Fantasmas do Passado




9: Fantasmas do Passado

Harry acordou com um suspiro, seus olhos arregalados, e olhando em volta no quarto, freneticamente. Pela aparência da luz pálida passando pela janela, ele adivinhou que passava um pouco da madrugada. Sua noite tinha sido atormentada por pesadelos sobre seu padrinho. Como os pesadelos tinham cessado, ele percebeu que não tinha tido nenhuma visão por várias noites. Ele não tinha certeza se isso indicava que ele tinha finalmente conseguido bloquear a mente, ou que Voldemort estava apenas descansando, planejando o próximo ataque. Harry continuou com suas aulas de Oclumência todas as outras noites, e elas eram infinitamente melhores com Dumbledore que com Snape. Juntamente com outras técnicas o diretor tinha mostrado alguns métodos de relaxamento utilizando meditações que o ajudavam a clarear a mente. As lições também serviam para reconstruir, devagar, a relação entre Harry e Dumbledore. Nunca iria ser como era antes, mas estava evoluindo para uma nova ligação entre eles. Harry imaginou se algum dia ele iria se ver livre desses sonhos dolorosos. Gina tinha estado ali em algum ponto da noite, mas parecia que até mesmo o pouco de conforto que ela oferecia não conseguia mantê-los afastados por muito tempo.


 


Muitas semanas tinham passado desde o aniversário de Harry, e os adolescentes estavam ficando cansados do seu confinamento. Sra. Weasley tentou deixá-los ocupados com a limpeza e decoração que precisava ser feita, mas as crianças estavam tediosas. Não havia nem um quintal para eles saírem. Desde a chegada da lista escolar os quatro estudantes não tinham falado de nada mais além da ida ao Beco Diagonal. Harry não tinha estado lá desde o terceiro ano e estava ansioso por ir. A Ordem não achava que era uma boa idéia Harry sair em público, mas ele insistiu que iria, com ou sem aprovação deles. De jeito nenhum ele iria deixar Voldemort controlar todas as cartas. Harry queria sair dessa casa por um tempo; ele queria um pouco da sua vida de volta. Sentindo a crescente frustração de Harry, Dumbledore finalmente deu a permissão, sob condição de que uma guarda os acompanharia o tempo todo. 


 


-   Tudo bem, Harry? – Rony inquiriu da sua cama, as cobertas ainda envoltas nele.


 


-   Sim.


 


-   Pesadelo?


 


Harry suspirou.


 


-   Alguma novidade?


 


-   Quer que eu vá chamar Gina?


 


Harry parou e olhou para o seu amigo, vendo um lento sorriso zombeteiro se espalhar por sua face.


 


-    Cai fora, Weasley.


 


-   Sabe, Potter, você provavelmente não foi tão bem nos seus NOMs. Você não é muito brilhante. O quão inteligente é ter uma garota na cama com você, quando o irmão dela está no mesmo quarto?


 


A face de Harry ardeu. Ele abriu e fechou a boca várias vezes como um peixe, mas não emitiu som. Rony estava rindo abertamente agora, seus olhos brilhando da mesma forma que os de Dumbledore, para desconforto de Harry.


 


Finalmente, Harry jogou o travesseiro em Rony e quase voou para fora do quarto, xingando “Metido!” enquanto se dirigia para o chuveiro.A risada de Rony podia ser ouvida do corredor.


 


Rony achou isso infinitamente divertido. Ali estava seu melhor amigo, o legendário Harry Potter. O menino-que-sobreviveu. O campeão TriBruxo. Destemido de combater o Lorde das Trevas, basiliscos, e acromântulas - completamente e totalmente perturbado pela irmã mais nova de Rony. Provocar Harry sobre isso era simplesmente divertido demais; ele não tinha absolutamente nenhuma dica de como reagir a isso. Rony gostava de ver Harry tão abalado; era bom para ele ter algo normal em que focar.


 


O dia estava brilhante; claro, ensolarado e quente. Os quatro adolescentes estavam de pé, limpos e vestidos por volta das nove e esperando na cozinha por Tonks, que iria acompanhá-los. Ela chegou com um cabelo curto espetado num tom de vermelho muito perecido com o dos Wealeys. Gina achou isso bem engraçado e admitiu que sempre quis uma irmã. Hestia Jones, outra membro da Ordem, a acompanhava.


