NOVAS OPORTUNIDADES



Gina carregou suas malas até o Salão Central e as deixou junto com as outras. Os alunos do último ciclo conversavam animadamente, mas ela estava excitada demais para prestar atenção em qualquer coisa.
As dezenove horas em ponto todas as travessas encheram-se de comida e todos os estudantes começaram a se fartar com o jantar maravilhoso que os elfos domésticos fizeram. Não demorou muito para os professores Myers e Williams aparecessem e logo se juntaram aos alunos.


— Vejo que estão animados e fico feliz por isso. – Jack falou jovialmente e em seguida lançou um olhar para Gina – E vocês não fazem idéia de como eu fico feliz!


Gina observou o professor Myers e o professor Williams. O primeiro era jovem e deixava transparecer toda sua jovialidade e alegria. O segundo era diferente: sério, conservador, exigente. Um frio percorreu sua espinha no momento em que ele a olhou.

Depois do jantar o professor Myers se levantou.


— Muito bem, agora que todos quase morremos de tanto comer vamos colocar o pé na estrada? – Uma salva de palmas invadiu o salão. Ele olhou para a turma e completou – Eu sabia que vocês iam adorar essa frase!
O professor Williams chamou Gina em um canto e já deu a primeira coordenada.


— Você vai fazer a chamada todos os dias, desde agora. Fique na porta, basta dizer o nome para o pergaminho. – Olhou para a turma e disse com a voz séria. – Muito bem, quero que formem uma fila diante da Srta. Weasley, essa é a mais importante lista de presença. Digam seu nome de forma clara, pois erros não podem ser consertados.

A fila logo se formou diante de Gina, todos loucos para começar a viagem. Tudo que ela precisava fazer era segurar o pergaminho amarelo e olhar para a cara da pessoa. Ela dizia seu nome e pronto.


— Mc'Donnald, Andie. – Uma menina de cabelo preto e olhos escuros disse. Ela olhou para Gina esperando alguma coisa e então seu nome apareceu escrito no pergaminho.


— Ok, pode ir. – Gina falou e a menina foi para fora.


— Lofingui, Kaina.


— Gallaguer, Jeff.


— Phfeifer, Marian.


— Geller, Petter.


— Malfoy, Draco.


— Pode ir, Malfoy, está ok.

Cerca de trinta nomes depois a fila acabou e Gina pôde se juntar ao resto da turma que já esperava do lado de fora do salão. Todos conversavam animadamente e ela logo sentiu a animação tomar conta do seu corpo. Ela se juntou ao professor Myers que ia a frente dos alunos. Eles percorreram os corredores do prédio, atravessaram os jardins e chegaram até o portão de ferro que guardava a faculdade. Todas as malas dos estudantes já estavam ali devidamente empilhadas.


— Muito bem, turma, cheguem todos mais perto. Aqui estão os tickets para a nossa viagem no Noitibus Andante. Quero que cada um pegue o seu... – Todos os estudantes se amontoaram diante dele buscando o seu ticket – e... pronto. Srta. Weasley, aqui está o seu e... professor Williams, aqui está. – Disse entregando em mãos. – Todos estão prontos?

Jack pegou sua varinha e a estendeu para frente. Em poucos segundos um ônibus incrivelmente grande parou na porta da faculdade.


— NOITIBUS ANDANTE! – Gritou a plenos pulmões – Todos a bordo!

Os estudantes formaram uma fila, cada um entregando seu ticket ao motorista e depois se encaminhando para o fundo do ônibus. O bruxo que havia gritado ficou encarregado de guardar todas as malas, coisa que fez com um simples aceno da varinha. Depois que todos se acomodaram Jack foi até o motorista.


— Estamos indo para o Egito, mais precisamente para a Grande Pirâmide de Giza.


— Xá comigo! – O motorista disse pisando no acelerador com toda a sua força.

Todos os estudantes foram atirados para trás, mas isso não incomodou ninguém. Pelo contrário, ficaram ainda mais satisfeitos e começaram a vibrar gritando "viva!" para o motorista.

Gina sentia o corpo cansado, embora sem nenhum vestígio de sono. Ocupou uma das primeiras cadeiras do ônibus e poucos minutos depois o professor Jack estava ao seu lado.


— Como está se sentindo, Srta. Weasley?


— Muito animada, professor. – Ela respondeu sorrindo. – Para o senhor que deve ser chato fazer a mesma coisa todos os anos.

— De forma alguma! Cada vez que vou a Giza descubro uma coisa nova, algo surpreendente e revelador. Esse ano então será o mais importante de toda a história bruxa.


— É mesmo? E por que?


— O que você sabe – ele olhou para os lados e baixou seu tom de voz - sobre a Grande Pirâmide, Srta. Weasley?


— Bom, devo confessar que não sei muita coisa, professor Myers. – Ela disse envergonhada. – O que eu sei é o que todo mundo sabe: que essa pirâmide foi o berço da Magia Negra.


— Seth foi um rei cruel, perverso e invejoso. Você conhece sua história?


— Não, professor. – Ela disse querendo que o chão abrisse sob seus pés para que pudesse se enterrar. – Meus pais... Eles nunca me deixaram estudar essas coisas... E eu não estudei isso em Hogwarts.


