A ESFINGE




Ao contrário do que Gina pensava, a pirâmide não parecia tão assustadora como da última vez. Draco caminhava a seu lado temeroso, varinha empunhada, coração disparado, olhar vigilante. Depois de passarem por algumas câmaras que não ofereceram perigo algum Gina parou e o olhou.
— É tão simples e eu sempre me esqueço. – Ela disse nervosamente. Pegou a varinha no bolso da calça jeans e colocou na palma da mão.
— Acho que já tentamos isso. – Draco disse colocando sua mão sobre a varinha. – Mas dessa vez vai dar certo. – Em seguida ele apontou a própria varinha para a mão espalmada de Gina e murmurou palavras em egípcio. Um fio vermelho saiu da varinha do rapaz e cobriu a varinha da garota, que começou a brilhar. Em seguida ele explicou. – É um feitiço de proteção e orientação. Dessa forma sua varinha não vai se confundir.
— Obrigada, Draco. – Ela disse o olhando nos olhos e sorrindo satisfeita. Concentrou todos os seus pensamentos em um único lugar: a entrada da esfinge. Em seguida murmurou. - Me oriente!

A varinha brilhou ainda mais na mão da garota e começou a rodar furiosamente. De repente começou a parar e apontou para três lugares diferentes: uma parede a noroeste, para trás e para a esquerda.
— Parece que existe mais de uma passagem. – Draco murmurou.
— Ou mais de um caminho. – Gina respondeu satisfeita. – O que significa que temos mais chances. – Ela guardou a varinha no bolso do jeans e segurou a mão do rapaz. – Fique perto de mim. Nós vamos pela esquerda.


Depois de mais de meia hora de caminhada e várias consultas a varinha os dois se encostaram na parede de uma câmara ricamente detalhada.
— Tem alguma coisa estranha. – Gina disse olhando ao redor.
— Eu sei, parece que estamos andando em círculos. – Draco respondeu sentando no chão. – Acho que meu feitiço não foi forte o bastante.
— Não é isso. Meu coração diz que estamos na direção certa. – Ela sentiu um calafrio e esfregou as mãos para se esquentar – Está muito... fácil.
— Como assim? – Ele perguntou a encarando.
— Lembra-se da primeira vez? Dementadores, ratos, escaravelhos, câmaras mudando de lugar... E até agora nada! O silêncio na pirâmide está me enlouquecendo.
— Pois eu prefiro mil vezes esse silêncio enlouquecedor do que aqueles monstros correndo atrás da gente.
— Tem alguma coisa errada. – Ela disse sacudindo a cabeça – Está fácil demais. É como se tudo tivesse sido preparado. – Então o olhou desconfiada – É outra armadilha, não é?

Draco respirou fundo três vezes antes de responder. Em seguida reuniu toda a coragem que tinha. Contou que o plano era que ele a levasse novamente a pirâmide para que o sacrifício fosse feito. Mas que ele havia negado terminantemente. E que seu pai o estava ameaçando com um neferti feito com o sangue dela. E que ele estava sendo obrigado a obedecê-lo.
— Draco Malfoy. – Gina o olhou com desprezo. – Eu não sei se apenas te mato ou se te torturo e depois te mato. Como pode estar fazendo isso comigo?
— Estou tentando salvar sua vida. – Ele disse em tom de desculpas.
— É uma maneira muito estranha de salvar alguém. – Ela respondeu cínica.
— Se você ficasse em casa morreria. Se viesse sozinha morreria. Se eu não viesse morreria. – Ele a olhou muito sério. – Eu tinha que vir e tentar ajudá-la.
— E onde está a próxima armadilha? Na próxima curva? Na próxima câmara?
— Eu não sei. – Ele sussurrou. – Podemos morrer nesse segundo como podemos também encontrar a Sala de Registros, achar o livro sobre os estigmas, salvá-la e sairmos ilesos.

Ela ficou em silêncio e teve vontade de fugir. Teve vontade também de se atirar em cima do garoto e o esmurrar furiosamente. Por fim apenas sentou-se no chão e abraçou os joelhos. Draco estava sentado do outro lado da câmara e eles não se falaram por vários minutos.
— Eu vou seguir em frente. – Ela disse postando-se de pé. – Se eu vou morrer de qualquer forma, que seja ao menos tentando. – Ele se levantou também, mas ela o fuzilou com o olhar. – Eu prefiro que você volte para casa.
— Mas... mas... – ele pareceu confuso – Eu não posso. Se voltar para casa...
— Se voltar para casa o que Malfoy? – Ela gritou – Seu pai vai jogar o neferti no chão para que eu morra? Duvido! Eles precisam do meu sangue, não precisam? Ele não faria isso e você sabe!

