Superação



N/A: Aqui está, mais um capítulo para vocês. Confesso que demorei (apesar de não ter passado do prazo), mas foi proposital. Por dois motivos. Primeiro: quanto maior o espaço entre os caps, maior a curiosidade de vocês, maior a surpresa que o enredo traz, etc. MAS o segundo motivo é mais fundamentado: volto as aulas segunda, td mundo sabe que é uma zona, e eu realmente nao sei qndo vai dar pra postar de novo. Mas não reclamem! É um tremendo capítulo, 8 paginas de Word, mais de 3000 palavras, e com direito a uma cena que todos vocês esperavam a muito tempo. 
       Não tenho muito o que divagar desta vez. A relação Voldemort/Willian vai ficar cada vez mais atribulada, e vai ser importatíssima para o final do enredo, que, por sinal, começa a se encaminhar definitivamente no proximo capítulo. Hora de tacar mais lenha na fogueira. Hehe.
       Eu não acho que vou demorar tanto assim, não. Eu simplesmente AMO essa sequencia final de acontecimentos, que não deve ter mais de 10 caps. Já deu, né? Não é questão de preguiça, não. Se é pra fazer, faça bem feito, ou entao nao faça. Gosto de desenvolver bem e com calma o enredo, e acho que todo mundo já percebeu isso. Mas é que realmente não existem mais grandes complementos a se fazer.
       CASO eu demore mais do que o usual, 15 dias, será por um bom motivo. Ou estarei trabalhando na repostagem(?) da fic, que atualmente está no capítulo seis e está me deixando muito desestimulada OU estarei preparando uma surpresinha para vcs: uma fic oneshot independente, Dumbledore POV, sobre a ascensão e queda de Voldemort. OoOoO. Vejamos onde isso vai dar.
        Outra coisa: a Erica sumiu do mapa. Completamente. É uma pena, pois ela era ótima. Mas também nao tenho a cara-de-pau de pedi-la para continuar a fazer isso, quanto ela visivelmente tem um futuro mais promissor. LOGO... se alguem estiver disposta a ser minha beta...eu aceitaria. [email protected] ;)
       Acho que é isso. Pelo jeito, consertaram o bug do capitulo passado (que eliminava os paragrafos). Assim que der, reposiciono o 47 e conserto a zona que o sistema fez no texto.
       Aaah...estou pensando em postar a fic no fanfiction.net. Deus me ajude.
      Vcs todos sabem: comentários, votos, emails, xingos, pedradas, é tudo muito bem-vindo por aqui. O que vale é que vocês expressem suas opiniões.
       Acho que é só. O que não vale de NADA, porque toda vez, tres segundos depois de publicar, eu lembro de algo que eu havia planejado falar. Paciencia.

Bjos, Giovanna de Paula


Capítulo 48


 


  Ella Martinez recostou-se contra a parede, com uma das mãos na boca. Podia sentir as lágrimas em seus olhos, mas não choraria. Respirou fundo. Talvez tivesse sido por demais grossa com o rapaz. Harry não havia perguntado-lhe por mal, tinha certeza. Ainda assim, maldita curiosidade inescrupulosa! Amaldiçoou as circunstancias. Amaldiçoou o destino.


    Mas, sobretudo, amaldiçoou a si mesma.


 


   Harry respirava com força, detestando-se por sua ingenuidade. Jamais fora curioso, mas algo no tom que Ella Martinez utilizara ao dizer-lhe que não mais atuava em campo o deixara inquieto. Ainda assim, não devia ter perguntado. Não lhe dizia respeito. Teria de pedir desculpas na próxima vez que a visse.


     Ainda assim, a personalidade da nova professora o intrigava. Era claramente uma pessoa bem-humorada, que não tinha medo de dizer o que pensa nos termos que bem entender. Contudo, Harry notara algo, como uma sombra, em sua atitude. Parecia um tanto forçada. Não duvidava de sua integridade: acreditava que suas primeiras impressões eram, de fato, suas reais características. Mas era quase como se ela não tivesse realmente vontade de ser quem era. Sinceramente, parecera a Harry que Ella não tinha vontade de fazer nada.