— Não tem problema, esse assunto você só vai estudar na faculdade. De qualquer forma, ficarei feliz em lhe contar algumas coisas. – Gina o olhou sorrindo e concentrou toda a sua atenção no que o professor dizia, pois seu tom de voz era extremamente baixo. - Seth governou toda a terra vermelha do Alto Egito. Nestas terras o antílope saltava e, meio a vegetação escassa, cães selvagens percorriam a areia fria sob o clarão da lua. Ali os homens tanto trouxas como bruxos se agrupavam, banhando-se no sangue vermelho da caça; cobriam a cabeça com peles de animais e se escondiam das rajadas de areia. – Ele olhou para Gina e viu que ela fazia cara de nojo. – Ele era uma pessoa muito má, gostava de matar e fez disso um hábito junto com seus subordinados. – Ele a olhou novamente e continuou - Seth casou-se com a sua irmã Neftis, mantendo a tradição iniciada pelos seus antecessores bruxos. Naquela época era comum os bruxos se casarem com irmãos exatamente para manter o puro-sangue. Entretanto, Neftis ficou extremamente infeliz, pois amava seu outro irmão, Osíris. Seth sabia disso, e sua raiva afastava-o cada vez mais da sua esposa, deixando-a sempre sozinha para sair em suas caçadas. Depois de um longo tempo Osíris casou-se com Ísis, para extrema tristeza de Neftis. Todas as noites ela entrava furtivamente no jardim do palácio dos irmãos para ouvir os belos cantos de Ísis. A cada dia que passava, Néftis procurava tornar-se mais parecida com Ísis. Fazia pequenas tranças em seus cabelos perfurmava-os com óleo de Lótus e a pele com cinabre. Ela era uma grande conhecedora de poções e acabou criando uma capaz de fazer com que todos a confundissem com sua irmã. Vestida como Ísis, chegou sozinha ao jardim do palácio onde sentou e chorou por toda a tarde. Foi ali que Osíris a encontrou, triste e bela. Confundindo-a com sua irmã e esposa, Osíris deitou-se com ela, que engravidou.

Gina escutava a história com a boca escancarada.


— Ele engravidou a própria irmã? – Perguntou bestificada.


— Hoje nada disso parece fazer sentindo, Srta. Weasley, mas há séculos os bruxos e os trouxas faziam isso. Foi como eu disse, é para manter a linhagem. Quer que eu continue?


— Ah, por favor professor!


— Ok... Bom, depois que Néftis descobriu-se grávida ficou aterrorizada, pois sabia que Seth mataria os dois se descobrisse. Então, para que ele não desconfiasse, ela se trancou no quarto e impediu que qualquer pessoa a visitasse. Depois de nove meses Néftis deixou o palácio durante a madrugada e seguiu para o deserto, onde deu a luz a um menino. Não pôde, contudo, leva-lo para casa, pois temia que Seth o matasse. Assim, deixou o menino no deserto coberto apenas por um cobertor.

— Por Merlim! Que mulher louca! Como teve coragem de abandonar o próprio filho?

— Ela precisava fazer aquilo. Se o levasse para casa com certeza seriam mortos, deixando-o no deserto poderia existir uma chance. De manhã a criada levou uma bandeja com leite e frutas para Neftis e então notou que a barriga da ama estava mole. Sem pensar duas vezes correu até a casa de Íris e contou o que acreditava ter acontecido. Íris então resolveu ir até o deserto e depois de uma longa busca encontrou o menino, a quem deu o nome de Anúbis. – Jack bocejou e olhou para Gina – Importa-se de continuarmos essa história amanhã? Confesso estar com muito sono.


— Tudo bem professor. – Gina disse relutante, o que ela mais queria era saber como aquela história terminava. – Boa noite.



O professor se levantou e foi se deitar. Quando Gina olhou para trás viu que vários estudantes já tinham feito o mesmo, poucos ainda conversavam entre sussurros. Ela resolveu seguir o exemplo e resolveu ir se deitar. Quando passou por um grupinho de meninas ouviu uma delas chorar baixinho e as outras consolarem.


— Não fica assim, Myrian, ele gosta de você...


— ... só estava com raiva...


— Você voltam, você vai ver.

Então ela reconheceu a garota e viu que era a namorada de Draco. Ou melhor, ex-namorada, pois pelo que ela pôde perceber ele tinha terminado com ela.


— Eu fico impressionada com esses homens... – ela disse para si mesma – Quando encontram alguém bacana chutam dessa forma. Vai entender...
Gina deitou em sua cama no noitibus andante e apagou sua luz particular. Mal podia esperar para chegar no Egito.





— EGITO! – O homem berrou.

Todos os estudantes acordaram sonolentos, os únicos que já estavam de pé e a postos eram os professores Jack e Richard. Gina abriu os olhos e percebeu que estavam parados. A alegria inundou sua alma e ela logo pulou da cama. Correu para a entrada do ônibus e saiu, um sol forte iluminando tudo lá fora. Os professores já estavam descarregando todas as malas e em poucos minutos todos os estudantes já estavam do lado de fora e o noitibus andante sumiu na frente dos seus olhos.


— Muito bem alunos, estamos no Egito. – Ele olhou para trás e todos os alunos também o fizeram. – Na verdade, estamos próximos da pirâmide de Gizé.

A pirâmide era tão alta e majestosa que podia ser vista a quilômetros de distância. Todos – e Gina estava incluída nesse todos – sentiram a boca escancarar diante da beleza do lugar.




— Conforme combinamos na faculdade, hoje temos um dia livre, onde todos vocês poderão descansar ou explorar o lugar. Peço que ninguém visite o interior da pirâmide ainda, pois só amanhã começaremos a exploração. Vocês podem conversar com os nativos da região, podem andar de camelo e outras coisas do tipo. Lembrem-se que existem trouxas aqui na região e em hipótese alguma podem presenciar uma magia.



Gina saiu andando na frente com as malas equilibradas nos ombros. Outros estudantes a seguiram e entraram na modesta casa que ficava a alguns metros de onde todos desembarcaram. Logo que entraram tiveram uma bela surpresa. A sala principal tinha uma bela decoração; sofás grandes, largos e escuros com almofadas gigantes e fofas faziam com que o ambiente ficasse aconchegante. Além disso, uma imensa lareira com uma cabeça de urso em cima compunha o visual. Do lado esquerdo tinha uma rústica mesa de jantar, os bancos com almofadas cor de abóbora. Os estudantes foram se aglomerando na sala até que o Jack apareceu.


— É bem bacana né? Trouxemos um especialista para montar essa casa, não levou nem 15 minutos! – Ele riu e os estudantes sorriram sem graça. – Ok, homens para a esquerda e mulheres para a direita. Os quartos tem capacidade para cinco pessoas. Por favor, nada de visitas masculinas nos aposentos femininos e vice-versa, tivemos sérios problemas no último ciclo.
Risadinhas a parte, todos seguiram para os seus quartos. Gina voltou a equilibrar suas mochilas nos ombros quando o professor Myers a chamou.


— Srta. Weasley, seu aposento é próximo ao dos professores, queira me acompanhar.

