Sono Profundo



 


Capítulo 10 – Sono Profundo


 


E mais uma longa semana de vigília se passava. Victoria gastava todo seu tempo livre e final de semana andando com Jason, até o mais absoluto silencio ao lado do rapaz a fazia sentir-se bem. Seus olhos agora partilhavam de uma cor arroxeada, demonstrando que mesmo em seus momentos de felicidade suprema ao lado do novo amigo, ainda havia um vazio em seu coração.


 


Os pesadelos haviam diminuído de quantidades e nenhum outro incidente grave havia acontecido nesse meio tempo. E mesmo assim a moça não se sentia segura em sua cama, os esforços para evitar o sono com medo de uma nova torrente de pesadelos sem sentido a fizeram recorrer ao extremo.


 


A poção que preparava para si mesma não era de melhor qualidade, pois ela nunca havia recebido a instrução necessária para esse tipo de preparo. Mas ainda assim a sua meta era atingida. O “Sono rápido” era uma poção extremamente complicada e com alguns ingredientes perigosos, mas seu medo de dormir era maior que seu próprio medo da morte.


 


A poção permitia que ela dormisse apenas uma hora por dia, tecnicamente servia como um tônico e não deveria ser usada mais de dois dias seguidos, sob a pena da perda de energia, força e vitalidade. Após uma semana de poção Victoria estava em um estado crítico de fraqueza, mas resistia veementemente às tentativas de Scessi de lhe dizer o quão insensata ela estava sendo.


 


Era uma segunda-feira muito fria, diferente dos últimos dias que tinham enfrentado. Victoria estava vagando pelos corredores após seu turno de vigília, indo para seus aposentos a fim de se banhar e participar do café da manhã ao qual era obrigada agora não só por Dumbledore como também por Jason. Após o café iria tomar sua poção e desfrutar de sua mísera uma hora de sono.


 


Ela e o mestre de poções quase não se esbarravam mais, ela tomava seu café antes dele chegar, e as outras refeições fazia assim que ele saísse do salão. Mas sempre fazia questão de ter Jason ao seu lado. E nesse dia, ela pensou, não vai ser diferente. Mas se enganou.


 


Após tomar seu banho e escolher vestes de frio ela se dirigiu ao salão principal, encontrando-se com Jason que a esperava no meio do caminho.


 


-Olá Jay – disse a moça forçando um ânimo quase impossível de se perceber.


 


-Vickie – suspirou o rapaz – o que está acontecendo com você? – peruntou preocupado segurando a mão dela pelo caminho até o salão.


 


-Como assim?


 


-Olhe para você, está com olheiras, seus olhos escurecem e clareiam com uma facilidade enorme e mesmo assim não voltam a ser como eram antes, como na foto que você me mostrou.


 


-Não há nada Jay, eu só não tenho dormido bem – mentiu a mulher. Mas observando o rosto do rapaz ela pode perceber mais alguma coisa que o incomodava. Chegaram ao salão e sentaram sem seus lugares, Jason a sua esquerda e o lugar vazio de Snape a sua direita. – Tem mais algumas coisa te chateando. – não era uma pergunta, era uma afirmação incerta e vaga ao qual ela esperou uma resposta.


 


-Bom – disse ele alguns segundos depois – Umbridge me mandou um oficio, ela vai inspecionar minha aula daqui a dois dias. Não me sinto seguro, só isso. – sua voz não tinha emoção alguma ao relatar o fato. Mas uma idéia surgiu na cabeça de Victoria.


 


-Bom – disse ela com cuidado, não sabendo qual seria a reação do rapaz  - como guardiã do castelo, eu posso ser incumbida de assistir algumas aulas. – um sorriso brotou no rapaz ao perceber a idéia da amiga. – Isso é claro se você quiser – acrescentou ela.


 


-É claro que eu quero Vickie, você não sabe o quanto esse apoio é importante para mim. Quer dizer, se eu pudesse passaria o dia inteiro só conversando com você, ou com você ao meu lado – disse ele corando levemente.


 


A frase com certeza pegou Victoria de surpresa. Jason era um rapaz muito atraente, simpático, inteligente e realmente a fazia se sentir bem ao seu lado embora fosse alguns anos mais novo do que ela. Ela refletiu sobre aquilo um milésimo de segundo e se deu conta de que também não se importaria de passar dias e dias ao lado dele, conversando, gastando seus breves sorrisos com o rapaz.


 


Mas não ouve resposta para o rapaz. Ao mesmo tempo em que um sorriso se formou em seus lábios para responder ela foi tomada por uma grande onda de fraqueza. Sabia que tinha que sair dali, ir para seu quarto e tomar a poção, tinha que dormir. Nunca havia sentido uma onda tão forte quanto aquela e se perguntou se restaria tempo para chegar aos seus aposentos.


 


-Preciso ir Jason, depois conversamos – disse ela se levantando bruscamente, uma torrente de tonteira a invadiu e ela quase caiu ao chão. Sendo erguida pelo amigo que se encontrava de pé ao seu lado com a fisionomia questionadora e preocupada ao mesmo tempo. Assim que a tonteira deu uma leve trégua ela se desvencilhou dos braços fortes do rapaz – Estou bem, foi só a comida que não caiu bem.


 


-Victoria – disse ele em tom repreensivo contra a mentira dela.


 


-Eu juro – disse a moça forçando um sorriso e andando em direção a porta do salão com o amigo em seu encalço.


 


Ao chegar do lado de fora do portão, uma nova onda, terrivelmente forte a invadiu. Ela se apoiou na parede e sentiu seu corpo escorregar lentamente. As ultimas coisas que pode ver e ouvir foram a voz de Jason gritando seu nome e os passos apressados de um vulto negro em sua direção. Seus olhos se fecharam e ela adormeceu.

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