Toda a Verdade



Capitulo 8
Toda a Verdade


 


- Conversou com a professora? – Perguntei assim que Fernanda se aproximou da mesa da Grifinória. 


- Sim. – Ela sentou ao meu lado. – Vou fazer o trabalho com um menino da Grifinória mesmo. – Ela mordeu uma coxa de frango. – Vamos nos reunir hoje na biblioteca, se quiser ir com o seu amigo sonserino podemos fazer juntos. 


- Poupe-me de suas brincadeiras. – Ela gargalhou. 


- Aonde você vai? – Perguntou assim que levantei da mesa. 


- Vou falar com meu amigo sonserino. – Ela olhou para mesa da sonserina e assentiu sorrindo. 


Peguei minha mochila e a coloquei no ombro. Estava caminhando para o território do inimigo. Mais eu não tenho medo. Ri com os meus próprios pensamentos e parei na frente do Malfoy que lia um livro sobre quadribol. 


- Uns amigos meus vão se reunir na biblioteca daqui a pouco para fazer o trabalho de astronomia. – Ele ao menos olhou para mim. – Hum... Te vejo na biblioteca então. 


- Não. – Ele respondeu virando a página. 


- Como disse? – Perguntei ajeitando a mochila em meu ombro. 


- O que uma grifinória faz na nossa humilde mesa sonserina. – Mostrei a língua para o engraçadinho que queria chamar atenção e voltei a olhar o Malfoy. 


- Não irei fazer o trabalho com você. – Ele continuou lendo. 


- Mas sou sua parceira, eu quis mudar de dupla e você sabe disso. Agora como não faremos o trabalho juntos? 


- Conversei com a professora depois da aula e ela permitiu que eu fizesse sozinho. – Isso foi demais. Com um ataque de nervosismo coloquei a mão em seu livro e o tirei de sua mão o fechando e deixando em cima da mesa. 


- Você esta querendo dizer que farei o trabalho todo sozinha para sexta? Para daqui dois dias? – Ele fixou seus olhos azuis acinzentados nos meus. 


- Você não irá se encontrar hoje na biblioteca com seus amigos? E amanhã pelo que sei sua tarde será livre também, uma ótima oportunidade para fazer o trabalho não acha? 


- Sonserino estúpido. – Murmurei. 


Virei e sem muita paciência para voltar e falar com Fernanda sai do salão principal em direção a biblioteca.



**


 


Já deve ser quase três horas da tarde e Fernanda ainda não apareceu. “Vamos nos reunir hoje na biblioteca”. Parei de esperá-la na primeira hora que passou. 


É incrível como senti falta da biblioteca. É como se eu entrasse para um mundo totalmente diferente do que eu vivo. 


- Ah, você esta ai. – Fernanda entrou no corredor onde estava. 


- Onde estava? – Perguntei olhando a estante. 


- Estava com Luan... 


- Não precisa dizer mais nada. – A cortei. 


E assim passamos a nossa tarde estudando. Não foi nem um sacrifício para mim. Tudo estava voltando ao normal. 


Estávamos em uma mesa cheia de pergaminhos, livros e mais livros. Uma bagunça total. Mas ainda não estava satisfeita com os livros que tinha pegado. Fui até a estante de livros sobre astronomia e continuei a procurar mais livros. 


- Ai! – Escutei alguém reclamando e olhei para o lado. No fundo do corredor estava uma menina ajoelhada pegando os livros que haviam caído. Me aproximei e a ajudei com os livros. – Obrigada. – Ela disse tímida ajeitando a roupa. 


- Não foi nada. – Sorri. – Você esta procurando livros sobre Transfiguração? – Ela assentiu. – Eu sei de um ótimo. 


Não foi difícil achá-lo. Assim que a entreguei ela agradeceu sorridente. Mas aquele sorriso me lembrava alguém. 


- Desculpa fazer essa pergunta, mas você é Melissa Potter? – Assim que abri um sorriso ela sorriu também. – Desculpa. 


- Não tudo bem, e você? Como se chama? 


- Demétria Smith. 