Ela não tinha percebido, mas próxima a lareira estava uma porta de madeira maciça. Jack a escancarou e um novo corredor foi revelado.


— Muito bem – ele disse – Primeira porta da esquerda é a sua, o meu quarto é em frente o seu e do Richard ao lado. Programe a sua varinha para ter acesso, ok?


— Ok, obrigada professor. – Gina colocou a varinha na fechadura e uma voz metálica disse seu nome baixinho. Em seguida, a porta escancarou, revelando um quarto espaçoso e bem decorado. Ela olhou para trás para fazer um comentário, mas Jack já não estava mais ali. Gina entrou em seu quarto e jogou as malas no chão, correndo para pular na cama. Pela primeira vez sentiu-se realmente bem. A decoração do quarto lembrava muito a de Hogwarts e ficou satisfeita por isso. Com acenos da varinha arrumou suas roupas na cômoda e logo ficou sem nada para fazer. – Vou dar uma volta pela redondeza e depois volto para mandar uma coruja para a mamãe e para o Harry. – Disse em voz alta.

Ela atravessou o quarto, voltou pelo corredor e chegou na sala principal novamente. Alguns estudantes estavam jogados nos sofás conversando alegremente, outros estavam na porta observando o movimento lá fora. Sem pensar duas vezes atravessou a sala e encarou o enorme deserto, seus olhos brilhando de felicidade.


— Weasley... – Draco estava logo atrás dela – Essa é sua primeira viagem, com certeza. Só alguém tão desesperado poderia querer enfrentar um calor escaldante desses.

— Não entendi Malfoy, o que quer dizer com isso?


— Ora Weasley, todo mundo sabe que você é pobre. Quando gente da sua laia vê algo diferente não agüenta e fica deslumbrado com qualquer coisa. Ta escrito na sua testa “essa é a coisa mais bonita que já vi na vida” – Ele disse imitando voz de mulher e caindo na gargalhada em seguida.

— Malfoy...

— O que é? – Ele perguntou parando de rir.


— Vá se ferrar.


— Essa é uma proposta tentadora. – Ele disse sério. – O que acha de me acompanhar?

Gina sentiu seu rosto ficar vermelho de raiva e embaraço. “Que sujeitinho repugnante!” pensou enquanto caminhava no deserto em direção a pirâmide. ”Ele é a pessoa mais horrível que já conheci em toda a minha vida! Por Merlim, quando ele saiu de Hogwarts pensei que nunca mais fosse vê-lo, além das fotos na coluna social. O que ele está fazendo aqui? Faculdade? Draco Malfoy? Tem alguma coisa muito errada, ele sempre foi uma toupeira!”.

Sem perceber Gina logo chegou no que parecia ser o centro comercial do lugar. Várias pessoas vendiam escaravelhos, esfinges, miniaturas das pirâmides, amuletos da sorte, poções para viver para sempre e até o que juravam ser um osso de faraó legítimo. Logo vários outros estudantes apareceram também e os comerciantes ficaram loucos tentando vender tudo o que possuíam. Gritavam e tentavam de toda forma chamar a atenção de quem passava. Ela se divertiu observando a situação. Dois meninos do último ciclo compraram amuletos da sorte e uma menina comprou um belo colar que, segunda a vendedora, havia pertencido a Íris.

Logo já era hora do almoço, Gina sentiu suas roupas grudando em seu corpo. Não era a primeira vez que estava no Egito, mas não se lembrava de que era tão quente. O short e a camiseta estavam empapados e ela sentia seu cabelo cor de fogo grudar no chapéu de tanto suor. Quando entrou na sala principal viu que algumas pessoas já estavam almoçando e algumas outras já tinham terminado de almoçar. Ela foi para o seu quarto, tomou um banho rápido, trocou de roupa e voltou correndo para comer. Enquanto almoçava o professor Williams sentou ao seu lado e começou a se servir.


— Deu uma volta pela redondeza? – Ele perguntou.


— Sim, fui até o comércio local. – Ela sorriu e ele lhe sorriu de volta, o que a deixou espantada.


— Eu e o professor Myers queremos fazer uma reunião com os alunos hoje a noite, você poderia avisá-los? Diga que não é nada cansativo, vamos apenas apresentar a pirâmide e explicar como funciona.


— Claro. Não se preocupe.



Logo depois do almoço Gina fez um grande quadro de avisos com o recado do professor Williams “Reunião com os alunos hoje a noite, as 19:30 na sala principal.” Depois foi para o seu quarto, seus olhos pesavam e ela queria dormir um pouco antes da reunião. Sem pensar em nada jogou-se na cama e adormeceu.





A reunião começou pontualmente as 19:30. Gina chegou alguns minutos atrasada e sentiu os olhares de censura dos professores Myers e Williams. Desculpou-se em silêncio e sentou-se na beirada do banco. Todos os estudantes já tinham ocupado seus lugares na imensa mesa de carvalho e cada professor estava sentado em uma extremidade. Myers segurou sua varinha e com um aceno uma grande pirâmide pairou no centro da mesa.


— Única maravilha do mundo antigo ainda existente. - ele disse orgulhoso - As Pirâmides do Egito foram construídas há cerca de 4.500 anos. Sua finalidade, segundo a crença comum e alguns historiadores, era servir de tumba para preservar os despojos reais dos faraós, demonstrando, na sua grandeza, a própria grandeza dos faraós.

— A Grande Pirâmide – o professor Williams continuou, sua voz um pouco menos simpática que o anterior - é a maior das três pirâmides construídas em Giza, no Egito Antigo. Foi construída por volta de 2550 A.C. como monumento funerário de Quéops, também conhecido como Qufu o segundo rei da 4° dinastia. – Williams pegou sua varinha e acenou, fazendo com que a pirâmide girasse 180 graus - A Grande Pirâmide tem uma base quadrada, com lados de 230 metros, alinhada com os pontos cardeais. Os lados são elevados em um ângulo uniforme de mais ou menos 51 graus até um ponto central, a 147 metros da base. A pirâmide era originalmente revestida com calcário liso e de uma cor clara.


