CAOS



A Toca estava um caos. A família Weasley, Harry e Hermione não sabiam o que fazer. Arthur permanecia desacordado e Gina tinha sumido diante dos seus olhos, levada por Draco Malfoy.

Harry achou que seu peito ia explodir a qualquer hora, tamanha era a fúria que sentia. Ele sabia que Malfoy não prestava. Ele sabia que tinha alguma coisa errada. Soube desde o início. Abriu a boca para falar qualquer coisa, mas se conteve. O desespero de Molly Weasley era praticamente palpável. Por isso resolveu que não era hora de culpar ninguém.
— Eu vou atrás da Gina. – Harry falou, determinado. – Alguém mais vai comigo?
— Nós vamos. – Rony respondeu recebendo um sinal afirmativo de Hermione. – Vamos encontrá-la.
— Ó meus queridos.... – Molly disse em meio as lágrimas, sacudindo o marido pela camisa levemente tentando acordá-lo. Em seguida secou as lágrimas, determinada. Largou a blusa de Arthur e começou a dar ordens: – Fred e Jorge, levem seu pai para o quarto e esperem que ele acorde. Não digam uma palavra, vocês ouviram o que ele disse antes de desmaiar. - Os dois assentiram com a cabeça e correram para obedecer o que sua mãe tinha acabado de pedir. – Ronald, Hermione e Harry, vamos procurar outro daqueles frascos vermelhos. Arthur nos dirá para onde Malfoy levou a nossa filha.


Lilly Caputo estava deitada em sua cama olhando para as flores coloridas do seu abajur. Abraçava seu coelhinho, Wendy, com toda sua força. Apesar de ter apenas quatro anos, sabia que tinha alguma coisa muito errada acontecendo ao seu redor. Seu pai, Walter Caputo, que sempre trabalhava até muito tarde como administrador de uma empresa que fazia caldeirões para poções, tinha chegado muito cedo naquele dia.

Abraçou a esposa, Polly, e encheu a filha de beijos. Em seguida, mandou que a filha fosse brincar no quarto e ficou um longo tempo conversando com a mulher no escritório, a portas fechadas. Logo depois os dois foram até o quarto da menina. Polly estava com os olhos vermelhos de tanto chorar e foi naquele minuto que a menina percebeu que tinha algo errado acontecendo.
— Por que você está chorando, mamãe? – Ela perguntou passando a mãozinha no rosto da mãe.
— Não é nada não, meu amor. – Polly fungou. – Só estou feliz que seu papai tenha vindo cedo para casa hoje, pois assim nós três podemos brincar muito antes do jantar! – E encheu a menina de cócegas.

Foi uma tarde extremamente agradável e Lilly estava feliz. Seus pais nunca tinham brincado com ela ou lido histórias para ela. Estavam sempre muito ocupados para isso. Mas aquele dia tinha sido diferente. No jantar, comeram batata frita com hambúrguer, prato que ela escolheu.

Logo depois Walter deu-lhe um banho, escovou seus dentes e a colocou na cama para dormir. A abraçou e beijou inúmeras vezes, dizendo o quanto a amava. Polly fez a mesma coisa, com os olhos cheios d’água.

E agora a pequena Lilly estava ali, angustiada, sem conseguir dormir. Foi então que olhou para o teto do quarto, dando um longo bocejo. Ao olhar novamente para o abajur, com as pálpebras pesando toneladas, viu uma sombra passar pela porta do seu quarto. Embora fosse noite e a luz do corredor estivesse apagada, ela realmente tinha visto alguma coisa passar por ali. Ouviu os pais conversando e pensou em pedir para dormir com eles. Desistiu da idéia logo que lhe ocorreu. Na certa seu pai ficaria bravo e essa era a última coisa que ela queria. Fechou os olhos e começou a entrar no estado de sonolência avançado. Mas foi arrancada dele com os gritos desesperados de sua mãe.

Desceu da cama, abraçou Wendy com mais força e saiu do seu quarto. Os gritos e a luz vinham do quarto dos seus pais. Ela correu o mais rápido que pôde. Seus pais estavam lutando contra alguma coisa invisível. Walter dava socos no ar, enquanto Polly desferia vários chutes. E então, sem sentido algum para os olhos da pequena Lilly, seus pais pararam de lutar. Seus olhos perderam o brilho, o corpo ficou curvado. Entraram em um estado de catatonia total.

Quando a menina correu até eles, Polly e Walter Caputo simplesmente não a reconheceram.



Peter Atkins voltava para casa a passos muito rápidos. Tinha sido o último a sair da fábrica e o sol tinha acabado de se pôr. Não tinha uma alma viva na rua. Resolveu entrar em uma viela para cortar uns bons dez minutos de caminhada. Segundos depois, ouviu passos que não eram os seus. Olhou para trás e a única coisa que viu foi a viela vazia. Continuou em frente com os passos ainda mais rápidos. E os passos que o seguiam também ganharam velocidade. Olhou para trás novamente e parou de andar.
— Alô! Tem alguém aí? ... – Ele apurou os ouvidos, mas não escutou nada.

Pânico. Pânico e medo. Muito medo.

Começou a correr. Correu até atravessar a viela. Os passos que o seguiam estavam cada vez mais perto. Correu por toda a avenida e assim que viu as luzes da sua casa acesas respirou aliviado, sabendo que estava salvo. Enfiou a mão no bolso e encontrou a chave. Os passos que o seguiam cessaram. Quando olhou para trás pela terceira vez para ter certeza que não estava sendo seguido, viu apenas uma boca cheia de dentes. Não deu tempo de pedir socorro antes de o seu corpo ser brutalmente retalhado.



