Heaven or Hell?

  Os primeiros raios de sol adentravam pela janela e se chocavam em minha face me obrigando a acordar. Com os olhos ainda semicerrados troquei de roupa e desci as escadas. Olhei para a sala e uma lembrança rápida passou por minha cabeça. Parecia que era ontem, eu com apenas 5 anos de idade no colo de minha mãe, sentados naquele sofá, meu pai me fazia cafuné e brincava comigo . Isolei os pensamentos, parando de me torturar.
  Ouvi uma buzina vinda de fora, rodei a maçaneta empolgadamente, nem eu mesma sei por que.
  _ Vamos Jenny. Meu pai leva a gente pra escola. – não acreditei que Kath se deu ao trabalho de ir até a minha casa me buscar. – Pare de enrolar, vamos chegar atrasadas.
  _ Oi Kath. – disse tirando o corpo totalmente para fora de casa e descendo os três pequenos degraus da porta. Com apenas quatro passos cheguei no carro de Kath, seu pai havia saído e abriu a porta gentilmente, como vimos naqueles filmes, mas a situação era estranha, o pai da minha melhor amiga me tratando assim. Talvez isso seja coisa da minha imaginação, às vezes ele é só mais um dos poucos homens educados atualmente... Talvez.
  _ Hoje eu tenho uma péssima notícia pra você. – assentiu Kath, a curiosidade veio instantes depois.
  _ O que é? Conte-me. – respondi ainda mais curiosa. O carro deu um tranco e eu e Kath olhamos assustadas para seu pai.
  _ Desculpe meninas. – o pai de Kath se virou e disse profundamente, o seu jeito charmoso o deixava atraente.
  _ Tome mais cuidado pai, até uma mulher dirige melhor que o senhor. – brincou Kath, seu pai desta vez não se deu ao trabalho de responder, é fácil ofender um homem.
  _ Ok, agora me conte a notícia.
  _ Mais tarde... não seja apressada. Vou logo avisando que não é uma coisa boa. – isso estava me assustando inteiramente, antes mesmo de saber do que se tratava eu já tinha começado a tremer... Isso era ruim.

 

  Andamos mais alguns quilômetros e o pai de Kath estacionou na portaria.
  _ Se cuida, e foi bom te conhecer... Ju...
  _ Jenny pai, Jennifer. – completou Kath. Não me senti bem diante a situação, era muito constrangedor.
  Eu e Kath caminhamos rapidamente para não chegarmos atrasadas até a classe.
  Me conta a tal notícia agora. – disse quando estávamos prestes a entrar na sala.
  _Você vai ver agora.
  Coloquei a cabeça para dentro da sala, em seguida girei o olhar em todas as direções. Não eram os mesmos alunos da aula anterior. Abismei quando fitei os olhos diretamente para três pessoas... as irmãs Luctor e ele, que hoje estava com uma roupa preta que dava um contraste perfeito com sua pele e com seus olhos que encontraram os meus, fiquei perplexa em tentar descobrir a tonalidade, ele brilhava e era tão claro que não podia ser destinado a azul nem a verde, era esbranquiçado em um tom dourado. Abaixei a cabeça e me dirigi tentando não receber muitos olhares, uma breve olhada para o trio novamente, e este pela primeira vez não retornou.
  _ Não esperava por isso. – cochichei para Kath.
  _ Tive aulas há três anos consecutivos com eles. Você vai se surpreender muito.
  _ Estou medo do que possa vir. - terminei a frase e uma expressão paranóica correu por mim.
  Abri cuidadosamente o zíper da mochila e tirei alguns materiais de dentro, coloquei-os sobre a carteira e comecei a observar a professora que acabara de se apresentar.

 

 _ Olá. - ouvi uma voz melódica, uma voz forte que mais parecia um canto perfeito em seus acordes, ignorei, pensando que não era pra mim. – Ei! – Me virei de costas e me deparei com um garoto, a única coisa que consegui fazer foi contemplar atentamente cada detalhe do seu rosto angelical, seu cabelo loiro escuro cobria uma parte de seu rosto, seus olhos eram tão azuis que pareciam um espelho refletindo minha imagem, seu sorriso tímido tomou conta da situação. Meu sangue parecia ferver e congestionar-se nas veias. Os poucos segundos foram suficientes para que aprofundasse os meus olhos nos seus e ser hipnotizada. – Como você se chama? – disse ele me despertando do lapso que havia entrado.
  _ Oi. – não era possível descrever o que estava sentindo, isso nunca havia acontecido comigo. – Meu nome é Jennifer Maddier. – não tive tempo nem coragem para restituir o seu sorriso. – E o seu? – Kath se virou para mim lançando um olhar curioso.
  _ Eu me chamo Arthur... Arthur Stuart. É nova no colégio? – perguntou ele descansando os olhos em meu corpo.
  _ Sim. Cheguei este ano e você? – inquiri observando ainda mais suas características. A camisa branca iluminava sua face e refletia em seus olhos, os raios solares vindos da janela alumiavam seu cabelo.
  _ Também sou novo aqui. – o sinal tocou, pela primeira vez eu me lamentei por isso, queria ficar ali a aula toda, olhando para aquele rosto extraordinário. O tempo passava rápido nas horas boas, sempre foi assim. – Nos vemos amanhã. – disse ele completando nossa conversa com um incendiário beijo em minha bochecha esquerda, esta se aqueceu e formigou, deixando ali o pequeno alvitre de um primeiro encontro. O tempo disparou novamente e quando me virei a sala estava vazia, restavam apenas eu e Kath saímos em direção aos corredores. Kathleen me olhava e abria pequenos sorrisos no rosto me deixando acanhada.

 Eu ainda estava deslumbrada e não sabia ao certo o que fora aquilo e por que eu estava assim. Há alguns metros de distância do carro do pai de Kathleen, ele já se adiantou e correu abrir a porta, eu estava tão encantada que nem me importei.
  _ Jenny, me diga tudo. – disse Kath eufórica. – Quem é ele?
  _ Arthur Maddier. – respondi após triunfar de alegria.
  _ Esta apaixonada, eu sei. – disse Kathleen me encarando e continuando com o sorriso meio que safado na face.
  _ Não... Não sei! Ah, isso foi apenas uma conversa.
  _ Hum, quero só ver onde isso vai dar. – uma ideia rápida surgiu em minha cabeça sem explicação, Alex Mewlight.
  Passei o resto do dia pensando... Pensando neles. Por quê? Eu mesma me assustei com meu comportamento. Várias coisas se passavam em minha cabeça e podiam ser facilmente resumidas em dois nomes: Arthur e Alex.

Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.