— Os trouxas até hoje não sabem como este admirável monumento foi construído. – Jack olhou para a turma com um sorriso sarcástico nos lábios - Mas é lógico que nós sabemos que foi magia. Sua construção envolveu diversos bruxos; essa pirâmide foi revestida com vários feitiços para que nenhum trouxa ultrapassasse os limites impostos pelos antigos reis-bruxos. – Então Jack soltou uma gostosa gargalhada – Vocês acreditam... Eu li em um livro trouxa que um historiador grego, um tal de Heródoto... Afirma que foram necessários mais de 100.000 homens trabalhando durante 20 anos para construir a Grande Pirâmide. – Toda a turma explodiu em gargalhadas. – Olha, eu posso afirmar para vocês que foram no máximo 10 bruxos que trabalharam na construção da Grande Pirâmide. A maioria dos especialistas acreditam que foram usadas rampas feitas de tijolo e areia para levantar os blocos, alguns pesando mais de 16 toneladas, para a sua posição devida. Nada que um Wingardium Leviosa não resolvesse!


— Myers, controle-se por favor... Esse assunto é sério, não vamos dispersar a atenção dos alunos.


— Ok Richard, me desculpe.


— Continuando... – Williams falou – Agora vamos falar sobre o interior da pirâmide. Como o professor Myers já contou, existem vários feitiços dentro da pirâmide, que tem milhares de repartições. Não queremos ninguém perdido lá dentro e muito menos morto. Portanto, nada de aventuras. Tomem muito cuidado no que encostam e mais ainda no que pegam. Muitas coisas estão se desfazendo, portanto, tomem muito cuidado.


— Outra coisa – Myers falou, dessa vez com a voz mais séria – Em determinada parte da pirâmide, mais precisamente no centro dela, as salas trocam de lugar. – Os alunos fizeram cara de que não tinham entendido nada. Williams fuzilou o professor com o olhar, que fingiu não perceber e explicou aos estudantes. - Imaginem um imenso cubo com várias repartições. Agora imaginem essas repartições trocando de lugar. É o que acontece. Essas salas giram.


— O professor Myers está certo, mas nenhum de vocês precisa se preocupar. Não chegaremos ao centro da pirâmide. Esse mecanismo foi desenvolvido pelos bruxos que a construíram, até hoje não sabemos o porque.


— O senhor acha que tem alguma coisa a ver com o grande segredo da pirâmide? – Perguntou Kaina Lofingui, uma menina de cabelos loiros e olhos azuis.


— O Departamento de Mistérios do Ministério da Magia vêm estudando a pirâmides há anos. – Williams respondeu impaciente – Mas como eu acabei de dizer, ainda não sabemos.

A reunião continuou por mais duas horas. Por fim, os alunos estavam excitadíssimos com a idéia de explorar um lugar tão fantástico. Para felicidade geral Myers falou:


— Amanhã as 6:00 café da manhã. As 6:30 a Srta. Weasley fará chamada e sairemos para nossa primeira expedição. Ficaremos fora até as 11:30. Portanto, caprichem no café. Dividiremos a turma em grupos um pouco menores, cada um com 5 pessoas. Mas deixaremos para fazer isso amanhã cedo. Boa noite para todos.





Quando Myers acordou no dia seguinte ficou surpreso ao ver que todos já estavam acordados e tomando café-da-manhã.


— Estou vendo que estão realmente muito felizes e satisfeitos. Tomaremos café, dividiremos o grupo e sairemos em seguida.

Gina estava parada junto a porta observando a pirâmide. Ela brilhava ao longe, o reflexo do sol fazia com que ficasse ainda mais majestosa.


— Muito bem, os grupos já estão formados? – Williams perguntou – Accio pranchetas! – Várias pranchetas voaram para suas mãos e ele entregou para 4 grupos. Vocês podem sair, dêem o nome para a Srta. Weasley.

Gina fez a chamada usual e anotou o nome dos grupos. Quando olhou para frente viu que três estudantes ainda estavam ali.


— Srta. Weasley, anote, por favor, grupo 5. Joey Pullman, Philip Daniels, Virgínia Weasley e Draco Malfoy.

Gina e Draco se olharam com desprezo. Quando saíram ele rangeu os dentes.


— Se fizer alguma coisa para me atrapalhar, Weasley, eu te mato.


— O mesmo pra você Malfoy.





Os estudantes foram andando animados até a pirâmide, todos com roupas extremamente coloridas. A população local os olhava com curiosidade, pois embora o Egito fosse um lugar extremamente procurado para turismo não costumava atrair esse tipo de gente. Myers estava com um sorriso radiante e cumprimentava algumas pessoas. Williams, por outro lado, estava sério e compenetrado em algum pensamento, pois quase não olhava para os lados. Em poucos minutos eles chegaram na porta da pirâmide, os alunos em alvoroço total.


— Muito bem, chegamos. Vamos entrar todos juntos, e os grupos farão rodízio para observar os objetos, as inscrições e coisas do tipo.
Empolgados e um pouco assustados, os alunos seguiram Myers. A pirâmide estava deserta, um sopro congelado de morte envolveu os alunos.


— Esse lugar é gelado! – Exclamou um aluno do primeiro grupo.


— Sim Sr. Trevor, a temperatura aqui costuma ser bem baixa. Mas podem ficar tranqüilos, não ficaremos aqui tempo suficiente para morrermos congelados.

Myers abriu uma imensa porta com um aceno de varinha e a primeira câmara foi revelada. O queixo de Gina despencou dois metros, o lugar era maravilhoso! Várias colunas sustentavam o teto e ela pôde reparar que todos os lugares continham uma inscrição diferente.


— A história bruxa praticamente começou aqui! Vocês podem anotar as frases interessantes e coloca-las no relatório. Eu e o professor Williams estaremos a disposição para qualquer dúvida. – Os estudantes olharam para ele, que apenas acenou com a cabeça. – Vocês terão meia hora para descobrirem tudo que puderem.

Gina olhou para o seu grupo que ainda estava um pouco disperso. Malfoy tinha uma expressão de total desdém no rosto, Daniels estava apático enquanto Pullman parecia deslumbrado.


— Ei, vocês! – Pullman disse. Ele segurava a prancheta e estava perto de uma das primeiras pilastras. – Podemos começar por aqui, o que acham?


— Por mim tanto faz – Draco falou. Daniels não disse nada e Gina se aproximou de Joey.