Um silêncio pesado caiu sobre os dois e ela entrou na primeira porta que encontrou, deixando-o para trás.



Draco Malfoy ficou na câmara durante vários longos minutos avaliando o que poderia fazer a seguir. A alternativa mais atraente era correr atrás de Gina e impedir que ela se jogasse na pirâmide e fosse pega sozinha e indefesa. Mas ele sabia que se fizesse isso nenhum dos dois teria a menor chance. Os Comensais não gostavam de pessoas que cometiam erros, e ele já tinha cometido um. Seu pai não era um homem que perdoava ou esquecia e Draco tinha certeza que Lucio o entregaria a morte caso ele falhasse de novo. Sentiu-se tolo por ter levado Gina até a pirâmide, o exato local onde eles a estavam esperando. Mas não tinha outra alternativa. A diferença entre a aparição do terceiro e do quarto estigma era de pouquíssimas horas. Caso ele tentasse esconde-la ela morreria de qualquer forma.
Nada pode ser pior do que perder alguém que você ama. Pensou consigo mesmo. E não era nenhum crime tentar salvá-la, por mais que ela não acreditasse nisso. Por fim, tomou sua decisão. Lançou o mesmo feitiço que tinha feito na varinha de Gina na sua própria e se concentrou.
— Me oriente! – Ordenou a varinha. Ela deu três voltas e indicou a porta por onde eles tinham entrado na câmara. Ele guardou a varinha no bolso e voltou.



Virginia Weasley entrou na câmara seguinte, e na seguinte, e na seguinte. Pediu que a varinha a orientasse diversas vezes, mas depois de um tempo percebeu que estava andando em círculos. Por fim, resolveu seguir sua intuição. Nesse momento sentiu um leve formigamento na ponta dos dedos das mãos e os olhou. Estavam começando a arroxear. Ela não sabia se era por causa do frio, por isso apertou o casaco de encontro ao corpo. Mas sentiu medo, será que era o início do novo estigma? Quando chegou ao fim de uma câmara sem saída olhou para os lados, cansada e com medo. Separar-se de Draco lhe pareceu a coisa mais sensata no momento – ele podia estar levando-a direto para a morte -, mas de repente pareceu a coisa mais idiota do mundo. Ele tinha sido sincero contando tudo o que sabia. Agora era tarde demais, ela estava distante da câmara onde tinham se separado e voltar significaria perder um tempo valioso que precisava para salvar sua própria vida. Ela estava andando há mais de 2 horas. Foi quando olhou ao redor da câmara com mais cuidado. Não tinha outra porta, apenas aquela que usou para entrar.
— Tem que haver um meio...

E dizendo isso começou a bater levemente em toda a extensão da parede que estava a sua frente. Em uma das batidas percebeu que o som foi diferente. A parede parecia oca. Encostou o ouvido no local e ouviu o barulho de água. Ficou intrigada. Água dentro de uma pirâmide? E o mais estranho: Água corrente? Afastou-se um pouco da parede mirando exatamente o lugar e puxou a varinha do bolso da calça.
— Aparecium! - O feitiço bateu na parede e não provocou efeito nenhum. – Isso só pode ser uma passagem, senão não seria oca. – Murmurou para si mesma. E então lembrou-se de Fred e Jorge falando sobre um feitiço para abrir passagens secretas. Eles o usavam para sair de Hogwarts escondidos. – Dissendium!

Uma luz azul saiu da sua varinha e bateu na parede, formando uma porta secreta, invisível aos olhos. Gina sorriu satisfeita e caminhou até a porta. Sem se preocupar com os perigos que ela poderia esconder, entrou.



Draco andou pela pirâmide num zigue-zague louco e um pouco sem sentido. Ele sabia para onde estava indo, por isso não parou nem uma vez para pensar que caminho tomar. Depois de um tempo de caminhada chegou em uma câmara que continha uma porta ricamente trabalhada. Escancarou a porta e olhou ao redor.
— Ela está aqui.



