Colegas de Ministério

Colegas de Ministério



–        Rony sai daí! É o lugar do Harry.


–        Já vou sair Hermione. Belo escritório Harry... bela sala...


Rony saiu de trás da mesa de Harry e ameaçou por a mão no ombro do amigo; uma forma de incentivo e cumprimento, mas Harry recuou.


–        Ah, esqueci desculpe.


–        O escritório é mesmo muito bom Harry... – disse Hermione.


Só três cadeiras couberam na sala abafada que Harry agora ocupava no Ministério. Hermione tentou não rir, mas também não se agüentou e os três amigos tiveram um ataque de riso.


–        Sinceramente você merecia coisa melhor.


–        Tudo bem Hermione, não me importo. O banheiro é logo ali.


–        Ah, bela compensação! – riu Rony.


Bateram a porta e a mulher sem pescoço e antipática que levou Harry e Hermione ao escritório de Roman Young disse a Harry para segui-la.


–        O Sr. Rent o aguarda.


Definitivamente a sala de Patrick Rent era muito diferente da ocupada por Harry. Com as paredes brancas cheia de medalhas; a estante com troféus e muitos livros. A mulher sem pescoço e antipática os fechou na sala. Os três se distraíram olhando detalhes.


–        Troféus de Quadribol? – perguntou Rony surpreso.


–        Não toque Rony!


–        Qual é Hermione? Vai dizer que não gostaria de saber o que tem nesses livros?


–        Devem ser livros sobre leis – comentou Harry.


Um rapaz abriu a porta e entrou na sala; parou olhando para os três. Rony o cumprimentou e se virou para os amigos.


Harry consultou o relógio.


–        Espero que esse Rent seja menos idiota que Roman Young – comentou com Rony.


–        Imagino que bem menos. – cochichou Hermione. – Parece que muitos bruxos conhecidos são subordinados a ele.


Harry se aproximou e viu que a amiga tinha razão; o nome de Patrick Rent estava ao lado de Roman Young e acima de muitos outros. Suas atividades no Ministério eram das mais variadas; uma espécie de consultor de vários departamentos.


–        E pelo visto tem muita gente querendo falar com ele. – disse Rony apontando o rapaz de pé atrás deles.  


A porta tornou a se abrir e a mulher sem pescoço e antipática entregou uma pasta ao rapaz.


–         Chame se precisar Patrick.


O rapaz agradeceu e foi em direção a mesa; sentou e se apresentou:


–        Sr. Potter, Sr. Weasley e Srta. Granger. É um privilegio conhecê-los. Por favor, sentem-se.


Os três ocuparam as cadeiras que Patrick afastou com a varinha. Patrick Rent não devia ser muito mais velho do que eles, pensou Harry. Alto, muito claro, cabelos negros e os olhos acinzentados. Um sotaque afrancesado; voz firme, porém, calma. Ignorou simpaticamente a gafe.


–        Bem, temos que ir. – disse Hermione. – Só viemos acompanhar Harry no primeiro dia.


–        Esperava que ficassem. – disse Patrick. – Não é sempre que recebo visitas ilustres. Confesso que sou grande fã das Gemialidades Weasley.


–         Ah, obrigado. – Rony respondeu meio surpreso. – Você joga quadribol. Vi alguns troféus na estante.


–        Batedor. Nunca perdi uma partida com minha Haiga. Três vezes mais veloz que os balaços atuais.


–        Haiga? Precisa ver a Firebolt que eu, Harry e minha irmã montamos.


–        Rony, por favor... – disse Hermione.


–        Não vamos entediar a Srta. Granger com histórias de quadribol. Li no Profeta Diário que a senhorita pretende lançar uma nova versão de Hogwarts, uma história.


–        É, um dos meus projetos – confirmou Hermione – estou em fase final.


–        Um livro incrível.


–        Você leu? – Rony perguntou franzindo a testa.


–        Li, o senhor não?


Rony olhava  Patrick com espanto. Hermione, que nunca encontrara alguém que lera os mesmo livros que ela, pareceu muito impressionada. Patrick continuou:


–        Particularmente, acho Hogwarts fascinante. As Casas, os professores e tudo mais.


–        Gostamos muito de lá. – disse Hermione. 


Harry se ajeitou na cadeira.


–        Como estão suas costas? – Patrick perguntou.


–        O que? Como você...?


–        O modo como está sentado. Parece estar sentindo dor.


–        Já tive acidentes piores. – Harry respondeu incomodado com a dor e pela perspicácia de Patrick Rent.


–        Soube o que aconteceu Sr. Potter.


