Um simples anagrama

Um simples anagrama



Na manha seguinte Rony ajudava os elfos na cozinha. Harry e Hermione tomavam café.


–        Primeiro Rony arrebentou Córmaco e quase pega Draco; e agora está...


–        Adorável e prestativo. – respondeu Hermione.


–        Adorável fica por sua conta. Você tem idéia qual feitiço pode ter sido?


–        Ainda não, mas vou descobrir. Acha que foi mesmo Córmaco que o lançou?


–        Bom, desde que ele chegou à quadra começou a provocar Rony. Pena que ele está incomunicável no Hospital St. Mungus.


–        Incomunicável?


–        Inconsciente. E mesmo que pudesse dizer alguma coisa... seria difícil de entender. Rony quebrou boa parte dos dentes dele! Juro que não sabia que Rony era tão forte!


–        Vou escrever a Sra. Weasley e a Gina contando que Rony está bem. Tivemos sorte que Patrick nos ajudou sendo o mais discreto possível. Falando em dor... Como estão suas costas?


–        Melhor.


–        Vai levar um tempo pra melhorar Harry.


–        É talvez um ano para cada costela.


Hermione riu com pena.


Rony sentou à mesa.


–        Esses elfos são demais. Muito competentes, dê um aumento a eles Harry.


–        Com certeza darei! – Harry respondeu rindo. – Escutem, vou dar uma passada nas cinzas do galpão mais tarde. Querem ir comigo?


–        Claro! Qualquer coisa para ajudar meu melhor amigo.


–        Estaremos lá. – confirmou Hermione.


–        Vejo os dois mais tarde.


–        Continue fazendo o seu melhor Harry!


–        Obrigado Rony! Continue... você também!


Na hora do almoço os três se encontraram sobre as cinzas do galpão.


Rony já estava normal e não se lembrava de nada da noite anterior. Harry e Hermione resolveram deixar para contar outro dia o que aconteceu já que não houve maiores danos. Apesar de Hermione saber que o comportamento de Rony era resultado de um feitiço não pode deixar de lamentar. Num minuto Rony dizia que amava e no outro fora um completo cretino. Ele não se lembrar de nada não fazia diferença. Ela se lembrava de tudo.


Harry andou pelo o terreno tentando localizar o ponto de cada ação.


–        A porta era aqui. Então eu estava em pé ali e o cara aqui... Daí ele se levanta e me acerta. Hermione, feitiços tem certa aerodinâmica, não?


–        Aerodinâmica? O que isso? – perguntou Rony.


–        É força... coisa de trouxas Rony. Explico outra hora – respondeu Hermione. – Se você quer dizer que o feitiço depende da posição de quem o lança, intensidade o feitiço e outros detalhes.


–        Então sim – disse Rony e Hermione o olhou curiosa.


–        O que?


Harry sacou a varinha.


–        Mesmo que o feitiço se espalhe é necessário ter um foco. Um ponto, certo?


–        Entendi o que quer dizer!  – disse Rony encarando Hermione. – As vezes eu entendo as coisas, sabia?


–        Não quis dizer que você não entenderia! Faça a posição de quem vai lançar um feitiço em Harry.


Rony apontou a varinha para Harry. Hermione colocou o dedo na ponta e fez uma linha imaginária até as costas de Harry.


Harry tirou a camisa e mostrou os hematomas das costas.


–        Olhe bem. Me diga o que está vendo?


–        Tem uma marca bem acima que se espalha pelas suas costas. As outras marcas são hematomas da batida no chão.


–        Você sabe o tamanho do cara Harry? – perguntou Rony.


–        Da altura de Hermione mais ou menos.


–        Vamos trocar de lugar então. – disse Rony.


Hermione se posicionou no lugar de Rony e ele fez a mesma linha da varinha dela até as costas de Harry.


–        Você está certo. Não foi ele que te atingi! Em linha reta como a maioria lança feitiços e estando parado em pé seria necessário pelo menos mais um quinze centímetros pra te atingir nesse ponto das costas.