Gina entrou na escuridão do imenso vão sem nem ao menos ver aonde pisava. Lumos! sussurrou, e a ponta da varinha acendeu. Foi então que pode olhar onde estava e se arrependeu no mesmo instante. Ela estava de pé em um pequeno pedaço de pedra. Uma longa escada de madeira a levava para a outra extremidade do vão e um pequeno rio corria há muitos metros abaixo dela. Não dava para ver nada direito, nem o fim da ponte nem o quanto longe o rio estava, e isso tornava a situação ainda mais desesperadora.
Respirou fundo três ou quatro vezes avaliando suas alternativas. Foi quando encostou a mão onde outrora foi uma porta a viu que já tinha se fechado. Tentou o feitiço novamente, mas ele não surtiu nenhum efeito. Suas alternativas haviam acabado. Ela só poderia seguir em frente. Colocou um pé na ponte e sentiu o quanto era perigosa. Devia estar ali há séculos e, por mais que a madeira fosse de boa qualidade, tinham também as cordas. Com certeza estariam todas podres.
— Não tenho escolha – Disse para si mesma, tentando tomar coragem. – É ir em frente, pular no rio ou esperar para morrer.

Colocou a varinha no bolso do jeans, o outro pé na ponte e segurou as cordas que serviam como corrimão. Nesse momento lembrou-se de sua mãe. Por ser a única filha no meio de tantos homens ela tentou durante alguns anos transformá-la em uma lady. Quando ela tinha cinco anos sua mãe disse: “Uma menina de família deve andar tão leve quanto voa uma borboleta e sua voz nunca pode ser mais alta que o leve sussurro do vento em uma tarde de verão.” E tentava ensinar Gina a andar com leveza e graciosidade. Até o dia que a menina chegou enlameada da cabeça aos pés e sem dois dentes por receber um balaço no rosto quando jogava quadribol com os irmãos. Nesse dia Molly acabou desistindo e nunca mais tocou no assunto ou tentou lhe ensinar.

Gina nunca tinha se arrependido disso, até agora.



Liz alisava o cabo da faca dourada com brilhantes e esmeraldas de forma quase doentia. Olhou para o corpo do faraó e sorriu.
— Ela está chegando, meu amor. Em breve você poderá acordar.



A medida que seus olhos ficaram acostumados com a escuridão Gina conseguiu visualizar até onde a ponte ia e onde seria mais sensato pisar. Ela tinha preferido guardar a varinha e segurar as cordas dos dois lados. Vez ou outra pisava em falso, mas rapidamente recobrava o equilíbrio e continuava sua caminhada. A ponte era muito maior do que imaginava e logo ficou cansada. Seu coração batia descontroladamente e o que tinha começado com um formigamento na ponta dos dedos agora era um torpor nas mãos. Ela tentou ignorar e continuou seu caminho, até que de repente surgiu uma luz no seu destino. Alguém tinha aberto uma porta, que clareou os metros finais da ponte. Seu coração bateu ainda mais rápido e ela prendeu a respiração. Se a porta foi aberta é porque tinha alguém ali. E o fato de estar no meio de uma ponte, sem ter para onde correr, fez com que ficasse totalmente vulnerável.
— Olá! – A voz gritou para a escuridão – Tem alguém aí?

Ela preferiu ficar em silêncio, pois o eco a impediu de reconhecer a voz. Era arriscado demais dizer qualquer coisa. A pessoa do outro lado da ponte gritou outra vez e esperou alguns minutos. Ela continuou seu caminho lentamente, evitando fazer com que a ponte balançasse além do normal. Queria chegar um pouco mais perto para ver quem estava ali. Mas não deu tempo. Assim que se aproximou da claridade a pessoa virou as costas e ia fechar a porta. No desespero ela gritou.
— Não feche, por favor! – E começou a correr pela ponte. Estava a pouquíssimos metros do destino. – Espere!

Nesse momento a tábua onde ela pisava arrebentou. Ela segurou na corda, que não suportou o peso e arrebentou também. Segurando com toda a sua força, viu-se cair vários metros até ser arremessada contra a parede, como se fosse um pêndulo. Colocou o pé para amenizar o impacto, e ouviu os ossos dos tornozelos racharem.
— Eu vou te puxar! – A voz gritou lá de cima – Mas primeiro eu preciso cortar a outra corda da ponte, para essa ficar livre. Cuidado aí embaixo.

Segundos depois Gina sentiu a ponte inteira passar a centímetros de onde estava. Começou a ser puxada para cima, e enquanto subia só conseguia pensar na dor das mãos e dos tornozelos, lutando para não desmaiar.
— Olá desconhecida! – Ele falou puxando-a pelas axilas para fora do vão.

Ela nem ao menos conseguiu olhar para o rosto do seu salvador antes de desmaiar.