 


 


-   Nós vamos via Flú para o Caldeirão Furado, - Hestia os informou, muito mais profissionalmente que Tonks. – De lá, vocês estarão livres para fazer compras, mas vocês devem permanecer as nossas vistas o tempo todo.


 


-   Aqui, - Tonks disse, os entregando, a cada um, um pequeno cilindro de metal num cordão. – Coloquem ao redor do pescoço. Eles são chaves de portal de emergência que trarão vocês de volta aqui se vocês os puxarem. Continuem usando e num alcance fácil pra vocês pegarem se precisarem.


 


 


 


Até mesmo Harry estava muito animado para o dia para reclamar pelas precauções; ele estava saindo. Tonks foi primeiro, depois um por um, os amigos entraram na lareira com Hestia tomando a retaguarda.


O Caldeirão Furado estava bem como Harry lembrava, escuro e puído, mas com um ótimo negócio. Tom, o dono do bar, ainda estava lá e secando os copos atrás do bar. Tonks os empurrou para a mesa perto da porta onde Gui Weasley estava sentando casualmente lendo o Profeta Diário. Não tinha duvidas na mente de Harry que ele estava lá para prestar atenção no Flú enquanto eles faziam as compras no Beco Diagonal.


 


-   Gui! – Rony exclamou. – O que você está fazendo aqui?


 


-   Só alguns trabalhos menores, - o irmão mais velho respondeu vagamente.- Vocês estão aqui para as compras de Hogwarts? – Depois do assentimento dos jovens, Gui ofereceu, - Se vocês quiserem me dar as litas da escola, eu pego os livros e materiais e dou mais tempo para você olharem em volta.


 


 


Harry teve que sorrir a expressão horrorizada de Hermione. A idéia de não ir a loja de livros tinha quase a paralisado, e ela continuou encarando Gui em chocada descrença.


 


Rony ficou com pena da namorada.


 


-   Está tudo bem, Gui. Eu acho que Hermione só veio para visitar a Floreios e Borrões. Nós não a faríamos perder isso.


 


Rony sorriu timidamente, e Hermione visivelmente se acalmou.


 


-   Ok, - disse Tonks. – Vocês têm o dia para si mesmos, mas precisam estar aqui às 4:00 em ponto. Nós temos que voltar para o chá. Entendido?


 


-   Nós vamos estar com vocês o dia inteiro, mas vamos tentar permanecer imperceptíveis.- Hestia disse.


 


-   É, - continuou Tonks, - então, vão ser jovens em um encontro!





Ambos Harry e Gina coraram, embora Harry tivesse que admitir para si mesmo que a idéia de estar num encontro com Gina era bem intrigante. “Mas não é um encontro. Nós só estamos aqui para comprar material escolar, nada mais. Claro, aquela voz irritante atrás de sua cabeça disse, e Malfoy vai ser meu novo melhor amigo. Se toca, Potter.”


 


Quando Gui se levantou para deixá-los sair, um novo cliente entrou no bar. Ele era um homem baixo com cabelos escuros e um bigode.


 


-   Declan – Gui exclamou. – Á quanto tempo.


 


 


O homem parou em alarme, depois pareceu relaxar.


 


-   Gui, o que você está fazendo aqui?


 


-   Eu poderia perguntar a mesma coisa. Há quanto tempo você está de volta do Egito?


 


-   Não muito. Só visitando com a família, você sabe como é.


 


-   Não sei? – Gui disse, rindo. – Falando nisso, esses são meus dois irmãos mais novos... – Gui apresentou sem citar nomes, depois de um olhar de advertência de Tonks.


 


O homem não pareceu notar. Ele olhava ao redor do bar como se estivesse esperando alguém. Harry achou que havia algo desonesto nele, especialmente o modo como seu olhar os esquadrinhou quando Gui o apresentou: “ Declan Morrissey, um colega desfazedor de feitiços.” Seu olhar pareceu perdurar particularmente mais em Harry, e Harry inconscientemente balançou a franja para esconder melhor a cicatriz. Os jovens se despediram e caminharam para rua. Tonks se moveu para a parede de tijolos e tocou com sua varinha, esperando para o arco aparecer.