–        Aerodinâmica!


–        Pode ter sido um comparsa. – sugeriu Hermione.


–        Ou outra pessoa matou aquele homem e me deixou pra morrer! Com tudo o que tinha aqui sobre minha cabeça quem saberia que alguém me atacou. Tenho certeza que quem fez isso levou os baús e mais certeza ainda que nada de bom pode sair de lá.


Harry deu uma volta pelo terreno.


–         Sei o que está pensando Harry – disse Hermione – não foi sua culpa.


–        O cara que fez isso com você e tudo isso... – disse Rony apontando em volta – já planejava isso há tempos.


Harry chutou uma pedra no chão.


–         Senão fosse por mim talvez essa pessoa não tivesse encontrado o galpão. O feitiço de proteção acabou quando entrei. – Vamos até o pub em que estive naquele dia.


O pub estava fechado. Havia um cartaz perguntando por noticias do homem desaparecido.


–         Fiz cartazes com fotos dos elfos; os outros estão assustados.  – disse Hermione.


Harry bateu a porta e reconheceu homem que o atendeu, era um dos bruxos miudinhos da noite do incêndio. O bruxo chamado Urda abriu a porta e sentou com eles. Harry descreveu o homem que procuravam. Para a surpresa de todos o bruxo sabia de quem se tratava.


–         Eu o vi poucas vezes, mas não sabia que ele ficava naquele galpão. Aliás, nunca tínhamos visto galpão algum até ele pegar fogo.


–         Ele não freqüentava nenhum lugar aqui por perto? – perguntou Harry.


–         Não que eu saiba. Das poucas vezes que eu o vi andava muito depressa.


–         O senhor o viu no dia do incêndio? – perguntou Hermione.


–         Um dia antes sim. Ele andava trombando nas pessoas e olhava pra trás toda hora. Só soube quem era e o que fez depois do incêndio. Sujeito doido.


–         Alguém do Ministério veio lhe perguntar alguma coisa sobre isso?


–         Não, o senhor é o primeiro Sr. Potter. O Ministério só aparece por aqui pra cobrar impostos e beber de graça. Sem ofensas.


–         Tudo bem. – respondeu Harry.


–         Algumas noites atrás no abatedouro do meu primo aconteceu uma carnificina; demos alarme de lobisomem e ninguém apareceu.


Harry se levantou.


–         Vou dar uma olhada.


–         Parece que o senhor tem fregueses. – disse Rony apontando para a janela.


–         Ainda estamos fechados senhorita! – respondeu Urda, mas a garota continuou a porta.


Saíram pelos fundos. O abatedor estava fechado e Urda berrou na porta:


–         Corgun! Tem gente querendo falar com você.

Harry, Hermione, Rony e os dois homens entraram para examinar o lugar onde os cordeiros foram devorados.


–         Só sobrou a orelha de um e a cabeça de outro. – disse Corgun.


Havia muito sangue.


–         Tem mais sangue lá em cima.


–         Não pode ter espirrado até lá! – disse Hermione.


–         Vamos olhar mais de perto. O senhor tem vassouras?


Harry subiu primeiro. Rony, com Hermione apertando sua cintura, o seguiu.


–         Se for um lobisomem veio pelo telhado.


–         Lobisomens matam, mas não devoram suas vitimas. – disse Hermione com propriedade. – Vamos descer Rony, por favor.


Do alto Rony viu que a moça que colocou a cara no vidro no pub os observava.


–        Tem pegadas no telhado. – comentou Harry.

Harry andou pelo telhado e achou mais. Disse aos bruxos para ficarem atentos e não saírem à noite pelo menos por enquanto.


–        Tem idéia de como vamos saber o que é isso? – Rony perguntou a Harry em voz muito baixa.  – Se Hermione não sabe o que é


 –        Então, só mais duas pessoas podem saber: Hagrid...


–        E Luna. – completou Rony.



Draco dormia profundamente no sofá da sala quando Patrick deu um berro em seu ouvido.


