Tão Frágil



Capítulo 11 – Tão Frágil


 


*Severus estava caminhando pelos corredores em direção ao Salão principal para tomar seu café da manhã. Há uma semana que não via a moça dos cabelos castanhos e compridos, aqueles olhos que viviam constantemente mudando de cor povoavam seus pensamentos. O mistério a cerca da mulher o envolvia, sentia no fundo de seu peito um temor pela saúde dela, por sua vida, mas dizia a si mesmo que não passava de uma curiosidade insana, afinal, ele a achava insuportável mesmo.


 


Virou mais um corredor e ouviu a voz insuportável do tal “cópia de Potter”, estava gritando o nome dela, gritando o apelido que ele dera a ela, “Ridículos” pensou por milésimos de segundos antes de erguer a cabeça e se deparar com a cena. A mulher pálida estava escorada na parede, com os olhos fechados e escorregando lentamente, um segundo de compreensão passou por ele.


 


Seu coração bateu forte, adrenalina, corria em direção a ela, o outro já estava ajoelhado ao lado dela. “Tire suas patas dela” gritava sua cabeça, sem que houvesse tempo para ele se repreender por isso.


 


-O que aconteceu aqui? – perguntou esforçando-se para manter o tom calmo e desdenhoso. Mas era difícil vê-la tão frágil, não combinava com ela. Teve um flash da mulher ousada que tanto o irritava nas reuniões da Ordem da Fênix. Era assim que ela deveria ser, ousada, irritante, metida, odiosa... Não frágil, indefesa, quase quebrável, como uma boneca que precisava de constante cuidado para não cair.


 


-Eu não sei – respondeu Jason desesperado – ela não me conta, não quer conversar.


 


-Controlo-se Talavera – disse Snape revirando os olhos e agitando sua varinha com um feitiço de levitação. Há um metro e meio do chão ele pode ver seu rosto enquanto a conduzia para os aposentos dela. As olheiras extremamente roxas, quase esverdeadas em alguns pontos contrastando com a pele anormalmente mais pálida que o normal, uma aparência colérica.


 


-Não devíamos levá-la para a enfermaria? – perguntou Jason que seguia Snape nervoso.


 


-Não. – disse Snape pensativo, odiava a idéia que teve a seguir, mas se fosse preciso encarar a maldita família inteira novamente para vê-la bem, ele o faria. Se odiava por esse tipo de sentimento, mas o faria – Preciso que você chame o Professor Dumbledore e... – ele exitou um pouco e olhou novamente para e moça – chame também o Sr. Potter da grifinória – acrescentou com asco.


 


-Eu, não entendo...


 


-Apenas faça, rápido! – vociferou Snape apontando para Victoria.


 


Talavera não respondeu, apenas correu pelos corredores, confuso enquanto Severus se adiantava para os aposentos com a moça flutuando a sua frente o mais rápido que pode. O rapaz em outras situações não admitiria que o homem gritasse com ele daquela maneira, mas haviam duas coisas que o professor carrancudo tinha a favor de dele que não poderiam ser dispensadas: conhecimento e pouco tempo.


 


Snape Chegou ao local, e bateu a porta.


 


-Scessi, se estiver ai e puder me ouvir e me entender, sou eu, Professor Severus Snape – sentiu-se meio idiota por falar com a cobra – a Senhorita Lews passou mal, estou com ela e preciso entrar. – nenhuma resposta foi ouvida, bateu novamente a porta, mas essa se abriu quando sua mão se encostou.


 


Entrou no quarto, depositou a moça sob a cama ao lado da cobra que o observava. O réptil sibilou alto olhando para o corpo da moça com o que Snape poderia jurar ser uma expressão preocupada. Snape olhou ao seu redor, não sabia bem o que procurar ou o que fazer. Dessa vez era diferente, ela não parecia estar sonhando, apenas estava adormecida, desmaiada na sua frente, puxou uma cadeira para o lado da cama, onde sentou-se e observou-a. Tinha um palpite quanto aquilo, mas não poderia agir enquanto não soubesse se estava certo ou não.