 


Harry passou pelo arco, uma onda de nostalgia tomando conta dele. Ele lembrou como ficou feliz e maravilhado na primeira vez que esteve ali com Hagrid. Ele tinha desejado ter mais olhos para ver tudo. Aquilo parecia ter sido uma vida atrás. Ele era uma criança inocente e ingênua. Os Dursleys mal o deixavam sair de seu armário para ver o mundo trouxa, no entanto deixaram-no ir sozinho ao mundo como esse. A paisagem e o som da rua movimentada eram os mesmos; bruxos e bruxas em vestes coloridas fazendo suas compras.


 


O Apotecário ainda estava lá com suas poções e ingredientes que pareciam tão místicos a ele. O empório de corujas, onde Hagrid tinha comprado Edwiges para o aniversário de onze anos de Harry, ainda estava aberto. Harry lembrava com carinho do dia anterior ao seu terceiro ano quando ele, Rony e Hermione tinham entrado e comprado Bichento. Tão perdido ele estava em suas lembranças que nem ao menos notou Gina puxando, impacientemente, a manga da sua camisa.


-   Harry, você está ouvindo? Nós precisamos ir à Gringotts. Você precisa fazer um saque também?


-   Sim, preciso. Depois para onde?


-   Floreios e Borrões – disse Hermione decisivamente, já liderando-os para dentro do banco. – Nós tiraremos nossos livros escolares do caminho primeiro, só para ter certeza.


-   Eu preciso de novos ingredientes para poções.- Gina disse, - então eu vou precisar visitar o apotecário.


-   E Harry e eu temos que checar Materiais de Quadribol de Qualidade, - disse Rony, sem dizer o que ele precisava. Harry não ligava realmente quais lojas eles visitavam, ele queria ver todas elas novamente; a ordem não importava para ele.


Depois que todos eles pegaram dinheiro dos seus respectivos cofres e Hermione trocou dinheiro trouxa por galeões, sicles e nuques, eles foram direto para a loja de livros.


Hermione imediatamente se perdeu no meio de fileiras e fileiras de livros de mágica. Floreios e Borrões era para Hermione o que Materiais de Quadribol de Qualidade era para Rony e Harry. Rony e Gina fizeram seu caminho para a seção dos livros de segunda mão, enquanto Harry se encaminhava para o caixa e, quietamente estendia sua lista de livros. Enquanto esperava os livros, ele vagava pela seção de livros de Defesa. Um livro com varinhas duelando na capa chamou sua atenção. O livro continha muitas azarações avançandas e maldições e parecia realmente interessante e ele achou que poderia se últil para a AD. Ele o jogou no contador e o funcionário acrescentou a suas outras compras. Eles ficaram na loja por mais de uma hora até, finalmente, Rony praticamente arrastar Hermione para o contador para pagar suas compras.


Enquanto eles estavam saindo, outra pessoa estava entrando. A mulher era curva com uma cara de sapo que ocasionalmente aparecia nos pesadelos de Harry. Ele tinha caminhado diretamente pra sua professora de Defesa do ano anterior, Dolores Umbrigde. Ele institivamente agarrou sua mão, uma mão que ainda trazia uma ligeira cicatriz das dentenções dela. Ela estava mais magra e parecia com alguém que ainda não havia se recuperado de uma longa doença. Seu cabelo encaracolado estava flácido e mais longo do que a última vez que Harry a havia visto.


Seus olhos percorreram os quarto e uma breve faísca de raiva apareceu quando ela olhou para Hermione. Foi a Harry a quem ela se dirigiu, no entanto, com uma voz que gotejava com falsa e açucarada doçura.


-   Sr. Potter, que prazer em vê-lo de novo.



A raiva de Harry às injustiças que essa bruxa tinha causado a ele ferveu por debaixo de sua pele, mas as palavras de Dumbledore, sobre precisar controlar sua raiva, o controlaram. Sem dizer uma palavra ele, friamente, passou por ela, encaminhando-se para a porta. Ele deu passos longos e raivasos enquanto avançava pela rua, sem ter nem noção que seus amigos estavam quase correndo para acompanhá-lo.