- Você conhece a Amanda Smith? – Ela soltou um sorriso sem graça e olhou para o livro que estava em sua mão. 


- Já conheceu minha irmã? – Ela olhou para mim. 


- Por quê? – Perguntei sem entender. 


- Sempre a mais legal, a mais simpática, a mais linda. – Ela terminou dando de ombros. 


- Não fique assim. – Tentei confortá-la.  


- Não tudo bem. – Ela tentou sorrir. – Já estou acostumada. Bem, nos vemos depois preciso ir. – Assenti e ela se foi da biblioteca. 


Olhei no relógio e já era hora do jantar. Não estava com fome e muito menos tempo para sair da biblioteca e me distrair. Voltei e sentei-me à mesa novamente. 


- Não achou o livro? – Neguei. – Adivinha o que eu fiquei sabendo sobre o Robert? 


- Ele é a última pessoa a qual quero noticias. – Abri um dos livros e comecei a ler. 


- Ele terminou com a irmã do David. – Ela terminou colocando a mão na boca. 


- Engraçadinha. Eu não tenho nada a ver com isso. 


- O pior é que a culpa é toda sua. – A olhei sem entender. – Lembra que você falou para a Katy tomar cuidado com o Robert? – Assenti. – Então, desde aquele dia ela não tira os olhos do Robert e você melhor do que ninguém sabe que ele tem várias amigas. – Assenti novamente. – Você fez o ciúme despertar dentro dela e depois de pegar o Robert com uma menina em um dos corredores menos movimentados de Hogwarts ela terminou com ele. 


- A culpa não foi minha. – Me defendi. 


- Foi o que David me disse. 


- Será que ele esta bravo comigo? – Ela negou. – Tomara. – Suspirei cansada. 


- Bem. – Ela olhou para o relógio. – Vou jantar você vem também? 


- Não estou com fome. – Ela levantou e seu parceiro a acompanhou. – Nos vemos depois. – Ela mandou um beijo e saiu da biblioteca.
 


**


 


- Você ainda esta ai senhorita Potter. - Madame Pince disse sussurrando. – Já deveria estar em seu dormitório, esta tarde. – Olhei no relógio e já passava das dez. 


- Desculpe. – Disse fechando os livros. – Perdi a hora. 


- Me distrai com alguns problemas na biblioteca. Nem percebi que ainda estava aqui. Bem, mas vamos já esta tarde se pegam você pelos corredores terá uma detenção. – Ela dizia me ajudando a pegar as coisas. Eu sorri e ela colocou tudo em meus braços. 


- Até mais. – Ela me empurrou até a porta. Ajeitei os livros em meus braços e comecei a caminhar. 


É estranho caminhar sozinha pelos corredores vazios e principalmente à noite. O mais estranho ainda e sentir a sensação que esta sendo seguida. 


Olhei para os lados e quando virei segurei para não gritar. Robert estava atrás de mim. 


- O que esta fazendo aqui. – Perguntei apressando o passo. 


- Estava te esperando. – Sua voz estava firme. – Precisamos conversar. 


- Não, não precisamos. – Tentei correr mais ele segurou meu braço obrigando-me a olhar em seus olhos. – Não tenho culpa que ela terminou com você. 


- Então já sabe por que estou aqui? – Desviei meu olhar do seu. – Você é a única culpada de tudo o que aconteceu. 


- Como pode ter tanta certeza? 


- “Eu sabia, a Melissa estava certa não deveria confiar em você”. – Arregalei os olhos. Ele estava imitando a voz de Katy. – “Sabia que me trocaria por outra”. 


- Chega. – Pedi. – A culpa não é minha que ela não confiava em você e se confiasse não daria ouvidos a ninguém sobre qualquer historinha. 


- Você estragou o meu relacionamento com ela. 


- Porque deveria me importar? Você se importou comigo quando começou a namorar com ela? 


- Eu a amo. – Ele disse soltando meu braço. 


- Ama tanto quanto me amava? – Ri irônica. – Coitada, apenas mais uma na listinha de Robert Colin. 