     Cogitou o relacionamento desta impressão com o que quer que a tivesse tirado de campo, mas rapidamente afastou tais pensamentos. A mulher iria fazer a ele um favor maior do que qualquer outro, possivelmente o que faria a diferença entre a vitoria e a derrota em seu embate com Voldemort. E ele perdia-se em análises inúteis de sua personalidade.


      Mesmo com a convicção de que não deveria se meter, a curiosidade continuou cutucando o fundo da sua mente. Teria de tomar muito cuidado para não alimentá-la.


 


      O restante de suas aulas daquela manhã passaram-se sem dificuldade. Tivera uma aula de Feitiços e outra de Defesa Contra as Artes das Trevas, a primeira desde o desaparecimento de Snape. Quem veio substituí-lo foi um homem grisalho enviado pelo Ministério, fato que automaticamente despertou a desconfiança de Harry. Ele apresentou-se como Professor Kunis, e sua aula foi anormalmente conservadora, como recomendaria o Ministro. O moreno perguntou-se se Willian Kenbril continuava controlando-o, e se sim, se ele não escolhera a dedo o próximo a entrar em Hogwarts. Àquela altura, nada seria surpresa.


       Na hora do almoço, o salão encontrava-se relativamente vazio, à exceção de alguns alunos do primeiro ano e uns poucos dos restantes. Harry concluiu que isso era muito natural – devido à proximidade dos NOMS, NIEMS e provas finais, a grande maioria dos alunos simplesmente fazia um sanduíche e voltava à biblioteca. Porem, por algum motivo, Harry não encarava a proximidade dos NIEMS como uma ameaça. E Rony? Bem, Rony não encarava nada como uma ameaça.


          Seus olhos pousaram em duas figuras adultas sentadas no fundo do salão, na mesa da Sonserina. Demorou a reconhecer Ella e Jason. Harry levantou as sobrancelhas. Geralmente Jason fazia seu prato e ia comer em seus aposentos, pois não possuía um lugar na mesa dos professores. Ainda assim, caso decidisse comer no salão, sentava-se à mesa da Grifinória. Harry tinha quase certeza que o auror o dissera que esta fora sua casa.


         Tranqüilizou-se um pouco ao perceber que Ella parecia mais animada, conversando com o amigo. Aliviado, sentou-se, propositalmente de costas, e almoçou com calma. Rony devorava duas ou três coisas ao mesmo tempo, como de costume, e há muito tempo isso não o incomodava mais. Entretanto, percebeu uma pressa incomum na ferocidade do amigo.


         - Tem algum compromisso? – perguntou, inocente. Rony parou de comer o rosbife sobre o qual se debruçara, e Harry presumiu que era algo sério.


         - Na verdade, sim – disse, e pedacinhos de carne voaram sobre a mesa – Combinei de me encontrar com Luna antes do quarto tempo.


          Harry fez que sim com a cabeça e voltou a comer. Ás vezes esquecia-se do namoro de Rony com a loira. O ruivo não se importava de ser escandaloso, como seu curto relacionamento com Lilá ilustrou, mas aparentemente Luna era mais discreta.  Harry os vira beijar-se em público apenas uma ou duas vezes. Chegou a pensar até que haviam terminado, e prudentemente ficou calado na ocasião.


          Menos de dez minutos mais tarde, Rony despediu-se dele com um aceno e seguiu apressado em direção aos jardins. Harry viu, divertido, o ruivo tirar do bolso um frasco de anti-séptico bucal, força extra contra o mau-hálito, e o virar inteiro na boca. Como também já havia terminado, conferiu os materiais para o restante do dia e preparou-se para sair. Já estava na metade do salão quando uma mão tocou suas costas. Era MacGonagall, que vinha limpando a boca elegantemente com o guardanapo.


           - Potter... – disse ela – Madame Ponfrey liberou a Srta. Granger hoje pela manhã, mas reforçou que era mais prudente que alguém fosse buscá-la. – a professora fez uma pausa, olhando-o longamente – Achei que deveria saber.