— Enervate!

Gina abriu os olhos vermelhos e olhou a sua volta.
— Estava preocupado com você.
— Você sempre aparece nos momentos mais estranhos.
— Eu sempre apareço nos momentos que você precisa de mim. – Ele riu e apontou a varinha para os tornozelos da garota. – Férula - As ataduras contornaram todo o tornozelo da garota enquanto ele se sentava bem próximo. – Não estão quebrados nem torcidos. Apenas receberam um choque muito grande. Essas ataduras vão deixá-los firmes, você conseguirá andar normalmente.
— Obrigada, Draco. Mais uma vez.
— Você ainda acha que quero matá-la?
— Eu não sei o que pensar. – Ela olhou para as mãos – Sei que meu tempo está se acabando.
— Estamos bem perto. – Ele disse – Eu nunca estive nessa parte da pirâmide, nem nunca a vi desenhada em nenhum livro. O rio, a ponte, essa câmara. Venha – Ele disse estendendo a mão – Estamos aqui dentro há horas e precisamos encontrar logo essa sala.

Ela se levantou com a ajuda do garoto e sentiu uma leve dormência nos pés. Era absolutamente suportável, mas como ele não soltou sua mão ela aceitou o apoio de bom grado. Draco atravessou a câmara e dobrou a esquerda. O aposento tinha quatro diamantes imensos cravados nas quatro paredes. Draco sorriu satisfeito.
— Estamos no caminho certo. Para chegar à Sala dos Registros temos que encontrar as pistas e essa é uma delas, sem sombra de dúvida.
— Como pode ter tanta certeza disso? – Ela perguntou apertando sua mão.
— Os egípcios acreditavam que o saber trazia a iluminação. Nada brilha mais do que um diamante lapidado. Era dessa forma que eles representavam a informação, a sabedoria e a inteligência.
— E para onde vamos agora?
— Calma mocinha. – Ele a olhou – Eu não tenho nenhum diamante cravado na testa, o que significa que eu não sou sinônimo de informação, sabedoria ou inteligência. Estou juntando as partes do quebra-cabeças o mais rápido possível para ajudá-la.

Dizendo isso soltou sua mão e andou até os diamantes, analisando-os um a um. Eram todos idênticos, o que era impossível. Todo o mundo sabia que não existem diamantes iguais. Ele estendeu a mão e o tocou. Estava frio e empoeirado. Desceu os dedos até a escrita embaixo do diamante. Estava entalhada na pedra, mas ele não conseguiu sentir as aberturas.
A sabedoria exige sacrifícios. - Murmurou baixinho traduzindo o escrito. - Gina – ele disse – Vá até aquele diamante a sua esquerda e toque nos escritos embaixo dele. – Dizendo isso correu até o próximo diamante e fez o mesmo.
— Não consigo sentir. As palavras estão entalhadas, mas não consigo sentir as aberturas dos desenhos. – Em seguida ela correu até o último diamante e colocou a mão nos escritos. – Ela o olhou satisfeita. – Nesse daqui eu consigo sentir os desenhos.
— É porque na verdade só esse existe. – Draco riu, como se fosse a coisa mais engraçada do mundo. – É um jogo de espelhos. – Explicou. – Apenas esse existe de verdade, os outros não passam de reflexos conjurados. – Ele olhou para o escrito. – A sabedoria exige sacrifícios... A sabedoria exige sacrifícios.... Que tipo de sacrifícios são esses?
— Depende muito do referencial. – Gina falou um pouco exaltada. – Um pouco de sangue saia por debaixo das suas unhas. – Só preciso que a gente descubra logo.

Draco ficou parado olhando fixamente para o diamante.
— Draco, o diamante não vai te responder que sacrifício tem que ser feito.
— Eu sei. – Ele respondeu mal-humorado. – Estou tentando lembrar que tipo de sacrifício os egípcios faziam.
— Olha Draco, eu não sei. – Ela disse colocando a mão espalmada no centro do diamante. – Eu só sei que se não andarmos rápido de nada vai adiantar toda essa aventura e...

Não deu pra terminar a frase. Assim que o sangue das unhas da garota entrou em contato com o diamante a câmara começou a rodar violentamente até parar. Então, a parede onde ele estava se moveu e revelou um corredor longo e escuro.
— Sangue humano – Draco falou em tom óbvio – Como pude me esquecer disso?
— Vamos logo – Ela disse puxando-o violentamente – Não temos tempo para piada.