 


O tempo passava devagar e ele já estava aflito quando quatro pessoas irromperam pela porta. Dumbledore, Madame Pomfrey e Talavera muito preocupados e o tapado do Potter, atordoado.


 


-Pobrezinha - disse Papoula olhando a moça.


 


-Você sabe o que aconteceu? – perguntou Dumbledore. Mas Snape o ignorou solenemente, levantando-se e agarrando Potter pelo braço e o puxando para perto da cama.


 


-Vê aquela cobra senhor Potter? – perguntou Severus apontando o animal. O Menino fez que sim com a cabeça, ainda muito confuso. – O senhor já a conhece, quero saber se pode falar com ela?


 


-Ah – disse o menino quando uma sombra de compreensão passou por todos ali – creio que sim, professor. – e um sibilo forte se seguiu quando o garoto olhou para a cobra, fazendo um comprimento. O animal respondeu com um balançar de cabeça para cima e para baixo, seguido de um sibilo curto. – Ela me entende, perguntou o que ouve.


 


-Diga que ela simplesmente desmaiou, precisamos saber se ela sabe por que. – respondeu Dumbledore ao menino antes que Snape pudesse abrir a boca. Mais alguns sibilos foram trocados entre a cobra e o menino.


 


-Olhem no armário – disse ele.


 


Snape levantou-se rapidamente e tentou abrir a porta do armário, mas estava trancada por magia poderosa, se perguntou como ela fazia aquilo tudo e nem ao menos usava uma varinha fora de seu quarto. “Talvez o namoradinho a tenha ajudado”, mas afastou os pensamentos assim, que após um sibilo da cobra o trinco do armário se abriu sozinho revelando seu conteúdo.


 


Algumas roupas penduradas, gavetas e um caldeirão cheio. Snape cheirou e não precisou de mais nada para confirmar suas suspeitas. Retirou o caldeirão do armário e o depositou sob a mesa mostrando aos outros quando ouviu a porta do armário trancar-se novamente.


 


-“Sono rápido” – anunciou ele – Pergunte a quanto tempo ela tem usado – falou a Harry.


 


-Uma semana – respondeu o garoto após falar com a cobra. – todos os dias, apenas uma hora de sono.


 


-Onde ela aprendeu essa poção? – perguntou olhando para o animal. Mais alguns chiados.


 


-Um dos livros da biblioteca.


 


-O que há de errado? – perguntou Talavera.


 


Snape passou a mão pelos cabelos em desespero e saiu correndo da sala poucos segundos depois de dizer a Madame Pomfrey:


 


-Eu preparo o antídoto, ela precisa de observação quanto aos pesadelos – e lançou um olhar fulminante a Dumbledore.


 


Voltou duas horas depois para o quarto, com duas garrafas cheias de um líquido vermelho sangue. Talavera, Dumbledore e Papoula ainda estavam no quarto, Potter, graças a Merlim havia ido embora.


 


-Oh, por Merlim, será que você poderia nos explicar o que está havendo.


 


-Papoula – disse ele cansado – “Sono Rápido” por uma semana seguida e preparado errado.


 


-Oh, céus! – disse ela entendendo – Então você fez um revitalizante?


 


-Sim, o mais poderoso que conheço, mas creio que ela ainda vai ficar assim por um dia inteiro, adormecida, recuperando a energia que a poção consumiu.


 


Talavera suspirou aliviado, estava sentando em uma poltrona do lado oposto da cama de Victoria. Snape não pode deixar de olhá-lo com desgosto.


 


-Severus - disse Papoula receosa – eu tenho dois alunos na enfermaria que precisam de cuidados constantes. Será que você poderia administrar as poções e cuidar dela?


 


-É claro – respondeu tentado-se fazer desgostoso, mas preferia ter um motivo para ficar ali e não deixa-la sozinha com a “cópia de Potter”.


 


-Severus – chamou Alvo – precisamos conversar um minuto

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