Um pouco de lavanda - Pt. I



Um pouco de Lavanda - Primeira parte.
                                                                 (Lilá's POV)


O caminho até a enfermaria de Hogwarts foi muito mais cansativo com um Rony ensangüentado apoiado sobre os meus ombros, murmurando coisas desconexas – muitas das quais eu não gostei de ouvir, diga-se de passagem. Mas o que importava, era vê-lo bem novamente, e em breve. Então, eu caminhava o mais rápido que podia, soltando uns muxoxos agudos quando os braços dele prendiam-se aos meus cabelos, puxando e arrancando alguns fios claros. 

- Acho que devíamos falar com a Mione, ela precisa sa... – começou ele, tropeçando nas palavras, pelo visto ainda meio grogue. Eu o interrompi, com a voz aguda.

- Calado, Ron! - a simples menção do nome dela fez meu sangue ferver. E doeu. Doeu por ciúme, ódio. Doeu pela culpa de ter feito Ron apanhar. Hermione nunca faria isso, faria? Ela o merecia mais do que eu.

Mas quem disse que eu ligo para merecimento? Eu merecia ganhar uma bola de cristal novinha dos meus pais para exercitar minha clarividência – que segundo a Professora Trelawney, é maravilhosa -, mas eu ganhei?

Não. Merecimento é pura baboseira.

O trajeto até a enfermaria continuou em completo silêncio. Se Ron estava pensando na Hermione, eu é quem não falaria com ele! Por Merlin, será que ele só pensava nela? Ela nem é mais bonita do que eu. E falar com Ron estava mesmo meio difícil. Já disse como ele fica manhoso quando está meio doente? Assim que passamos pelas grandes portas de mogno que adornavam a Ala hospitalar, uma Madame Ponfrey com olhos cuidadosos veio em nossa direção, amparou Rony e ajudou-me a recostá-lo sobre um dos leitos que havia ali. Eu murmurei uma exclamaçãozinha de alívio. Era difícil para uma garota do meu tamanho apoiar algo tão pesado como o ruivo.

- O que foi que houve com você, garoto? – foram as primeiras palavras da senhora, e não foram nada gentis.

Ron parecia não querer ter o orgulho ferido, e logo inventou uma alternativa para a verdade. Garotos...

- Bati em uma parede – ele me olhou, esperando que eu sustentasse a informação. – Uma parede das grandes, a senhora precisava ver.

Rony fez aquela cara que sempre faz quando está mentindo: olhos arregalados, confusos... era o mesmo que ter a palavra “mentiroso” escrito bem grande na testa, com batom! Madame Ponfrey seria boba a ponto de acreditar naquela baboseira? Ela deu uma olhada torta para o ruivo, antes de olhar para mim, com aquela cara de quem chupou limão.Eu me encolhi. Não era boa com mentiras.

- Isso é verdade, menina?

Dei uma tossidinha culpada, desviando os olhos para Ron.

- É sim, senhora. – o garoto me agradeceu com o olhar.

- Ótimo. Pode ir, querida, eu vou cuidar bem do seu namorado.

- Nós não somos... – começamos eu e Ronald em uníssono, mas a enfermeira nos interrompeu.

- É o que todos dizem. Agora vá – repetiu ela, empurrando-me em direção a porta. Eu resisti, murmurando um “mas” baixinho, fincando os pés no chão. Ron me olhava por cima do ombro da mulher; eu queria ficar ali com ele, cuidar dele. Não havia carregado ele por tanto tempo, para ser enxotada como se fosse um cãozinho malcriado! – Volte mais tarde, senhorita Brown. O senhor Weasley precisa de descanso!

Eu bufei em alto e bom som e cruzei os braços, mostrando-me insatisfeita com aquela ordem. Mas tudo o que Madame Ponfrey fez, foi fechar a porta da Ala Hospitalar bem na minha cara, arrancando-me um gritinho de indignação. Muito rude da parte dela! Mas Lilá Brown nunca desiste do que quer! Eu voltaria ali em breve, e entraria de qualquer forma, podem acreditar. Uma porta não ia me afastar do meu Uon-Uon. Eu queria saber como ele estava... mesmo com a certeza de que a enfermeira de Hogwarts cuidaria daqueles ferimentos em um instante. Não podemos ser culpados por nos preocuparmos com quem amamos, não é?

Amamos
?

Sim, eu amava Ron Weasley. Não era como um simples gostar. Era como se cada sorriso dele deixasse meus dias mais coloridos, e como se cada beijo fosse o fator responsável por eu continuar respirando. As palavras trocadas eram como poemas soltos ao vento, e cada vez que ele me olhava, eu sentia como se eu tivesse ganho um bebê unicórnio rosa de presente de aniversário. Sério, unicórnios rosa são meu sonho! Ron era o leme que direcionava minhas ações e meus dias. Eu comia no horário em que eu sabia que ele iria comer, só para vê-lo. E olhe só, eu até gosto daquele jeito que ele enche a boca de frango, tudo de uma vez, e tenta falar ao mesmo tempo... mentira, eu não gosto, é nojento e mal educado. Até o mais puro amor tem suas limitações, e Rony comia como um porquinho recém saído de uma dieta de água e... terra? O que é que porcos comem? Enfim, eu me inscrevia para as mesmas aulas que ele, e sempre procurava me sentar o mais próximo possível! Em todo jogo de quadribol que ele jogava, eu estava lá, torcendo. A cada balaço que ele desviava, um suspiro de alívio. A cada goles que ele defendia, um grito de triunfo. E tudo isso, sem receber nada em troca. Mesmo quando namorávamos, eu sentia que Ron ficava ao meu lado apenas por obrigação. Muitas vezes tive vontade de chorar, e jogar tudo para o alto. Eu merecia amor, não merecia? Mas não; eu suportei da melhor forma que pude, e tentei fazer dos dias dele os melhores possíveis, com um grande sorriso no rosto.

Está vendo porque eu não acredito em merecimento?

Se isso não é amor, eu não sei o que é.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (1)

  • MiSyroff

    Cara, eu tinha esquecido o quanto você escrevia bem e o quanto eu acho a Lilá e o Rony fieis!Sério, você é muito boa ^^Ah, meus pensamentos viajam do mesmo jeito cara, é bizarro!Beijão, continuarei lendo se minha chefe não aparecer *-*

    2011-06-08
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.