–        Bom saber que está se empenhando em conseguir informações sobre nosso estoque de Artes das Trevas.


Talvez para aborrecer Patrick; Draco deu uma longa espreguiçada


–        Só estava...


–        Se recuperando da ressaca?


–        Quer saber Patrick? Obrigado pelo convite. Acabei me divertindo até.


–        Eu vi o que fez com Weasley.


–        Foi bem esperto, não?


–        A típica esperteza dos covardes. – disse Patrick rindo. – Provocar e correr. Se Weasley pega você como pegou Córmaco você não dura trinta segundos.


–        Você devia me agradecer! Potter e a Granger acham você um cara legal. – disse Draco balançado a cabeça.


Patrick puxou os pés de Draco pra fora do sofá e o colocou de pé.


–        Descobriu alguma coisa sobre o bastão ou não?


–        Nada, nenhuma linha nos livros que foliei.


–        Foliar? Você tem que ler. Devia ter deixado Weasley pegar você... 


Draco esperou um minuto Patrick parar de reclamar e xingá-lo e disse:


–        Quero ver meus pais.


–        O que mais você quer Draco? Férias? Temos trabalho a fazer! Eu me mato naquele lixo de Ministério e você dorme o dia todo!


–        Tenho ajudado você; faz parte do nosso trato. Trouxemos as coisas pra cá e tem dois monstros lá embaixo. Eles não podem ficar mais aqui. Não vamos conseguir controlá-los.


–        Por que você é um idiota! – disse Patrick zangado. – Quem os colocou nesses baús sabia como mantê-los lá dentro! E pode ter deixado alguma coisa nesse monte de coisas que trouxemos, mas você não tem tempo de procurar porque está dormindo! E o Guardião?


–        Não disse nada.


–        O tempo dele acabou. Jogue-o numa das celas, pro bicho que estiver acordado o devorar.


Patrick percebeu a hesitação de Draco e diminuiu o tom de voz.


–        Vou ver o que posso fazer sobre seus pais... – disse mais calmo. – Azkaban não é uma colônia de férias, mas garanto que seus pais estão sendo bem tratados. Agora se livre do Guardião!


–        E das criaturas também?


–        Tudo bem. Elas são suas faça como quiser.


–        Minhas?


–        Claro. Não foi você que abriu os baús? Não estão na sua bela propriedade?


–        Foi você que...


–        Ah, Draco eu não mando em você! Eu mal o conheço. Você é o cara ligado em Artes das Trevas. Você tem uma masmorra particular!


–        Você me procurou!


–        E você concordou com o plano de se vingar de quem usurpou a grandeza da sua família. Sempre surgem obstáculos e imprevistos! Eu cuido de alguns e agora você agora cuida desse.


–        Você garante que vou poder ver meus pais?


–        Claro. Eles sempre perguntam de você. – disse Patrick se preparando para sair.


–        Quero meus pais em segurança em Azkaban! Quero garantias!


–        Mate o cara Draco e logo... e irei ajudá-lo – disse Patrick calmamente.


 
–       Harry chegou uma carta do meu pai pra você. – disse Rony dispensando a coruja.


–        Sabia que o Sr. Weasley guardaria essa lista. Veja! Seu pai fez muitas anotações. Muitos nomes conhecidos e alguns nem tanto.


–        Harry estava pensado sobre o que você falou do desenho de um dos baús. – disse Hermione. – O bastão com a pedra vermelha na ponta; você lembra as figuras dos outros baús?


–        Um tinha essa imagem, o outro tinha símbolos... Não me lembro mesmo.


–        Você chegou a ver algum livro? Uma capa ou nome? Talvez um brasão de alguma família!


–        Não. O que acha que pode ser esse bastão?


–        Pra ser sincera não estou certa; talvez faça parte de alguma outra coisa... Vou pesquisar mais.


Hermione pegou uma pilha de livros e sentou sofá; Rony ao seu lado fazendo perguntas. Harry gostava de vê-los juntos mesmo que, pra variar, nenhum dos dois tocasse no assunto que os aborrecia.


