Loira dos Olhos Azuis



Capítulo 10
Loira dos Olhos Azuis


 


Esses dois últimos meses passaram voando. Mais nada de interessante aconteceu. As mesmas aulas, os mesmos professores, os mesmos alunos, os mesmos amigos e as mesmas regras. Tudo esta sobe absoluta e perfeita harmonia. 


Os treinos de quadribol se tornaram cada vez mais freqüentes. Nosso time não poderia estar melhor. Teremos o nosso primeiro jogo contra a Corvinal na primeira semana após o natal e posso afirmar que estamos mais do que preparados. 


Natal. Faltam apenas algumas semanas para o natal. Ainda não fomos a Hogsmeade e ainda não pude comprar nenhum presente para Fernanda. As chantagens que Hogwarts estava recebendo sumiram e tenho certeza que em breve iremos ao pequeno vilarejo. 


- Você prefere varinha de alcazus ou feijõezinhos de todos os sabores? – Estávamos no salão principal. O jantar já havia sido servido e estávamos quase terminando. 


- Varinha de alcazus sem duvida. – Respondi a fazendo rir. 


- Qual o problema com feijõezinhos de todos os sabores? 


- Espero que possamos ir a Hogsmeade antes do Natal. – Melissa disse e todos concordaram. 


- E o que faremos hoje? – Fernanda olhou para todos. 


- O que você quer fazer? – Perguntei. 


- Campeonato de xadrez bruxo. – Seus olhos brilharam. 


- Outra vez? – David falou pela primeira vez desde que sentamos a mesa. – Você sabe que é boa e vencerá a todos nós. 


- Pois eu topo. – Melissa lançou um olhar desafiador para David. – E dessa vez irei ganhar. 


- Você esta me desafiando? – David devolveu o olhar. 


- Entenda como quiser. – Melissa piscou. 


- Acho melhor fazermos outra coisa. – Fernanda olhou para mim sorrindo. – Porque esses dois não deixarão nós jogarmos.
 


**


 


- Vamos David. – Bati na porta do banheiro pela milésima vez. – Você concordou em treinar comigo e já estou mudando de idéia. 


- Desculpa, mais acho que comi algo que não me fez muito bem. – Ele saiu do banheiro com a mão na barriga. 


- Sério? Você não quer ficar aqui eu treino sozinho e... 


- Não eu estou brincando. – Gargalhou. 


- Cinco anos e eu ainda caiu nas suas brincadeiras. – Revirei os olhos e o puxei pelo colarinho até sairmos do dormitório. 


- Vocês já vão? – Fernanda levantou do sofá e se aproximou. 


- Sim. – Sorri dando um breve beijo. 


- Espero para o jantar? – Seus braços estavam em volta de meu pescoço e minhas mãos em sua cintura. 


- Não, é melhor não. 


- Por quê? 


- Não sabemos quanto tempo iremos treinar então, é melhor não nos esperar. – A beijei novamente. 


- Tudo bem. – Ela sorriu enquanto saíamos do salão comunal. 


- Então você a ama mesmo? – David perguntou. 


- Acho que não existe pergunta mais idiota do que essa que você acabou de me fazer. – Respondi o olhando sem entender. 


- Não, é que eu quero saber se terei pequenos Weasley’s e Potter’s correndo por minha casa. – Ele riu e eu o acompanhei. 


- Esta muito cedo para afirmar alguma coisa, mais sim. Você terá “pequenos Weasley’s e Potter’s” correndo por sua casa. – Sorri o abraçando pelo pescoço. 


E o resto do caminho percorremos em absoluto silêncio. 


- Pronto? – Perguntei pegando a vassoura. 


- Não. É muita pressão e eu não sei se vou conseguir... 


- Chega com essas brincadeiras. – Revirei os olhos e ele me seguiu até o campo de quadribol.


 


**


 


- Eu estou cansado. – David desceu da vassoura. – Não agüento mais. – Eu ri descendo também. 


- Chega por hoje amigão. – Coloquei a mão em seu ombro e juntos fomos para o vestiário. 