         Um largo sorriso brotou em seus lábios antes que pudesse contê-lo. A senhora se afastou, voltando para a mesa dos professores, também com um discreto sorriso nos cantos da boca. Tinha de confessar, ficara muito preocupada com a aluna. O ferimento fora grave, e ela havia passado muito tempo na Ala Hospitalar. Por alguns aterrorizantes dias, MacGonagall chegou a pensar que ela não conseguiria. Contudo, como sempre, ela a havia surpreendido. Torcia para que os dois se entendessem. Formavam um belo casal.


          Harry refez, quase correndo, o caminho que percorria todos os dias até a enfermaria. Ao bater levemente na porta e entrar, encontrou Madame Ponfrey ajudando Hermione a se vestir. Foi rápido o suficiente para vislumbrar o ferimento, agora apenas uma cicatriz rosada na pele. Seu coração se acalmou e ele esperou, paciente. A morena ainda não o tinha visto.


        Quando Hermione andou até a mesa de cabeceira, Harry pode perceber que mancava levemente. Aquilo, conforme dissera a enfermeira, era uma conseqüência permanente, pois a forma com que o fêmur havia se fraturado fizera com que uma perna ficasse um pouco menor que a outra, intacta. Mas era o tipo de coisa que só se podia perceber quando prestando muita atenção, e não o preocupou. Na verdade, não era nada perto do que poderia ter sido.


     Contudo, a expressão do rosto de Hermione cortou seu coração. Era mirava a perna, levantava, dobrava, fazendo caretas de dor, e ainda assim não conseguia andar normalmente. A palavra aleijada parecia estampada em sua testa, mas Harry sabia que não era bem assim. Era seu dever mostrar a ela que não.


       Finalmente, ela se virou em direção a saída e o viu. Harry não conteve o sorriso, e ela tentou imitá-lo, mas fraquejou. Compreensivo, o moreno foi até ela e colocou sua mochila nas costas, estendendo o braço para ajudá-la a andar. Ela acenou em agradecimento e os dois, lentamente, deixaram a Ala Hospitalar.


        - Você está bem? – murmurou Harry.


        - Estou... Mas Madame Ponfrey falou que vou mancar permanentemente – disse, com a voz fraca. Harry imediatamente a envolveu em seus braços e beijou o topo de sua cabeça.


        - Isso não é nada. Não faz diferença. – disse, convicto.


        - Mesmo? – murmurou ela em resposta. Harry percebeu que ela não pretendia fazer tal complementação, e ele concluiu que a pergunta um tanto infantil simplesmente escapara por seus lábios. Afastou-se dela, segurando seu queixo com firmeza.


        - Mesmo – falou, a voz forte.


        Hermione sorriu fracamente e eles voltaram a caminhar. As escadas foram um problema, pois a morena não conseguia dobrar o joelho o suficiente para alcançar a altura do degrau, devido ao longo tempo que passara imobilizado. Harry teve que deixá-la apoiar-se em seu ombro para ir pulando, um a um, os degraus.


         Ele a olhava com ternura, apesar de notar que ela parecia evitar seu olhar. Imaginou que se devesse a vergonha de confidenciar o que ocorrera com ela. Harry imaginava o quão difícil deveria ser, para uma mulher, perder o controle daquele jeito. O ódio contra Willian ainda queimava dentro de si, mas Harry conseguira isolá-lo em um canto escuro de sua mente. Haviam coisas mais importantes para se preocupar. Pessoas que valiam mais a pena.


        Lembrou-se de suas conclusões durante o banho daquela manhã, e mais uma vez teve a certeza de que aquilo era o certo. Era o melhor. Ele precisava disso, não Hermione. Hermione ficaria bem. Hermione está sempre bem. Ela é forte. Muito forte mesmo.


        Acompanhou-a até onde era permitido: a porta do dormitório feminino. Ela ainda continuaria sem comparecer as aulas por dois dias, tempo que a morena recebera com irritação. Não agüentava mais ficar parada. Antes de se despedirem, Harry indagou:


         - Mione? Você vai descer para jantar hoje? – perguntou, com o ar mais inocente que pode. Mas, no fundo, sabia que tudo dependia daquela resposta. A morena pensou por um minuto, minuto este que de completa tensão para ele.


