Um pouco de lavanda - Pt. II



N.A: Gente, só pra esclarecer... essa capítulo alterna entre as visões do Ron, e da Lilá, ok? Espero que tenha ficado bem claro. :D

Um pouco de Lavanda - Segunda Parte.
                                                                           (Ron's POV)


Ok. Minha cabeça não estava mais doendo, e isso era bom.

Sem abrir os olhos, levei minhas duas mãos ao nariz, apalpando-o freneticamente. Estranho, como sempre, mas não mais estranho do que deveria estar. Pelo menos, parecia estar no lugar. Um suspiro aliviado correu dos meus pulmões para minha boca. Não havia mais o gosto de sangue, e pelo visto, Madame Ponfrey havia feito um bom trabalho. Também, depois de fazer os ossos do Harry crescerem, e a Mione deixar de ser uma gata mutante e voltar a ser uma garota, meu nariz devia ser fichinha para ela.

Continuei de olhos fechados, aproveitando a maciez do travesseiro em que a minha cabeça estava apoiada. Eu poderia voltar a cochilar... é, essa era uma ótima idéia. E ainda podia dizer pra Professora McGonagall que não havia feito as tarefas dela porque eu havia sofrido um acidente no final de semana que anulara parte das minhas memórias. Ahá, genial... não sei como Hermione tem coragem de me chamar de trasgo.

A enfermaria estava imersa em um silêncio absoluto. Eu, deitado de costas para a porta, agora observava a parede e os leitos vazios ao lado do meu. Só havia eu naquele lugar?

Quase.

- OI, Uon-Uon!

- Bloody Hell!¹ - foi a minha primeira reação, enquanto eu sentava-me de um salto na cama, olhando rapidamente para a direção oposta a que eu olhava antes e contemplando Lilá parada ali, sorrindo para mim. Eu podia sentir o sangue se esvaindo de meu rosto, o que com certeza me deixaria pálido pelo susto. Passei uma mão pelos cabelos, voltando ao foco, embora meu coração ainda estivesse a galope. Sem drama, ok? Caras corajosos como eu também tem seus momentos de fraqueza! – Caramba, Lilá! Você me assustou!

Ela retraiu-se, os olhos visivelmente alarmados de preocupação. Pelo visto, minha reação também a havia assustado.

- Desculpe, não foi minha intenção. – desculpou-se ela, apressada em me agradar. Um sorriso voltou a estampar seu rosto rosado - Como você está? O nariz está doendo?

Me fiz de coitado, esboçando uma expressão de dor e sofrimento. Eu não era um bom ator, mas com certeza Lilá nem notaria a atuação. Sabe, as garotas adoram imaginar os homens como filhotinhos indefesos de corujas, que precisam de cuidados.

- Ah, sim, minha cabeça dói... e eu acho que meu nariz está meio torto. Com certeza está.

Lilá aproximou-se de mim, com um olhar crítico, a ponto de eu poder sentir o perfume de chiclete de seus cabelos. Droga. Por que ela tinha de cheirar tão bem?

- Seu nariz parece muito bem, Ron. – ela pareceu refletir sobre o que diria a seguir, enrubescendo – Você está fofo, como sempre foi.

- Obrigado, eu acho. – foi a minha vez de corar. Cocei o nariz, meio envergonhado.

Aproveitando-se de meu silêncio, Lilá revelou que trazia algo escondido nas costas. Era um ramalhete de flores. Flores muito pequenas, que variavam de um lilás claro, a um mais escuro. Eu não sabia que flores eram, mas definitivamente, tinham um cheiro bom. A garota colocou o ramalhete dentro de um vaso transparente que repousava sobre a mesa de cabeceira da minha cama e encheu-se magicamente com água assim que notou a presença das flores. Ok, eu entendo que Lilá queria me agradar e tudo mais... mas flores? Desde quando eu gosto de flores? De qualquer forma, Lavender me observava como se esperasse alguma reação de minha parte, como um agradecimento ou algo assim. Eu pigarreei.

- Ahn... que flores são essas? – perguntei, fitando-a com fingido interesse. Ela pareceu feliz com a pergunta.

- São Lavandas. – Lilá passou um dedo distraído pelo aglomerado de minúsculas pétalas lilás, rindo baixo. – São as minhas preferidas, então pensei que quem sabe elas pudessem alegrar um pouco sua estadia aqui, você sabe. É tudo tão frio aqui... e deve ser ruim para você ficar sozinho nesse lugar triste, não é, Uon-Uon?

- É, eu acho que sim... – minhas orelhas coraram. O fato é que eu não estava acostumado a receber toda aquela atenção de alguém, e de repente, as flores me pareceram muito mais interessantes do que a princípio. Não por serem flores, claro. Mas por serem flores trazidas por Lilá. – São flores, hum... legais. Sua mãe devia gostar muito dessas flores, hã? Digo, o seu nome...

O riso dela inundou a sala, e de alguma forma, eu me senti mais quente. Como se ela irradiasse alegria e calor.

- Sim, são as flores preferidas de mamãe, também. Eu coloquei um feitiço nelas para que o perfume dure mais, espero que você não ache ruim. – Lilá pareceu um pouco sem jeito diante daquilo, e num gesto automático, eu tomei uma de suas mãos nas minhas para tranqüilizá-la. A mão dela era realmente pequena e macia.

- Não, eu gosto do perfume. Elas cheiram bem... – fiz uma pausa, mas não pude impedir que os pensamentos que invadiam meu cérebro escapassem pela minha boca. – como você. Você também cheira bem.

