A Maria-Fumaça Vermelha




    Era uma sala mal iluminada, em uma fortaleza negra no meio do oceano. Um pequeno círculo de pessoas cercavam um homem de cabelos crespos e negros que estava deitado no chão.
    - Você traiu minha confiança... - falou uma voz fria e fina. O homem no chão gemeu.
    - Meu senhor, meu mestre, meu lorde, tenha piedade...
    - PIEDADE?! Eu lhe mando matar um simples garoto, que não sabe usar magia e você foge? - gritou a voz fina. O homem se contorceu no chão.
    - O garoto sabia usar magia milorde! - exclamou um dos homens no círculo.
    - Silêncio! Não pedi sua opinião Broger! Ou você quer ter o mesmo destino que Heninguer?!
    - Não meu senhor! Heninguer falhou e merece ser punido! Eu só quero dizer que vi o garoto executar alguns feitiços e...
    - Eu só quero a varinha dele! - bradou a voz fina. - A varinha e seu corpo frio e morto no chão, sobre os meus pés como os seus pais fizeram! E você! - a voz se dirigiu a Heninguer que estava no chão. - Sua punição será severa... Não se preocupe, - acrescentou quando Heninguer gemeu. - não o matarei... Meus servos, meus amigos, meus companheiros não serão mortos... Meu deus falhou por isso... Meu deus falhou por considerar seus seguidores apenas lacaios... Meus seguidores são meus amigos, meus companheiros para o bem maior... Meu deus terá orgulho de mim... E o trarei de volta... Agora, sua punição será severa... - uma mão branca ergueu uma varinha fina e longa, de pena da cauda de fênix, e a apontou para Heninguer que ainda gemia no chão.
    - CRUCIO!