— Claro Joey, começaremos por aqui.

Os dois se abaixaram e começaram dos pés da pilastra. Gina tocou levemente o chão, percebeu que tudo era meticulosamente desenhado.


— Meu Deus, é fantástico! – Ela exclamou sorrindo.

Depois de meia hora Myers mandou que os grupos trocassem de lugar e o grupo de Gina foi analisar as paredes. Ficou decepcionada, pois elas não tinham nada demais. Eram desenhadas, alguns complexos demais, outros simples demais. A maioria contando a dinastia imperial dos faraós, como a coroação, os súditos, os conselhos. Uma, em especial, fez o coração de Gina gelar: o faraó sentado em seu trono assistindo um soldado atravessar uma lança em um recém-nascido.

Duas horas depois Myers e Williams chamaram a atenção dos alunos.


— Alguém sabe que câmara é essa que vocês acabaram de analisar? – Ele olhou para a turma e ninguém se manifestou – Essa é apenas a entrada. Quando um faraó recebia alguma visita ou tinha que conversar com algum súdito era aqui que os recebia. – Ele indicou o trono na parte mais alta das escadas. – Ninguém tinha permissão para chegar muito perto, com exceção, lógico, dos criados.


— Estas inscrições que todos vocês puderam analisar... São bênçãos e maldições para aqueles que entram. Ali por exmplo – Williams indicou a primeira pilastra da esquerda – Diz “se o seu coração é puro, seja bem vindo” enquanto a da direita “mas caso contrário, que a ira de Seth caia sobre você.”


— Obrigado professor Williams. Agora... – Myers andou alguns passos e os estudantes o seguiram – Vamos para uma das câmaras que eu, particularmente, acho a mais interessante: a dos sacrifícios.

A porta se abriu e poucos estudantes deram alguns passos para trás. A estátua de um homem estava no centro da sala cercada por várias camas de pedra. a estátua era perfeita, embora já estivesse um pouco desgastada. O homem não era nem feio e nem belo, mas parecia ter um olhar determinado e perturbador. No corpo, réplicas do que seriam as roupas da época, tudo milimetricamente detalhado.


— Alguém sabe o que significa isso? – Myers perguntou novamente, sem sucesso – Câmara dos sacrifícios. O nome é sugestivo, não acham? – Ele olhou para o relógio – Quero que todos anotem tudo que acharem interessante.

Mais uma vez os grupos começaram a analisar e escrever tudo que podiam. Draco nem se deu o trabalho de olhar ou demonstrar um mínimo de interesse, assim como Daniels. Gina e Joey, pelo contrário, exploravam tudo que era possível. “Levando em consideração a posição dos catres e da estátua, podemos supor que os bruxos acreditavam que era possível ressuscitar os mortos através de sacrifícios.” Gina sentiu um arrepio percorrer seu corpo quando escreveu essa frase. Joey a olhou e colocou sua mão sobre a dela, que sorriu. Ela se levantou e foi até uma das paredes. Sentiu alguém se aproximando.


— Ritos de passagem. – Ele tocou em algumas frases – As pessoas não eram ao acaso. Tudo tinha um significado e um objetivo. – Ele a olhou sério e em seguida se retirou.


— Professor Williams... – Ela disse e ele se virou – Essas pessoas eram realmente sacrificadas?


— Não podemos afirmar com absoluta certeza, mas acredita-se que sim.


— É muito triste – Ela disse pesarosa.


— Lembre-se srta. Weasley, o povo era capaz de dar a vida pelo faraó. Literalmente. Foi aqui que nasceu a magia negra. Que acha que os sacrifícios tem a ver? No mínimo tudo!



Depois da longa visita da manhã todos voltaram para o alojamento. O almoço foi servido no mesmo instante e todos sentaram para comer.
Diferentemente do que acontecia nas outras refeições, onde todos conversavam animadamente, ninguém falou nada. Estavam todos imersos em seus próprios pensamentos a cerca da câmara dos sacrifícios.


— Vocês terão toda a tarde para elaborarem o relatório. A Srta. Weasley irá recolhê-los às 17 horas. Boa sorte.


— Myers, posso falar com você um segundo?


— Claro Richard! – Dizendo isso os dois saíram para a sala íntima.
Gina olhou para o seu grupo: Joey estava relendo as anotações, Philip dormia sobre a mesa e Draco estava ocupado jogando comida no suco de alguns bruxos que ainda almoçavam. Ela suspirou uma ou duas vezes e se aproximou.


— Temos quatro horas para elaborar esse relatório. – Os três a encararam – Sei que vocês dividem o dormitório com outras pessoas, podemos ficar no meu quarto – Draco a encarou e sorriu.


— O que vamos fazer com esse aqui – Joey perguntou indicando Philip. Todos deram os ombros. – Ok, vocês dois podem ir na frente, eu vou até o meu quarto buscar alguns livros.

Gina e Draco se encararam, ela, extremamente irritada, ele, divertido.


— Parece que seremos só nós dois – ele disse passando o braço por cima dos ombros dela. - Vamos?

Ela o fuzilou com o olhar e foi na frente a passos rápidos. Escancarou a porta do quarto e ele se jogou em sua cama.


— Fique a vontade... – ela disse mal humorada – Eu vou tomar um banho, aqui estão as anotações que fizemos hoje de manhã. – Ela estendeu a prancheta, mas ele não fez nem um movimento para pegá-la. - Idiota! – Sussurrou baixinho enquanto jogava as anotações nele e batia a porta do banheiro com toda a sua força. - Quando Gina se olhou no espelho viu que seu rosto estava quase da cor dos seus cabelos. – Eu – vou – matar – o – Malfoy!

Tirou as botas, meias, camiseta e short. Ligou o chuveiro e deixou que a água lavasse um pouco seu nervosismo e esfriasse sua cabeça. 20 minutos depois ela abriu a porta do banheiro usando apenas um roupão. Na verdade, ela tinha entrado no banho com tanto ódio de Draco que havia esquecido de pegar roupas limpas. Já estava pronta para jogar qualquer objeto nele quando falasse alguma coisa que nem percebeu que ele não se moveu. Ela se aproximou da sua cama, ele estava perfeitamente acomodado, atravessado na cama sem as botas, abraçado a um travesseiro, e dormia profundamente.

