O OUTRO LADO



O OUTRO LADO

Harry sentiu um forte aperto no peito. Na verdade, vinha sentindo um certo desconforto há alguns dias, mas não tinha dado importância. Sentou em uma larga poltrona e olhou para o fogo na lareira. Foi então que Edwiges chegou e bicou-lhe levemente o dedo, mostrando que estava ali.
— Edwiges... – ele disse passando a mão na cabeça da coruja – trouxe uma resposta da Gina para mim? – Perguntou olhando para a pata do animal. O pergaminho que ele tinha mandado estava ali.
— Obrigado Edwiges. Vou procurar saber o que está acontecendo.



A Sra. Weasley quase caiu da cadeira da sala quando Harry aparatou do seu lado. Ela se levantou e o abraçou carinhosamente.
— Harry, querido!! Pensei que ainda estava em treinamento.
— Eu estava. Quero dizer, estou. Sra. Weasley, a Gina tem mandado muitas cartas para a senhora?
— Algumas querido. Ela responde todas que nós mandamos.
— Edwiges voltou com todas que eu mandei. – ele disse triste – Ela está com raiva de mim?
— Ah Harry... – ela o abraçou – Acredito que não. Na última carta ela disse que estava estudando muito e tinha pouco tempo livre. Vai ver Edwiges não a tenha encontrado no quarto e voltou – ela sorriu bondosamente e disse orgulhosa – Rony treinou Pichí a desamarrar o pergaminho da própria pata. Acredito que ela só veja as cartas quando volta das aulas.
— Ah... deve ser isso então. Porque eu não fiz nada que pudesse deixá-la brava comigo.
— Se quiser pode usar Pichí para mandar um alô. Ela sempre responde por uma coruja de igreja no máximo dois dias depois.
— E o que ela está achando da escola?
— Ela disse que está gostando muito. Parece estar muitíssimo satisfeita.
— Que bom, fico feliz. – ele olhou para os lados – Os meninos estão aqui?
— Ó não querido, eles estão trabalhando. Voltam muito tarde da loja.
— Então acho que vou indo Sra. Weasley. Sabe como é esses treinamentos, não podemos sair.
— Claro querido, eu entendo perfeitamente. – ela chegou perto da janela, soltou um leve assobio e Pichí voou até o seu braço – Leve-a. Escreva uma carta para Gina, ela ficará muito feliz.
— Obrigado Sra. Weasley. Não conte a ninguém que estive aqui, sabe como é, - ele baixou o tom de voz - é contra o regulamento.
— Pode ficar tranqüilo querido. – ela sorriu bondosamente – E não se preocupe com Gina, ela está muito bem.

Harry sorriu, segurou Pichí com as duas mãos, e aparatou.

Minha linda,
Estou com tanta saudade que meu peito chega a doer. As vezes sinto vontade de largar tudo e voltar para os seus braços. Mas isso não é possível, você está longe e magoada comigo. Espero que me perdoe, do fundo do coração. Eu te amo muito, e isso nunca vai mudar.
Beijos
Harry


Ela leu a carta três vezes seguidas, sem conseguir acreditar. Abraçou o pergaminho e sorriu, de forma quase doentia. Olhou para a carta novamente e leu em voz alta Minha linda e Eu te amo . Era tudo que ela queria ouvir do querido Harry Potter. Se alguma coisa desse errado, ao menos ela morreria feliz.




Gina acordou com Draco deitado em seu ombro. Ele estava com olheiras fundas, assim como ela. Não sabia dizer há quanto tempo não comia ou bebia um pouco de água. Foi então que lembrou de ter lido em um livro que o corpo humano podia ficar até três dias sem água, depois disso desidrataria. Ela respirou fundo e Draco mexeu a cabeça. Abriu os olhos devagar, olhou para Gina, e sorriu.
— As vezes tenho a esperança de abrir os olhos e acordar em casa – ele disse bocejando.
— Nós vamos sair daqui. – Ela disse colocando uma mão sobre a dele – Vamos conseguir, sei que vamos.

Ela estava confiante. Seus olhos claros mostravam que Virgínia Weasley estava decidida a sair dali. Draco a olhou atentamente e sentiu seu coração dar um nó. Ela era tão frágil, delicada, corajosa e... histérica.
— Draco! Draco! – Ela gritou ficando de pé e apontando para o outro lado da câmara – eu vi alguma coisa estranha!
— Calma Gina. – ele disse segurando a mão dela, pôde ver que o corte estava começando a infeccionar – Nossa, ficou frio de repente! – ele esfregou as mãos nos braços da garota, esquentando-a.
— Draco – ela disse com o olhar fixo – dementadores.



Harry recebeu uma coruja poucas horas depois de mandar Pichí. Uma coruja escura bateu no vidro do seu quarto e ele pegou o pergaminho enrolado na pata do animal. Ficou feliz ao reconhecer a letra de Gina. Sentou na poltrona, desenrolou o pergaminho e leu as primeiras linhas. Ficou com as sobrancelhas erguidas até terminá-la. Olhou para os lados um tanto quanto perplexo e leu a carta mais uma vez.

Levantou da poltrona, andou apressado até o fim do corredor e bateu na porta diversas vezes.

