Amigas de novo



  Mensagens recentes 01.
  _ Yes! – comemorei.
  Kathleen tinha seu gênio forte sim, mas sabia perdoar. Eu é que devia ir correndo para os braços dela e pedir desculpa, mas eu sou fraca. E essa menina fraca e frágil precisa amadurecer e aprender a viver a vida. Bom... eu nem abri o e-mail ainda e já estou falando, se for alguma coisa ruim eu me mato. Chega de momento melancólico. Levei o mouse rapidamente até o link e cliquei.
  “Jennifer Maddier, estou aqui pra falar pedir desculpas, mesmo achando que você está errada, mas tudo bem. Aqui está o capítulo 2, quero críticas construtivas ok? Beijos, Best Friend.
  Refinnej, Ruhtra, Xela, Anirak, Acnaib, Zirtaeb [...]”


  Eu terminei de ler e me abismei. Tudo bem escrito, exatamente a minha história. Mas e os nomes? Nunca vi na vida! Refinnej, Ruhtra, etc.
  “Kath está tudo perfeito. Só posso fazer uma pergunta? Que nomes são esses menina? De onde veio tanta imaginação pra criar tantos nomes digamos... um pouco esquisitinhos?”
  Eu e Kathleen já estávamos amigas de novo. Típica briguinha de melhores amigas. Meu dia melhorou cem por cento. Kathleen estava online e logo retornou.
  “Hm... também não sei. Surgiu em minha cabeça e eu coloquei. Temos que ir pra escola, dá uma olhadinha no relógio. Te encontro lá.”
  Deus! Faltavam dez minutos pra aula começar. Troquei de roupa o mais rápido que consegui e nem me olhei no espelho, uma falha. Em 5 minutos eu já estava no meio do trânsito infernal de Dallas. Não sabia que tinha fechado a porta, se tinha desligado o notebook, se tinha... enfim, se tinha feito o necessário.


  Kathleen estava parada com os pés encostados no portão de entrada. Com os cadernos na mão e atenta. Ou estava me procurando ou com certeza era John. Eu sai de carro e tranquei a porta, quando voltei o olhar para Kath. Ah! Que susto. Ela já estava na minha frente de braços abertos e olhando nos meus olhos. Sem pensar eu cai em seus braços e sorri. Acho que um dos sorrisos mais sinceros que já dei na minha vida. O abraço apertado teve seu fim logo que nossos corpos se afastaram e Kath me guiou com nossos braços cruzados até o colégio.
  Não foi preciso trocar nenhuma palavra. Tudo estava resolvido em nossos olhares. Novamente amigas. Yupi!


  _ Hoje eu não tenho aulas com eles. – eu disse após ler todo o horário e divulguei uma expressão repentina de tristeza.
  _ Vai com calma Jenny. – Kathleen parecia estar fazendo mais do que dar um aviso, era como uma ordem.
  _ Por que está me dizendo isso? – perguntei esperando atenta e aflita as falas de Kath.
  _ Sabe... no meu livro – Kath pausou – a menina se apaixona por dois e também age como você. Só não sei ela vai se dar bem no final.
  _ Por que está escrevendo minha vida Kath? – Kathleen estava me assustando e por mais que ela já tenha falado que a idéia surgiu de sua cabeça eu teimava em acreditar que eu era sua fonte de inspiração.
  _ Minha intenção não era essa, mas acabou sendo. Mas mesmo assim, o livro é fictício e uma hora vai se desviar da história, até porque não existe amor entre anjos, demônios e humanos mortais. Isto foi um exemplo ok?
  _ Ah sim. – o sinal interrompeu nossa conversa e nos obrigou a sair pro intervalo. Não existe amor entre anjos, demônios e humanos mortais. Repeti a frase mil vezes em pensamento. Mas como assim? É tudo tão parecido com minha vida, tão... tão parecido


  Nós descemos para o intervalo normalmente como fazíamos todos os dias. Mas hoje, uma rodinha de meninas se formou em minha volta. Blá blá blá Alex blá blá blá. Todas perguntando de Alex, as perguntas iam das mais simples até as mais absurdas que já ouvi em toda minha vida. Cruzei os dedos na esperança de acabar logo com aquilo e fui atendida. O sinal ecoou todo o pátio e fez com que a rodinha em volta de mim se desfizesse rapidamente.

  Eu contava as horas, os minutos e os segundos para ir embora. Dia monótono é sinônimo de dia cansativo. Nenhum sinal de Arthur nem Alex, nem mesmo seus grupinhos.
A última aula foi banhada por uma bela prova surpresa. Ótimo! O dia não poderia ficar pior. Era divertido ver os alunos trocando papeis voadores enquanto o professor desviava seu olhar. Finalmente fomos dispensados. Eu e Kath nos despedimos, agora ela só pensava em chegar à sua casa e disparar a escrever loucamente e me enviar por e-mail.