Pé ante pé Gina foi até sua cômoda, colocou calcinha, short jeans, tirou o roupão e colocou uma camiseta amarela. Secou o cabelo com a varinha, pegou a prancheta (que ainda estava no chão) e deitou em sua cama. Draco nem se mexeu. Ela olhou para o relógio do lado da cama. O ponteiro de Joey apontava para o seu dormitório.


— Paciência... – murmurou.

Pegou um novo pergaminho e uma pena e começou a escrever: “Visita a pirâmide de Giza – 1º dia – Grupo 5”

Ela suspirou e olhou as anotações.


— Muito bem Gina Weasley, por onde começar?

Draco abriu os olhos devagar e a primeira coisa que viu foi a coxa esquerda de Gina. O cheiro de sabonete estava tão bom que ele nem se moveu. Fechou os olhos novamente e voltou a dormir.

Gina começou a escrever o relatório, volta e meia parando para olhar onde Joey estava. Depois de duas horas o relatório estava praticamente pronto e suas pálpebras pesando toneladas. Ela colocou tudo no criado mudo e deitou. Quando olhou para a esquerda quase caiu da cama. Na verdade, tinha ficado tão envolvida com o relatório que esqueceu que Draco estava logo ali, a centímetros de distância.

O cabelo dele estava todo bagunçado e a blusa azul marinho amarrotada. Ela o observou durante alguns segundos. Draco Malfoy era de longe um dos homens mais bonitos que já tinha visto em toda a sua vida. Era um sujeito desprezível e idiota, isso era verdade. Arrogante e egocêntrico também. Mas era lindo.

Ela arrumou o travesseiro, colocou os cabelos para trás, se ajeitou, fechou os olhos e dormiu.






>p”Ela é muito bonita. Peraí, que tipo de pensamento é esse? Ela é pobre, a família dela não dá o devido valor aos sangue-puro. E são sangue-puro! Por Merlim, o que está acontecendo comigo?”





— Nem pense nisso! – Gina estava sentada na cama, varinha em punho.


— Weasley! – Ele estava assustado – Você acordou! – Ela o ignorou – Eu queria dar uma olhada no relatório.


— Qual? Naquele que você não ajudou a fazer?


— Weasley... – ele falou pacientemente – posso ver o relatório?

Ela levantou, ajeitou o cabelo com os dedos e colocou a varinha no criado. Pegou o pergaminho e com a maior dúvida do mundo, entregou-o a Malfoy. Ele leu cada linha e devolveu.


— É... ficou bom. – Ele caminhou até a porta e a abriu. O professor Myers estava parado ali – Olá professor Myers. A Weasley está aí dentro.
Myers entrou e encontrou Gina de pé ao lado da cama segurando o pergaminho.

— Srta. Weasley... Aconteceu alguma coisa, você não apareceu para o jantar. E nem para entregar os relatórios.


— Me desculpe professor Myers. – Gina estava roxa de vergonha, pois o professor olhou de forma maldosa para a cama – Eu e o Malfoy estávamos fazendo o nosso relatório. Sem querer, dormimos.


— O que vocês fizeram ou fazem não me diz respeito Srta. Mas desde que isso não atrapalhe o seu rendimento, entendeu?


— Me desculpe. – Ela disse olhando para o chão.


— Tudo bem. Os grupos me entregaram todos os relatórios. Falta apenas o seu.

Gina entregou o relatório para o professor ainda sem conseguir encará-lo. Sussurrou outro me desculpe, ele virou as costas, fechou a porta e ela deitou na cama, mortificada.

— Muito bem Virgínia Weasley. – ela resmungou - Espero que esse comportamento não vá para o seu relatório.





O dia seguinte também começou cedo. Gina acordou um pouco contrariada, estava esparramada na cama, ainda de short e camiseta, com vários pergaminhos amassados. Se levantou, a cabeça latejava de dor. Tomou um banho corrido, trocou de roupa, pegou a prancheta de chamada e a de anotações.

Nem todos os estudantes estavam tomando café, mas os dois professores já pareciam inclusive ansiosos. Myers olhou para Gina e sorriu. Ela respirou aliviada e devolveu o sorriso.


— Bom dia Srta. Weasley.


— Bom dia Prof. Myers. Prof. Williams. – ela acenou com a cabeça e ele ergueu as sobrancelhas.


— Onde esses alunos estão? – Richard perguntou baixinho para Jack – Temos horários marcados, não podemos nos atrasar.


— Fique tranqüilo Richard. – Jack respondeu jovialmente, não tão preocupado em disfarçar – Daqui a pouco todos aparecem.





Gina continuou sentada tomando um chá de ervas quente e comendo alguns biscoitinhos caseiros. Ela observava os dois professores com aquelas capas imponentes, que só serviam para provar como eram superiores. Ficou impressionada em como eram diferentes e se perguntou como a escola pôde mandar duas pessoas tão distintas, pois no certo acabariam se matando no final da expedição. Depois chegou a conclusão que não. Pessoas diferentes se completam. Assim como acontecia entre ela e Harry Potter. Nesse momento a sala começou a encher de estudantes e o barulho aumentou. Logo ela começou a se desligar de tudo e ficou com apenas uma pessoa em mente.





Harry Potter estava a milhas de distância. Ser auror muitas vezes significava isso: grandes sacrifícios, perdas e um longo caminho, que não acabava nunca. Ao menos ele tinha a fiel amiga Hermione ao seu lado. Os dois estavam em uma missão de treinamento, vasculhando a antiga casa de Lord Voldemort. Depois de um tempo Harry sentou em uma poltrona e quilos de poeira se dissiparam no ar. Os dois começaram a espirrar.


— Obrigada Harry, era tudo que eu precisava – Mione falou entre espirros. Ela olhou para ele que estava com o olhar perdido. – O que foi?


— Nada... Quero dizer, estou pensando na Gina.


— Está com saudades?


— Estou. Acho que só damos valor às pessoas quando estão longe. Ou quando a perdemos.


— Você não a perdeu Harry. – Ela disse confiante apertando o joelho dele, encorajando-o.


