Um Amigo



Capitulo 9
Um Amigo


 


Observei Fernanda entrar no banheiro e comecei a pensar em várias maneiras de pedir desculpas para David. Nem uma me pareceu convincente. O que estava acontecendo comigo? Levantei da cama e sem pensar muito sai do quarto em direção ao dormitório dos meninos. Por varias vezes levantei o braço para bater na porta mais não consegui. 


Antes de voltar para o quarto escutei sua voz. Luan e David ainda estavam lá embaixo. Hesitei por um momento, mais em fim, desci a escada. Havia esquecido que estava descalça e meus pés tocavam os degraus gelados da escada. No momento isso era o que menos importava. 


Luan estava subindo a escada. Parei e o encarei. Ele apenas acenou com a cabeça e foi direto para o dormitório. Terminei de descer a escada e fiquei observando David que estava sentado no sofá olhando as chamas da lareira. 


Caminhei lentamente tentando não fazer barulho. Assim que ele percebeu a minha presença sorriu tímido e se levantou. 


- Eu já estava subindo. – Ele passou por mim e seguiu em direção a escada. 


- Espera. – Pedi. Virei para olhá-lo e ele ainda estava de costas olhando para o chão. – Desculpa. – Comecei a mexer em minhas próprias mãos. Qualquer um podia notar que estava nervosa. 


- Esta tudo bem. 


- Não. Não esta tudo bem. – Tentei me aproximar mais achei melhor não. Ele continuava de costas para mim. – Não devia ter falado com você daquela maneira. – Ele não disse nada. Aquele silêncio estava me matando. 


Finalmente ele se virou. Caminhou alguns passos em minha direção ficando próximo de mim. Sorriu tímido novamente. 


- Eu disse esta tudo bem. 


- Não pode estar David. Eu disse coisas que não queria. – Estávamos sozinhos e possivelmente os únicos acordados. – Eu realmente quero que me desculpe. – Peguei em suas mãos e olhei em seus olhos. – É que aconteceu uma coisa comigo ontem que me machucou muito e acabei descontando em você. – As lágrimas caiam lentamente em meu rosto. 


- Eu te desculpo. – Ele secou uma por uma com seus dedos macios. – Agora pare de chorar. – Sorri segurando minhas lágrimas. – Uma menina tão linda não pode chorar. 


- Para. – Revirei os olhos. – Sabe que não gosto disso. 


- Tudo bem. – Olhei para o chão mais ele segurou meu queixo impedindo. 


E então ele se aproximou. Nossos olhos se fecharam e ele tocou seus lábios nos meus. Não era bem isso que eu queria como desculpas. Mas antes que algo a mais pudesse acontecer coloquei minhas mãos em seu peito e o empurrei gentilmente. 


- Não David. – Pedi tentando não encará-lo. 


- Desculpa, fiz sem pensar. – E sem eu mesma entender comecei a rir. – O que foi? 


- Eu vim te pedir desculpas e no fim quem pediu desculpa foi você. – Ele sorriu. – E outra... Desculpar de que mesmo? – Fingi não saber do que estávamos falando. 


- Não sei. Quem pediu desculpa para quem? – Ele entrou na brincadeira. Neste mesmo momento senti meus olhos pesados. 


- Não que eu não goste de você é que seremos melhores como amigos. - Suspirei. – Muitas coisas estão acontecendo e isso foi rápido de mais. – Me aproximei e lhe dei um beijo estalado na bochecha. – Boa noite. 


- Espera. – Ele pediu assim que coloquei meu pé no primeiro degrau. – Promete que se precisar de alguém serei o primeiro de sua lista? 


- Prometo. – Sorri e subi a escada. 


- Boa noite. – Assenti antes de entrar no dormitório. 


Deitei na cama e fechei meus olhos. O que eu mais preciso nesse momento é uma boa noite de sono.