  O dia escureceu mais rapidamente, a lua estava cheia e resplandecente. Da varanda comecei a observá-la. Novamente! Mais uma vez letras formaram-se misteriosamente. Arthur. Já é a segunda vez que isso acontece, e da primeira vez que aconteceu consequentemente... – Toc toc. Alguém batera na porta. – isso aconteceu.
  Eu desci as escadas rapidamente para atender a porta. Antes de abrir a maçaneta eu olhei ao redor para verificar se estava tudo certo. Buquês de rosas vermelhas. Oh meu Deus! Eram os dois buquês que Alex e Arthur me deram. Já havia passado mais de três dias e os buquês continuavam intactos, o estranho é que não havia água nem nada. Os buquês sobreviveram sozinhos.
  _ Boa noite. – Arthur se aproximou do meu rosto e encostou seus lábios, desta vez aquecidos, em minha bochecha direita.
  _ Boa noite Arthur. – respondi convidando-o para entrar.
  _ Como tem passado? – Arthur caminhava lentamente em direção a escada, como se já fosse da casa.
  _ Bem... e você? – perguntei seguindo-o.


  _ Bem e mal. – ele pausou até chegar ao meu quarto e se sentar na cama e logo continuou – Vencemos o concurso. – era incrível como Arthur se sentia realmente em casa, fazia as coisas sem permissão. – Vi que ficou abalada com a declaração de Alex. – mais alguns segundos de silêncio, Arthur queria que eu respondesse algo, mas eu não fiz. – Não preciso mostrar para a escola inteira, se eu quiser digo aqui e agora. – ele levou suas mãos de encontro as minhas – Eu te amo. – ele adiantou o seu rosto para perto do meu e quando já podíamos sentir a respiração do outro batendo em nossa face eu desviei. – Você não me quer? – novamente ele queria uma resposta e eu não dei – Um dia vai saber o que está fazendo com sua vida.
  _ O que estou fazendo? – perguntei curiosa e irônica.
  _ Está se transformando em um deles. – Arthur logo percebeu que falou algo que não podia. – Quero dizer...
  _ Em um deles? Diga-me logo o que está acontecendo Arthur. – ele mudou sua expressão repentinamente.
  _ Nós temos um segredo... Não podemos te contar.
  _ Que segredo? Por que não podem contar? – a preocupação aumentava cada vez mais e o medo também.


  _ Um dia você saberá... um dia...
  _ Não confia em mim? – as palavras saíram rapidamente antes mesmo que ele pudesse continuar sua fala.
  _ Não é isso...
  _ Pois se não confia em mim não precisa contar. Pensei que eu fosse uma boa companhia para você... Trapaceiro.
  _ Trapaceiro? – ele arregalou os olhos em mim e esperou – Do que está falando?
  _ Não venha querer dar um de santinho agora Arthur. – ele aprofundou seus olhos nos meus encarando-os. – No dia do concurso... você trocou os envelopes para que sua banda ganhasse... isso não é coisa que se faça. – a explosão de palavras veio sem autorização, também eu estava nervosa, muito nervosa.
  _ Você viu? – a pergunta o entregou. – Não fui eu quem fiz aquilo.
  _ Então me dê uma ótima explicação e me apresente provas.
  _ Foi Alex... Alex planejou tudo só que eu descobri o seu planinho. Ele trocou os envelopes primeiramente e eu fui lá e destroquei. Eu não sabia o que estava escrito, eu simplesmente fiz a coisa certa.


  _ Como posso saber que não está mentindo?
  _ Você não confia em mim? – ele repetiu a mesma pergunta que eu disse e se viu em uma cilada.
  _ Do mesmo jeito que você desconfia de mim eu também desconfio de você.
  _ Tudo bem Jenny. Um dia você saberá tudo... e quando esse dia chegar você vai ver que está errada. Boa noite. – Eu pisquei os olhos para arrumar meus pensamentos e quando os abri... Arthur havia sumido de novo. Eu me belisquei para ver se aquilo não passava de um sonho e a minha tentativa tola falhou.
  Dentre milhares de malefícios consegui encontrar uma coisa boa na conversa... eu havia desabafado. Sentia-me melhor por um lado e pior do outro. Confesso que o lado “pior” pesava mais e era mais forte que o lado bom.
  Sem reflexões... sem tortura... sem choro. Errado. Eu parei para pensar, que segredo era esse de Arthur? Mais uma vez uma tentativa falhada. Eu não consegui achar respostas justas a pergunta. Espero que o dia chegue logo.


  Fugindo dos atos, me deitei na cama e coloquei o notebook em cima de minhas pernas. Kath já havia me enviado a continuação. Eu li tudo e nem me preocupei em responder, tinha coisas mais importantes para fazer e pensar. Mas quem disse que aquilo não era importante?
  “Kathleen... não vou à aula amanhã. Não me pergunte motivos. Beijos, Jenny.”
  As horas foram passando e o sono chegou, me entreguei inteiramente para este que me fez viajar num mundo de ilusões, o mundo dos sonhos.

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