–        Imagino que por Roman Young – disse Harry se sentindo idiota – sei que foi irresponsabilidade da minha parte; já me disseram várias vezes. Descobriram alguma coisa? Não recebi nenhuma informação desde que cheguei. Alguma pista do tal homem?


Harry sentiu o olhar de censura de Hermione; e já ia se desculpar quando Patrick rasgou um pedaço de pergaminho; anotou um nome e passou a ele.


–        Foi usado um feitiço de detecção; como o senhor sabe esse feitiço só detecta a presença humana se a pessoa ainda estiver viva. Não sou responsável diretamente pela segurança bruxa, mas fico sabendo de algumas coisas... Não houve resultados. Tome. É o contra feitiço; poderá ficar no local por quinze minutos e depois disso não poderá sair, nem aparatar. Será necessário chamar alguém do Ministério: Roman Young se preferir... Kingsley.


Rony e Hermione se aproximaram para ler. Patrick se encostou na cadeira.


–        Se tivesse acontecido comigo eu também ia querer saber.


–        Obrigado! – disse Harry animado. Era primeira ajuda concreta que tinha, já estava cansado de sermões.


–        Agora Sr. Potter vamos à parte chata de nossa conversa. Pronto para o trabalho?


–        É melhor irmos Rony. – Hermione se levantou.


–        Agora é com você Harry. Boa sorte! – disse Rony apertando a mão de Harry.


Harry ficou olhando os amigos saírem com um aperto no coração. Era o fim das tardes livres com os dois e Gina...


–        Então Sr. Potter. – começou Patrick.


–        Por favor, me chame de Harry. Não gosto de formalidades. 


–        Tudo bem, também não gosto. Me chame de Patrick. Bom, como você sabe Harry muitos trouxas têm parentes bruxos e vice versa; quando alguém de um dos lados da família morre e deixa uma herança sempre pode aparecer alguém tentando burlar alguma lei e, principalmente, querer levar vantagem na troca de dinheiro. Sua função é acompanhar e dar suporte a cada passo dessa transação para que as leis, tanto trouxas e bruxas, sejam seguidas. Da leitura do testamento, se houver um, até a retirada do dinheiro seja em Gringotes ou em qualquer banco trouxa. E, claro, pegar a parte do Ministério. Entendeu?


–        Sim. Parece fácil.


–        Com certeza é; ocasionalmente acontecem alguns incidentes. Sabe como é? Trouxas em Gringotes chamam muita atenção de ladrões e a presença de bruxos em um banco de trouxas chama atenção da policia.


Harry riu.


–        Com certeza.


–        Seu conhecimento do mundo trouxa foi levado em consideração para a nomeação. Você se lembra como funcionam as coisas não é?


–        Confesso que perdi algumas coisas; a última vez que mexi num computador ainda era criança. Quando receberei minhas tarefas?


–        Todos os dias pela manha em sua sala. Leia tudo com muita atenção. A lei trouxa é lenta, então, não somos nós que devemos ter pressa.


–        Estou ansioso para começar.


–        Isso é bom. Não se preocupe você da conta. Os memorandos têm cores diferentes e o feitiço para enviá-los está sobre sua mesa nesse exato momento. Se precisar de alguma coisa basta escrever e enviar. Recebera o que precisar o mais rápido possível.


–        Certo.


–        Ah, e Harry um último aviso: tome cuidado com o que fala. Aqui as paredes têm ouvidos, literalmente.


–        Sobre isso me desculpe eu realmente não sabia...


–        Tudo bem. Roman Young é mesmo um idiota.


–        Obrigado pela ajuda.


Apertaram as mãos e Harry seguiu para sua sala. Tirou o papel que Patrick lhe dera e assim que tivesse um tempo ia dar uma passada por lá.


No mesmo dia mais tarde Patrick Rent parou na varanda da Mansão Malfoy observando a sujeira do jardim. Entrou limpando os pés.


–        Como ele vive nesse lugar? Draco! – berrou.


–        Aqui. Estou aqui.


–        Fez algum progresso?


–        Muitos! Acho que você vai gostar do que descobri. Você não conseguiu matar o Potter não é? Não vi nada no Profeta Diário.


–        Ele teve sorte que o feitiço para confundir perde o efeito quando qualquer pessoa encontra o lugar enfeitiçado. Com tudo pegando fogo chamaram o Ministério e puderam chegar até ele. Aliás, estive com ele agora a pouco. Ele, Weasley e a Granger. Sou um dos chefes dele agora.


–        Você pode amaldiçoá-lo se ele fizer alguma bobagem? Meu pai fazia isso com quem o aborrecia! – disse Draco.