 


**


 


Astronomia. Aula de astronomia seria no primeiro tempo. Suspirei colocando o papel que estavam às aulas do dia dentro de um dos livros em meus braços e continuei a caminhar tranquilamente. Pelo menos por enquanto. 


É estranho. Fiquei um dia sem aparecer pelos corredores e todos começam a me olhar torto. Curiosos. Meus olhos estavam inchados e provavelmente vermelhos. Mais eu não me importava. Todos podiam me olhar à vontade, eles nunca saberão o que realmente aconteceu comigo. 


Continuei caminhando tentando não demonstrar que percebia os olhares sobre mim. Cheguei à sala e entrei. Fernanda estava a minha espera. 


- Esta preparada? – Sentei ao seu lado e apenas assenti. É claro que ela falava sobre o trabalho. Trabalho o qual não fiz. Apoiei meus cotovelos na mesa e tampei meu rosto com minhas mãos. 


Malfoy estava a minha frente. Minha vontade era de pegar a varinha e lançá-lo uma azaração. Mas ao invés disso apenas observei ele terminar de escrever em seu trabalho. Trabalho que deveria ser meu também. Bufei. 


- Quero os trabalhos em minhas mãos imediatamente. – Assim que a professora entrou deixou suas coisas na mesa e começou a recolher os trabalhos. 


É engraçado. Como se eu estivesse feito algo errado meu coração começou a bater mais forte. Acelerado. O pior não foi deixar de fazer o trabalho e sim escutar a bronca de minha mãe depois. Suspirei quando a professora se colocou ao meu lado esticando o braço esperando meu trabalho. 


- Vamos senhorita Granger. Falta apenas o seu. – Sua voz fria fez com que meu coração batesse mais forte. 


- Eu... – Não estava nos meus planos começar a gaguejar, mais foi inevitável. 


- Não me diga que... 


- Na verdade ela fez o trabalho comigo professora Flifes. – Encarei Malfoy por um momento sem saber o que dizer. O que ele esta querendo com isso? 


- Não decida isso sem antes me avisar senhor Malfoy. – Então ela se virou e começou a aula. 


Não pude perguntar o porquê de ele ter feito aquilo então o que fiz foi esperar. Esperar a aula terminar. O pior de tudo isso é que quanto mais rápido você quer que as horas passem mais devagar elas passam. 


Estava com o livro aberto mais mexia meu pé direito em um gesto nervoso. Como se eu estivesse sendo torturada. 


- O que foi Melissa? – Fernanda perguntou olhando atentamente a professora para que ela não nos pegasse conversando. 


- Porque o Malfoy fez aquilo? 


- É sobre o trabalho. – Assenti. – Talvez alguém tenha conversado com ele e feito mudar de opinião. – Neguei. – Talvez ele tenha dó de você pelo que aconteceu. – Ela pigarreou. Neguei novamente. – Ou talvez... – Ela sorriu marota. 


- Talvez? 


- Talvez ele esteja perdidamente apaixonado por você. – Ela gargalhou. 


- Senhoritas. - A voz severa da professora fez com que ficássemos quietas. 


E a única coisa que poderia fazer era esperar...


 


**


 


Assim que a aula de astronomia acabou Malfoy saiu da sala sem ao menos perceber. Tentei alcançá-lo mais ele havia sumido pelos corredores. Pedi a Fernanda que me esperasse na aula de Transfiguração. 


Assim, fiquei em um dos corredores apenas esperando Malfoy aparecer. E não demorou muito para que o sonserino passasse por mim. 


Corri até alcançá-lo. Segurei em seu braço o fazendo parar. Formei um sorriso em meus lábios o que não foi correspondido. 


- Você não acha que me deve uma explicação? 


- Não. – Sua resposta foi curta, rápida e ignorante. 


- Porque colocou meu nome em seu trabalho? – Insisti. 


- Acha mesmo que perderei meu tempo para explicações. 


- Olha Malfoy não me faça odiá-lo. – Suspirei. 