— Não sei por que... – Ele a olhou no fundo dos olhos. – Mas estou sentindo que sim.





Os grupos entraram na Pirâmide um pouco mais confiantes e destemidos. Todos estavam animados com o segundo dia da visita.


— Muito bem pessoal... – Jack falou – Hoje vamos visitar outros dois lugares: Um dos quartos do faraó e o salão principal. Por favor, tomem cuidado para não se perderem, essa pirâmide é muito grande e com várias câmaras. Andem sempre próximos uns dos outros. – Lux!

Jack e Richard saíram andando na frente com a varinha iluminando o caminho. Todos os estudantes fizeram o mesmo e tudo estava tão escuro e frio que andavam juntos para não se perderem e esquentarem. Gina passava pelos lugares e olhava para as paredes. Todas tinham diversas inscrições e ela queria poder parar para estudá-las. Foram andando por caminhos estranhos, algumas vezes lugares largos e outras vezes estreitos. Depois de uns quinze minutos chegaram ao quarto do faraó.
Richard enfeitiçou o teto do aposento iluminando-o para que os estudantes pudessem estuda-lo. Todos olharam ao redor e não viram nada demais. Pelo contrário, aquilo não parecia nem de longe o quarto de um faraó. O professor Myers viu o desapontamento dos estudantes e começou a explicar.


— Muito bem garotos, vamos às explicações antes que comecem a fazer o relatório. Esse quarto é escuro desse jeito porque está muito bem escondido. Lembrem-se que o faraó era um rei, alguns súditos o adoravam e outros queriam vê-lo bem morto. Por isso ele era tão bem guardado, o quarto escuro, coisas do tipo.


— Esse quarto é muito... não sei, pobre para um faraó. – Uma menina falou com a voz esganiçada.


— O que você queria que tivesse Srta. Maxewell? Computador de última geração? Estante de livros? Uma cama japonesa? – Todos começaram a rir e ele continuou – Os quartos eram simples, mas riquíssimos. Os pés da cama são de ouro. Se chegarem perto poderão ver. – Vários estudantes se jogaram no chão e ele riu – Vocês tem 60 minutos. Boa sorte.
Gina e Joey se entreolharam e deram uma olhada no quarto. Ele era imenso, com diversas pilastras, uma cama feita com pés de ouro, algo que parecia um sofá de pedra, uma lareira, estátuas.


— Por onde começamos? – Joey perguntou.


— Não sei. Esse lugar é muito estranho, não acha? Podemos começar pelas paredes.


— Você tem fixação por paredes! – Joey falou sem pensar.


— Elas resumem muito da história bruxa. – Gina falou sem emoção.
O tempo passou rápido enquanto estavam dentro da pirâmide e logo foi momento de voltar para o acampamento. Todos os alunos estavam praticamente se arrastando enquanto Myers quase cantava de felicidade. Por outro lado, Williams estava com um olhar sombrio e perdido.


— Muito bem pessoal, todo mundo pro banho e depois reunião para o almoço. – Myers falou satisfeito. – Amanhã teremos uma visita diferente, digamos que um pouco mais interessante.

Aos poucos a sala ficou vazia, restando apenas Myers e Williams.


— O que vai ter de tão interessante amanhã para esses alunos?


— Vou solta-los um pouco mais. É muito ruim fazer com que eles olhem apenas o que determino, sendo que existem milhões de coisas a serem vistas.


— Mas você sabe o quanto isso é perigoso. A pirâmide é perigosa.


— Richard. Essa é a minha expedição. Esses são os meus alunos.


— Não posso deixar que coloque a vida desses garotos em risco. – Williams disse batendo na mesa.


— Não colocarei.





Gina tomou um banho longo e quente. O vento que circula a pirâmide é muito frio, tem cheiro de mofo e... morte. Ela sentiu um arrepio. Se foi ali que tudo começou tenho que descobrir. Preciso saber como posso fazer alguma coisa. Destruí-lo. É tudo que eu quero. Vingança.





Aos poucos todos os estudantes foram se reunindo na sala principal, onde a mesa já estava posta e o professor Jack sorria com os dentes brilhantes. Quando Gina entrou todos conversavam animadamente, mas ela pôde ver que vários estavam com olheiras e cansaço aparente. Ela mesma era uma que estava cansadíssima. Jack conversava com um grupo de estudantes e se voltou para todos quando a sala ficou cheia.


— Muito bem, estão todos aqui. Eu prometo que não vou falar muito, sei que todos estão com fome. – Os estudantes sentaram nos bancos e ele ficou de pé na cabeceira da mesa. – Amanhã vamos fazer uma visita diferente à pirâmide. Ao invés de leva-los até uma das câmaras e esperar que analisem, vou determinar uma área onde podem andar livremente e solta-los. Acho que dessa forma fica melhor tanto para vocês quanto para mim, já que a pesquisa e os relatórios ficarão diferentes, aprenderemos mais coisas. – Os estudantes vibraram – Sabia que vocês iam gostar. Preciso que todos fiquem atentos, não podem passar de determinados lugares... Lembrem-se que a pirâmide é um tanto quanto perigosa, com várias armadilhas.


— Armadilhas? – Malfoy perguntou com desdém – Nunca vi nenhuma.


— Claro que não Sr. Malfoy, não levei nenhum de vocês até a zona de perigo. E devo ressaltar que não pretendo resgatar ninguém de lá. – Ele olhou diretamente para o estudante – Ouviu Sr. Malfoy? Isso é tudo, vamos almoçar.

O almoço foi servido pelos elfos domésticos e todos comeram muito bem. Gina estava perto do grupo e quando colocou a primeira garfada na boca Joey a olhou e disse tímido.


— Gina, como você fez o relatório ontem sozinha eu queria fazer o de hoje.


— Não precisa Joey. – Ela falou sorrindo.


— É sério. Eu e Philip podemos faze-lo.


— Eu acho muitíssimo justo. – Draco falou decidido – Nós fizemos tudo ontem. Eles fazem hoje.

— Cala a boca Malfoy. Vamos nos reunir hoje – todos assentiram com a cabeça – Que tal às três horas? Isso dá tempo para todos descansarmos, tenho que colocar a correspondência em dia e...


