Da boca pra fora!



Capítulo 12 – Da boca pra fora!


 


Os dois homens se dirigiram para fora dos aposentos onde a mulher repousava. Com um aceno da varinha de Dumbledore a porta se fechou e os dois se encararam por um longo minuto no corredor vazio antes da conversa começar.


 


-Severus - começou o velho bruxo – meu garoto. – fez-se silencio por mais alguns segundos enquanto o homem estalava os lábios indicando que o assunto seria difícil. – Quando eu disse, no primeiro encontro da senhorita Lews que ela seria guardiã de Hogwarts e que ela seria de extrema importância para nossa causa, eu estava falando sério, mas...


 


-É claro que estava – interrompeu o bruxo furioso – você fica a usando para monitorar isso e aquilo de acordo com seu bel prazer, não faz idéia do quanto ela pode se machucar?! Do quanto já se machucou?!


 


-Me deixa terminar sim... – disse o bruxo mais velho revirando os olhos e ignorando a explosão do mestre de poções – Eu estava falando sério, pois num futuro próximo, assim que conseguirmos dominar os dons da moça poderemos usa-los a nosso favor – Dumbledore procurava ignorar a expressão cada vez mais revoltada de Snape – mas, a parte que omiti, é que nesse momento, como você já deve ter percebido, não é Hogwarts que precisa de Victoria e sim ela que precisa de todos nós.


 


-Se quer realmente ajudar, mande ela parar de fazer os malditos monitoramentos – disse Severus trincando os dentes.


 


-Ah, meu rapaz – suspirou o diretor – seria tão fácil se fosse caso de apenas falar. Victoria, assim como alguém que conhecemos bem, – disse ele em tom de suspense falso – perdeu alguém que amava muito nessa guerra de bemXmal. Victoria, assim como alguém que conhecemos bem, fez um juramento, jurou vingança. Ela, assim como um certo homem que conheço, colocou seus melhores dons a favor de sua missão. E finalmente, ela, assim como esse mesmo homem, não aceita, de forma alguma, que sua promessa seja quebrada. – o rosto de Snape mostrava uma compreensão rebelde, ele entendia o que o diretor dizia, mas achava ainda sim aquilo um absurdo.


 


-Ela tem que parar. – disse numa voz rouca.


 


-Vocês são mais parecidos do que todos já acham. Você se preocupa com ela – o tom zombeteiro de Dumbledore não poderia ter vindo em pior hora.


 


-Ora não seja ridículo Alvo, eu e ela não temos nada em comum. E eu não tenho prazer algum em gastar meu precioso tempo cuidando de uma bruxa, ou seja lá que diabos ela for, que mal consegue usar magia e que precisa de uma babá 24 horas por dia para vigiar as asneiras que ela faz consigo própria.  – Assim que parou de esbravejar com o diretor, olhou para o lado. A porta estava entre-aberta, e uma mulher sentada na cama o olhava com uma expressão de ódio. Ele estava mais do que confuso. Não era para ela estar acordada. O homem sentado na poltrona ao lado da cama o olhava sacudindo a cabeça em negativa, num sinal obvio de desaprovação. As lágrimas escorreram dos olhos negros da moça e a porta de fechou antes que ele pudesse entrar.


 


Encarou Dumbledore, seu rosto era um misto de vários sentimentos que não combinavam entre si e alguns não combinavam com ele, ódio, revolta e irritação se misturavam com confusão, arrependimento e alguns outros inexplicáveis.


 


-Isso, meu caro, você irá resolver sozinho. – disse Dumbledore dando as costas e repetindo o gesto de desaprovação de Talavera. Se é que podia, aquilo ainda deixou Snape mais irritado e desesperado.


 


Quando o diretor desapareceu pelas escadas ao fim do corredor ele se virou para a porta. Isso seria bem difícil. Bateu, socou.


 


-Talavera, abra a porta, você sabe que preciso entrar.


 


-Me desculpe Severus – disse o moço – mas ela não quer deixar.


 


-Saia daqui Snape, não preciso de você – ouviu-se a voz calibrada de ódio de Victoria.


 


-Não seja... – pensou duas vezes em suas palavras – não seja teimosa. Eu estou com seus remédios e preciso administrá-los. – era verdade, as poções estava no bolso interno de suas vestes.


 


-Eu não preciso de suas poções, não preciso de sua caridade. Não se sinta obrigado a nada. Se prefere que eu morra é só não me ajudar nunca mais.


 


-Vickie – disse Jason preocupado – tome as poções, deixe ele entrar.


 


-Você não ouviu o que ele disse?! – gritou incrédula.


 


-Victoria, ele não é e nem nunca foi o mais gentil dos homens, apenas tome a poção e o ignore.


 


Aquilo era demais para Snape, a “cópia de Potter” estava mandando ela o ignorar, quem era ele para dizer aquilo.


 


-Cale a boca Talavera e abra a porta antes que eu mesmo o faça.


 


-Estúpido! – gritou Victoria antes da porta se abrir para alívio de Snape. – Me dê a poção e vá embora! – disse ela observando o homem entrando em seu quarto.


 


-Você poderia, por favor, nos deixar a sos um momento? – disse Snape tentando ironicamente ser gentil com o outro homem. Jason olhou para Victoria que acenou com a cabeça, afirmando que estava tudo bem. Com o gesto de permissão Snape revirou os olhos “Casal patético”. Jason saiu do quarto.


 


            -O que você quer?


 


            -Em primeiro lugar, - disse Snape bufando – eu não tenho nenhuma intenção de vê-la morta, senhorita. Em segundo, eu não disse o que você entendeu, ou não quis dizer o que disse – ele se atrapalhou na fala, arrancando um breve semi-sorriso de Victoria.


 


            -Isso seria um pedido de desculpas? – disse ela contendo um risinho no meio das lágrimas que ainda caiam.


 


            -Obviamente não – disse ele frustrado – apenas para esclarecer.


 


            -Sei...


 


            Ele se sentou na poltrona do lado contrario ao que Talavera sentava, de costas para a porta e depositou quatro frascos na mesinha de canto ao lado dele.


 


            -Isso – disse indicando dois frasquinho de mesma cor – é poção revitalizante, uma agora e outra quando você acordar. E isso – disse apontando para os outros dois frascos enquanto ela tomava o primeiro – é sono-sem-sonhos, uma cortezia para que você possa descansar até se recuperar sem que seja incomodada por sonhos indevidos. – Scessi sibilou, a cobra poderia jurar que aquilo era um ato de afeto do homem durão.


 


            -Obrigada – disse Victoria corada.


 


            -Não precisa agradecer – e dizendo isso se recostou na cadeira.


 


            -Você não vai embora??


 


            -Não... – disse ele de olhos fechados


 


            -Por que?! – ela perguntou incredula


 


            -Tome a outra poção e durma. Ficarei aqui. – Disse fingindo adormecer para encerrar o assunto.


 


            Ela queria discutir, mas já não tinha mais forças, ele era teimoso demais. Jason entrou assim que ela abriu a porta. Ele se sentou no sofá oposto e sorriu de leve ao ver Snape dormindo. A moça revirou os olhos com a expressão do amigo, tomou a poção, deu boa noite a Scessi e adormeceu num sono profundo e sem interrupções.

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