- Não me importo. – Ele voltou a caminhar. Eu o segui. 


- Quer que eu implore? Pois se for isso... 


- Digamos que um amigo me convenceu. – Ele parou de supetão. – Satisfeita? 


- Não muito. – Formei um sorriso sínico e o deixei ir. 


Agora só me resta saber quem foi esse amigo... 


O observei caminhar até onde minha visão não pudesse mais. Olhei para os lados e poucos eram os alunos que ainda estavam pelos corredores. 


Minerva! Com um tranco comecei a andar rápido antes que pudesse levar uma detenção por chegar atrasada. Mais algo me chamou a atenção. A sala não estava muito longe mais ao invés de seguir meu caminhou diminui os passos e comecei a andar na ponta dos pés. 


Havia duas sombras. Ouvia cochichos, aproximei mais e peguei uma parte da conversa. 


- Quando? – Uma das sombras perguntou. 


- Em breve. – Uma voz fina respondeu. Por incrível que pareça eu conhecia aquela voz de algum lugar. 


- Tem certeza de que dará tudo certo? - Olhei para os lados e não havia ninguém. 


- Absoluta. – A voz fina voltou a responder. Tentei me aproximar sem ser vista, mais o que não poderia imaginar foi o forte barulho que fez quando um de meus livros caiu no chão. 


- Droga! – Abaixei para pega-lo e quando levantei não havia mais ninguém. Suspirei vencida e peguei o meu caminho.


 


**


 


- Espera. – Luan descansou o pergaminho na mesa. – Você esta querendo dizer que alguma coisa vai acontecer em Hogwarts? 


- Isso. – Afirmei. 


- E porque você acha que vamos acreditar? – Apontou para si e Fernanda que estavam a minha frente. 


- Acha que estou mentindo? – O olhei incrédula. 


- Todos sabem que você tem uma imaginação muito fértil Melissa. 


- Não estou mentindo. – Defendi. – Você acredita em mim, não é Fernanda? – Ela não respondeu. Continuei a olhando esperando uma resposta. Ela olhou para Luan e para mim várias vezes. – Fernanda? 


- É que... 


- Só pode ser uma brincadeira. Minha melhor amiga não acredita em mim. 


- Entenda Melissa que nada vai acontecer. – Luan dizia como se estivesse realmente certeza. – Há vários aurores por aqui e desde que começaram as aulas não receberam mais chantagens. 


- Como você pode ter tanta certeza? 


- Coisas de homens. – Ele encostou-se à cadeira e piscou. 


- Eu quero ver o que você vai fazer com essas “coisas de homens” quando algo acontecer. – Bufei. – Depois não diga que não avisei. 


Por alguns minutos o silencio foi à única coisa que podíamos ouvir por ali. Até que a voz de Malfoy ecoou em meus pensamentos. “Digamos que um amigo me convenceu”. 


- Vocês sabem onde esta o David? 


- Foi treinar quadribol. Por quê? – Respondeu Fernanda. 


- Preciso agradecer pelo que ele fez. 


- E o que ele fez? – Perguntou Luan. 


- Convenceu o Malfoy a colocar meu nome no trabalho depois do que... – Pigarreei. – Aconteceu. 


- Ele fez isso? Tem certeza? 


- Na verdade não. Mas que outra pessoa seria? Você? – Perguntei o olhando. 


- Não. 


- Fernanda? – A olhei. 


- Se eu tivesse feito isso falaria para você. – Ela sorriu e voltou a ler o livro de transfiguração. 


- É verdade. 


- Não quero acabar com suas esperanças de que seja o David a pessoa que tenha conversado com Malfoy, mais ele jamais falaria com um sonserino. 


- Isso é verdade. – Confirmou Fernanda sem tirar os olhos do livro. 


- Mas se não foi você e nem a Fernanda... 


- E muito menos o David. – Ele completou. 


- Então, quem foi?

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