           - Acho que sim – disse, por fim, e Harry liberou a respiração – Madame Ponfrey disse que eu preciso andar o máximo possível.


           - Bem, nesse caso...  quer que eu suba para te ajudar?


           - Não, não precisa Harry. Você já fez o suficiente. – respondeu ela, sorrindo – Uma das meninas pode me ajudar. Gina, por exemplo.


           - Ah... então tudo bem. Te vejo mais tarde, então. – sorriu, e voltou-se para a saída. Pela segunda vez naquele dia, estava atrasado.


 


          Ao encontrar-se com Rony na próxima aula, confidenciou a ele as boas noticias. O ruivo mostrou-se muito alegre, e disse que ia dar uma corrida até o dormitório no intervalo entra as aulas, para vê-la. Ele também concordou a respeito do grau minoritário da lesão na perna, e prometeu que tentaria convencê-la disso. Harry não comunicou a ele suas intenções.


            Quanto Rony decidiu subir, Harry foi junto, alegando que esquecera um dos livros. Assim, enquanto ele fazia sua visita à amiga, o moreno pode subir ao seu próprio. Levou alguns minutos até encontrar o que procurava, vasculhando embaixo do colchão. Por alguns horríveis segundos, Harry chegou a pensar que não havia nada ali. Mas então a caixinha aveludada escorregou para sua mão e ele relaxou. Havia um bilhete junto à caixa, que Harry prontamente rasgou e atirou pela janela. Sorriu ao verificar o conteúdo intacto, exatamente da maneira que havia deixado.


         Seria uma boa noite.


 


         O urro de fúria que escapou da garganta do Lorde Negro foi capaz de arrepiar os pelos da nuca de Snape, tamanha sua potencia. O bruxo arremessou a fotografia pela mesa, fazendo-a voltar ao seu servo. Seus olhos vermelhos brilhavam de ódio, e sua energia mágica emanava perigosamente. Snape mantinha sua guarda alta. Nunca era possível determinar o que iria acontecer, tratando-se do Lorde das Trevas.


         - Aquela sangue-ruim miserável! Vagabunda! Recusou-se a me revelar o esconderijo dos Potter! – urrava. A rica decoração do aposento ia sendo destruída aos poucos, conforme a raiva do bruxo aumentava. – Levei seis meses até encontrar outro informante, Snape, seis meses! Tudo por causa dessa deplorável, escória da sociedade, vergonha ao mundo bruxo! E Willian Kenbril é seu filho! Willian Mezzofanti! – Voldemort cruzou o aposento em três passos, parando diante de um Snape alarmado, apontando seu dedo fino e comprido diretamente pra seu nariz. Era possível sentir sua respiração descompassada em seu rosto. – Fui desatento quanto aos descendentes de Laurene dezoito anos atrás, Severo, mas isso não irá se repetir. Você não precisa mais se preocupar: cuide apenas de nosso exército. Eu providenciarei pessoalmente o destino de Willian Kenbril... muito em breve.


           O lorde deu as costas ao servo e voltou à sua cadeira, mãos no queixo. Snape reconheceu que havia sido dispensado e, o quão rápido quanto achava prudente, deixou o salão. Mais uma vez, não conteve um suspiro de alívio. Não podia deixar de sentir certa pena do jovem Mezzofanti. Provavelmente teria um destino cruel. O Lorde Negro era muito sádico quando se tratava de velhos inimigos.


         O destino reservado a Potter, Snape imaginava, também não poderia ser muito diferente.


         Mirou a fotografia amassada que segurava em sua mão, sem perceber, por algum tempo, refletindo. Teria de tomar inúmeras precauções, se realmente decidisse que aquilo deveria ser feito. Seu interior lhe dizia que era o correto, moral e politicamente. Era uma atitude que favorecia ambas as partes. Era, e sempre fora, um homem de Voldemort. Sua posição em Hogwarts era meramente estratégica. Ainda assim...