Tomamos um longo banho relaxante. Já deveria ter passado da hora do jantar. Ao menos estava com relógio. 


- David você esta com relógio? – Perguntei o olhando colocar a camiseta. 


- São oito e dez. – Respondeu. 


- Será que elas ainda estão no salão principal? – Perguntei. 


- Não custa tentar. – Arrumei minhas coisas e me aproximei de um balcão onde tinham dois copos cheios de água e uma jarra. 


- Qual dos dois é o seu? – Apontei para os copos. 


- Nenhum. Na verdade já estavam ai quando chegamos. – Assenti e peguei um dos copos e virei de uma vez. 


Mau havia terminado de beber a água e comecei a sentir algo estranho. Diferente. Uma vontade imensa de beijar a loira que amo cresceu em meu peito. Borboletas começaram a se formar em meu estomago e meu coração começou a bater mais forte. Eu preciso encontrá-la. 


- Onde ela esta? – Perguntei Olhando para os lados. – Onde? 


- Quem Luan? 


- A mulher da minha vida. Quem mais seria? 


- Você esta ficando louco? – David soltou um sorriso de deboche. – Deve estar no salão principal ou já esta no salão comunal. 


- Eu preciso encontrá-la. 


- Você esta parecendo um bobo assim. – Ele continuou a rir. Mais eu não me importava. Eu precisava vê-la. abraçá-la. E principalmente beijá-la. 


Não queria perder tempo ali com David, então peguei meu rumo em passos largos. Quanto mais rápido mais devagar parecia que estava andando. Céus! Não chega nunca. Onde será que ela esta? O que será que ela esta fazendo? Com quem... Com quem será que ela esta? Nesse mesmo instante comecei a correr o que para mim parecia uma eternidade. 


- Luan espera. – David gritou mais eu não tinha tempo para esperá-lo, seriam minutos jogados fora. Seriam minutos passados com a pessoa errada. 


Eu não podia e não queria. 


- Qual é Luan? – Gritou. 


Mais eu não dei atenção, nem ao menos olhei para trás em sinal que estava ouvindo o que ele gritava. E foi quando entrei no castelo e estava próximo ao salão principal que a vi. Seus longos cabelos loiros e olhos azuis. Sim, era ela. 


Não havia muitas pessoas no corredor, mais eu não me importava. David estava ao meu lado ofegando, mas como antes não me importei. Caminhei em passos rápidos me aproximando dela e a peguei pelo braço fazendo com que olhasse em meus olhos. E então a beijei. Por longos minutos ficamos ali em um mundo apenas nosso. Apenas eu e ela. 


Mais um clarão veio em nossa direção fazendo com que nos separássemos. A sim e os pulmões, malditos pulmões que fizeram com que eu tirasse meus lábios dos de minha amada. 


Assim que nos separamos olhei em seus olhos. Ela sorriu e mais um clarão veio em nossa direção. Olhei para o lado e vi um menino com uma maquina fotográfica na mão. 


- Você demorou. – Ela sorriu levantando uma sobrancelha de forma sensual. 


Antes que eu pudesse voltar a beijá-la senti uma mão agarrar em meu braço e me puxar para longe. Tentei protestar mais David me segurava firme até que chegamos ao salão comunal da Grifinória. Subimos a escada e entramos no dormitório masculino. 


- O que você pensa que esta fazendo? – Ele gritou me jogando na cama. – Esta louco só pode. Tinha muita gente naquele corredor. – Andava de um lado para o outro. 


- Porque você esta nervoso? – Perguntei. 


- Por quê? – Gritou. – Você tem noção do que acabou de fazer? Tem? 


- Sim. – Olhei para o teto com um olhar sonhador. – Eu a am... 


- Não! – Ele gritou novamente. Quando ele quer consegue ser irritante. – Você não a ama, nunca amou e nunca amara. Luan, amigão o que aconteceu com você?  


- Você tem que entender que ela é a mulher da minha vida. 


- Priscila? A Priscila é a mulher da sua vida? 