Para Harry, Dolores Umbridge representava tudo que tinha ido errado no ano anterior. Suas detenções doíam fisicamente e as razões por trás delas doíam emocionalmente. Praticamente ninguém tinha acreditado na sua historia sobre o retorno de Voldemort e Umbridge exemplificou como o Ministério tentou criar um jogo de poder e esconder tudo debaixo do tapete. Ela era uma bully, simples assim, e tinha mostrado a Harry que tudo em que ele acreditava, confiava e contava, era mentira. Ele sentia como se todo mundo que ele já tinha remotamente confiado tivesse falhado com ele. Era uma coisa amarga de se engolir.


Os outros conseguiam ver com quanta raiva Harry estava, mas também reconheciam que ele estava tentando controlá-la e, pacientemente, seguraram suas línguas. Finalmente, foi Rony quem falou:


-   Nunca achei que a veria de novo, a morcega velha.


-   Eu não acredito que ela está andando por ai livre como um pássaro. Certamente o Ministério deve ter pressionado algumas punições, considerando que ela estava abusando fisicamente de seus alunos.- Hermione falou raivosamente.


-   Desde quando o Ministério o que deveria, Hermione? Fudge está ocupado tentando salvar sua imagem queimada. Ele não vai prestar atenção a mais um dos seus intermináveis erros. – Todos eles acharam a amargura na voz de Harry perturbadora. Tentando afastar o azedume, eles continuaram suas compras e Rony foi quase correndo para Materiais de Quadribol de Qualidade assim que a viu.


Esse dia estava se provando ser o dia de encontros horríveis para Harry, ele decidiu, porque lá dentro estava seu inimigo de escolar e desafeto desde o primeiro ano, Draco Malfoy. Ele estava impecavelmente vestido, como sempre, apesar da recente prisão de seu pai.

-   Ora, ora, ora – o garoto louro zombou com seu familiar desdém. – Olha só quem entrou aqui: Potty, a sangue-ruim e dois Weasels.


-   Dá o fora, Malfoy – Harry respondeu. Ele não tinha desejo nenhum de perder nem mais um minuto com tipos como este; Harry tinha peixes maiores pra se preocupar. Ele estava determinado a não entrar em briguinhas infantis com Malfoy esse ano. Se movendo para contornar Malfoy, ele foi paralisado pelas palavras seguintes do sonserino.


-   Ainda de luto por causa do cachorro morto, Potter? Devia tê-lo mantido numa coleira mais apertada.


Ele sentiu mais do que ouviu a respiração de Gina e Hermione ser puxada bruscamente. Tudo estava silencioso, a não ser o zumbido nos seus ouvidos; ele sentia como se tivesse levado um murro. Harry tinha sua varinha em mãos antes que Malfoy pudesse sequer tê-lo visto se mover. Os olhos de Malfoy se arregalaram em alarme. Foi Rony quem segurou Harry e o arrastou para fora da loja enquanto eles ouviam Gina dizer, contundente:


-   Como está seu papai em Askaban?


Se não fosse pelo fato que Harry não queria machucar Rony, ele talvez o tivesse azarado. Ele ainda segurava sua varinha fortemente e tinha que, forçosamente, se conter para não voltar para lá. ”Tanto por minha nova meta.”


-   Calma cara, fica calmo. Eu queria matar ele também, mas nós não podemos fazer uma cena aqui ou Tonks vai nos mandar de voltar pra cede da Ordem tão rápido que nossas cabeças vão girar.


Rony estava certo, mas Harry não estava acostumado com Rony sendo a voz da razão. Lembrando das aulas de Dumbledore, ele tentou respirar calma e profundamente, mas sua raiva era difícil de controlar depois de encontros com ambos Malfoy e Dolores Umbridge. Ele andou pra um lado e pro outro, encarando inutilmente a entrada vazia.


-   Eu sinto muito, Harry. – Rony disse mantendo sua voz baixa.- Sobre Sirius em quero dizer. Eu não acho que já te disse isso.


