“HÁ ALGO ESTRANHO NELA”



O homem segurou uma xícara de café fumegante e tomou um pequeno gole. Harry Potter e Hermione Granger estavam sentados a sua frente. Hermione o olhava com adoração, enquanto Harry torcia nervosamente um guardanapo de papel. Eles já estavam ali há cerca de quinze minutos e ele já estava começando a perder a paciência. Quando o homem foi até o balcão buscar um pedaço de torta Harry sussurrou.

— Acho que estamos perdendo tempo. Ele disse que Gina corre perigo e até agora não falou nada sobre isso!

— Calma Harry! – ela disse entre dentes. – Ele está voltando.

O homem sentou na cadeira e os olhou profundamente.

— Meu nome é Richard Williams. Sou um agente especial da IBM, Inteligência Bruxa Mundial. – Harry o olhou com surpresa e ele explicou - É uma ação do governo bruxo extremamente secreta. – Suspirou - Há seis anos procuramos estudantes que desaparecem misteriosamente poucos meses depois de voltarem da Faculdade Especial para bruxos recém-formados da Bélgica.

— Eu li alguma coisa a respeito disso no Profeta Diário – Hermione falou pausadamente – Os alunos simplesmente sumiam logo depois da formatura. O jornal disse que procurou as famílias, mas não conseguiu nenhum depoimento.

— Por isso eu resolvi me infiltrar na faculdade e seguir os estudantes de pós-graduação passo a passo, incluindo a viagem ao Egito. E descobri que tem algo muito sinistro acontecendo naquele lugar.

— O que está acontecendo lá, Sr. Williams? – Harry perguntou ansioso.

— Jack Myers, professor responsável pela excursão ao Egito, marcou um dia de visita livre à pirâmide. Eu fui absolutamente contra, pois a Grande Pirâmide pode ser muito mais perigosa do que se imagina. Quando fui me apresentar como agente especial e impedi-lo de fazer isso ele me estuporou. Quando acordei voltei para Londres para informar os meus superiores.

Harry e Mione não piscavam.

— Deixou os estudantes lá?

— Fui obrigado. Minhas ordens são explícitas Sr. Potter. Assim que acontecesse algo estranho eu deveria voltar imediatamente, para que as devidas providências fossem tomadas.

— E alguém já tomou providência? – Harry perguntou quase pulando em cima da mesa e puxando o homem pelo colarinho. – Eu ainda não consegui entender o que isso tem a ver com Virginia Weasley.

O homem deu um pequeno sorriso cínico.

— Absolutamente tudo Sr. Potter. Ela está no Egito.







Harry e Hermione olharam atônitos para o homem. “Ela está no Egito? Mas ela não pode estar no Egito. Ela não falou nada sobre ir para o Egito. Egito, Egito...” As palavras ressoavam na cabeça de Harry Potter como se fosse um eco eterno acompanhado de um chute na boca do estômago.

— E o que a IBM está fazendo para solucionar esse problema? – Hermione perguntou.

— Nossas ordens são secretas, Srta. Granger.

— Olha aqui, Sr. Williams, - Harry falou nervoso – A menina que eu amo está em perigo extremo. Isso você me adiantou. E o que estão fazendo para salva-la você não pode dizer? Que tipo de agente é você?

— Agente especial. – O homem respondeu na mais completa calma. – Nós vamos levá-la em segurança para casa. – Ele consultou o relógio e disse satisfeito – A essa altura nossos agentes de procura já devem estar em ação. Logo ela estará em casa, sã e salva.

— Sr. Williams – Mione disse tímida – Então não entendi porque nos disse que Virgínia Weasley está em perigo. Se os outros agentes já estão em ação...

— Estou colocando vocês a par de tudo porque procuraram Fudge. Entendam, meninos. A última coisa que queremos é gerar o pânico entre a população bruxa. Ninguém merece mais passar por situação difícil, concordam? – Os dois assentiram com a cabeça e ele abriu um largo sorriso. – Não se preocupem, tudo vai terminar bem.





Harry e Hermione saíram do café e voltaram pelo caminho que tinham feito até o beco diagonal sem dizerem uma palavra.

— Harry... – ela disse segurando seu ombro – Te conheço há longos anos. O que você está pensando?