         Exasperado, chegou a uma encruzilhada moral. Mesmo tendo a mortal certeza de que se arrependeria amargamente depois, rumou para a pequena casa das corujas da mansão. Assim que a sua pousou em seu braço, Snape amarrou a foto em sua perna. Suspirando, disse:


         - Hogwarts. Harry Potter.


         Dumbledore precisava saber daquilo.


 


 


      Harry, conforme planejado, sentou-se ao lado de Hermione durante o jantar. Ele verificou, satisfeito, que a morena parecia faminta. Rony e Gina, que a ajudara a descer, também sentavam-se próximos, e o quarteto conversava animadamente. Era como se a sombra dos incidentes do mês anterior tivesse finalmente se apagado, agora que a ultima e única ferida havia se recuperado. O clima era perfeito, e Harry se sentia muito bem, especialmente devido ao peso reconfortante da caixa em seu bolso.


      Ao final do jantar, ele se ofereceu para ajudar Hermione a subir. Ela foi relutante, mas acabou cedendo, uma vez que tanto Rony quanto Gina haviam combinado de se encontrar com seus respectivos namorados. Gina, é claro, alegou precisar ir à biblioteca para estudar. Ela ainda não havia contado ao irmão sobre Malfoy. Os dois partiram rapidamente.


        - Você está se sentindo bem? – perguntou Harry, ao ajudá-la a se levantar.


        - Muito bem – sorriu ela – Por quê?


       - Eu queria te mostrar uma coisa – respondeu – Vamos?


      Harry estendeu o braço e a conduziu pelo outro lado de corredores, pouco utilizados pelos alunos. Esforçou-se para lembrar-se com exatidão o local, mas acabou chegando ao terraço mostrado a ele por Ella sem problemas. Aquela fora a peça do quebra-cabeça que estava faltando. Ao erguer a tapeçaria para que Hermione pudesse passar, ele não conteve uma exclamação maravilhada.


       À noite, o cenário era ainda mais bonito que de dia. Haviam lamparinas que se acendiam magicamente de cada lado das sete estátuas de mármore que contornavam as duas paredes do castelo, iluminando o local de maneira harmônica e suave. A noite estava clara, e a luz da lua banhava o lago. Era possível ver a silhueta da fortaleza refletida na superfície da água. Surpreendentemente para aquela época do ano, não ventava. Tanto Harry quanto Hermione vestiam apenas o uniforme de suas casas, mas nenhum deles sentia frio, contrastando com a temperatura cortante que o moreno encarara naquela mesma manhã.


      - É... lindo – suspirou Hermione, livrando-se de seus braços e adiantando-se para o parapeito de pedra clara. Sorrindo, Harry a imitou – Desde quanto você sabe deste lugar?


      - Faz pouco tempo – disse – Queria mostrá-lo primeiro para você. Gosta?


      - Gosto – concordou ela, como uma criança. Aquilo o fez rir novamente.


      Por alguns minutos, eles ficaram apenas apreciando a incrível vista. Um pequeno sorriso brincava nos lábios de Hermione. Ela não desgrudava o olhar da paisagem, fascinada. Delicadamente, Harry levou uma das mãos ao seu rosto e a fez encará-lo.


       - Mione, eu... Eu não me importo com o que aconteceu. Não me importam os seus motivos. Eu tenho certeza que você fez o melhor para nós... para mim. O que passou, passou. Eu fiquei cego pela dor de te perder, e permaneci cego demais pelo orgulho para me permitir perceber o quanto você estava infeliz. O que você fez me machucou, mas eu confio em você, e eu sei que nada disso foi proposital. Você foi posta diante de uma escolha impossível. Eu sabia que aquela não era você, Mione, mas eu não queria admitir que talvez tudo tivesse sido um engano, uma armação. Eu sabia que você nunca faria nada para me magoar, assim como eu nunca faria também. Mas era mais fácil e menos doloroso acreditar que sim. Eu te julguei, e eu estava errado. Eu preciso que você me perdoe... Porque eu preciso de você. Sem você eu não consigo. Eu não sou nada sem você. Nada. – disse, sem deixar de olhá-la, sem deixar de tocar com leveza sua face delicada. Não era fácil admitir seus erros, mas era ainda mais difícil ficar sem ela. Só ele sabia o quanto doía. – Eu te amo, Mione. Volta pra mim...