- Sim. – Nunca tive tanta certeza. 


- Mais e a Fernanda? Lembra? Fernanda Weasley? A sua namorada? 


- Aquela feiosa? – De repente ele parou de andar de um lado para o outro e ficou me encarando. Seu rosto possuía expressões duvidosas. Ele ainda tem alguma duvida de que a amo? 


- Não. – Sussurrou. – Oh não. Luan amigo o que ela fez com você?  


- Eu preciso vê-la. – Levantei da cama mais ele me obrigou a sentar novamente. 


- Fique aqui e não saia deste dormitório até que eu volte. Entendeu? 


- Mais eu quero e preciso vê-la. – O olhei triste. Ele suspirou. 


- Tudo bem. Se eu trazê-la até aqui você promete não sair desse quarto? – Assenti e ele saiu do quarto batendo a porta. 


Passaram apenas meia hora o que pareciam mil anos para mim. Aquela espera parecia mais uma tortura. Por varias vezes levantei da cama e segui até a porta mais não tive coragem de abrir. 


- Luan? – David estava com uma mão na maçaneta e a outra carregava um copo com algum liquido. 


- Onde ela esta? 


- Er... – Ele olhou para trás e fechou a porta. – Ela pediu para que você bebesse isso. – Esticou o braço e eu peguei o copo virando de uma vez. Se fosse para agradar minha amada faria qualquer coisa e beber um simples copo com água não seria nada. – Como você esta se sentindo? 


- Bem. – Era obvio. – Apenas com um pouco de... – Bocejei. – Sono. – Cocei meus olhos que insistiam em fechar. 


- Porque não dorme? 


- Não posso, preciso esperar a... – Bocejei novamente e deitei na cama fechando meus olhos e mergulhando em uma profunda escuridão.


 


**


 


Quando abri os olhos o dormitório estava coberto pelo sol. Me espreguicei e sentei na cama fechando um pouco meus olhos que ardiam com a luz forte que entrava pela janela. Olhei para o relógio ao lado da minha cama e marcava sete horas. Passei as mãos em meus cabelos bagunçados e cocei meus olhos. 


- Acordou? – David saia do banheiro com o uniforme. – Como esta se sentindo? 


- Um pouco enjoado, com dor de cabeça. – Passei a mão na cabeça. – O que aconteceu? 


- Quer mesmo saber? – Assenti. – Você... Você... Você beijou a Priscila perto do salão principal ontem. 


- O que? – Gritei sentindo minha cabeça doer mais. – Do que... Do que você esta falando? A Priscila? Tem certeza? 


- Sim. – Sussurrei um “Não pode ser” e ele continuou. – Ontem quando estávamos no vestiário você tomou um copo de água. – Assenti. – Mais na verdade não era água. Era uma poção do amor. Feita pela Priscila. 


- Por isso não me lembro de nada depois que bebi essa poção. – Coloquei a mão em minha cabeça e tentei me lembrar de algo. 


- Isso não foi o pior. Você beijou a Priscila em um corredor próximo ao salão principal. 


- E alguém viu? Além de você? 


- Tinha poucas pessoas, mais Felix tirou fotos de vocês se beijando. 


- Não. Pode. Ser. – Levantei da cama me segurando para não cair. – E a Fernanda já sabe? 


- Talvez sim. Talvez ainda não. 


- Merda, porque eu estou com tontura? – Segurei firme na beira da cama e olhei para o resto dos meninos que ainda dormiam. 


- Quando percebi que você tinha tomado a poção do amor corri para a sala do professor Fernandes e ele me deu o antídoto. Por causa dele você esta tonto mais em algumas horas vai passar, você só tem que ficar deitado. 


- Deitado? – Perguntei me virando e abrindo a porta. Não poderia deixar as coisas assim. Fernanda precisa saber. Mais e se ela já souber? 


Segurei na parede para não cair. Desci a escada correndo e a vi lendo um livro encostada na parede próximo a uma das janelas. Hesitei por um momento e me aproximei em silêncio. 


- Fernanda? – Sussurrei hesitando. 