— Tem alguma coisa que não se encaixa, Mione. Primeiro: Por que ela não contou a ninguém que estava no Egito? Segundo: Que perigo pode ser esse? Terceiro: Por que não precisamos nos preocupar?

— Suas preocupação tem fundamento, Harry. Mas se o Sr. Williams disse que tudo ficará bem não precisamos nos preocupar.

— Eu não vou ficar tranqüilo enquanto não der um abraço na Gina.

— Podemos fazer isso no final de semana. Precisamos voltar para o nosso curso.

— Não acredito que você está mais preocupada com o curso do que com a sua amiga.

— Mas Harry, você ouviu o que o agente disse!

— E por um acaso você já ouviu falar em conspiração?









Harry e Hermione aparataram na Toca. Rony quase morreu de alegria quando viu a namorada na sua frente. Deu-lhe um longo abraço e vários beijos. Em seguida, abraçou Harry.

— Vocês já sabem o que aconteceu? – Rony perguntou animado. – Gina foi para o Egito! Foi escolhida para acompanhar a turma do último ciclo.

— É exatamente por isso que estamos aqui, Rony. – Harry falou calculando as palavras – Soubemos que sua irmã está no Egito... E parece que em perigo. Os seus pais estão aqui?

— Não, eles foram até a faculdade de Bruxelas buscá-la. Parece que o professor que os acompanhava surtou, alguns alunos se perderam enquanto estudavam a pirâmide. Mas todos foram resgatados e voltaram para a faculdade.

Harry e Mione respiraram aliviados. O agente estava certo.

— Vocês sabiam que ela ia para o Egito? – Mione perguntou.

— Na verdade, não. Mamãe recebia várias cartas da Gina, mas ela nunca mencionou que estava no Egito.

— Isso não soa muito estranho para você? – Harry perguntou desconfiado.

— Todas as irmãs do mundo são estranhas. – Rony disse dando os ombros e beijando Hermione carinhosamente no rosto. – E daqui a pouco ela vai chegar, assim você poderá fazer todas as perguntas que quiser.







Quando labaredas verdes surgiram na lareira de’A Toca, a Sra. Weasley foi a primeira a passar. Logo em seguida apareceu o Sr. Weasley segurando uma pequena mala e, por último, Virgínia Weasley. Harry quase desmaiou de alívio, mas foi impedido por ela, que lhe deu um abraço apertado.

— Harry Potter! Harry Potter!! – Ela disse feliz, apertando cada vez mais o abraço – Você não sabe o quanto eu esperei por isso!!

Harry a abraçou de volta e a beijou levemente nos lábios. Aos poucos a soltou para que ela pudesse cumprimentar Rony e Mione, mas ela não fez menção nenhuma de soltá-lo. Foi preciso que os dois se aproximassem.

— Ow, não vai me dar um abraço não? – Rony perguntou estendendo os braços. Muito a contra gosto ela soltou Harry e abraçou levemente o irmão. – Só isso? Nossa, isso que eu chamo de amor de irmãos.

Em seguida, Gina abraçou Hermione sem dizer uma palavra e voltou para os braços de Harry. Molly e Arthur pareciam satisfeitos de ter a filha de volta ao lar. Ele logo foi pegar cerveja amanteigada para todos, enquanto Molly foi preparar o jantar. Os outros se sentaram no sofá da sala.

— E então Gina, conte-nos sobre o Egito. – Hermione disse.

— Foi muito bom. – Ela respondeu sem tirar os olhos de Harry. – Quero dizer, foi proveitoso, aprendemos bastante.

— Ficamos sabendo que seu professor teve um surto. – Rony disse, tentando puxar assunto.

— O Jack é um professor muito dedicado, ele não surtou. Apenas quis que os estudantes tivessem uma experiência diferente.

— Solta-los na pirâmide não parece uma boa experiência. – Harry falou – Quero dizer, alguém podia ter morrido.

— Mas isso não aconteceu, certo? – Ela respondeu, ainda sem tirar os olhos dele.

— Depende – Harry falou – Todos voltaram para casa?

— Sim. Todos que foram voltaram para casa. As aulas de pós-graduação ficarão suspensas por uma semana. Não sei por que tanto estardalhaço por uma coisa tão pequena. Mas a administração da faculdade quer averiguar o caso.