Harry apertou seus olhos.


-   Eu não quero falar sobre isso agora.


As garotas saíram e Rony rapidamente balançou a cabeça indicando a elas a não comentar nada. Gina entendeu o gesto e sabia que Harry estava bravo. Ela queria tanto que ele tivesse um dia bom. Ela precisava fazer algo para tirar a mente dele desses horríveis encontros e não deixá-lo começar a ficar depressivo pela morte de Sirius.


-   Eu acho que a gente devia almoçar.- ela disse, sorrindo feliz. – Está um dia lindo. Que tal nós irmos no Florean Fortescue e comer lá?


 


-   Mas eles não só servem sorvete? – perguntou Hermione sempre pratica.


 


-   E daí? Você nunca comeu sorvete no almoço? – Gina perguntou com um olhar divertido.


 


-   Sorvete pro almoço parece brilhante. – Harry disse, sorrindo, e estava combinado. Ele pegou o olhar de Rony por cima da cabeça de Gina e assentiu, agradecido, ao seu amigo por ter segurado seu silêncio.


Todos os quarto pediram sundaes com grande dose de chocolate para o almoço e se sentiram muito melhores com isso. Até Harry conseguiu se animar enquanto sentava no sol quente de verão rindo com seus amigos. Ele não conseguia nem ao menos se lembrar da ultima vez que tinha saído. Eles encontraram vários outros estudantes enquanto eles comiam e saudações foram trocadas por toda parte. Quando eles terminaram, eles começaram a andar por lá, parando em várias lojas e olhando tudo ao redor. Eles decidiram visitar a loja de Fred e Jorge na próxima parada. Harry ainda não tinha estado lá e estava ansioso para ver como era o lugar e como estavam os negócios. Rony sabia um atalho, então eles o seguiram entre os pequenos becos. Harry notou uma escada de pedra de um lado e reconheceu como a que levava para a Travessa do Tranco. Ele tremeu enquanto lembrava como tinha parado na área suja por erro no seu segundo ano. Graças à Merlin Hagrid estava lá para resgatá-lo.


Depois de todos os horríveis encontros Harry que eles já tinham tido naquele dia ele devia saber, devia ter suspeitado de algo. No entanto, ele não tinha e foi pego completamente fora de guarda quando aconteceu. Eles tinham acabado de passar a escadaria de pedra e estavam passando por uma bruxa vestida em vestes pesadas e pretas quando Harry ouviu uma voz que transformou seu sangue em gelo.


-   O bebezinho Potter está se divertindo com seus amiguinhos?


A voz estava cheia de provocação e malícia enquanto ela ria com perturbado divertimento. Harry girou nos calcanhares e olhou para os olhos incrivelmente pesados e insanos de Bellatrix Lestrange. Ela estava parada ali, clara como o dia, na rua como se estivesse esperando por eles. A mente de Harry girou; ele estava novamente no Ministério da Magia, vendo o seu jato vermelho bater em Sirius no peito, correndo atrás dela pela sala de cérebros, tentando o cruciatus, seu riso que causava fúria...  


 


 


-   Esse deve ser meu dia de sorte, Potter. – Ela mudou da voz de bebe para uma dura como ferro. – Meu mestre vai ficar agradecido.


 


Hermione olhava ao redor procurando por Tonks e Hestia e começou a balançar os braços freneticamente. Bellatrix percebeu o que ela estava fazendo e ergueu a varinha. Rony instintivamente se moveu para frente de Hermione.


Harry não podia deixar isso acontecer de novo. Ele tinha que afastá-la dos seus amigos para eles poderem usar a chave de portal para escapar. Com um estalo, ele correu para a mulher, agarrando-a pela cintura e mandando ambos escada abaixo. Harry viu estrelas quando sua cabeça bateu dolorosamente contra a pedra e lutou desesperadamente contra a escuridão que ameaçava tomar conta dele. “Não vai apagar agora, Potter.” Ele ouviu, mais que sentiu, o quebrar de um osso do braço que segura a varinha. Quando eles chegaram ao final da escada, os dois pularam apesar de suas injúrias e ficaram cara a cara preparados para um duelo. Outros comensais apareceram—Harry não sabia de onde eles estavam vindo. Ambas Tonks e Hestia o tinham seguido escada abaixo, batalhando ferozmente mesmo em menor número. Rony, Hermione e Gina ainda estavam no mesmo lugar no piso acima, aparentemente as aurores tinham colocado uma barreira prevenindo-os de seguir. Eles continuavam lá alternando entre ficar congelado de choque e tentar desesperadamente descer as escadas para ajudar, todo o tempo assistindo ao que estava acontecendo com Harry e Bellatrix.