       Ele esperou, hesitante, pela resposta dela. Um inicio de desespero começava a subir por sua garganta. Hermione mordeu os lábios e desviou o olhar. Ela vai dizer que não. E estará certa, pensou. Mas então, sua mão deslizou até a dele em seu rosto e a apertou com força, voltando a olhá-lo com firmeza.


        - Eu achei... – começou ela – Que seria capaz de me afastar de você, fazer o que ele mandou, para te proteger. E eu fiz. Mas só eu sei o quanto aquilo me doeu, o quanto me fez sentir nojo de mim mesma, porque você não merecia. Você é a melhor pessoa que eu já conheci, o melhor amigo que eu poderia pedir. Você nunca fez nada de errado, Harry. As circunstancias me obrigaram a ser alguém que eu não sou, e aquilo me matou por dentro. Sou eu que te devo perdão, Harry. E eu preciso que você entenda o quanto eu também preciso de você. Eu me sinto vazia. Incompleta. Eu... – sua fala foi interrompida por um pequeno soluço que ela não conseguiu conter. Fechou os olhos e completou – Eu não sou... nada...sem você comigo. 


           Os olhos de Harry brilharam e ele abriu um sorriso tímido. Levou uma das mãos ao bolso interno do uniforme e tirou de lá a caixinha, que subitamente parecia mais pesada. Hermione observava tudo em silencio, com um sorriso maroto nos lábios. O moreno abriu com cuidado o fecho prateado, revelando o colar de prata e esmeraldas que fora de sua mãe. Ela é a pessoa certa, pensou, sem saber muito porque, tenho certeza. Ela virou-se para que Harry pudesse colocá-lo em seu pescoço. Eu jamais deveria ter deixado ela sair daí, Hermione refletiu, enquanto sentia as mãos leves de Harry em sua pela, atarraxando o colar.


           Devagar, Harry desceu suas mãos até a cintura da amada, beijando seu pescoço. Hermione estremeceu, fechando os olhos. Em seguida, o moreno a virou e colocou os dedos em seu rosto.


       - Eu te amo – disse, sincero.


       Hermione abriu um sorriso que pareceu iluminar ainda mais a noite em seu redor. Harry roçou o nariz em sua bochecha. Então, a morena o puxou mais para perto e seus lábios se encontraram, ardentes, cheios de saudade. Hermione enlaçou seu pescoço e os dois beijaram-se demoradamente. Quando suas bocas se separaram, ela permaneceu abraçada a ele, a cabeça encostada em seu peito, mirando a lua. Harry beijou com força o topo de sua cabeça, deliciando-se ao sentir seu cheiro encher-lhe as narinas.


        Ali, naquele momento, Harry segurou-a como se ela fosse a própria vida.




 

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Comentários (5)

  • Isis Brito

    Aaaiinnn... Adoro... ADORO cenas românticas!! *-*Aiiinnn... Eu tô toda "ooooowwwwnnn!!"...*---------------------*H/Hr 4ever... <3 

    2012-05-02
  • Cleber Knies

    MUITO LEGAL, CONTINUA ASSIM, QUERO VER COMO SERÁ O TREINAMENTO DO HARRY   OBRIGADO

    2012-02-01
  • Evandro Bernardi

    esta ficando interesante a fic.quero ver cabeças rolar principalmente a do Willian 

    2012-02-01
  • fernanda

    Opa comecei a ler hoje a fic e realmente gostei muito,só me pergunto quando e se a mione vai dar uma amostrinha de como é uma bruxa poderosa,afinal das contas até agora ela se mostrou muito sei lá,não mione...

    2012-01-29
  • rosana franco

    Que bom q os dois voltaram,ainda bem q ele teve coragem para falar com ela estou anciosa pelo treinamento.

    2012-01-28
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