Eles andaram pelo corredor escuro temerosos, até que viram pedras brilhantes bem ao fundo, formando uma imensa e gloriosa porta. Correram pelo corredor aos tropeços, até que pararam, bestificados.

Uma criatura gloriosa guardava a porta. Tinha o corpo de um enorme leão; grandes patas com garras e um longo rabo amarelado que terminava em um tufo de pêlos castanhos. A cabeça, porém, era de mulher. Ela virou os olhos esverdeados para Gina quando ela se aproximou. Draco entrou na sua frente para protegê-la da criatura, mas a esfinge apenas sorriu. Sentou-se nas patas traseiras e falou com uma vez melodiosa.
— Vocês estão muito próximos do destino que os aguarda. E o único caminho é passando por mim. – Ela os olhou e ficou muito séria – Sou uma gata que não gosta de água fria: decifra-me ou devoro-te.

Os dois garotos a olharam pasmos. Era tentar ou morrer ou correr e morrer.
— Como podemos lhe decifrar? – Draco perguntou num fio de voz, ainda com o corpo de Gina atrás do seu.

A esfinge se levantou e andou de um lado para o outro da trilha, mostrando assim que qualquer tentativa de passar correndo seria impossível.
— O enigma é muito simples. – Ela sorriu apenas com os olhos e recitou:

Sou aquele que protege. O imortal capaz de trocar e tirar a vida de qualquer criatura na face da Terra desde os tempos remotos. Todos me conhecem. Quem sou eu?

Draco e Gina se entreolharam. A resposta era óbvia: Deus. Gina abriu a boca para falar, mas Draco a deteve. Olhou para a esfinge.
— Poderia repetir por favor? – A esfinge repetiu o enigma, sentando-se novamente nas patas traseiras. Draco a olhou temeroso. – Quantas chances nós temos?
— Apenas uma. – Ela respondeu divertida. – Se errarem, eu os devoro.
— Pode nos dar licença um momentinho? – Draco perguntou arrastando Gina de volta para o corredor escuro.

Assim que estavam a poucos metros da esfinge ela sussurrou.
— O que está fazendo? –Perguntou nervosa. – A resposta é óbvia demais!
— Não é não! – Ele respondeu. – Lembre-se que no Egito Antigo não existia um Deus, ela foi construída exatamente 2.550 anos antes de Cristo. O nosso Deus, para eles, não existiu. Isso é uma pegadinha, caso não tenha reparado.
— E agora, o que vamos fazer?
— Eu não sei! – Ele respondeu aflito. – Osíris é o soberano do reino dos mortos, mas apenas os egípcios o cultuavam. Ela foi muito clara: Todos o conhecem desde os tempos remotos, o que significa que esse imortal é conhecido até hoje. Mas não faz sentido!! E além disso, ele é quem protege. Como alguém pode proteger e ao mesmo tempo matar?

A esfinge começou a andar de um lado para o outro, inquieta. Draco reparou e arrastou Gina de volta para perto da porta.
— Você poderia repetir o enigma mais uma vez por favor?
Sou aquele que protege. O imortal capaz de trocar e tirar a vida de qualquer criatura na face da Terra desde os tempos remotos. Todos me conhecem. Quem sou eu?
— Aquele que protege... – Gina repetiu em voz baixa – Pode ser um guarda, um guerreiro, um guardião...
— Imortal que pode trocar e tirar a vida e é conhecido até hoje... – Draco recitou baixinho várias vezes.

Então, de repente, Gina saiu de trás dele, chegou bem perto da esfinge e a olhou nos olhos.
— Guardião dos Mortos.

Draco fechou os olhos e escondeu o rosto com as mãos, apenas esperando o ataque fatal que o levaria ao encontro com esse tal imortal. Mas isso não aconteceu e ele sentiu-se ridículo ao reparar que Gina e a esfinge o olhavam. Os diamantes tinham parado de brilhar e soltaram raios de luz que se cruzaram, formando uma porta.
— Vocês podem passar. – Ela o olhou extremamente divertida – Decifraram o enigma, o que me impede de lhes atacar. – Dizendo isso saiu da frente da porta, oferecendo-lhes passagem.
— Muito obrigada! – Gina disse fazendo uma leve reverência ao passar ao lado da esfinge.

Assim que os dois atravessaram a porta ela se fechou novamente e os diamantes voltaram a brilhar. A esfinge se transformou em uma bela mulher com os mesmos olhos esverdeados que correu pelo corredor escuro.






Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.