- Meu amor. – Ela sorriu fechando o livro e me abraçando. Estava me sentindo tão sujo. – Te esperei ontem mais David disse que você estava cansado e foi dormir. 


- Ah. – Sorri sem jeito. Ela não sabe, mas não terei coragem o suficiente para contar a ela.  


- Esta tudo bem? 


- É que eu preciso te falar uma coisa. – Afastei dela. 


- Vamos Fernanda precisamos passar na biblioteca antes do café. – Melissa desceu a escada e pegou a mochila da Fernanda, em sinal de que estava com pressa. 


- Te vejo depois. – Ela me beijou. – E depois você fala comigo. – Assenti enquanto ela saia do salão comunal.


 


**


 


- Não acredito que você não teve coragem. – Caminhávamos em direção ao salão principal, até agora nada foi dito sobre o ocorrido de ontem. 


- Eu preciso encontrar com Felix e depois ter uma conversinha com Priscila. – Estávamos próximos ao salão quando todos começaram a nos olhar. 


- O que deu neles? – David olhava para todos os lados. – Essa não. 


Todos estavam com pequenos pergaminhos nas mãos. David pegou um da mão de um menino da Lufa-Lufa. Para meu desespero tinha a minha foto beijando Priscila. Peguei da mão dele e o que mais queria era rasgar, mas antes resolvi ler o que havia escrito. 


“É isso ai minha gente o jornal Hogwarts esta de volta e com uma noticia quentíssima.
Quem diria que o nosso casal perfeição acabaria assim? Mais espere um minuto. Fernanda Weasley e Luan Potter ainda estão juntos? Se estiverem porque ele simplesmente agarrou nossa querida loira dos olhos azuis no corredor perto do salão principal na noite passado. Pois é caros colegas as coisas não devem estar tão boas assim. Fernanda deve estar sentindo uma imensa dor de cabeça agora certo? Haha. Coitadinha. Acho que não preciso fazer um texto, pois a foto já diz tudo sozinha. 
Só espero que a nossa querida Weasley saiba que sou um ótimo ombro amigo, beijos Felix”.  


Amassei aquele pergaminho e o joguei no chão. Felix e aquela filha de uma Gina verão quem sou de verdade. 


- O que você vai fazer? – David segurou meu braço. 


- Uma loucura. – Respondi. – Mas antes preciso achar Fernanda. – Soltei meu braço de suas mãos e corri a procura dela. 


Todos me olhavam, mais isso não era o mais importante. O mais importante era encontrar Fernanda e esclarecer essa história. Várias coisas horríveis passaram por minha mente, mas eu insistia em acreditar que tudo acabaria bem. 


- Fernanda? – A encontrei sentada em um tronco fora do castelo. Ao seu lado havia um menino que possui em suas mãos o pergaminho com minha foto beijando Priscila. Ela nada disse e continuou olhando aquele pergaminho. O garoto olhou para mim e para Fernanda depois se levantou e saiu. E ela continuou ali. Parada. 


- Você sabia que eu não aceito traição. – Sua voz estava baixa. Talvez ela estivesse segurando o choro. Tinha medo. Medo de me aproximar e ela fazer alguma coisa. 


- Por favor, eu peço que me escute. – Ela negou. 


- Não quero ouvir nada, não quero pedidos de desculpas, não quero que ajoelhe, não quero que você diga nada. – Em momento algum ela olhou para mim. 


- Eu preciso que você me escute. – Estava em pé ao seu lado, mas seus olhos estavam fixos no horizonte. 


- Acabou. – Foi à única coisa que ela disse. 


- O que?


- Tudo o que nós construímos juntos. Acabou. – Ela pegou a mochila que estava em seus pés e levantou olhando fixamente em meus olhos. – Tudo o que tivemos um dia acabou. Siga a sua vida que eu seguirei a minha. Você esta livre para fazer o que quiser. Só nunca, entendeu? Nunca duvide que eu sim, te amei. – E foi com essas palavras que a vi seguir o seu próprio caminho. 

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