- Você não sabe o que esta dizendo. 


- Diz que ama mais no final é sempre a mesma coisa. Somos jogadas fora como objetos. – Ele passou a mão pelo cabelo. 


- Posso ter feito isso com você, mas eu jamais faria isso com a Katy. – Ele olhava para um ponto fixo. 


- Quem faz uma vez, faz duas três. E agora? Quem será a sua próxima vitima? 


- Pare de dizer mentiras. 


- Você sabe muito bem que essa é a verdade. – E nesse momento ele se aproximou ferozmente de mim segurando meus dois braços deixando todos os livros caírem. 


- Quer a verdade? Quer saber toda a verdade? Então eu te direi. – Seus olhos pareciam duas chamas. 


- Esta me machucando. – Reclamei mais o que ele fez foi apertar mais suas mãos em meus braços. 


- Eu nunca te amei. Nunca. Ouviu bem? – Fechei meus olhos apenas querendo que aquilo não passasse de um sonho. Ou melhor, um pesadelo. 


- Esta doendo. – Tentei me soltar mais foi impossível. 


- Você foi apenas uma diversão para mim. Nada mais do que isso. – Senti meus olhos começarem a arder. – Era muito fácil dizer que te amava. E o pior de tudo é que você acreditava nas minhas mentiras. Tudo não passou de uma aposta. 


- Cala a boca. – Gritei. 


- Quem seria o primeiro a conquistar a menina Potter. – Ele sorriu sarcástico. – Mais é claro que iria conseguir. 


- É tudo mentira. – Choraminguei. 


- A verdade dói não é? – Ele soltou meus braços. – Lembra daquela vez que marcamos para ficarmos juntos em Hogwarts enquanto todos estavam em Hogsmeade? 


Não respondi. Abaixei e comecei a pegar os livros que estavam no chão. As lágrimas tomaram conta de meu rosto. 


- É claro que você se lembra. Lembra também que eu não apareci, sabe por quê? Estava com Katy em Hogsmeade. – Ele abaixou segurando meu rosto. – Minha paixão por ela falou mais alto. Não foi nem um sacrifício deixá-la me esperando aqui em Hogwarts.  


- Me. Solta. – Ele soltou meu rosto. 


- Lembra também do que eu disse? Que precisei ir para casa porque minha mãe estava doente? – Sequei as lágrimas e levantei começando a caminhar. – Vai fugir agora? – Ele começou a me seguir. – Lembro de suas palavras “Tudo bem amor, confio em você”.   


- O que você quer com tudo isso? 


- Não agüenta escutar a verdade, sabe por quê? Você é fraca. Sempre foi. 


- Chega. – Gritei. – Não agüento mais você. 


- Eu amo a Katy. E nunca te amei. – Ele sussurrou em meu ouvido. Com o meu rosto tomado em lágrimas virei e joguei todos os livros nele. Antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa sai correndo. 


Não estava me importando se alguém pudesse me pegar ou não ali àquela hora. A única coisa que queria era chegar logo em meu destino. 


Assim que coloquei os pés do salão comunal vi David sentado à frente da lareira. Tentei passar despercebida mais foi em vão. 


- Melissa o que aconteceu? – Ele tentou se aproximar. 


- Nada. – Respondi começando a subir a escada. 


- Como nada. Você esta chorando. – Ele me seguiu. 


- Me deixa em paz. – Gritei. – Não agüento mais você atrás de mim. Me esquece. Não quero mais você perto de mim, não quero mais ouvir sua voz, não quero mais ouvir o seu nome. – Sequei as lágrimas e entrei no dormitório. 


Deitei na minha cama e a única coisa que fiz foi chorar. Chorar como uma criança. Colocar tudo o que estava sentindo para fora.


 


**


 


No dia seguinte acordei com Fernanda me chamando. Apenas abri meus olhos. Não me mexi. Não lembro ao certo a que horas dormi mais não estava com vontade de levantar. 


- Vamos já esta tarde. – Ela disse penteando o cabelo. 