— Parece que você se divertiu muito enquanto esteve lá. – Rony falou num tom sarcástico.

— Mas eu tenho certeza que vou me divertir muito mais aqui.



Arthur entrou trazendo alguns copos e uma jarra de cerveja amanteigada. Serviu todos e se sentou no sofá.

— O que a faculdade falou sobre o incidente, Sr. Weasey? – Hermione perguntou.

— Lamentaram muito e disseram que vão averiguar o caso.

— E o professor?

— Ninguém sabe onde ele está. – Ele deu os ombros – Mas isso não importa mais. O que importa agora são as explicações que a mocinha – ele disse dando um cutucão no ombro de Gina – nos deve. Como assim vai para o Egito e não diz nada Virgínia?

— Ah... pai. A mamãe não queria nem que eu fosse estudar fora. Imagina então ir para o Egito. Fiquei com medo de que ela fizesse alguma coisa para me impedir.

— Minha filha... – A voz dele transbordava amor – Eu e sua mãe nunca faríamos nada para te impedir de aprender alguma coisa que fosse proveitosa para a sua vida.

— Me desculpem. – Ela disse seca.



Os cinco ficaram conversando por mais alguns minutos até que a Sra. Weasley pediu ajuda às meninas para colocar a mesa. Muito a contra-gosto Gina se levantou e seguiu Hermione até a cozinha. Harry se levantou e sentou perto de Rony.

— Você sentiu alguma coisa esquisita no ar? – Perguntou entre os dentes. Rony respirou fundo e fez sinal negativo com a cabeça – Não é disso que eu to falando! – Harry disse nervoso. – Sua irmã. Há algo estranho nela.

— Eu não reparei nada não, Harry.

— Ela não me soltou um segundo! – Harry disse nervoso.

— É porque ela te ama, seu bobo! – Ele riu e imitou voz de mulher - Ah Harry, eu te amo!

— Não, Rony. Harry ignorou o comentário – Há algo muito estranho nela. Nas atitudes, na forma de falar.

— O jantar está na mesa! – A Sra. Weasley gritou, colocando a última travessa de comida na mesa.



Todos se levantaram do sofá e jantaram. Gina estava praticamente babando de adoração por Harry. E a cada suspiro dela o incomodava mais. Depois do jantar todos se levantaram. Hermione e Harry começaram a se despedir, pois precisavam voltar para a Floresta Uivante. Gina o abraçou apertado.

— Por favor Harry, não vá!

— Nós precisamos ir Gina. – Ele disse delicadamente.

— Mas não eram apenas dez dias?? Já era para vocês terem voltado.

— Era. O treinamento acabou, agora estamos fazendo pesquisas. – Ele respondeu apertando a mão do Sr. Weasley. – Não sei quando voltaremos definitivamente.

Ela soltou um muxoxo. Deu mais um abraço apertado nele e o beijou. Os dois se despediram de todos e aparataram.





Quando Mione e Harry chegaram no alojamento da Floresta Uivante ela estava com as sobrancelhas arqueadas.

— Por que disse que não sabe quando voltaremos?

— Porque tem algo muito estranho acontecendo com a Gina. Será que ninguém reparou, só eu?

— Na verdade, eu reparei que ela se comportou de uma forma esquisita. Principalmente com você. Todos aqueles abraços... E na hora do jantar então? Ela estava praticamente babando por você.

— É exatamente disso que estou falando. Mione – ele disse pausadamente – Quando a Gina foi para a escola de Bruxelas, ela estava magoada comigo. Tanto que não recebi nem uma carta dela. Essa atitude dela, de me “adorar” dessa forma, está suspeita demais!

— Vai ver é só saudades, Harry.

— Não acredito nisso. – Ele fez sinal para que ela o seguisse até o seu quarto. Colocou uma blusa de frio e tirou outro casaco do armário. Ela o olhou com espanto.

— Para onde você vai?

— Buscar Virgínia Weasley.

— Na casa dela?

— Não. Onde ela estiver. Tanto quanto dois e dois são quatro, aquela menina não é Virgínia Weasley. Não a nossa Virgínia.





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