Bellatrix estava uma bagunça: ela estava respirando com dificuldade, sua cabeça sangrando profundamente e seu ombro estava virado num angulo estranho. Harry reconhecia que ele não aparentava muito melhor.


-   Vão.- ele gritou para os outros irritado. ”O que eles estão esperando.”


 


-   Então o pequeninho bebezinho quer proteger os amiguinhos? Isso não é meigo?- Ela tinha voltado a voz irritante de bebê. Vagamente, passou por sua mente que, hoje, ele tinha encontrado com Dolores Umbridge e Bellatrix Lestrange. Tudo que ele precisava era ver tia Petúnia e ele teria todas as mulheres que fizeram da sua vida um inferno na Terra em um lugar só.


Bellatrix mandou um Estuperfaça em Harry que ele, facilmente, desviou. Esquecendo a restrição do uso de magica para menores, Harry mandou um de volta para ela, mas ela também bloqueou a tempo. Entre o braço quebrado de Harry e o ombro deslocado de Bellatrix, os dois estavam tendo problemas com as azarações. Eles andaram em círculos por vários segundos antes de um grito soar da escada. Hestia Jones tinha sido atingida com a maldição da morte. A distração breve de Harry foi tudo que Lestrange precisava. Ela apontou a varinha para Harry e falou:


-   Crucio!


A cabeça de Harry explodiu em dor enquanto sentia seu sangue começava a ferver e seus ossos cozinharem pelo calor. A agonia era tão grande, tão intensa que Harry não estava ciente do grito que ele emitiu enquanto caía no chão e se contorcia em dor. Ele só queria que parasse; ele não conseguia pensar em nada fora fazer isso parar. Continuou pelo que pareceu horas, mas ela finalmente levantou a varinha, deixando Harry arfando e desesperado por ar. Sua cabeça doía como se estivesse prestes a abrir, mas através de sua visão embaçada ele ainda conseguia ver Rony. Sabendo que ele só teria um instante ele deu a Rony uma visão clara de um cilindro apertado na sua mão. Breve entendimento brilhou na face de Rony enquanto ele trazia as garotas pra perto dele, e todos os quatro adolescentes desapareceram apesar do furioso grito de Bellatrix Lestrange.


Eles apareceram no hall de entrada de Grimmauld Place, Harry ainda no chão lutando para ficar consciente. Os outros três correram até ele enquanto Tonks aparecia no aposento aparentando estar machucada e sangrando.


-   Remus! Moody! Molly! – ela chamou.


Quando ninguém respondeu ela sibilou para Rony:


-   Ache alguém e chame Madame Pomfrey aqui, agora.  


 


-   Harry, - Gina disse enquanto gentilmente colocava a cabeça dele no seu colo. – Você consegue me ouvir? – O corpo inteiro dele estava tremendo e ele não parecia conseguir parar os tremores.


 


-   Eu estou bem. – Harry disse, a voz dele fraca.


 


-   Honestamente, Harry, - Hermione disse revoltada. – Você NÃO está bem. Ela manteve você na cruciatus por um longo tempo. Eu não acredito que você ainda esteja coerente.


 


-   Você acha que consegue sentar? – Gina perguntou, tentando gentilmente levantá-lo. Sem saber, ela segurou o seu braço machucado e ele gritou em dor. – Oh. Eu sinto tanto. – Ela choramingou, lágrimas enchendo seus olhos.





A cabeça de Harry estava nadando e ele piscou contra os pontos que continuavam aparecendo na frente de seus olhos. O aposento inteiro estava balançando e ele tentou se segurar no sofá para se manter reto.  Ele ia vomitar.