Entre os arquivos do Sr. Weasley havia uma foto dele ao lado de Minerva McGonagall, Dolores Umbridge, mais dois bruxos que Harry não conhecia e uma bruxa de tailleur roxo. A fisionomia da bruxa de tailleur roxo não lhe era estranha.


–        Vocês conhecem essa bruxa? – Harry mostrou a foto aos amigos.


–        Acho que já a vi. – respondeu Rony.


–        É Ferdinanda Twitch. – explicou Hermione. – Trabalha no Ministério; ela é uma espécie de relações públicas entre trouxas e bruxos. Ela foi até minha casa quando recebi a carta de Hogwarts. Meus pais não sabiam do que se tratava e ela veio nos visitar e explicou tudo.


–        Por que ela não me visitou?


–        Porque seus pais eram bruxos. – respondeu Hermione.


–        Além disso, você era um caso a parte Harry. – disse Rony. – Prioridade de Dumbledore.


–        Lembro dela vagamente. Nunca a encontrei no Ministério...


–        Ela é casada com um trouxa e pelo que sei só vai ao Ministério se for estritamente necessário.


–         Que foto estranha. Meu pai, Umbridge, McGonagall, essa mulher e esses caras.


–         E por que me lembro dela se ela nunca se apresentou para mim?


–         Não sei – respondeu Hermione encolhendo os ombros – talvez ela tenha conversado com você quando era criança. Você nos contou que vários bruxos o cumprimentavam quando você era criança.


–         Não. Ela não! Lembro de muitas pessoas parando na minha frente e sorrindo, mas não ela.


Uma luz azul apareceu no meio da sala. Era um coelho e Harry o reconheceu como o patrono de Luna.


–        “Caro Harry


Recebi sua coruja e devo alertá-lo que a forma da pegada que me mandaram é de um Thuru. Uma criatura muito perigosa. Como vocês toparam com um por aí? Afeto, Luna.”


–        Um Thuru? Impossível! Eles estão extintos há décadas! – disse Hermione.


Tão logo o patrono se desfez outro apareceu.


–        “Caso Hermione duvide que seja um; quando estive na África encontrei o esqueleto de um elefante com todas as evidencias de ter sido devorado por um Thuru há menos de três meses. Documentei tudo e enviarei a Hermione tão logo chegue à terra firme”.


–        Como ela sabia que eu ia duvidar?


–        Não tenho idéia... – disse Rony rindo – você nunca tinha feito isso antes, tinha?


Hermione disfarçou um sorriso.


–        Li alguma coisa sobre a África nos papéis que seu pai me mandou. – disse Harry apanhando novamente a lista.

Após alguns minutos procurando achou o trecho exato que queria.

–        Ouçam isso:


“Encontra-se em nossos registros a alegação da família Nygnuo que os pertences adquiridos em recente viagem ao continente africano tratam-se apenas de souvenires. O Ministério solicitou a apresentação dos mesmos, o que não ocorreu no prazo estimulado. Visitamos a família em... no entanto, não encontraram nada... Os membros da família suspeitos de envolvimento são...”. Tem nomes, mas nenhum conhecido pelo menos pra mim.


Rony e Hermione confirmaram que não conheciam ninguém.


Hermione lia e relia a lista; pegou papel, tinta e escreveu um nome e mostrou para Rony e Harry.


–        Norman Nygnuo. Notaram alguma coisa?


–        Precisamos mesmo? – disse Rony sorrindo – É óbvio que você já sabe do que se trata. Vamos! Mostre!


Hermione riscou algumas letras e montou um nome bem conhecido.


–        Isso explica a falta de interesse dele em te ajudar Harry. 


–        Ele é o dono de pelo menos um dos baús. – disse Harry zangado. – Ia querer mesmo que aquele galpão queimasse mesmo comigo dentro! Vamos pegá-lo.


Os três aparataram a caminho do Ministério. O papel em que Hermione rabiscara o nome suspeito ficou em cima da mesa.

Norman Nygnuo = Roman Young


 

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