–        Sou um chefe paciente a menos que me façam esperar! Vamos me mostre que não foi perda de tempo vir até aqui! – disse Patrick empurrando Draco.


–        Potter deve estar se lamentando até agora ser tão curioso. Ei, você disse que viu a Granger. Saiu uma foto dela no Profeta Diário alguns meses atrás. Belas pernas... quem diria.


–       Mexa-se Draco!


Chegaram até uma parede que Draco tocou com a varinha. Um corredor escuro com algumas pequenas celas apareceu. Patrick sorriu.


–        Verdade que ela te bateu? A Srta. Granger?


–        Claro que não.


–        Vou perguntar a ela da próxima vez...


–        Ela me pegou desprevenido... e de costas. Foi totalmente desleal! Weasley ainda vive grudado nela?


–        Pelo jeito bem mais do que antes. Precisava ver a cara dele quando eu disse que li Hogwarts, uma historia.


–        Você leu esse livro?


–        Li. Qual o problema de vocês alunos de Hogwarts? Não se interessam pela sua própria escola? 


Draco deu de ombros e abriu um pequeno buraco na primeira cela.


–         Consegui abrir os três baús e você tem mesmo que dar uma olhada nisso.


Patrick espiou a cela, mas não conseguia ver nada até que uma garra o pegou pelo pescoço. Draco começou a rir, e queimou a criatura com a varinha.


–        Não sei o que isso é! – disse Draco ainda rindo.


–        Você tem certeza que esteve em Hogwarts Draco? Isso é um Thuru! Uma das criaturas mais ferozes do mundo! Uau! Prender uma coisa dessas num baú! O bruxo que fez isso devia ser muito poderoso.


A criatura tinha longas garras, mas estavam gastas; provavelmente pelo esforço de tentar sair do baú sabe-se lá por quanto tempo. Pelo escuro, dentes afiados e muito, muito feios.


–         Ouvi dizer que essa coisa viveu na África e alguns países da America do sul – continuou Patrick – e que pode devorar um rinoceronte em minutos.


–        Vou enfeitiçar de novo o cadeado da cela. – disse Draco já não tão animado com a idéia de ter uma criatura perigosa desse nível como hóspede.


–        O que tem na outra? – perguntou Patrick animado.


Na outra cela havia uma criatura parecida com uma mosca, mas com espinhos e pêlos em volta de um único olho vermelho. Soltava uma espécie de líquido verde, que logo era sugado de volta. Tinha garras que entravam no corpo e saiam de todos os lugares do corpo.


–        Isso eu não sei o que é. – disse Patrick.


–        Viu? Você não sabe tudo!


–        Não tem nada sobre ele no baú?


–        Você acha que eles vieram com manual? Nenhuma palavra, mas não deve ser boa coisa também. No outro baú só achei mesmo o bastão com a pedra vermelha e uns livros muito legais.


Draco jogou o bastão para Patrick.


–        Não achei nada especificamente sobre ele nos livros até agora. Em nenhum.


Patrick ouviu um barulho na cela ao lado.


–        O que tem aí? 


–        Ah, é o cara que você me mandou trazer. Achei um feitiço, Enervus, capaz de levar a pessoa à loucura de tanta raiva. Lancei nele, mas como não tem ninguém na cela para brigar fica batendo em si mesmo. Tem mais centenas de feitiços. Um melhor que o outro! Os livros de poções são muito complicados.


–         Precisamos de uma pessoa que entenda de poções melhor que você, ou seja, qualquer um que esteja passando na rua essa hora.


–        Não me enche Patrick!


–        Potter está querendo saber sobre esse cara. Mantenha-o aqui por enquanto. Talvez ele saiba alguma coisa sobre o bastão...


Patrick consultou o relógio.


–        Meu expediente já acabou e está uma bela noite pra voar!  Draco pegue a vassoura e vamos ver o que nossos novos bichinhos de estimação podem fazer!


–        É melhor alguém ficar e vigiar esse cara...


–        Draco pegue a vassoura. Coloque cada monstrinho em seu devido baú e vamos sair! – mandou Patrick.


A noite estava clara e fresca. Draco e Patrick deixaram os baús bem afastados um do outro. Patrick lançou um feitiço escudo para se protegerem e foi mesmo a atitude mais certar, pois mesmo estando a bons dez metros dos baús o Thuru assim que se viu livre abriu asas e foi direto na direção dos dois. Batendo de frente no escudo com seus dentes enormes amarelos e suas garras tentando furar o escudo de qualquer maneira. A outra criatura saiu se arrastando pelo chão. Prendeu suas garras numa árvore e em outra até sumir de vista.