Os lábios dela tremeram, e por um instante, achei que ela viria a chorar. Não foi algo que eu disse, foi?


 


                                                 ***


                                                                     (Lilá's POV) 


Eu gelei, e meus lábios tremeram. Meus olhos agora estavam fixos nos olhos confusos dele. Oh Merlin, eu o queria tanto! Tanto...

- Err... você ta bem, Lilá? – Ron perguntou-me, daquele jeito incerto que só ele tinha, e que me arrancava suspiros. Eu estava derretida, completamente derretida por ele. Minha cabeça estava rodando enquanto unicórnios cor-de-rosa saltitavam em minha mente. Eu estava doente. Doente por um pouco de Rony. Eu precisava de uma dose daquele ruivo, urgente. Apertei as mãos dele, com uma necessidade doentia de sentir seu toque quente.

- Oh, Ron... – eu comecei, incerta, sem conseguir reprimir o que sentia. Dominada pelo impulso, debrucei-me sobre a cama e colei delicadamente meus lábios nos dele, fechando os olhos e deixando meus sentidos absorverem cada nota daquela fragrância tão familiar, e que tanto me fazia falta.

                                                                ***
                                                                    (Ron's POV) 


No começo, eu fiquei sem reação. Meu cérebro levou um tempo anormalmente lento para registrar cada uma das reações de Lilá. Mas quando a textura macia dos lábios dela sobrepôs-se aos meus, eu tive uma única certeza: a certeza de que eu não queria que ela se afastasse nunca mais. Ela pressionava os lábios macios e molhados sobre os meus, e o carinho que ela sentia irradiava em ondas para mim através daquele simples contato. Cada fibra do meu corpo implorava por mais. Quando a garota afastou-se, quebrando o contato entre nossos lábios, meus sentidos gritaram o que eu fiz questão de verbalizar.

- Assim não, Lilá...

Levantei-me da cama, desvencilhando-me dos lençóis, enquanto Lilá me olhava com visível expectativa. Uma vez que estava em pé diante dela, uma de minhas mãos alcançou sua cintura, puxando-a em minha direção. Seu corpo pequeno desequilibrou-se, encontrando meus braços como único apoio, e sem deixar tempo para que ela pensasse em recuar, passei uma das mãos ao redor de sua nuca e tasquei-lhe um beijo intenso e cheio de vontade. Meus dedos perderam-se entre os fios loiros dos cabelos de Lilá. O perfume dela me embriagava. Embora surpreendida, em questão de segundos a garota atirou os braços em torno do meu pescoço e correspondeu ao beijo com a mesma intensidade e urgência. Havia uma explosão de um sentimento ali que eu não conseguia identificar. Eu já não me lembrava mais como os beijos entre eu e Lilá eram fogo. Mãos, bocas, cheiros e arrepios. Minhas mãos exploravam sua cintura, apertando-a contra mim e as dela apertavam meus ombros e arranhavam a minha nuca de leve, como se pedissem por mais, trazendo a tona aquela sensação que há algum tempo eu não sentia; um misto de carinho, arrepio, e vontade de mais.

O beijo, apesar de intenso, não durou muito mais que alguns segundos. Separei-me dela, um pouco ofegante, dando um tempo para que meu cérebro novamente pudesse ordenar os acontecimentos. Os olhos de Lilá brilhavam, a boca corada entreaberta, e não demorou muito para que ela readquirisse a capacidade de falar. Será que eu sou o único lerdo por aqui?

- Ron, nossa... o que deu em você? – ela apoiou as mãos sobre o meu peito, olhando diretamente nos meus olhos, sorrindo. Ela parecia surpresa, mas surpresa de um jeito bom. E eu, bem... eu parecia confuso.

- Eu sinceramente não sei. – passei os braços novamente em torno da cintura dela, e naquele momento eu soube que estava jogando por água abaixo todo o tempo que passei tentando me esconder de Lilá, e ignorá-la. Talvez eu estivesse sendo idiota. Talvez, eu estivesse agindo certo. Mas a presença dela era algo a que eu não conseguia mais me fingir de imune.

Não sei bem ao certo quanto tempo ficamos ali. Eu voltei para a minha cama e ela sentou-se na beirada. Não houveram mais beijos, nem abraços; apenas longas conversas, repletas daquela alegria que só Lilá tinha. A garota fez questão de certificar-se que eu estava bem, e de fazer compressas frias em minha testa – o que resultou-lhe em uma olhada torta de Madame Ponfrey, que retornara das Estufas -, fato ao qual agradeci. No final da noite, uma vez que a enfermeira não havia me liberando ainda, Lilá despediu-se de mim com um beijo na testa, e seguiu sozinha para o dormitório. E eu descobri, que só havia duas coisas que eu precisava para ficar bem:

Um pouco de lavanda, e um pouco de Lavender


                                                -

¹ Eu acho a tradução de Bloody Hell pra Inferno Sangrento muito, muito feia mesmo. Parece que Bloody Hell fica bem mais bonitinho.


N.A: Então, eu dividi o capítulo, para que não ficasse muito confuso. Espero que tenham gostado, e que comentem! Aah, bom carnaval pra todo mundo, embora eu nem goste de carnaval, e vá ficar trancada em casa o tempo todo. A parte boa, é que não tem aula, uhul! \o/ Uheuaheua, beijos!

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Comentários (1)

  • MiSyroff

    Também gostei desse capítulo, e me arrependo de não ter lido antes.Vamos ao próximo...

    2011-06-08
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