ele. Mesmo não falando com Fernanda, estava disposta a impedir que fizesse alguma coisa errada. Senti sua mão segurar meu braço e puxar meu corpo de volta. Ele me encostou na parede fria e sem que pudesse falar ou pensar em alguma coisa, tomou meus lábios. O beijo era quente e tão envolvente que sim, ele conseguiu me impedir. Não queria solta-lo e não o soltaria tão cedo. Com suas mãos em minha cintura o envolvi com meus braços aproveitando a cada segundo o beijo que tanto esperei.



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