    Kyo estava sentado em uma caixa velha nos fundos do Caldeirão Furado, esperando o membro da Ordem da Fênix que devia leva-lo até o Beco Diagonal para comprar seu material escolar. Kyo sentia uma mistura de ânsia, medo e tristeza. Ânsia por ser introduzido em um mundo que achava não existir, medo de que outro impostor tentasse matá-lo, e tristeza da morte de seus pais. Achou melhor deixar a tristeza de lado e não pensar mais nisso. Ele continuou esperando Kingsley nos fundos do caldeirão furado pelas próximas horas. A Sra. Longbottom lhe trouxera algumas torradas certa vez, mas depois foi embora. Finalmente, ás dez e quarenta e sete, a porta se abriu. Instintivamente, Kyo sacou a varinha e a apontou para o alto homem negro de vestes azul marinho.
    - Qual é o código?! - gritou Kyo apontando a varinha para Kingsley Shacklebolt.
    - Varinha de fibra de couro de dragão norueguês, vinte e quatro centímetros... - disse o ministro com sua voz grave. Kyo abaixou a varinha, mas Kingsley levantou a dele.
    - E você? - perguntou ele.
    - Não tenho senha! - bradou Kyo. Kingsley abaixou a varinha.
    - Um impostor com certeza tentaria dizer uma senha... Sou Kingsley Shacklebolt, Ministro da Magia... - disse Kingsley dando a mão a Kyo que a apertou. - Vamos ao Beco Diagonal daqui... Bem... - ele puxou a varinha e tocou um tijolo na parede a sua frente. Kyo se boquiabriu. Os tijolos se moveram e logo estavam parados no portal de uma grande rua movimentada por pessoas de vestes e várias lojas. Kyo exclamou um palavrão e Kingsley riu.
    - Bem vindo ao Beco Diagonal, Kyo! - anunciou o ministro entrando no arco. Kyo o seguiu. A rua estava muito movimentada, as lojas estavam abertas e lotadas.
    - As lojas estão nesse estado pois as aulas começam amanhã... Não vamos ao Gringotes, já peguei dinheiro para você e também já comprei suas vestes... - murmurou Quin. Ele se encaminhou até uma grande loja onde se lia o letreiro: Olivaras Varinhas.
    - Já tenho uma varinha... - murmurou Kyo tirando sua varinha do bolso e a mostrando a Kingsley. Kyo guardou a varinha novamente no bolso e os dois se dirigiram até a Floreios e Borões, uma loja de livros.
    - Já sabe estuporar uma pessoa não? - perguntou Kingsley. Kyo concordou com a cabeça. - Fique aqui e peça os livros do primeiro ano de Hogwarts ok? Eu vou até o Empório das Corujas... Qual coruja você prefere? - perguntou o ministro. Para que uma coruja serviria?, se perguntou Kyo. Ele disse que uma coruja parda lhe cairia bem. Kingsley deu uma pequena bolsa para Kyo e se afastou. Ele entrou na loja. A Floreios e Borões era enorme, com pilhas e pilhas de livros. Com dificuldade, passou pelas pessoas e se aproximou do balcão.
    - Hogwarts? - perguntou a atendente. Kyo berrou um “sim” pois o barulho era insuportável. Ela se afastou e voltou dois minutos depois segurando uma saca cheia de livros.
    - Aqui estão seus livros do primeiro ano querido... - berrou a atendente. - Livro Padrão de Feitiços 1a Série, História da Magia, Teoria da Magia, Guia de Transfiguração para Iniciantes, Mil e Ervas e Fungos Mágicos, Bebidas e Poções Magicas, Animais Fantásticos & Onde Habitam e As Forças das Trevas: Um Guia de Autoproteção... É são esses... São vinte galeões... - ditou a mulher conferindo os livros. Kyo abriu a bolsinha que Kingsley lhe dera e estava cheia de dinheiro. Ele contou vinte moedas de ouro e as entregou a mulher. Ela lhe deu a saca de livros. Kyo a pegou e se apertou, tentando sair da loja. Depois de dez minutos se apertando entre as pessoas, conseguiu achar a saída. Saiu da loja e olhou para os lados. Não tinha sinal de Quim. Ele saiu pela rua procurando o Empório das Corujas. Finalmente achou a loja e viu Kingsley saindo dela com uma gaiola. Dentro, uma coruja parda de olhos âmbar estava olhando para Kyo.
    - Olá Kyo, comprou seus livros? Ótimo, você irá querer fazer o teste para Quadribol em Hogwarts? - perguntou Quim. Kyo nem sabia que diabos era “Quadribol”, então decidiu afirmar com a cabeça.
    - Certo, irei até a loja de vassouras e comprarei sua vassoura... Bem, vá até a “Poções e Bebidas Mágicas” e peça o kit de frascos, ingredientes e etiquetas do primeiro ano... Ela fica do outro lado do Beco... Bem, vou mandar sua coruja ao caldeirão furado... - e com um toque da varinha de Kingsley, a coruja desapareceu. Novamente, o Ministro se afastou. Kyo saiu para o outro lado do beco, correndo e esbarrando em algumas pessoas. Ele parou abruptamente ao ver uma pequena rua lateral, onde se lia uma placa muito velha, escrito “A Travessa do Tranco”.
    - Não queira entrar ai...
    Kyo se virou com a varinha na mão. Não havia ninguém ali. As pessoas continuavam passando por ele sem parar. Ele decidiu continuar sua viagem até a loja de poções e ignorar a rua. Ele continuou e parou em frente a loja Poções e Bebidas Mágicas. Ele entrou e a campainha da porta tocou. A loja era suja, os pisos eram verde musgo, as paredes também. Um senhor de meia idade saiu de trás do balcão e se dirigiu a Kyo.
    - Hogwarts? - perguntou ele.
    - Sim... - respondeu Kyo.
    - Primeiro ano? - tornou a perguntar o velho. Kyo afirmou com a cabeça. O velho saiu, entrou por uma pequena porta e desapareceu. Kyo olhou ao redor da loja. Tinha várias prateleiras, com frascos que ele achou serem de poções. Dez minutos passados, o velho voltara, segurando frascos e um pacote de etiquetas. O velho colocou tudo dentro de uma sacola e entregou a Kyo.
    - Sete galeões... - murmurou o velho. Kyo abriu a bolsinha e deu sete moedas de ouro para o homem. Ele abriu a porta e saiu. De volta ao Beco Diagonal, Kyo passou direto pela Travessa do Tranco e continuou andando e avistou Kingsley passando entre os pedestres, segurando um grande malão marrom com um grande “K” desenhado. Ele se aproximou de Kyo.
    - Arranjei um malão para você... Comprei todo o resto do material, esta tudo dentro do malão... Vamos, temos que voltar ao Caldeirão Furado para você almoçar... O deixarei lá, Ana o ajudará e amanhã, acorde cedo, pois o Expresso de Hogwarts parte as onze horas... Se não conseguir pegar o trem, lhe mandaremos uma chave de portal para Hogsmeade e lhe conduziremos ao castelo, agora, volte para o Caldeirão Furado... Adeus Kyo... - então, Kingsley deu o malão a Kyo, rodopiou e desapareceu... 