Sra. Weasley veio correndo para o aposento com Rony nos seus calcanhares.


-   Oh, graças à Merlin você está aqui. Nós ficamos sabendo do ataque ao Beco Diagonal e todo mundo foi para lá. – Ele se ajoelhou perto de Harry e gentilmente afagou seu cabelo na testa. – Madame Pomfrey está vindo, Harry. Vamos levar você pra cama. Tonks, não. Você fica aqui; ela precisa olhar você também. Rony, me ajude com Harry.


Enquanto Rony e a Sra. Weasley o levantavam, os pontos que estavam aparecendo nos seus olhos de repente cresceram até se conectarem e depois ele apagou.


 



**********


Harry estava confuso; ele não sabia onde estava. Era uma casa de algum tipo, pequena, mas convidativa com um pequeno fogo aceso. Harry se sentiu aquecido e contente, salvo e em paz. Enquanto ele olhava ao redor do quarto uma figura emergiu de, aparentemente, lugar nenhum. Harry olhou para o rosto sorridente de Sirius Black. Seu padrinho estava maravilhoso. Saudável e mais jovem, de algum modo. Seu cabelo estava curto e as linhas ao redor de seus olhos e boca desapareceram.


-   Sirius, – Harry sussurrou desacreditando, - eu estou morto?


Sirius riu, um profundo, rico riso, cheio de calor e humor.


-   Não, garoto, você está bem vivo. Você só conseguiu se machucar de novo. Você é bem bom nisso.


-   Eu sinto saudade.


-   Eu sinto saudade também, garoto. Eu sinto muito por fazer você se sentir assim. Típico de mim, agindo por impulso sem usar a cabeça. Algumas coisas nunca mudam.- Ele deu de ombros.


-   Não. Foi minha culpa. Voldemort me enganou e eu caí. Me desculpe, Sirius. Eu sinto muito. – Harry sentiu seus olhos se encherem e assistiu os de Sirius fazerem o mesmo.


-   Eu não quero ouvir você dizer isso de novo, Harry. – Sirius disse, pegando o rosto de Harry entre as mãos. – Eu morreria mil mortes por você, mas você não foi a causa. Minha amável prima fez isso. Voldemort fez isso, não você. Diabos, eu fiz a mesma coisa. Nós achamos que o outro estava em perigo. Você vai me culpar?


-   Não! Mas…


-   Então eu não quero que você continue se culpando.


-   Eu não acho que posso fazer isso, Sirius. Eu não consigo derrotá-lo sozinho. Eu não sei como.


-   Você não está sozinho, Harry. Você nunca vai estar sozinho. Deixe Remus, Hermione e os Weasleys te ajudarem. Eles te amam, Harry, e eles querem ajudar. Eles estarão com você e você e você pode fazer isso. Rony, Hermione e sua Gina são sua força; consiga daí.


-   Ela não é minha Gina.


Sirius riu um riso cheio e profundo, seus olhos brilhando com sua natureza divertida que Harry conhecia tão bem.


-   Ela sempre foi sua Gina, Harry. A única pergunta é quanto tempo vai demorar pra você perceber isso.


A imagem de Sirius começou a sumir.


-   Não. Não vai, por favor. Não me deixa. – Harry choramingou.


A voz de Sirius estava macia, mas distante.


-   Eu sempre vou estar com você, Harry, apenas pense em mim.


 


-   Não vai. – Harry gritou. Mas Sirius já tinha ido.


 


 
*********


Harry acordou algum tempo depois com o som de Rony abrindo a porta do quarto que eles dividiam e espiando dentro.


-   Ele está acordado, - ele disse, virando para quem quer que estivesse no corredor. Rony, Hermione e Gina entraram no quarto e se juntaram ao redor de sua cama.- Como você está se sentindo, cara?- Rony perguntou.


-   Como se eu tivesse sido atropelado pelo expresso de Hogwarts, - Harry disse, sua voz quebrando. Gina lhe entregou um copo de água e ele tomou, grato.- Quanto tempo eu estive apagado?