- Eu não vou. – Peguei a coberta e me cobri. 


- O que aconteceu? – Ela perguntou sentando em minha cama. – Chorou ontem à noite? 


- Não quero falar sobre isso. – Ela tentou falar alguma coisa mais a cortei. – Pelo menos não agora. E não vou para a aula hoje. 


- Tudo bem, não vou insistir e muito menos obrigá-la ir à aula. – Ela levantou e pegou sua mochila. – Mas quando precisar estarei aqui. – Assenti e a acompanhei com o meu olhar até a porta. 


E assim as horas foram passando... 


Já deve ter passado da hora do almoço, mais não senti nem um pouco de fome. Encolhi mais na cama e tentei segurar os soluços que saiam involuntariamente. Porque ele fez tudo àquilo comigo? O que eu fiz para ele? O que? Merlin me ajude a entender. 


Afundei minha cabeça no travesseiro tampando meu grito. Mal conseguia respirar de tanto que chorava. Prometi a mim mesma que não choraria mais e não cumpri. Talvez ele esteja certo. “Você é fraca. Sempre foi”. Sim eu sou fraca. Muito fraca. E tola também. Como pude acreditar em uma pessoa como ele? Como pude acreditar em seu amor? Em suas palavras? Em seus carinhos? 


Será que ele ama mesmo a Katy? Ou ele apenas disse isso para me sentir pior do que já estou? Ele consegue me deixar mal e ainda por cima com uma duvida cruel. Katy realmente gostava dele e tudo por quê? Por vingança. Fui vingativa e terminei um relacionamento que poderia dar certo. 


- Te odeio. – Gritei. Ele conseguiu abrir mais ainda a ferida. 


Katy não merecia o que eu fiz. Ele talvez sim, mas ela não. Eu sou um monstro. Ela é uma ótima pessoa, pensa que gosto do David. O que eu fiz? Definitivamente eu sou a pessoa mais horrível que existe no mundo bruxo. 


Sequei minhas lágrimas e olhei para o relógio. Já eram quase hora do jantar. Olhei para a janela e o sol já estava se pondo. 


- O trabalho. – Levantei da cama e sequei as lágrimas.  


Comecei a andar de um lado para o outro. Não daria mais tempo para fazer. Ficaria a noite toda fazendo e não estou nem um pouco a fim de encarar as pessoas pelos corredores.  Sentei na cama e passei as mãos em meu cabelo. Aquele sonserino idiota, me abandonou quando mais precisei. Não vou conseguir terminar o trabalho a tempo.  


Voltei a sentar na cama, dobrei meus joelhos e apoiei meus braços nele. Incrível como as horas passam em um piscar de olhos. 


As meninas entravam e saiam do quarto, já passava das oito quando levantei e resolvi tomar um banho. 


Sai do banheiro com o cabelo todo molhado. Sentei na cama e comecei a penteá-lo. Agora estava com meu short do pijama e uma regata branca. Havia dormido e passado o dia todo com as vestes de Hogwarts. 


Terminei de pentear meu cabelo e olhei para a cama de Fernanda que estava toda arrumada. Vazia. Suspirei e assustei quando ela entrou no dormitório. Deixou a mochila em cima de sua cama e sentou de frente para mim. 


- Você quer me contar alguma coisa? – Ela olhou fixamente em meus olhos. – David esta muito chateado. – Suspirei. – Você sabe por quê? 


- Tenho uma leve idéia. 


- Porque não conversa com ele? 


- Não estou em um bom dia, você sabe disso.   


- Melissa Potter. Você sabe muito bem que não pode deixar para depois. – Isso era mais uma bronca do que um conselho. 


Meus olhos se encheram de lágrimas assim que pensei na conversa com Robert. Suspirei tomando coragem e contando tudo para Fernanda. Ela ouvia atentamente, não me interrompeu nem um minuto se quer. Por mais que eu quisesse não chorei. Segurei as lágrimas e os soluços que insistiam em aparecer. 


- Você sabe o que fazer. – Foi à única coisa que ela disse assim que terminei de lhe contar toda a história.




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