    Wyde berrou de dor. Era uma estreita estradinha rural, onde um círculo de homens rodeavam um homem de cabelos longos e loiros, de rosto áspero. O grande lorde estava punindo seu seguidor por ter falhado em uma missão simples: verificar. Um dos homens na roda deu uma maléfica gargalhada.
    - Você acha graça?! - gritou uma voz fina e fria com uma ponta de sarcasmo. - Você está achando graça do sofrimento de Wyde?! EIN?! MINOS!
    - N-N-Não senhor, só achei muito espirituoso de sua parte...
    - Não adianta me bajular Minos... Isso só piora sua situação, pode se juntar a Wyde! - disse a voz fria. Minos hesitou e não foi. - AGORA! - berrou a voz. Minos cambaleou para o centro do círculo.
    - Agora, quero que Brutter tenha a honra de me ajudar a dar o castigo a esses dois... Você sempre gostou de usar a Maldição Cruciatus não é? - disse o voz fria. Um homem no círculo se aproximou do mestre e gargalhou de prazer. O homem era careca e negro com um bigode de leão-marinho que cobria um pouco da boca.
    - Naturalmente meu senhor, naturalmente terei prazer em torturar Minos! - disse Brutter. Brutter sacou a varinha e a apontou para Minos. Uma mão branca ergueu sua varinha de pena de cauda de fênix para Wyde.
    - CRUCIO!



    Kyo estava no Caldeirão Furado, subindo as escadas para seu quarto após o almoço. Abriu a porta de seu quarto e se deixou jogar na cama. Abriu o malão e começou a examinar os materiais. Tinha um caldeirão e um telescópio, junto a suas vestes negras e um chapéu cônico. Mercúrio piou alegremente dentro de sua gaiola. Kyo batizara a sua coruja de Mercúrio, após chegar ao Caldeirão Furado. Ele guardou os materiais novamente e fechou o malão. Estaria partindo para a escola na dia seguinte. Não sabia o que iria aprender, mas sabia que iria partir. Não sabia onde, nem como era essa escola, mas sabia que deveria muito boa. Ele passou a mão pelos cabelos, quando uma coruja parda entrou voando pela janela aberta e pousou ao lado de Mercúrio. Kyo se aproximou da coruja que lhe estendeu o pé. Ele reparou em um pequeno rolinho de papel amarrado a perna da coruja. Ele o retirou com as mãos e a coruja levantou vôo novamente. Ele abriu o papel que havia sido escrito com a caligrafia de Kingsley Shacklebolt.


    Amanhã você irá pegar o Expresso de Hogwarts na plataforma 9/4 de King's Cross ás onze horas... ”

    Kyo terminou a leitura e queimou o pequeno bilhete. Novamente foi se deitar. Não conseguiu dormir aquela noite... 