— Sr. Ministro... – O homem entrou na sala como se entrasse no covil de leões africanos famintos – Estamos recebendo centenas de ligações por minuto. As pessoas estão em pânico. Até agora 23 pessoas foram atacadas por Dementadores Espectrais, 12 pessoas foram mortas por Evil-Papão, duas foram atacadas por lobisomens e uma por fantasma. – Ele parou de falar e olhou para Fudge, cujo olhar estava fixo na manchete da televisão: “Quem irá nos salvar?”
— Muito bom!



Draco caminhou calmamente pela caverna, ainda assobiando. Ele parecia calmo e tranqüilo, mas sua mente trabalhava em alta velocidade. Tentava, desesperadamente, juntar as peças do quebra-cabeça. Precisava encontrar uma saída. Precisava provar sua quase inocência.

Andou durante vinte minutos, até que ouviu uma respiração ofegante e um gemido. Apertou o passo e foi então que a viu, encolhida em um canto de uma pequena cela improvisada. O cabelo loiro tinha perdido o balanço. Os olhos azuis tinham perdido o brilho. O corpo tinha perdido a vontade de viver.
— Ora, ora, ora... – Draco se aproximou da grade – Se não é a minha salvadora!

A mulher levantou o rosto, desesperada. Estava confusa e perdida.
— Me tira daqui, por favor. – Pediu com uma voz esganiçada e estridente. – O que foi que eu fiz para estar nesse lugar? Sou apenas uma estudante!!
— Como é que é? – Draco perguntou confuso. – Qual o seu nome?
— Isabel Furts. – Ela disse se levantando. – Um minuto eu estava na Escola e no seguinte eu estava aqui.
— Não pode ser. – Foi um chute na boca do estômago. Draco começou a andar em círculos, falando para si mesmo. – Não pode ser! Eu trouxe Elizabeth para cá. Eu a tranquei aqui depois de cortar a garganta do faraó... - Foi então que fez-se a luz. – Tem alguém aí com você, não tem?

Isabel olhou para os lados da minúscula cela. Aquele menino só podia estar brincando.
— Tem sim, o meu anjo da guarda está bem aqui do meu lado.
— Não! – Draco gritou impaciente – Eu quero dizer dentro de você!
— Você está louco! – A menina gritou de volta, sua voz cada vez mais esganiçada. – Você está completamente louco!

Draco a olhou demoradamente. “Será que eles fizeram o feitiço da Apropriação sem o consentimento dessa garota e ela nem ao menos sabe o que se passa?”
— Muito bem, eu vou te tirar daqui. – Ele disse com simplicidade. – Mas antes disso preciso que me ajude, pois te confundi com outra pessoa.
— Isso já era mais do que óbvio. – Isabel respondeu magoada. – Estou trancada nessa escuridão há dias!
— Nós nos conhecemos. – Ele disse lentamente. – Você é amiga da minha ex-namorada, Myriam. Eu também estudava na Escola de Bruxelas. Você era colega de quarto da caloura Virgínia Weasley, certo?
— Certo. – Ela assentiu desconfiada. Não gostava que os outros soubessem da sua vida.
— Pois então Isabel, - Draco escolheu cuidadosamente as palavras – Qual é a última coisa que você se lembra?
— Por que acha que eu vou te ajudar? – Ela perguntou com desdém.
— Eu tenho certeza que você vai me ajudar simplesmente porque não tem muita escolha. – O tom dele era irônico. – Afinal de contas eu estou solto e você está presa.
— O professor Myers pediu que eu fosse até a sala dele para discutirmos minha nota no último exame. – Isabel respondeu contrariada – Isso foi um dia antes da viagem dele para o Egito, eu acho. As coisas estavam normais, mas aos poucos percebi que estava em alguns lugares sem me lembrar como havia chegado ali.
— Como se estivesse enfeitiçada?
— Sim. – Ela assentiu com a cabeça. – Eu achei que era por causa do stress.
— Tudo bem, eu vou solta-la. – Draco disse suavemente. – Você me provou que é apenas Isabel Furts e que então, com certeza, não vai reconhecer isso , não é? – Ele segurava o punhal que tinha usado para cortar a garganta de Seth.

Tudo aconteceu muito rápido. Assim que ele puxou o punhal da cintura, Isabel mudou completamente. Seus olhos ganharam um brilho selvagem e ela jogou-se contra a grade urrando palavras desconexas. Guardando o punhal novamente na cintura, ele disse vitorioso.
— Sra. Elizabeth, suponho.


Virginia Weasley acordou e não conseguiu enxergar sequer um palmo a frente do nariz. Estava na mais completa escuridão. Ouviu vários gritos, mas não conseguiu entender o que diziam. Levantou-se cambaleante e tropeçou em uma pedra. Meteu a mão no bolso da calça procurando sua varinha, mas não a encontrou. Procurou alguma luz ao seu redor, mas não viu nem sinal. Começou a andar rapidamente em direção aos gritos, enquanto sentia seu corpo espumar de raiva. Sentia-se uma completa idiota. Já nem se lembrava mais quantas vezes tinha sido enganada por Malfoy. “Mas esta é a última!” Prometeu para si mesma. Enquanto arquitetava um plano em sua cabeça, viu uma pequena luz no final do que seria um longo corredor. Sem fazer o menor ruído, aproximou-se.

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