Hermione Granger apareceu do outro lado, com cara de sono. Ela ergueu as sobrancelhas e antes que pudesse dizer qualquer coisa, Harry falou:
— Venha. Gina está em perigo.



Gina e Draco se encolheram no canto da sala. A cada segundo o ambiente ficava mais frio e eles se sentiam infelizes. Três dementadores os cercaram.
— O que vamos fazer? – Gina perguntou desesperada.

Draco estava um pouco fraco, mas conseguiu se levantar. Segurou a varinha com força, olhou para Gina e gritou:
— Expecto patronum! – um fiapo de névoa saiu da varinha dele, o que não impediu que os dementadores avançassem. Ele olhou para Gina e sorriu – Eu estou um pouco sem prática. – Expecto patronum! - uma águia real, com cerca de dois metros de envergadura saiu da ponta da sua varinha, mas sumiu logo em seguida. Ele olhou para a ponta da varinha e sussurrou – Eu realmente estou sem prática.
— Draco... – Gina começou e ele a olhou – Corre!!!!!!

Os dois atravessaram a câmara driblando um dos dementadores, mas puderam perceber que os monstros estavam realmente dispostos a pegá-los. Entraram na primeira câmara escura que encontraram. Draco olhou para trás e viu que os dementadores estavam em seus calcanhares. Olhou para Gina, beijou-a apaixonadamente e sentiu uma imensa alegria. Segurou firme a varinha e gritou.
— Expecto patronum!!!

A águia real saiu da ponta da varinha e voou até os dementadores, acabando com todos eles e sumindo logo em seguida. Draco abriu os braços e Gina o abraçou, aliviada.
— Draco, eu não estou entendendo o que está acontecendo nessa pirâmide.
— E eu então? As criaturas mais terríveis do nosso mundo estão nesse lugar, concentrados em diversas câmaras.
— Será que vamos morrer?
— Não! De forma alguma! Eu prometi que vamos sair daqui e estou disposto a conseguir isso. – ele afagou os cabelos da garota - Mas eu não estou entendendo. Como esses monstros conseguem viver aqui por tanto tempo? Será que alguém os trouxe para cá propositalmente? E o que nós vimos nas câmaras, Seth ser julgado, levado ao inferno...
— Draco! É isso! Lembra que vimos algumas mochilas jogadas em uma dessas salas e achamos que os estudantes estavam perdidos? – Ela o olhou séria – Quando nos perdemos eu encontrei o Andrew, um homem-morcego. Ele me disse que o tinham colocado nessa pirâmide há muito tempo, mas que ele não era daquele jeito. Transformaram ele naquilo. E se todas essas criaturas, todos esses monstros serem estudantes que vieram para essa pirâmide e, assim como eu, serviram de...
— Gina, isso que você está falando não tem sentido! – Draco a cortou. – Não tem o menor sentido. Você acha que O Profeta Diário deixaria uma matéria dessas passar em branco? Todo ano um grupo de estudantes vêm estudar na pirâmide e um aluno não volta? O Ministério da Magia já teria investigado.
— Eu ainda não consegui pensar nessa parte. Mas pensa, faz muito sentido. Myers me falou que há dez anos os sacrifícios acontecem. Há dez anos ele traz os estudantes até essa pirâmide, escolhe um, tira seu sangue e o transforma em um monstro, para que ele guarde as câmaras. Por Merlim, é óbvio demais!
— Tudo bem Gina, você pode estar certa. Mas se ele transforma os estudantes em monstros, por que não fez o mesmo conosco?
— Acho que é isso que ele está tentando fazer, não acha?
— Acho que ele está tentando nos matar.
— Ou isso. Vai ver já tem criaturas suficientes assombrando esse lugar. Nunca se sabe.

Draco deu os ombros. O que ela falou fazia sentido, mas não adiantava nada. O que ele não conseguia entender era como ninguém estava procurando por eles. Ele estendeu a mão e segurou a de Gina, entrelaçando as duas.
— Vamos procurar uma saída. Eu não agüento mais ficar trancafiado nesse lugar.
— Eu também não.



Harry e Hermione estavam na luxuosa sala de Cornélio Fudge, que os olhava com um pouco de desdém e muita incredulidade.
— Então... – ele pigarreou – o Sr. Potter acredita que a Srta. Weasley está em perigo porque ela escreveu uma carta declarando todo o seu amor?
— Sr. Fudge – Harry começou com um pouco de impaciência na voz – Conheço Virgínia Weasley melhor do que ninguém. Não foi ela quem escreveu aquela carta.
— Desculpe-me Sr. Potter. Eu não posso ser chamado a essa hora da noite para discutir os seus problemas conjugais.
— Mas Sr. Fudge... – Mione tentou, em vão.

Cornélio Fudge se levantou e jogou a capa nos ombros.
— Espero ser convidado para o casamento – ele sorriu – se me dão licença...

O ministro “empurrou” os dois jovens até a porta da sala, fechou-a e atravessou o corredor a passos largos. Não tinha mais ninguém no prédio. Harry e Mione suspiraram e foi então que ouviram alguém sussurrar das sombras.
— Eu posso ajudá-los. O perigo que ela corre é maior do que imaginam.




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