    O círculo de homens estava em um lugar medonho, no alto de uma montanha. Estavam sentados, em frente ao uma grande caverna, ao redor de uma fogueira. Os homens encaravam o fogo, esperando por seu mestre. A noite caíra a algumas horas. Heninguer estava sentado ao lado de Broger. Heninguer tinha várias cicatrizes no corpo. Wyde estava deitado em outra extremidade do círculo, gemendo de dor. Sua punição ainda doía. Minos estava sério, não tão machucado. Em tão pouco tempo, três já havia sido torturados. O grande mestre estava furioso ainda com a fuga do garoto. Não sabiam o que iria acontecer ali. Talvez, uma reunião apenas? Mais alguém será torturado? Nenhum dos homens teve tempo para pensar, pois um vulto apareceu voando ao vento. Os pés brancos e descalços pisaram o solo da montanha. Todos os homens se levantaram e se ajoelharam diante de seu mestre, temendo o pior.
    - Meus amigos, tenho ótimas notícias... - disse a voz fina feliz. Ninguém falou nada. - O garoto ira para Hogwarts amanhã... Uma boa notícia...
    - Milorde? - perguntou um dos homens encapuzados.
    - Sim, Algor? - perguntou a voz fina.
    - Milorde, Hogwarts é uma fortaleza, tem todas as defesas para nos impedir de entrar lá senhor... Qualquer filho-da-mãe que se intitula Comensal da Morte que tentar entrar em Hogwarts vai ser morto por Harry Po-
    - JÁ DISSE PARA NÃO DIZEREM ESSE NOME!
    - Me desculpe Milorde...
    - Não o punirei Algor, estou muito feliz para isso, mas lembrem-se de meu espião em Hogwarts... O Menino-que-sobreviveu não é problema para mim, ele será morto junto com o garoto... Mas, agora isso não me importa... Não temos que nos preocupar com o garoto até seus dezessete anos... Até lá, ele não será mais do que um pequeno estorvo...
    - Milorde? - pediu Minos.
    - Sim Minos?
    - Miorde, e o objeto que Wyde devia vigiar? Foi destruído?
    - Não Minos... Aquele meu objeto de valor não foi destruído... Não se preocupe... Mas ele é importante... Aquela tiara é uma das coisas que precisarei meus caros amigos...
    - Senhor? - perguntou um dos Comensais da Morte que usava capuz.
    - Sim? - respondeu a voz fina.
    - Meu senhor, não sabíamos da existência de um espião em Hogwarts... Quem ele é?
    - Ah, sim... Ele fez uma visita ao nosso querido Dunbblynho... E pegara seu posto em Hogwarts... Nosso querido amigo Hirou ira para lá...
    - Mas senhor, Hirou não se parece com sua vítima...
    - Hum... Usarei minha magia mais poderosa para torná-lo igual a Dunbblynho... Não, não usarei poção Polissuco, pois foi um dos erros de meu deus... Agora, Hogwarts será o cenário de Hirou...



    Ás nove horas do dia seguinte, Kyo estava comendo uma torrada que a Sra. Longbottom tinha levado a seu quarto. Estava muito cansado. Não dormira a noite inteira. Estava muito nervoso, pois iria para Hogwarts dali a algumas horas. Após arrumar muitas vezes seu malão e vestir suas vestes negras, ele desceu para o caldeirão furado ás nove e meia, onde encontrou a Sra. Longbottom conversando com um homem alto de cabelos negros e rebeldes. Ele se aproximou de uma das mesas. O local estava cheio. Muitas crianças corriam de vestes segurando varinhas. Ele esperou olhando o relógio. Quando bateu dez horas, a Sra. Longbottom se aproximou e lhe entregou uma xícara quebrada.
    - É uma chave de portal... Toque ela quando ficar azul... - disse ela. Kyo esperou ali, olhando para a velha xícara. Depois de algum tempo, um brilho azul irrompeu da xícara. Kyo estendeu o dedo e foi levado por um impulso. Sentiu seus pés deixarem o chão e então abriu os olhos ao sentir frio no corpo dentro das vestes. Estava deitado de barriga em um chão de mármore frio. Se levantou e correu os olhos pela plataforma 9/4, onde um grande trem a vapor vermelho se erguia dos trilhos.


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