-   Quase o dia todo. – Gina respondeu, afastando o cabelo dele de sua testa. – É realmente tarde e o resto do pessoal tá na cama.


-   Madame Pomfrey esteve aqui, - disse Hermione. – Você tem um braço quebrado e algumas costelas quebradas. Ela concertou o braço, mas as costelas vão estar doloridas por uns dias. Ela disse que as dores do crucio vão demorar alguns dias pra passar também.


-   Sua cabeça bateu quando você caiu na escada, - adicionou Rony. – Você vai ter um belo galo pra mostrar por isso. Madame Pomfrey disse que ela não curou de propósito, ela disse que talvez lembrasse a você de ficar fora de encrenca.  


-   O que você estava pensando, empurrando ela escada abaixo daquele jeito, Harry? Você podia ter morrido. – Hermione estava tentando conter sua exasperação com seu amigo injuriado com pouco sucesso.


-   Por que vocês não usaram a chave de portal depois que nós caímos? – Harry sussurrou, ficando mais e mais cansado.


-   Nós não podíamos deixar você lá. Qual é, Harry, você sabe que nós íamos ficar com você de todo jeito.- Rony estava indignado.


Harry não tinha energia pra brigar com eles. Ele estava perdendo a batalha pra ficar acordado.


-   Todo mundo está bem?


Gina acentiu.


-   Exceto por Hestia Jones... você viu aquilo. – Ela baixou os olhos, lembrando como a mulher que tinha jantado com eles ali tinha sido derrubada tão facilmente.


-   Eles tiveram uma grande reunião depois; os gêmeos nós deixaram saber o que aconteceu. De acordo com Snape, o ataque foi planejado pra Gringotts e foi só um bônus pra eles que eles encontraram você. Aparentemente, Voldemort tinha dado ordens de levar você a ele a qualquer custo. Eu estou apostando que Malfoy quem deu a dica.- Rony disse, pegando o copo vazio de Harry e colocando, com força, de volta na escrivaninha.


-   Não, - disse Gina. – Umbridge.


-   Eu não sei, - Hermione disse. – Eu estava pensando sobre aquele rapaz que Gui conhece. Declan alguma coisa. Ele é um Desfazedor de Feitiços, como Gui. Voldemort deve ter alguém assim trabalhando pra ele, considerando todo o trabalho que nó tivemos recentemente com as proteções.


-   Você acha que ele é um Comensal da Morte?


Harry estava tendo problemas em seguir a conversa e suas pálpebras estavam ficando pesadas. Hermione notou ele tentando ficar acordado.


-   A Sra. Weasley queria te dar uma poção pra dormir sem sonhar, mas Madame Pomfrey não permitiu. Ela disse que já tinha muito no seu sistema. Você devia ir dormir, eu acho. Nós podíamos colocar pasta de dente na sua cara e você não ia notar, Harry. Nós ficaremos com você hoje à noite. – Ela o beijou gentilmente na cabeça.


-   Ei! – disse Rony.


-   Ah, pelo amor de Deus. – respondeu Hermione, subindo na cama de Rony e se ajeitando por debaixo das cobertas.


Rony parecia confuso enquanto olhava ela fazer isso, mas deu de ombros e se moveu para a cama.


-   Você pode ficar por cima das cobertas e usar o lençol. – Hermione decidiu.


-   Eu sabia disso. – Rony disse, reclamando.


Gina tinha estado assistindo os dois se ajeitarem, incerta do que eles esperavam dela. Ela continuou olhando em confusão para Rony. Certamente ele não estava sugerindo que ela devesse ficar com Harry...?


Rony olhou para ela e sorriu para sua expressão intrigada na face de sua irmã.


-   Não é como se você nunca tivesse vindo aqui antes. Aliás, o Garoto do Amor aí não está em condição nenhuma de tentar alguma coisa.


Harry não abriu os olhos, mas sorriu de lado para Rony e disse:


-   Eu já fui subestimado antes.


Rony de repente ficou sombrio a esse comentário.


-   Com certeza, cara. Com certeza.


 


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Presente de Natal! xD Feliz Natal... acabou o terceiro ano.. passei no meu curso e volto a traduzir DIREITO agora!

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