O Thuru desistiu de atacá-los; subiu mais alto e rumou para a outra parte do Beco Diagonal. Patrick lançou uma serie de feitiços na esperança de fazê-los parar, mas não deram resultado.


–        Controlá-los não vai ser tão fácil como pensei. Eles são muito rápidos.


–        Temos que recapturá-los antes que eles matem alguém e o Ministério seja avisado. – disse Draco começando a ficar nervoso.


–        É você tem razão. Você segue o que se pendura; eu o que voa! Nos encontramos aqui. E não volte sem o seu monstro ouviu?


Desceram, pegaram os baús e saíram em direção opostas. Draco seguia o rastro da criatura e não foi nada fácil achá-la como pensou. Enfurnada entre árvores soltava as garras e mudava de direção muito rápido. Sobrevoando as ruas Draco o viu indo em direção a um grupo de elfos que caminhavam tranquilamente pela calçada. Desceu e ficou a uma boa distancia. Quando perceberam que estavam sendo seguidos e pelo o que estavam sendo seguidos os elfos se assustaram. A criatura se fixou no chão e lançou as garras; um por um os elfos foram estrangulados. O líquido que saia do olho vermelho dissolveu os corpos.


Draco acertou um feitiço no olho da criatura a deixando atordoada; conseguiu conduzi-la até o baú, o lacrou e tornou a decolar para se encontrar com Patrick.


Ao contrário de Draco, Patrick achou o Thuru muito fácil. Foi só seguir os pedaços de coisas que ele destroçava pelo caminho. A criatura só parou quando avistou alguns cordeiros num quintal. Enquanto acontecia a carnificina Patrick se posicionou e assim que terminou o banquete o Thuru foi em sua direção. Com um movimento rápido muito parecido com finta de Wronski; Patrick o prendeu de volta no baú. Quando o dono da casa saiu para ver o que aconteceu; Patrick já partira com a criatura se debatendo no baú.


De volta à mansão Draco enxugava o suor da testa.


–        Não é pra menos que essas coisas estavam trancadas.


–        Bom, você vai ter que se empenhar bastante até conseguir controlá-los Draco.


–        Não sei se quero controlar essas coisas Patrick!


–        Nem pense em desistir Draco! Temos um trato! E eu levei muito tempo para encontrar o Guardião! Temos que descobrir um jeito de tirar proveito do que pegamos!


Patrick entrou na cela em que bruxo preso por Draco estava.


–        O efeito do feitiço passou e a agora você pode responder algumas perguntas.


–        Você que estava me seguindo àquela noite. E o outro... Saqueadores! Você e os outros dois!


–        Você sabe pra que serve o bastão não sabe? – perguntou Patrick calmamente.


–        Sou só o Guardião – respondeu o homem com a voz fraca.


–       Sabe o que eu acho? Acho que depois que as famílias que pagaram para você esconder essas coisas não voltaram... Teve muito tempo pra ler todos esses livros. Aposto que sabe cada um deles de cor.


–        Não sei de nada!


–        Sorte sua eu achar que sabe.


Patrick o lançou violentamente contra a parede no fundo da cela.


–        Vou lhe perguntar mais uma vez: pra que serve o bastão? É a peça mais rara dessa coleção!


–        Vocês roubaram os livros! Agora leiam!


–        Descobriremos de qualquer jeito Patrick! – disse Draco nervoso.


–        Cala a boca Draco! Vou lhe dar uma chance seu maltrapinho! Você tem uma noite para nos contar o que sabe. Uma noite sem comer e do lado dessas simpáticas criaturas pode inspirá-lo a contar o que sabe. Uma noite...
Fechando a porta Patrick se virou para Draco e tirou do bolso um envelope.


–        Já ia me esquecendo. Festa no Ministério. Você foi gentilmente convidado.


–        Você não está falando sério...


–        Vai ser bom para a sua imagem Draco. Vou mandar um carro apanhar você. Vestes a rigor. E vê se melhora essa aparência de morto vivo. Enervus, você disse? Vou usar qualquer hora dessas.


–        É... Patrick olhe não acho que eu deva ir... e essas coisas aqui...


–        Boa noite Draco. Volte a dormir... Isso você faz sem dificuldade!


Depois que Patrick saiu Draco se jogou no sofá. Podia ouvir as criaturas se debatendo dentro dos baús. Será que poderiam se libertar sozinhas já que os baús foram abertos por ele? Não conseguiu dormir a noite toda. Com a casa cheia de monstros assassinos, quem conseguiria?

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