— Carta pro Potter? – Draco a cortou perguntando com desdém.


— E se for? – ela perguntou agressiva.


— Esse cara não te larga.


— Acho que isso é problema meu.


— Pensando bem, vocês dois se merecem...


— Isso também é problema meu.


— Dois perdedores.


— Dá pra calar a boca?


— Vocês terão filhos quatro vezes mais fracassados, é genético.


— Dá pra calar a droga dessa boca? – Ela gritou e deu um tapa na mesa.
De repente todos ficaram em silêncio e a encararam. Philip e Joey nem ao menos piscavam. Gina empurrou o prato (ainda cheio) e saiu bufando da sala. Entrou no quarto e bateu a porta com toda sua força.


— Miserável! Idiota!


Sentou na cama tremendo de raiva. Longos minutos se passaram antes que ela recuperasse o auto controle. Andou até a escrivaninha, pegou um pergaminho e começou a escrever.





Família,



As coisas aqui estão ótimas, como vocês estão? Tinha esquecido como o Egito é belo e misterioso. Ontem foi o primeiro dia de expedição na Grande Pirâmide. Meu grupo é legal, não fosse pelo Malfoy. Pois é, acho que eu não tinha comentado, mas o Malfoy está aqui. Ele continua a mesma coisa de sempre, estou com ódio. Morro de saudades de vocês.



Gina





Harry,

saudades





Ela terminou de escrever, enrolou os pergaminhos e olhou pela janela. Só então se deu conta de que não tinha visto nem uma coruja. O jeito era esperar que alguém lhe mandasse uma carta. Arrependeu-se por não ter levado Pichí, mas não era dela e convencer Rony a empresta-la seria muito difícil.

Ouviu batidas leves na porta e olhou para o relógio: 14:52.


— Pode entrar! – Gritou ainda olhando pela janela. Quando se virou não gostou nada do que viu – O que está fazendo aqui Malfoy?


— Reunião de grupo.


— Faltam oito minutos, espera lá fora.


— O que? – Ele fingiu uma expressão de choque enquanto andava até a cama e deitava. – Sua cama é boa Weasley, a minha é um lixo.


— Cada um tem o que merece.


— Você não está sendo simpática.


— E nem vou ser. Pelo menos, não com você.

Leves batidas na porta novamente e Gina respirou aliviada.

— Podem entrar. – Joey e Philip entraram no quarto. – Sentem-se, fiquem a vontade.

Draco estava esparramado na cama, enquanto os outros três preferiram a mesa. Joey estava determinado a fazer tudo sozinho, mas Gina não arredou o pé. Espalharam as anotações sobre a mesa, assim como os livros do Egito e rascunhos de sala de aula. Draco se levantou da cama, puxou uma cadeira e sentou bem perto de Gina. Ela conseguia sentir a respiração dele e ficou incomodada, mas ele parecia não se importar.


— Acho que podemos começar o relatório usando como base citações do livro “Segredos do Egito”, em seguida escrevemos nossas observações e para finalizar usamos o que anotamos em sala de aula. Para um relatório ficar bom, precisa ser embasado. – Gina, Philip e Joey encararam Draco, que continuou a falar – Por exemplo: “Como vimos na teoria, a magia negra surgiu devido a ira de Seth. Foi possível perceber que ele foi um faraó extremamente temido. Inscrições na câmara de entrada Grande Pirâmide afirmam que ele foi um rei cruel.” E colocamos a citação. – Os três olhavam embasbacados para ele. – O que foi? – Ele perguntou sem graça.


— Você nunca diz nada que presta. Quando tem esses segundos brilhantes precisamos prestar atenção para ver se é de verdade.


— Ora Weasley, cala a boca.

— Chega vocês dois. Quando um está quieto o outro vêm falar alguma coisa pra iniciar uma discussão. Dessa forma não tem como o grupo trabalhar. – Philip estava realmente bravo. – Dá pra parar com isso?

Os dois olharam envergonhados. Gina sussurrou um “me desculpe” e Draco nada disse. O resto da tarde passou sem maiores discussões pessoais, e sim somente sobre o trabalho. Por fim eles perceberam que trabalhavam muito bem em equipe e todos ficaram felizes. Quando o relógio marcou 17:00 Gina se levantou.


— Enquanto vocês terminam vou recolher os relatórios dos outros grupos, ok?

Todos concordaram e ela saiu satisfeita. Encontrou dois grupos na sala principal, um reunido nos dormitórios e outro com o professor Williams. Voltou para o seu quarto e teve uma surpresa quando viu apenas Draco na mesa. Ele parecia muito concentrado e só depois que ela bateu a porta ele levantou a sobrancelha.


— Por que você gosta tanto de chamar a atenção Weasley?


— Por que você é assim Draco? – Ela o olhou com atenção - O que você está fazendo aqui ainda?


—Weasley, sua receptividade está totalmente em baixa. – Ele respondeu sem levantar a cabeça – Estou conferindo o relatório.


— Ah, claro! Como se pudesse realmente fazer algo útil – Ela disse sarcástica, mas logo se arrependeu. Ele era realmente inteligente.


Ele a fuzilou com o olhar e ela o ignorou. Deitou em sua cama e ficou olhando para o teto.


— É impressão minha ou as expedições na pirâmide são extremamente cansativas?

— Não é impressão, eu também fico muito cansado. – Draco se levantou da cadeira e esticou os braços. Veio até a cama, tirou o tênis e deitou. Gina o olhou horrorizada, mas ele fingiu nem perceber. – Eu acho que a culpa é do ar lá de dentro. Ele é meio estranho, sinto meu nariz ficar congelado!


— Malfoy, não quero saber de você deitado na minha cama. Ontem pegou mutíssimo mal.


— Ah Weasley, deixa disso. – Ele tentou colocar a mão no rosto dela.


— Sai fora! – Ela sentou na cama e o encarou. – Por que você é assim?


— Ó não, voltamos ao ponto de partida. Eu não tenho paciência para isso. Te vejo no jantar.

Dizendo isso Draco Malfoy se levantou, atravessou o quarto e saiu sem nem olhar para Gina. ”Meu Deus, tem alguma coisa muito estranha acontecendo comigo.”



Ela nao imaginava o quanto.


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